Pedro Barbosa - Entrevista pós-demissão

Pedro Barbosa: «Ninguém esperava que corresse tão mal»

RECORD - Disse que o Sporting precisava de caras novas. Consciência de que os adeptos já estavam cansados de Bento e Barbosa?
PEDRO BARBOSA - O nosso país futebolístico não está preparado para tanto tempo com as mesmas pessoas à frente de uma equipa e fundamentalmente com o mesmo treinador. Obviamente, tudo isto tem muito a ver com resultados. Ninguém estava à espera do que se tem passado esta época. Acredito que o Sporting precisava de se revitalizar e daí ter falado em caras novas.

R - Barbosa e Bento foram duas faces da mesma moeda. E tanto assim é que um dia depois do treinador sair, também saiu.
PB - Foi um prazer trabalhar com o Paulo. Aliás, fui convidado quando o Paulo já era treinador do Sporting. A relação de amizade que tenho com ele vai manter-se para a vida, até porque fortaleceu-se no período em que ambos estivemos em Alvalade. Agora cada um tomou a decisão de acordo com a sua consciência e eu decidi aquilo que na minha opinião era o melhor para o Sporting. Entendi que poderia ser um foco de instabilidade para o presidente, ainda que neste momento até pudesse fazer parte da solução. Achei que não era o melhor para mim nem para o Sporting. Pedi a demissão, foi aceite e ponto final.

R - Nalgum momento pensou: talvez eu possa continuar?
PB - Não. A saída do Paulo é um revés forte. Saiu de forma digna, deu muito ao Sporting, embora não tenha conseguido o grande objetivo que todos pretendíamos - ser campeão. Honestamente, fiz aquilo que achei ser o melhor para o Sporting e para o atual presidente.

R - E acha que vai melhorar?
PB - A equipa vale muito mais do que aquilo que tem demonstrado. Só que tem revelado uma enorme falta de confiança ao longo destes quatro meses.

R - Concorda com a decisão de Paulo Bento em sair do Sporting?
PB - O Paulo não tomou essa decisão de ânimo leve. Tomou-a em consciência, transmitiu-a de forma clara à administração e a mim próprio. Estou solidário com ele, como sempre estive.

R - Ficou surpreendido?
PB - Não. Vivi, ao longo destes 3 anos e 4 meses, diariamente ao lado dele e de uma estrutura do qual me orgulho de ter integrado, momentos complicados aos quais conseguimos dar a volta. Prova disso, a forma como terminámos os finais de época e como conquistámos aí alguns títulos.

R - E entenderam que nesta altura já não havia volta a dar?
PB - O Paulo já explicou porque é que entendeu que a saída era a melhor solução.

R - Mas na sua opinião, era possível dar a volta ou não?
PB - Uma situação é apanhar um ciclo menos bom, outra é perceber que se trata de uma fase continuada que se arrastava desde o início da época. E vários fatores contribuíram para a prestação da equipa.

R - E quais foram?
PB - Do meu ponto de vista, a enorme pressão que a equipa sentiu desde o início de época. A responsabilidade era grande e a equipa nunca conseguiu transportar para o campo a qualidade que tem.

R - Mas era uma responsabilidade diferente da que sentiu noutros anos?
PB - Era diferente. Externamente as coisas complicaram-se. Fomos a primeira equipa a entrar em competição (nas pré-eliminatórias da Champions) com exibições mais ou menos conseguidas - a melhor foi com a Fiorentina, aliás um dos pormenores que constatámos é que nos jogos em que tivemos menor responsabilidade para assumir o jogo foi onde estivemos melhor. Só que a nossa competição obriga o Sporting a assumir essa responsabilidade na esmagadora maioria dos jogos e este ano nunca tivemos uma boa resposta a esse nível.

R - E a pressão explica tudo?
PB - O acumular de resultados menos bons conduziu à falta de confiança.

