Panteão, Pensão Estrela e Zé Povinho

Concordo!

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Esta discussão poderia ser quase eternizada. Não será, que as portas do Panteão Nacional estão escancaradas. Nem que seja porque, uma vez mais, o Eusébio será instrumento precioso no condicionamento da maralha (não no sentido de escumalha, atenção, mas apenas no sentido de multidão). Nem que, uma vez mais, se tenham de mudar as regras.

Poderia ser eternizada única e simplesmente pelo debate sobre o que é “cultura”, o que é “cultura popular” e a sua diferença para a “cultura”, ou “cultura erudita” ou a das elites, como quiserem. E depois, uma já velha discussão (embora não tanto quanto a discussão sobre “cultura popular” Vs “cultura erudita”): será o futebol uma manifestação de cultura popular ou é um fenómeno sociológico?

Para mim, conforme se responde a isto, conforme se opinará sobre a transladação, ou não, do Eusébio para o Panteão. Se é cultura, então vai. Sem mudar regras. Se é, então reserve-se desde já um lugar para o Cristiano Ronaldo. Que seja daqui a muitas dezenas de anos, mas podem já reservar um lugar. E depois inicia-se a discussão sobre os “cinco violinos”, sobre os “magriços”, Figo ou ainda virá também a discussão sobre indivíduos de quem me recuso agora a escrever o nome.

Não me referindo a ti directamente, mas ao ponto de vista que expões.

Desde quando, em Portugal, futebol é cultura?
SE estivessemos no Brasil, até poderia conceber tal associação, pois o futebol no Brasil é parte integrante da cultura.
Mas estamos em Portugal, onde o futebol claramente não faz parte da nossa identidade. É uma parte de nós, mas não é algo que nos defina enquanto povo, enquanto cultura ou civilização.

Enfim… cada um terá a sua opinião sobre este assunto, mas sou abertamente contra a inclusão de Eusébio no Panteão Nacional.
Por essa ordem de ideias, o próximo será o bufas. ::slight_smile:
Até conquistou muito mais títulos e deu tanta projecção a Portugal como o Eusébio. Mais diria até, apesar de menos mediatizada.
Não me admiraria.

Enfim… com tantos problemas graves que o país tem, o que interessa agora é por o Eusébio no Panteão. São só umas centenas de milhares de euros. :sick:
O Jorge Palma é que tem razão.

Não somos menores ou promovemos a mediocridade, por causa da importância do futebol. E muito dificilmente há outra actividade em que sejamos bons e competitivos ou tenhamos profissionais do melhor que houve. O problema não é o futebol. O problema é a mediocridade geral. É aqui que deve residir a critica.

Dificilmente vemos algo capaz de aglutinar os portugueses como a sua selecção nacional de futebol, como esta o fez e faz nos grandes momentos. É uma vergonha este deporto fazer isto? No meu entender não, de todo. Vergonha é só o futebol conseguir fazer isto.

Na minha opinião o maior problema passa por uma identidade nacional que não existe, e só existiu em tempos passados, e que na maioria das vezes ser Patriota é apontado como um mau exemplo…(associado a ditaduras, monarquias, etc…no entanto a apregoada Liberdade que não passa de libertinagem permite desvarios patrióticos sem paralelo…)

Quanto ao tema em si…prefiro não comentar, cada um tem aquilo que merece ?

@Lion73.

Percebo a tua ideia. E parcialmente concordo. O futebol é aglutinador e tranversal na sociedade portuguesa. Move paixões, cria multidões e mexe com o íntimo de uma parte muito significativa da população.
Daí a considerar o futebol como parte integrante da cultura portuguesa, vai uma enorme distância. Pelo menos para mim.

Cultura portuguesa é a expansão ultramarina, os poetas da lingua materna. Associo imediatamente Portugal às Descobertas e a Camões.
Bem sei que este país é carente de heróis na contemporaneidade, mas isso resulta não da falta deles, mas da falta de visibilidade e do devido crédito que muitos portugueses de valor têm. Há muitos unsung heroes em Portugal. Que só no estrangeiro encontram condições para desenvolverem o seu talento e receberem as devidas loas e reconhecimento.
Isto seria conversa para umas largas páginas, mas não aceito que o futebol seja cultura neste país.
E não aceito enquanto contribuinte, que, com tanta miséria que se vive actualmente, se pense sequer em gastar do erário publico para “canonizar” um mero futebolista. Chame-se ele Cristiano, Eusébio ou Luís.

