Bullying através do exercício, quer da força física, quer psicológica sempre o houve e sempre haverá. As “técnicas” podem ter-se moldado e adaptado ao longo dos tempos mas a sua génese continua lá: A opressão e a retaliação desmesurada sobre alguém mais indefeso ou em situação de desigualdade de forças.
Não concordo que “antigamente” esta era exercida de forma “leal”, mano a mano, porque não raras vezes a esse “mano” se juntavam mais uns 3 ou 4 do mesmo grupo. Não me parece, francamente que seja por aí.
Como controlar e evitar este tipo de práticas comportamentais? Que medidas tomar perante o(s) agressor(es) jovens? Em que condições psicológicas ficará a vítima? Quase desde que nasci, que este tipo de problemáticas já se ouviam falar: Com a diferença que agora a informação e o acesso à mesma circula à velocidade da luz.
As reprimendas por recurso a força física, imo, não terão qualquer tipo de impacto. Agora sim, concordo plenamente que uma reprimenda em público a um filho, neste momento, seja mal encarada em contexto social. Mas isso não deve inibir os pais de o fazerem se assim o entenderem.
Como o [member=3031]Paulo Duarte mais acima referiu, e bem, o que leva à proliferação deste tipo de comportamentos está na génese individual. As pessoas são cada vez mais egocêntricas, vivem no seu individualismo exacerbado, e tudo o que não lhes toca ou afeta directamente é matéria para ignorar ou fazer de conta que nada se viu. Juntamos a isso a falta do tempo e o “alheamento” dos pais no acompanhamento, quer social, quer escolar, dos seus filhos e conseguimos entender que esta “geração” é o produto final de uma sociedade que se desinteressou por eles.
Quando surge o chavão do “têm tudo”/“não sabem o que é trabalhar para obter as coisas”/“só se preocupam em estar de volta do pc ou no facebook” (…) Mas eles não nasceram dentro deste contexto social? Quem “empurrou” a sociedade para este estado actual não fomos nós?
Cabe aos pais ditar as regras, criar uma disciplina compreendida e respeitada mutuamente. Agora quando os próprios omitem-se das suas responsabilidades, agraciando os filhos com tudo e mais alguma coisa, muitas vezes para os manterem “ocupados”, o resultado é algo minimamente expectável.
Ao ver este tipo de vídeos, não fico espantado, estranho acho não aparecem mais (talvez porque alguns ainda têm uma ponta mínima de sensatez e percebem que ao partilhar nas redes sociais podem-se meter em maus lençóis). Também me causa todo o tipo de sentimentos de repulsa, nojo e inconformismo, contudo desistir destes “miúdos”, não é solução. Fazendo um paralelismo com o “boom” de bairros sociais na Europa e no mundo: Ideia peregrina, acreditar que meter pessoas de contextos desfavoráveis e com historiais criminais no mesmo sítio torná-los-ia menos um estorvo para a sociedade. Fechar os olhos não é solução, varrer o lixo para debaixo do tapete muito menos.
O acompanhamento psicológico é essencial e as medidas de “coação” devem ser moldadas de forma a não destruir mas sim construir. Por trás de um miúdo destes, não raras vezes, está um contexto social que não é propício ao seu desenvolvimento enquanto parte ativa da sociedade.