R - Até o facto de não ter ganho os jogos de preparação teve influência?
PB - Talvez. A verdade é que se tratou de um processo em crescendo, pois à medida que a equipa não ganhava também não consolidava a sua qualidade de jogo, ficando sempre aquém daquilo que poderia produzir. Depois, nalguns momentos, não tivemos sorte. Objetivamente se olharmos a 2 ou 3 jogos da Liga verificamos que poderíamos ter mais 5 ou 6 pontos. Sabemos bem que no futebol há ciclos em que se ganha mesmo jogando mal e essas vitórias ajudam a cimentar a confiança. Se elas não surgem… a história é outra. Depois, houve outras condicionantes, como as lesões de determinados jogadores importantes e o sub-rendimento de alguns outros, habitualmente mais-valias da equipa. Mas o pior foi claramente a crise de confiança da equipa. Não se conseguiu inverter.

R - A mudança de treinador é fator suficiente para restituir confiança à equipa?
PB - Nesta altura, as caras novas podem trazer outro sentimento e ideias novas. Acredito que a equipa vá reagir. Este é o momento para inverter os acontecimentos e espero que o façam.

R - O momento da saída é o mais indicado, atendendo ao facto de ter sido dias antes de mais um jogo importantíssimo para o Sporting?
PB - Andaremos sempre à volta do mesmo. O Paulo pensou obviamente no momento. Achou que a sua saída antes do jogo poderia agitar a própria equipa, mas infelizmente, mais uma vez, não conseguimos ter a força coletiva para trazer de Vila do Conde uma vitória que era fundamental para o Sporting. Agora, há quinze dias para preparar um novo ciclo, um jogo da Taça e depois do reinício da Liga. Se olharmos para o calendário, provavelmente estamos a falar do momento mais indicado para o abandono.

R - Não ficou magoado por Bento ter escondido de si a decisão?
PB - De modo algum. Compreendo perfeitamente, até porque ele próprio disse que assim foi uma forma das pessoas não tentarem demovê-lo. O Paulo foi ao longo deste tempo um fantástico treinador. Correspondeu mostrando a sua competência e será recordado como um dos grandes treinadores que passou pelo Sporting, fazendo já parte da história do clube.

R - Tinha condições para continuar?
PB - Face àquilo que ele próprio explicou, é complicado dizer que tinha. Obviamente, fiquei triste, pois interrompeu-se um projeto ao qual só faltou o título que ambicionávamos e só lamento não ter sido possível dar ao Paulo Bento melhores condições para o alcançar. Aliás, o Sporting deve mudar o rumo para atingir outros patamares.

R - Bento disse que ficou 4 meses a mais. Concorda que deviam ter saído no final da época passada?
PB - A nossa saída nessa altura era um dado praticamente adquirido. Com o convite de José Eduardo Bettencourt, todos repensámos e ficámos. Ao longo destes três anos, estivemos perto de ganhar mas nunca aquilo que era o principal. Mas sabíamos que não ia haver capacidade para investir. Ou seja, íamos trabalhar com a mesma base.

R - Investiu-se menos do que em anos anteriores.
PB - Exatamente. Isso, por si só, significava que, quanto muito, as coisas iam manter-se no mesmo registo. Confesso, porém, que não esperava que tivesse chegado a este ponto. É claro que todos estávamos imbuídos do espírito de tentar ganhar com aquilo que existia, mas basta falhar alguma coisa para se tornar complicado poder atingir objetivos.

R - Bettencourt disse ter sido ele próprio foi um fator de pressão para a equipa e para a estrutura, porque com ele criou-se um nível de exigência tremendo que acabou por inibir a própria equipa. Concorda?
PB - Todos no Sporting querem ganhar. O discurso ambicioso do presidente desde a primeira hora era também motivador. Mas ele sabia com o que todos contávamos. Nenhum de nós pensou, no entanto, que as coisas poderiam correr tão mal. Sabíamos que não ia ser fácil. Infelizmente, a equipa não conseguiu corresponder ao discurso mobilizador e ambicioso.

R - Dizer que o Sporting lutava para ser campeão este ano não foi elevar expectativas que se sabiam não estar ao alcance da equipa?
PB - Agora seria fácil dizer que foi. Mas, como disse, todos estávamos imbuídos desse espírito e não podia ser de outra maneira, mesmo sabendo das dificuldades que existiam. No Sporting, a pressão existe desde o primeiro dia e quem está no clube tem de saber viver com essa responsabilidade.