Com todo o respeito pela a Amalia nem esta la deveria de estar , muito menos o Eusebio por este caminho entao o Tony carreira tambem para la deveria de ir, porque de facto consegue reunir quantidades de pessoas no seus concertos que a Amalia nunca conseguiu.

Tenho de ser sincero nao gosto de fado nem nunca gostei , mas nao e por isso que nao consigo ver a diferenca entre uma pessoa que faz algo pelo pais e uma pessoa , que o que fez foi por ela propria, mas que acabou por arrastar pessoas , mas o seu objectivo nunca foi , “vou cantar pelo pais”, vou jogar futebol pelo pais", sejamos serios , por este caminho andam muitos anonimos neste pais que tambem la deveriam de estar !!

Entao mas quais sao os requezitos para de facto se entrar para o Panteao?
O Eusebio para o Panteao give me a break! :wall:

Estamos no ano 2000 e qualquer coisa, Cristiano Ronaldo grande simbolo formado no nosso Clube falece. Grande jogador, melhor do mundo 3 ou 4 x, 2 ou 3 LC’s, teermina carreira no nosso clube sendo campeão no mesmo.

Propõe-se enterro no Panteão, qual a vossa reacção?

A identidade cultural de Portugal tem o futebol como parte integrante da mesma. Eu não considero futebol como sendo Cultura, seja ela popular, seja ela erudita, seja ela elitista, seja de que género for. A Cultura faz-nos pensar, a cultura é uma ferramenta importante na construção do intelecto, faz-nos ser críticos, a Cultura cria o desconforto intelectual, Cultura é o que fica depois de nos esquecermos de tudo o que vimos, de tudo o que lemos, aquele ímpeto que sentimos frente a determinada situação, é Cultura.

O Eusébio foi parte da identidade cultural portuguesa do século XX. Isto porque o futebol faz parte dessa identidade cultural. O doseamento da importância do futebol para a história contemporânea portuguesa é importante, uns consideram importante o papel do futebol, outros nem por isso. Eusébio foi um ícone cultural para a população portuguesa entre os anos 60 e 80, do século passado. Onde prevalecia a alta taxa de alfabetização, prevalecia uma ditadura, Eusébio foi um ícone de um estado de liberdade que marcou profundamente a nossa história contemporânea. Despertou emoções, uniu um país em torno de um ideal, a pátria, o patriotismo de muitos portugueses media-se pela sua afinidade com a selecção, foi assim, é assim agora. Para mim, ser patriota não é ser um torcedor da selecção, é muito mais que isso. Infelizmente, hoje, o sentido de patriotismo está completamente desfigurado.

Infelizmente, ou não, para muitos portugueses, Eusébio foi mais importante que Fernando Pessoa. Até arrisco dizer que foi mais importante que Camões. Eusébio foi o ícone de uma geração pouco erudita, foi um ícone popular, principalmente por uma população que era alfabeta e agarrou-se ao futebol como um despertar de emoções, de sonhos. Para mim, indo ao cerne da questão, Eusébio no Panteão Nacional é premiar a mediocridade do povo português. É premiar um povo que se agarrou ao futebol por falta de conhecimento, por falta de iliteracia, um povo que um dia conquistou meio mundo, um povo que no passado era ambicioso, era conquistador, que hoje está resignado à sua condição de proletariado.

Com a entrada de Eusébio para o Panteão Nacional será banalizar e mediocrizar um local que devia honrar qualquer português, culto, elitista, analfabeto. Mas, como temos assistido, a maioria dos portugueses adapta-se bem à mediocridade, ao servilismo, por isso, não é de estranhar nada disso. Colocar Eusébio no Panteão Nacional é abrir um precedente perigoso, outros vão exigir a presença de tantas figuras, que, como escrevi anteriormente, tornar-se-á um sitio banal.

Tudo isto trata-se de uma questão de aproveitamento, vão aproveitar a boleia do mediatismo do Eusébio para se promover, para ir juntando migalhas que serão importantes no futuro. E deixa-se levar por isso, quem anda a dormir ou quem anda muito desatento.

Não merece lá estar.
Mesmo que tivesse sido campeão europeu e mundial pela selecção… não concordaria com essa hipótese.
Mesmo considerando que Cristiano Ronaldo, por força da naturalmente maior exposição mediática que existe nos dias que correm, tem mais popularidade que Eusébio e é muito mais reconhecido que Eusébio.
Cristiano é o melhor jogador português de sempre. Acho que é indesmentível.
Mesmo assim, mantenho a opinião. Não merece descansar no Panteão.

Eusébio e Amália foram muito mais que um futebolista e uma fadista, era símbolos nacionais, vistos pelo povo português quase como heróis da pátria pelo que representavam pelo mundo fora.

