Em Portugal as empresas públicas funcionam da seguinte maneira, e tal espelha bem o modelo económico vigente:
CP, empresa pública que opera de forma monopolista num mercado onde não escasseia a procura, encontra-se com dificuldades em garantir financiamento. Onde? Nos mercados financeiros.
De acordo com o Jornal de Negócios, as necessidades de capital da empresa para o ano 2011 são de aproximadamente 750 milhões de euros. Não está a obter resposta dos mercados. O governo, de forma a garantir o pagamento de salários, poderá ser obrigado a injectar capital. As receitas operacionais da CP, de acordo com o Jornal de Negócios, não suportam sequer os custos com o pessoal!!!
Pergunto (e agradecia uma resposta): dado que se trata de uma empresa pública, ou seja, financiada por todos os contribuintes, que opera sozinha num mercado controlado e regulamentado unicamente por si, é justo, é moral que os seus funcionários façam greve?
Este, de entre muitos outros casos no Sector Empresarial do Estado, é o espelho sórdido que a Esquerda portuguesa parece permitir. Num país onde existem reformados a viver de 200€, 250€ por mês. Num país onde existem estudantes a desistir da universidade por não conseguirem pagar as propinas. Num país onde o ensino é “grátis”. Num país cuja classe política, nomeadamente a Esquerda, sempre interessada em “Investimento Público”, parece teimosamente interessada em impingir a necessidade de um TGV (ideia mais rídicula!).
A CP tem um passivo (termo tão conhecido, infelizmente, a todos os Sportinguistas) que ascende aos 3,5 mil milhões de euros. O sector empresarial do Estado, que compreende todas as empresas públicas, possui um passivo que ultrapassa os 23 mil milhões de euros, ou seja, aproximadamente 13% de toda a riqueza criada em Portugal.
É uma dívida que nos é imposta a todos. E num mercado monopolista, onde estas empresas actuam de forma despreocupada porque não tem concorrência. Imaginemos estas empresas numa economia evoluída e concorrencial. Pois. Eu sei. É um exercício mental demasiado criativo.
Mais uma pergunta: já que a extrema-esquerda parece defender uma postura de não pagamento da dívida até agora contraída, querendo forçar uma postura de antagonismo para com os mercados financeiros, o que aconteceria a empresas como a CP? Os seus funcionários, de administradores a colaboradores, devem o seu emprego aos mercados financeiros, porque são estes, como acabei de explicar, que garantem que a empresa possa continuar a existir.
E depois fazem greve e lixam quem financia o cancro económico-financeiro anual das mesmas.
Só em Portugal, claro!