R - Nos últimos anos passou a ideia de que o Sporting contentou-se com o 2.º lugar?
PB - Essa é uma falsa questão e já explicada por muita gente. O Sporting chegou aonde foi possível chegar. O Sporting não quer o 2.º lugar, mas prefere o 2.º ao 3.º. O Sporting nunca se contentou com o 2.º lugar. E isso já foi dito centenas de vezes.

R - E por que é que a mensagem não passa?
PB - Não passa essa nem muitas outras. Porque as pessoas não querem! Desde o presidente aos jogadores, nunca ninguém disse que ficava satisfeito com o 2.º lugar. Mas foi o lugar que conquistámos quatro vezes e que nos permitiu a entrada na Champions que, este ano, infelizmente não conseguimos.

R - E não era possível ter ido mais longe?
PB - Se fizerem a história, verificarão que o Sporting só não foi campeão pelo menos uma vez nestes quatro anos por manifesta infelicidade e… por outras razões. Em 05/06, teria sido possível após oito meses brilhantes. Em 06/07, não nos deixaram ser… Houve um ou outro pormenor muito grande que nos impediu de chegar ao título. Em 07/08, foi a época mais difícil porque saíram muitos jogadores. Em 08/09 reconstituímos a equipa e as coisas melhoraram.

R - Comenta-se que o Sporting foi 2.º porque o Benfica falhou muito e acertou pouco no investimento que fez, ao contrário do que aconteceu este ano. E o resultado está à vista. Concorda?
PB - O Benfica ficou sempre atrás de nós nos últimos anos, mas o nosso objetivo não é ficar à frente do Benfica. É ficar à frente de todos. E isso não conseguimos. O Benfica tem feito investimentos avultados continuados mas sem resultados desportivos. Há duas épocas injetou 30 milhões, mais 30 o ano passado e esta temporada foram 25 milhões. Isto já para não falar dos orçamentos, que são também muito superiores ao do Sporting, que sofreram pequenas oscilações. Naturalmente, esta aposta continuada do Benfica está, este ano, a revelar-se acertada.

R - Não acha que a crise do Sporting tem muito a ver com o bom momento do Benfica?
PB - O problema é que o Sporting está mal. Essa é que a questão fundamental. É óbvio que quando o adepto sportinguista olha para o lado e vê todos os dias acontecer coisas novas na casa do vizinho - como, atenção, já se viram no passado -, essa agitação mexe com ele. Acho, porém, que não mexeu com a equipa.

Pedro Barbosa: «Ficar com Varela era inviável»

RECORD - A dispensa de Varela revelou-se uma má decisão?
PEDRO BARBOSA - Batemos sempre na mesma tecla. Já disse noutras ocasiões que nas minhas funções tenho de tomar decisões. O clube não tem capacidade para ficar com todos os jogadores, até porque nem todos servem os interesses do Sporting. Na altura entendemos que o Varela estava nessas condições. Ele queria ficar no plantel e renovar e nós dissemos que isso era inviável. Ele seguiu o seu caminho, foi para o Estrela e está agora no FC Porto e eu só posso desejar-lhe a sorte que merece e que procura. Se há coisa que nunca tive problema de fazer, foi tomar decisões. Obviamente, partilhadas com o treinador.

R - Stojkovic foi o seu eterno problema…
PB - O Stojkovic ainda é jogador do Sporting e tem sido muito difícil arranjar colocação para ele. Esta é que é verdade. O ano passado esteve no Getafe, mas não ficou. Hoje em dia as pessoas sabem tudo, a informação é global, e apesar de ser titular na Sérvia, não tem sido possível encontrar solução e por isso foi reintegrado.

R - Quantos jogadores tem o Sporting emprestados?
PB - Doze jogadores da formação mais Purovic, Celsinho e Ronny. São 15, no passado já foram muitos mais.

R - Purovic e Celsinho não servem para o Sporting.
PB - Não, não servem. Há que assumir isso mesmo. Foram contratados durante a época 07/08, quando chegaram muitos jogadores novos, mas foram más opções. O Purovic está emprestado e o Celsinho em princípio irá para o Brasil.

