A História é um disciplina cada vez mais negligenciada e aos dias de hoje ninguém quer saber nem dá valor. Aos dias de hoje as mais jovens gerações e alguns chalupas de gerações anteriores cultivam-se e “informam-se” no tiktok, no facebook, no chupa-mos, no bilbia… etc.
É uma tragédia.
Porque a História dá-nos sempre muitas pistas acerca do presente e do futuro.
Por exemplo, a Argentina, no final do séc. XIX chegou a ser uma das mais ricas economias do mundo. Chegou o Péron a seguir ao Crash de 1929 e depois da segunda guerra mundial e aplicou medidas keynesianas, reduziu a inflação brutalmente mas não soube lidar com altos défices e endividamento externo. Meteu lá um ministro neo-liberal que fez uma volta de 180º na politica económica e foi pior a emenda que o soneto. Na realidade esse ministro durou menos de 2 meses, e a inflação subiu até aos 124%.
Resultado: golpe militar em 1976 e aquilo que muitos economistas chamam do “inicio do Estado de Mau Estar Social Argentino”. Os militares, como era apanágio na altura continuaram com as politicas neo-liberais o que enterrou a argentina num buraco ainda maior. Com o fim da ditatura em 1983 os argentinos continuaram com o péssimo hábito de alternar politicas económicas de forma radical… só sabiam o 8 e o 80… ora politicas neo-liberais, ora politicas keynesianas… foram 17 entre 1983 e 2018. Estabilidade politica e de politica económica zero…
O melhor exemplo disto é perceber que os peronistas sempre foram um saco de gatos e uma mixórdia ideológica absurda. O Péron ele mesmo tinha-se inspirado no partido fascista italiano, Menem aplicou politicas neo-liberais na década de 90, privatizou tudo, águas, eletricidade, esgotos, as petroliferas, etc e cujas tarifas à população são subsidiadas pelo Estado tal foram os aumentos brutais nos preços destes serviços… a pobreza cresceu brutalmente com as politicas de Menem, os Kirshner eram considerados socialistas. Já Marcri, fora do peronismo, continuou com as politicas de direita que só aceleraram o descalabro.
Em suma, a Argentina sofre do mal inverso dos Escandinavos: zero estabilidade politica e ainda menor estabilidade de politica económica. Uma incapacidade gritante para consensos alargados em matéria de politica económica e um radicalismo latente que resulta em mudanças bruscas nesse tipo de politicas (um ministro da economia na Argentina dura em média 13 meses no cargo). Isto explica muito do que é o declínio Argentino durante o séc.XX, o único exemplo no mundo de um país que passou de Desenvolvido para Em Desenvolvimento.
Em suma, os Argentinos no final das contas acabaram por fazer o mesmo que sempre fizeram: parar e dar meia volta de precipício em precipício.
Se a geração Z que foi uma das grandes votantes do Milei se dedicasse um pouco mais a ler um livrito de História e História Económica ao invés de andar a fazer dancinhas no tiktok ou a discutir politica por meio de memes, talvez percebesse que continua a cometer o mesmo erro que as gerações anteriores. De resto, também compreenderia que o neo-liberalismo (neste caso ainda mais radical na figura do Frodo Bagins de Belgrano com sotaque das pampas) já foi tentado várias vezes na Argentina com os resultados que se conhecem.