Polémica em Roma

Sábado passado morreram 2 raparigas, de 12 e 13 anos, na praia de Torregaveta, perto de Nápoles. Eram pedintes e viram-se em dificuldades quando foram apanhadas por correntes fortes e ondulação grande, eram ao todo 4 raparigas sendo que 2 delas foram salvas pelo nadadores-salvadadores de serviço. Contudo, 2 não conseguiram escapar.
Os corpos foram depositados na areia e cobertos com toalhas de banho enquanto esperavam pela recolha dos corpos pela polícia.
Um fotógrafo que se encontrava presente tirou várias fotos que chocaram a Itália, nela são mostrados vários banhistas que indiferentes aos acontecimentos e aos corpos estendidos na areia, continuaram eles por sua vez a estenderem-se nas suas toalhas a tomar banhos de sol e na amena cavaqueira a apenas alguns metros dos cadáveres.

[url]Italian outrage over Roma drowning photos - CNN.com

Será que estamos já tão habituados a cenas de violência, mortes, mutilações, etc, que já não nos incomodamos com cadáveres ao nosso lado, se fosse uma foca ou um cavalo que estivessem ali cadáveres desconfio que ninguém continuaria ali por perto a tomar banhos de sol.

Onde é que vai parar o mundo, quando a indiferença é assim tão grande?

:o :o :-\ :-\ :o :o

As crianças eram ciganas… É por isso que se fala em “roma”.

É estranho realmente mas acho que as pessoas não iam desatar a correr dum lado para o outro e aos gritos…
Claro que aquele comportamento é passivo demais mas pronto… Não se percebe… ::slight_smile:

Será que esta sociedade está a criar monstros ? :cartao:

Está bem que tivessem reticências em entrar no mar se este estava bravo , mas agora a apanhar banhos ao lado de crianças mortas :cartao: , deviam ser presos só pela indiferença.

Espero que nunca assista a uma situação destas envolvendo crianças , acho que não conseguiria virar as costas e ír com um peso na consciência para casa , tinha que entrar na água.

Bom… o próximo é relativo, aliás na foto não dá para ter noção a que distância se encontram as pessoas.
Não vamos ser mais papistas que o Papa… vamos imaginar que o caso se passava em pleno Agosto na Costa da Caparica. O que é que se ia fazer, evacuar as praias todas desde a Fonte da Telha até S. João ?

Já me aconteceu duas vezes estar na praia e morrer alguém, uma vez um afogamento e outra um acidente com um caçador submarino e ninguém foi para casa só porque o corpo estava a alguns metros de distância à espera de ser levado… ninguém se foi deitar ao lado, naturalmente que se guardou sempre alguma distância do local, mas o dia de praia continuou como sempre e a meu ver muito bem.

Há casos de indiferença para com os vivos bem piores, bem mais preocupantes, bem mais revoltantes e todos nós, sem excepção, assobiamos para o lado… ???

O que e que vocês queriam que fizessem? que fossem a chorar para casa?

Apenas e só que não actuassem como se “estivesse tudo normal”.

E não só. Segundo a CNN, poucos acorreram aos gritos de ajuda das miúdas…

Talvez tudo isto seja “normal”, não sei. Mas, ao juntar-se estas imagens ao vídeo recente de um homem atropelado perante a indiferença de quem passava ou à notícia de uma morte estúpida perto da Covilhã que uns idiotas quaisquer prenderam às grades de um café, levanta questões sobre o sentido actual do que é viver em comunidade.

Infelizmente, um tipo parece que está cada vez mais só no meio da multidão.

Volto a perguntar, faziam o que então?

Afastavam-se, ia para o outro lado da praia. Iam-se embora. Sei lá, tudo menos mostrar aquela indiferença por duas crianças mortas.