R - Não foi um erro não renovar com Derlei?
PB - O Derlei foi um jogador importante nas duas épocas que representou o Sporting. Quando o contratámos, houve alguma desconfiança da parte de muita gente, mas os acontecimentos alteraram essa impressão. O primeiro ano até não correu totalmente bem, pois ele sofreu uma lesão grave, mas isso não beliscou o nosso entendimento de que ele era um jogador importante. Renovámos por isso o contrato dentro das condições que era possível o Sporting oferecer. No final da última época, passou-se o mesmo. O Derlei tinha, porém, outras ambições em termos financeiros que o Sporting não podia cumprir. Agradecemos tudo o que ele deu ao clube e como esteve no clube, pois foi um atleta que teve um rendimento bom.

R - Rochemback partiu sem deixar saudades. O seu regresso foi uma aposta falhada?
PB - O investimento que fizemos foi apenas em termos salariais, pois chegou liberto do Middlesbrough. A época passada, até ao momento da lesão que sofreu, o Rochemback teve um rendimento razoável. Magoou-se e ficou de fora na parte final da época. No início desta temporada, as coisas não lhe correram bem. Surgindo a possibilidade de sair e em face do rendimento que o Miguel estava a ter e que não teve no passado, entendemos que o melhor era de facto libertá-lo.

R - Um dos pressupostos com que foi iniciada esta época era que Miguel Veloso iria ser transferido para o estrangeiro. O que falhou?
PB - Os jogadores estão sempre no mercado, mas se quiséssemos vender Veloso, teríamos vendido em Janeiro. No entanto, já nessa altura tínhamos os três jogadores no plantel. Creio que o Miguel pagou uma fatura pelo comportamento que teve em determinado período da época passada que acabou por condicionar o seu rendimento. Esta época, tem sido dos melhores. Acho que ele inverteu a tendência e teve muito mérito nisso.

Pedro Barbosa: «O meu trabalho foi desvalorizado»

RECORD - Bento disse que o seu trabalho estava muito limitado. Andou às compras com um saco de caramelos enquanto os outros iam de bolsos cheios de dinheiro, foi isso?
PEDRO BARBOSA - É um bocadinho essa a imagem. O meu trabalho foi sempre desvalorizado. As pessoas, não aquelas que comigo trabalharam, não quiseram perceber o que fiz ou deixei de fazer e fizeram questão de dizer que eu não fazia nada! Mas também não vejo que este tema seja discutido noutros clubes. Elementos de outras estruturas não questionam o que determinada pessoa faz ou deixa de fazer. Eu sempre tive bem definidas as minhas funções. No início, eram umas, depois, com a saída do Carlos [Freitas] as minhas competências tornaram-se mais abrangentes. Honestamente, o que me interessa foi aquilo que fiz e para mim foi um privilégio fazer parte de uma estrutura coesa, solidária e leal. Mas também muito exigente.

R - Acha que havia gente que não gostava de si…
PB - Não vou por aí. Não sou vítima de nada. Tenho claramente a noção das minhas responsabilidades, das coisas que fiz bem e menos bem, e sobretudo sempre andei de consciência tranquila. Aliás, o departamento de futebol do Sporting é hoje muito diferente daquele que era quando entrei.

R - Como assim?
PB - Dentro da escassez de recursos humanos que existe e que fomos aumentando, o Sporting tem um departamento de scouting atento ao mercado e à evolução dos jogadores. Quando cheguei, em 2006, passou a haver um acompanhamento direto dos jogadores emprestados que saíram da formação, através de observações de jogos, de treinos, conversas, etc.

R - Não existe uma aposta obsessiva do Sporting na formação? Não deveria olhar para outros jogadores do nosso mercado?
PB - Olha, mas muitas vezes não consegue lá chegar. É óbvio que há jogadores com qualidade e nós sabemos quais são.

R - Houve interesse real nalguns, como o Ruben Amorim, o Rolando, o Peixoto…
PB - É verdade. Estivemos atrás dessas e de outras situações. Mas há muitas coisa que interfere entre o interesse e a concretização do mesmo. Às vezes não é possível.

R - Mas foi tentado?
PB - Claro que sim. O Sporting está presente e atento às coisas, mas nunca abdicará da sua aposta na formação, que faz parte da filosofia do clube. Agora, também nem todos têm condições de atuar na equipa principal. Há pouco tempo, fruto da conjuntura, o Sporting viu-se na necessidade de fazer subir vários jogadores da formação. Essa integração foi mais acelerada do que é normal e uns reagiram bem porque tinham qualidade e maturidade fora do normal, casos do Moutinho e do Rui, mas outros precisaram de mais tempo e tiveram de rodar. E esse é que é o caminho normal e por isso tentamos colocá-los nos clubes que entendemos serem os mais indicados para o seu crescimento.

