O candidato Pedro Madeira Rodrigues, como desconhecido dos Sportinguistas, desdobrou-se naturalmente e desde que apresentou a sua candidatura, em entrevistas a diversos órgãos da Comunicação Social, em declarações com base diária, quer na divulgação do que pretende para o Sporting, quer na crítica aos actuais órgãos sociais, principalmente na figura do presidente do clube.
Estava obviamente em desvantagem, isto em termos genéricos, quer pelo capital de reconhecimento que não possuía, quer pela histórica dificuldade em ganhar eleitorado quando a direcção vigente concorre a novas eleições.
PMR tinha e tem duas frentes de batalha nesse combate eleitoral. A primeira, é a conquista da confiança dos sócios pelas ideias que apresenta, pela sua postura e eventual carisma, a outra é o aproveitamento de contextos negativos particularmente a nível desportivo, que o Sporting atravessa. Nada de novo, aqui.
PMR, além das tais duas frentes de batalha, tem dois bónus, que funcionam como pequenos “boosts” eleitorais:
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Uma franja de Sportinguistas marcadamente anti Bruno de Carvalho, por razões que não interessa agora escalpelizar e que independentemente das valências do candidato rival, depositarão os seus votos contra o presidente actual.
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Uma Comunicação Social adversa a Bruno de Carvalho e os Poderes instalados no futebol português, quer por conflitos passados pelos quais este também teve a sua responsabilidade, quer pelas suas posições que criaram incómodos diversos, alguns que potencialmente abanariam o futebol português se neste a impunidade não fosse uma certeza vergonhosa.
O que fez PMR nestas semanas de campanha? Sendo o mais objectivo possível, evitando em parte apreciações de natureza meramente subjectiva e com pressupostos de natureza e visão pessoais, que não me vou escusar a fazê-las.
Apresenta uma impreparação inadmissível em um candidato à presidência do Sporting, em questões em que um qualquer sócio anónimo minimamente informado, conhece.
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Afirma que foi com a actual direcção que a Academia passou a ser da banca, quando sempre existiu um contrato de locação financeira associado.
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Promete Jornal gratuito aos sócios sem fazer ideia dos seus custos operacionais.
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Desconhecia que a totalidade das quotas revertem para o clube.
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Desconhecia os pressupostos da reestruturação financeira, quer na questão da recompra das VMOCs, quer na maioria da SAD.
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Revelou desconhecimentos de questões básicas das contas da SAD ( a gota de água foi a previsão de prejuízos no final do ano contabilístico ).
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Afirma que o orçamento para as modalidades é insustentável, quando o clube dá lucro.
Independentemente da visão de cada um do clube, que muitas vezes o vemos como prolongamento das nossas expectativas e preferências pessoais, há uma matriz intrínseca que devemos respeitar, quer por tradição, quer por vivência, quer por conhecimento das sensibilidades da generalidade dos adeptos.
Tendo em conta isto e parecendo-me que vai para lá da minha visão pessoal:
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Não se pode propor desinvestimento nas modalidades mais representativas e tradicionais, quando em simultâneo se incluem no programa eleitoral clubes navais ou velódromos. Isto fere por completo a nossa história e tradição.
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Não se pode falar em “falência” na formação, a bandeira que diferencia o Sporting, o seu ADN, à conta de algumas convocatórias dos últimos tempos das selecções ( ver quantas internacionalizações têm Geraldes, Palhinha, Iuri, Podence, etc… antes de chegar aos sub21 ), quando é sabida a qualidade dos diferentes e actuais escalões etários da nossa formação, isto após a regularização, com esta direcção, dos pagamentos em atraso à rede de olheiros e o investimento que esta tem feito na Academia, após contextos de despedimentos colectivos por uma situação de pré falência.
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Não se fazem contagens regressivas para o despedimento do actual treinador do clube, em plena competição e com objectivos a alcançar, embora que mínimos.
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Não se pode prometer o despedimento de um treinador sem custos associados.
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Quem tem coluna vertebral, não pode incorrer em processos de vitimização após ter atacado o presidente com atoardas
de natureza pessoal ( estabilidade familiar, IRS, etc… ). -
Não pode prometer obras de fundo no estádio, sem qualquer estudo e conversação prévios ( arquitecto responsável ), referindo valores manifestamente irrealistas.
Diria que num contexto normal, Pedro Madeira Rodrigues deu já suficientes tiros eleitorais nos pés, demonstrando que não se preparou, não estudou os dossiers e tem uma visão diferente do clube, daquela que eu sinto ser a sua matriz histórica e intrínseca.
Não deixa de ser elucidativo que a sua actual e maior e talvez única força, é a performance desportiva do futebol profissional, nos últimos meses, contrariando uma tendência de crescimento, registada nos três anos anteriores.