Continuo a não perceber o porque, até parece que eles estavam com uma toalha ao lado das raparigas. Mas pronto, isso sou eu que sou um insensível :whistle:

O Atlantian já respondeu. Eu, provavelmente, ia-me embora. Ficar ali encostado à rocha como se não se passasse nada é que não fazia de certeza, mas pronto, isso sou eu que sou um sensível :stuck_out_tongue:

Realmente, pode ver-se a coisa de outra perspectiva. Aquela gente programou um dia de praia, relaxar e tal. As parvas das miúdas, além de já levarem a ideia de os aborrecer com pedinchices, ainda foram banhar-se desastradamente. Duas morreram. Não estava no programa, paciência, mas a vida continua. O tempo para relaxar é escasso, tem de ser aproveitado, e o sol estava bom. Quem saberia se o tempo se manteria bom no domingo? Isso é que seria um aborrecimento trágico.

Um fotógrafo que não percebe as coisas como elas devem ser é que veio armar confusão. Agora, até a padralhada vem com aquela história para que já não há pachorra dos valores.

Penso que se está a confundir “presença no local” e “indiferença”. Ao ver a fotografia aqui postada, nada me diz que o casal está a ser indiferente. Não sei, sinceramente, o que fazia num caso desses, mas o facto de ficar no local não significaria nenhuma indiferença.

Agora, se realmente não intervieram ao ouvir os gritos… bem… quem sou eu para julgar o que quer que seja ? Onde está a diferença, muitas vezes ínfima, entre o grito de alguém que está a divertir-se e de alguém que se encontra em perigo ? Quantas vezes não intervim no metro de Paris, a hesitar, à espera de ver se as coisas pioravam ou não, vou, não vou, o gajo acalma sozinho ou não (e várias vezes intervim completamente sozinho, tb é verdade) ? Quem pode saber o que os banhistas realmente viram, não viram, interpretaram bem ou mal ? Esta polémica tem o seu lado positivo, faz-nos pensar um pouco. Mas também é vã, porque amanhã, quando por exemplo me cruzar com outro mendigo romeno daqueles que percorrem os comboios da linha A do Expresso Regional de Paris, vou fechar os olhos, estúpido humanista impotente e vergonhoso, como todos nós, ou quase. O Nick Jagger disse aqui uma verdade bem verdadeira, por assim dizer : “Há casos de indiferença para com os vivos bem piores, bem mais preocupantes, bem mais revoltantes e todos nós, sem excepção, assobiamos para o lado…” Subscrevo completamente estas palavras.

Exacto.

Os mais indignados que pensem um pouco sobre isto…

cumps,
ADNR

Vocês não devem ter lido o 1º post do Atlantian. :o

Um fotógrafo que se encontrava presente tirou várias fotos que chocaram a Itália, [b]nela são mostrados vários banhistas que indiferentes aos acontecimentos e aos corpos estendidos na areia, continuaram eles por sua vez a estenderem-se nas suas toalhas a tomar banhos de sol e na amena cavaqueira a apenas alguns metros dos cadáveres[/b].

Vocês conseguiriam estar na cavaqueira , sentados nas toalhas , com dois corpos de crianças ao lado?

Estamos a falar de crianças.

Porque se fossem adultos, já era numa boa?! :think:

Obviamente que não ficaria indiferente, mas daí a ir-me embora…

Por acaso, li o que escreveu Atlantian :slight_smile:

Sendo crianças ou adultos, para mim seria o mesmo. Mas sobretudo, bem se percebe que aqui todos concordamos com a necessidade de não sermos indiferentes a isto. Mas… cuidado com a interpretação das fotografias : uma foto que mostra um gajo a olhar para as suas pernas bronzeadas limita-se a apanhar um instante muito curto que, se calhar, nada diz do que se está a passar além desse instante. Ainda assim, continuo na minha : ficar deitado na “amena cavaqueira” e estar a pensar/meditar/não-saber-o-que-fazer não são duas atitudes incompatíveis. Daí o meu cepticismo, talvez extremista, não sei.

Agora, se o jornalista ou o fotógrafo dissesse que tinha visto pessoas a rir alegremente ao lado dos cadáveres, então, a minha reacção seria outra, obviamente.

Se fossem adultos era a mesma coisa , mas com crianças ainda pior , eu pelo menos falo por mim não era capaz de continuar na praia , ficava abalado de certeza.

Eu parto do principio que para o pessoal em Itália ficar chocado , é porque a atitude dessas pessoas não foi a melhor.

Claro que as pessoas podiam estar prostradas nas toalhas em choque , mas pela descrição não é o caso.