R - Daí a parceria com o Real Massamá.
PB - Exatamente, estão lá oito jogadores.

R - Nenhum deles tinha condições para jogar na I Liga?
PB - Provavelmente.

R - E não seria melhor para a sua evolução?
PB - Talvez não. Numa primeira etapa da sua carreira profissional, estarem concentrados e serem acompanhados por uma estrutura técnica do Sporting é claramente o passo mais indicado. Temos também um protocolo com o Cercle Bruges (Bélgica) que nos abre boas perspetivas e horizontes para o mercado de nível intermédio.

R - Empréstimos, contratações, atuação no mercado. Há muita coisa que foi pouco explicada pela estrutura do futebol do Sporting.
PB - Mas não temos de explicar… Se falássemos de tudo o que fazemos, passávamos a vida na sala de imprensa. Embora, que fique claro, nunca tenha tido qualquer problema em explicar o que quer que fosse.

R - Até Bettencourt lamentou não ter trabalhado o marketing em Pedro Barbosa. Não passa por aí o facto de achar que desvalorizaram o seu trabalho?
PB - Se calhar… Para mim, o importante foi ter demonstrado a minha competência e a minha capacidade às pessoas com quem trabalhei. E sempre no âmbito daquilo que era pretendido: estar atento ao mercado nacional, atento às oportunidades, a jogadores que despontam, etc. Muitas das indicações que foram dadas, não foi possível concretizar por não haver capacidade de investir.

R - É o caso do interesse no Saviola, Cardozo, Dennis…
PB - Entre outros. Mas o maior investimento que pudemos fazer foi em 08/09 com a compra do Izmailov por 4,5 milhões e ainda por cima tivemos que pagar tudo de uma vez. Tínhamos mais soluções, mas não tivemos capacidade para lá chegar. Essa dificuldade sempre tivemos, mas ela nunca nos retirou exigência ou aligeirou a responsabilidade. Não acho é que deva, nem eu nem ninguém, andar a publicitar aquilo que fazemos. Só para dizer que está a fazer o seu trabalho? Se é o seu trabalho, por que razão tem de andar a espalhar aos quatro ventos aquilo que lhe compete fazer?

R - Mas quando há tão pouco dinheiro e se gasta 3 milhões num defesa-esquerdo (Grimi), é natural que se levantem questões.
PB - Foram 2,5 milhões mais o prémio de assinatura. O Grimi fez 5 meses muito bons connosco por empréstimo do Milan e por isso negociámos a sua compra. Nessa altura, ninguém questionou. Se me pergunta sobre o seu rendimento atual, sim senhor devo admitir que está muito abaixo daquilo que é expectável. Aliás, conversei com o Grimi sobre isso. É um jovem, com margem de progressão, mas, infelizmente para nós e para ele, não estamos a verificar a trajetória ascendente que era desejável e previsível.

R - E Hélder Postiga, também está muito aquém do que se esperava?
PB - Tem qualidade, mas infelizmente, as coisas não lhe têm saído bem. É um jogador muito inteligente mas um ponta-de-lança vive de golos e ele tem marcado poucos. Acredito sinceramente que vai melhorar muito.

R - Como jogador nunca teve empresário e sempre se percebeu até alguma aversão sua a esses agentes. Como se relacionou com eles enquanto diretor-desportivo?
PB - Sem problema. É aliás outra falsa questão. Disseram que eu não falava com o A, com o B ou com o C. Tudo mentira. Falei com aqueles que tinha de falar, obviamente defendendo sempre os interesses do Sporting.

R - É verdade que houve uma maior aproximação de Paulo Barbosa e distanciamento de Jorge Mendes?
PB - Não, de modo algum. Nunca houve relações privilegiadas com ninguém.

«Nunca tive problemas com jogadores»

R - Teve problemas de relacionamento com os jogadores?
PB - Nunca tive má relação com os atletas, mas também nunca deixei de lhes dizer o que tinha para dizer. Mantive sempre boa relação, sendo natural ter mais empatia com uns do que com outros.

