Nos momentos de maior tensão corremos todos o risco de entrar em “modo-André-Ventura”.
Não se pode dizer que não se aprendeu nada com Pedrógão: a maior parte das câmaras agora limpa as bermas das vias de evacuação e, se não podemos impedir que arda, pelo menos asseguramos condições de evacuação e asseguramos que as pessoas não morrem carbonizadas naquilo que devia ser a via de salvação. Lembremos que foi assim que morreu muita gente em Pedrógão.
Depois, tivemos, em área ardida, talvez os maiores fogos de sempre. E infelizmente morreram 4 pessoas, salvo erro. Por comparação com Pedrógão, há uma evolução clara, agora o ideal seria termos zero fatalidades, mas algumas delas até foram em acidentes de viação, portanto alguma coisa está a ser bem feita.
Mas a verdade é que é preciso haver um pacto de regime, porque a floresta e o desordenamento florestal são sempre os mesmos e não adianta apontar muitos dedos, porque quando o poleiro mudar de mãos a bomboca rebenta nas nossas mãos. É preciso todos à mesma mesa, todos comprometidos com uma solução, porque quando isto arder todos têm que estar comprometidos com o que foi feito - porque vai arder novamente, não haja dúvidas.
E esse tal pacto de regime, com todos envolvidos, deveria permitir assegurar uma gestão da floresta mais integrada, com um mosaico de maior dimensão, com verdadeiro planeamento florestal, provavelmente com os direitos de superfície revertidos a favor da entidade administrante em caso de abandono, etc etc etc. A partir daqui não tenho uma solução, mas também sei que nada do que vamos fazer vai resultar no imediato, portanto é preciso algo que faça todos ir a jogo para não haver estas palhaçadas como a que o Ventura fez agora. Por exemplo, critiquei-o nas medidas que propôs para a habitação, mas o J L Carneiro teve uma postura muito correcta/adequada durante os fogos, porque não deixou de ser crítico, não deixou de estar presente na agenda e até logo num primeiro momento, sem com isso andar a fazer aproveitamento político da miséria alheia.
Se conseguem negociar orçamentos de estado, não conseguem negociar um projecto conjunto para a floresta a 25 anos?