R - Houve jogadores do Sporting que se esconderam durante esta crise?
PB - Não. Acho é que há jogadores que estão preparados para lidar com a pressão e outros não tanto. Mas isso é um processo evolutivo. O Sporting é uma equipa jovem, que esta época teve alguma tolerância em certos momentos e noutros não. Compreendo os assobios no final de um jogo em que a exibição não agradou.

R - E outros pensaram mais neles do que na equipa?
PB - Não acredito nisso. Acho normal que cada um procure o melhor para si e para a equipa. É verdade, porém, que muitas vezes isso não foi coincidente.

«Vou desligar»

R - O que vai fazer agora?
PB - Neste momento, vou desligar. Na minha vida, nunca andei atrás de nada. Quando abandonei a carreira de jogador, disse que as coisas iriam acontecer naturalmente. Foi o que se passou. Tive um enorme privilégio em trabalhar com um grupo de pessoas fantásticas. Foi um grande desafio, evoluí e cresci muito. Saio triste, mas de consciência tranquila.

R - Aceitará um desafio de outro clube?
PB - Não estou preocupado com isso.

R - Só trabalhará com Paulo Bento?
PB - Não.

R - Quando saiu como jogador, disse que voltaria ao Sporting. Pode dizer o mesmo agora?
PB - Não. Nessa altura, disse-o convencido que ia voltar. As pessoas que me convidaram, conheciam-me e quiseram incluir-me numa estrutura que tinha um projeto.

Pedro Barbosa: «A Matías também lhe falta a equipa»

RECORD - Os jogadores que vieram esta época foram todos indicados por si?
PEDRO BARBOSA - Não apenas esta época. A partir de Janeiro 2008, passámos a trabalhar de outra forma com a criação de um departamento de scouting e de observação. Portanto, a lógica de abordagem foi diferente. Mediante as necessidades da equipa e as condicionantes existentes, a decisão dos jogadores a contratar resultou de conversas entre mim e o Paulo com o conhecimento da administração.

R - O balanço atual é o seguinte: Matías é um bom jogador, Caicedo e Angulo são dois fiascos.
PB - Fiascos é uma expressão muito forte e não, não são. Mas até em relação ao Matías houve desconfiança desde o primeiro dia, o que é surpreendente. É um miúdo com muita qualidade e tem margem de progressão. Tem-lhe faltado exibições de grande nível e consecutivas.

R - É jogador só para 60 minutos…
PB - Não, não é. Quando a dinâmica de uma equipa é boa e o jogo sai fluido, como tivemos no passado, os jogadores sobressaem mais facilmente. Quanto maior for o rendimento coletivo maior será a visibilidade do individual e a sua própria performance. Matías tem muita qualidade.

R - Caicedo tem qualidade?
PB - Tem, é claro que tem. O rendimento não até agora o desejado, um pouco na linha do rendimento coletivo. O Caicedo chegou já com a pré-época em andamento, jogou com o Twente e magoou-se com o Braga. O processo de adaptação foi interrompido e isso teve consequências.

R - A contratação de Angulo questiona-se por se tratar de um jogador que não estava à competição há muito tempo.
PB - Desde Fevereiro, é verdade. Mas sabíamos as condições em que vinha e aquilo que poderia dar. Aliás, o Paulo fez questão de frisar que ele não era nenhum salvador.

R - Rapidamente deixou de ter margem de tolerância junto dos adeptos. Acha que ainda pode ter sucesso?
PB - Acredito que sim. É um jogador experiente.

R - André Marques e Carlos Saleiro foram os outros reforços. Sobram dúvidas quanto à qualidade que Marques tem para ser jogador do Sporting?
PB - Tem um potencial grande. Fez alguns bons jogos, outros menos bons. Tem margem de progressão. Jogou com o Paulo em 05/06, depois fez um percurso normal de rodagem sem no entanto realizar muitos jogos.

«Competência não se mede pela exposição pública»

R - Porque não deu mais a cara?
PB - Não se pode medir a proteção ao clube, ao treinador e ao atleta através da quantidade de vezes que se aparece na imprensa, na televisão. A avaliação do meu trabalho e da minha competência não se pode medir pela exposição pública. Falei várias vezes, se calhar não tantas como algumas pessoas desejavam, sempre que era entendido ser o momento oportuno. Essa gestão foi feita de dentro para fora e não ao contrário. Se calhar com prejuízo para nós, mas conscientes do que estávamos a fazer.

R - Manteve uma relação tensa com os árbitros, tal como Paulo Bento.
PB - O que vimos ao longo destes anos foram reações corporativas em relação ao Sporting. Nunca tive boa relação com os árbitros, é verdade, e o Paulo também não, mas o importante é que cada um faça o seu trabalho.

R - A vossa saída pode pacificar a relação entre Sporting e árbitros?
R - Não faço a mínima ideia. Nalgumas situações que se passaram, os factos falam por si. Desde a nota interna a certas nomeações que foram claramente uma afronta.

Pedro Barbosa: «Houve crítica interna gratuita e maldosa»

RECORD - Vários sectores do clube sempre criticaram o afastamento e isolamento da estrutura do futebol do Sporting. Sentiu isso, é uma crítica que não tem razão de ser?

PEDRO BARBOSA - Aceito a crítica construtiva e a diferença de opiniões. Quando é crítica gratuita, destrutiva e maldosa, essa já não entendo.

R - E há muita crítica interna desse género?
PB - Houve reações ao longo do tempo, e não especificamente só agora, que em nada contribuíram para o bom funcionamento da instituição. Se alguém tem uma crítica a apontar que o faça internamente. Só entendo uma forma de trabalhar: com unidade, coesão, solidariedade e lealdade.

R - Identificou quem utilizou essa estratégia?
PB - Claro que sim. O Sporting é muito grande, com muita gente, mas percebeu-se bem quem utilizou o nome do clube às vezes no seu próprio interesse.

R - Por que razão o Carlão não está já em Alvalade?
PB - O Sporting tem o direito de preferência sobre o Carlão, em consequência da negociação do empréstimo do Ronny. No entanto, nunca chegou a fazer uma proposta para a sua vinda esta época.

R - Porque não se apostou num jogador que já estava em Portugal e se foi buscar Caicedo?
PB - O Carlão estava na U. Leiria há quatro meses e na altura tomaram-se outras opções. Não ponho em causa a sua qualidade e tanto assim é que temos um direito sobre o jogador.

R - Por que razão se esperou tanto tempo para tomar a decisão de operar Izmailov?
PB - Sempre existiu confiança total no departamento clínico. O Marat fez um tratamento conservador e em certo momento decidiu-se que não havia evolução e que era necessário partir para a cirurgia. Está pronto para demonstrar toda a sua qualidade.

R - Não houve nenhuma imposição do jogador para evitar até ao limite a operação?
PB - De modo algum. Há muita mentira que é dita. O atleta sempre teve confiança no médico e nunca impôs nada.

tanta justificação… inócua.

tivesse falado nas alturas certas. agora faz parte do passado.
só tenho pena que este tempo enquanto dirigente tenha manchado a imagem de qualidade que deixou enquanto jogador.

Não justifica nenhuma das muitas péssimas opções. Defende-se com o argumento: “Tenho de tomar decisões”.
Mas não justificou por que razão optou sempre pela pior opção…

Penso que é uma excelente entrevista onde é revelado o (inócuo) trabalho de Pedro Barbosa.

Faltou um par de questões pertinentes. Nomeadamente na incapacidade de movimentação no mercado interno e na doação de jogadores. Os quais poderiam ter sido vendidos.

Justifica completamente a sua demissão, pelos erros de casting cometidos na sua função. Claro de uma forma soft.

Infelizmente demitiu-se demasiado tarde.

Gostei mais de ler esta entrevista, que ouvir o Paulo Bento no Dia Seguinte.

Como jogador esteve entre a genialidade e a mediocridade. Como dirigente não acrescentou valor ao Sporting.

Reforça a ideia que bento e jeb já haviam deixado antes, a culpa é de tudo e todos menos deles. Nós temos culpa de querermos ser campeões, veja lá o disparate, temos de nos contentar com o que se conseguir :inde:

A entrevista é semelhante à sua qualidade de dirigente e jogador (exceptuando os ultimos anos de contrato) um zero.

Como se não bastasse é mentiroso. Varela deixou de interessar a partir do momento em que recusa ser representado pela “familia”- achei engraçada essa do não gostar de empresarios :-X

Sem tirar nem por. A cultura de desresponsabilização do dirigismo do Sporting no seu expoente máximo.

Quem o viu o quem o vê… Na altura em que o Peseiro lhe meteu os patins não teve qualquer problema em vir a público “matar” o treinador, dizendo que não se revia nisto e naquilo e maldizendo carradas de coisas! Agora que esteve lá no poleiro é a tal ladainha de que não tem culpa nenhuma, de que se fez o que se pode. Ah Pastelão, não basta só fazer a cama aos outros. É preciso apresentar qualquer coisa e não vir com a desculpabilização de choramingas…

Sempre admirei Pedro Barbosa enquanto jogador. Jogava melhor quando o contrato estava a acabar? Talvez, mas outros nem isso… Depois pendurou as botas… Aqui separam-se as águas.

Totalmente inócuo e sem perfil para o lugar de director desportivo. Da “sagrada familia” JEB + PBento + PBarbosa sou obrigado a reconhecer que o menos incompetente até foi Paulo Bento, apesar de eu já defender a sua saida há bastante tempo.

Pena? Pena foi mesmo os PB’s sairem mas o JEBaldrick continuar. Ele tem mesmo jeito para é para tocar maracas. Devia seguir esse chamamento e deixar o Sporting para outros…

Em linguagem corrente, as resposta de Barbosa são tangas, balelas… Aquele género de discurso que não nos leva nem nunca nos levará a lado nenhum. O Sporting não se viu livre dele enquanto foi tempo e agora não sei quem lhe pega. Off topic: Embora em diferentes níveis… Paulo esteve 4 anos, este teve 3, o Sá vai começar agora a ter responsabilidade… do Rui Jorge alguém se lembra?

A maior prova de incompetência é o caso do Varela.

Dizia que não servia os interesses do sporting. Na altura da possível renovação falou-se que exigiu um salário muito alto.

Esta semana soubesse que o Varela ganha 16.000 euros no Porto. Pedro Silva ganha 30.000 e ainda aumentamos o tempo do contrato. Como é possível estas pessoas delapidarem o Sporting desta forma? Falou-se que eles abdicaram da indemnização…o sporting é que os devia pôr em tribunal por desperdiçarem os recursos humanos do clube e por todos os danos que provocaram. Se não tinham dinheiro para comprar então que se esforçassem por manter os bons jogadores que tinhamos.

Desculpem a insistência mas esta do Varela está-me atravessada.

Já aqui disse e repito que Varela foi “convidado” a aceitar determinado empresário em detrimento de outro por Barbosa. Como Varela recusou, foi lhe dito que dificilmente teria espaço no Sporting. Para bom entendedor…

Eu gosto do Varela por isso estou a´vontade, aliás gostava que estivesse no SPORTING, mas o Varela não fez nada no SPORTING e teve oportunidades (poucas mas teve), não fez nada no Huelva e no setubal e por isso não renovou pelo SPORTING… na altura ninguem se queixou…o ano passado mostrou qualidades no estrela e o porto comprou-o… mas já não pertencia ao SPORTING

Segundo o TransferMarkt, o Varela jogou, no Sporting:

45 minutos em competicões oficiais (37’ no Campeonato e 8’ em Competicões Internacionais)

Dizer que isto são oportunidades é ser intelectualmente desonesto. Varela foi literalmente desperdiçado e houve muita gente que se manifestou contra aquando da dispensa (também aqui estás a ser profundamente desonesto). Infelizmente foi um dos rivais que decidiu tentar aproveitá-lo um pouco melhor e é só por isso que neste momento lhe desejo muito pouca sorte, porque de resto acho que ele merece ser mais feliz e bem tratado do que foi no Sporting.

Mentes descaradamente com todos os dentes que tens!

Varela, não ficou no Sporting porque é Sportinguista…Leão de coração e disse numa conferencia de imprensa há alguns anos que amava o Sporting e por ele ficava a vida toda no Sporting.

Neste Sporting não há espaço para Sportinguistas

Ora aí esta uma condição que não sendo sine qua non para ser corrido do Sporting é cada vez mais um denominador comum de quem forçadamente sai.