Eusébio servirá mais uma vez de fantoche para iludir e calar as hostes que nos últimos tempos têm levantado a voz contra o Governo e restante sistema político. Dito isto e concordando pela primeira vez com MST, o Panteão Nacional de Eusébio deverá ser o Estádio da Luz.

Nem levo como sendo para mim, até porque eu não disse o que para mim era cultura ou sequer se era a favor ou contra. Mas o ponto é exactamente este: é ou não cultura? Se é, está nos requisitos e será incontornável. Depois abriu-se a porta e mais gente lá vai parar. O C. Ronaldo, pelo menos e sem fazer mais anda que afecte a sua imagem, está lá certinho. E mais se poderá discutir. Se for cultura ou cultura popular (seja lá isso o que for), o que Eusébio representou e representa para uma geração e para um país, C. Ronaldo também o representa, até de uma forma mais global. Podia dizer-se que Eusébio era mais agregador, mas até a forma como em Portugal se discute o ícone e o símbolo C. Ronaldo é caracterizador da sociedade.

os brasileiros, como bem apontas, já resolveram isso. Para eles, futebol é cultura brasileira. É alegria e tal. Quando lhes perguntam sobre a cultura portuguesa, falam do fado e do saudosismo. Curioso.

Para além do que o Lion73 disse, algo se pode acrescentar com base no que apontas agora: para quantos portugueses serão aquelas pessoas ali sepultadas símbolos da Pátria, de Portugal ou da cultura portuguesa? Aliás, quantas sabem quem lá está sepultado? Quem tem ali um memorial erguido em sua honra? Vai para a rua, pergunta e depois diz-me.

Para quantas pessoas, expansão é cultura? Pergunta a jovens com menos de 20 anos que raio foi a expansão ultramarina. Se fazem parte da nossa cultura, não deveriam ter passado para essa geração? Ou quem foi o Camões. Para a minha geração já era o tipo que escreveu os Lusíadas, obra que agora tínhamos de gramar na escola.

Faltam heróis a Portugal e ao Povo? Não sei. Acho que eles existem, a malta prefere é outro tipo de heróis. E se calhar até foi sempre assim, uma questão de algum marketing ou então, definitivamente, a necessidade de uma tragédia ou feitos quase sobre-humanos, impossíveis de passar despercebidos. Se calhar até no Sporting andamos com esse problema há décadas. Se calhar, em vez de passarmos tanto tempo a discutir o Eusébio, podíamos discutir os nossos símbolos, os nossos heróis, a nossa Igreja de Santa Engrácia (presumo que seja desse Panteão que se fala no assunto Eusébio, senão a figura de estilo fica ridícula).

Esqueci de escrever no post, que se crie um Panteão em cada Estádio e aí se deposite os restos mortais das grandes figuras desse clube. Os ícones do futebol. Aí concordarei por inteiro. Faz todo o sentido e estará enquadrado com a realidade. O Panteão Leonino, com os nossos GRANDES. :mais:

Ao futebol o que é do futebol. A Portugal o que é de TODOS os portugueses.

Confesso que essa visão me faz uma certa confusão. O que é que um futebolista ou personalidade de qualquer outro desporto é menos que um escritor, actor, ou por ai fora?

Mais uma vez estão a aproveitar o Eusébio para uma “monstruosa” ação de marketing.

O clube de carnide está mal e quer revigorar-se com esta oportunidade.

Eusébio foi um grande jogador, ponto final.

Como homem não foi perfeito e fez mais pelo clube de carnide do que pelo País.

Se o queriam no Panteão não podiam fazer a homenagem no galinheiro teria de ser , por ex, no Jamor.

Uma figura Nacional não pode estar ligada uma facção , é um contra senso .

Isto vai ser uma guerra, mas espero que ganhe o bom senso.

Eu acho que qualquer pessoa que seja proposta ao Panteão seja o Eusébio ou a Tininha do café deveria ser alvo de votação popular, ao fim ao cabo nós é que pagamos.

Por esta ordem de ideias, querem um nome consensual e de enorme prestigio já para não falar do palmarés quer como jogador quer como treinador e que eu nunca vi nem ouvi ninguém alvitrar sequer a hipótese dele ir para o panteão: António Livramento.
Foi “só” o melhor jogador de sempre a nível mundial sem qualquer discussão e no entanto… à pois que estupidez a minha… não era lampião.

Epá, eu vejo uma contradição enorme nisto! :mrgreen:

Essa banalização e mediocrização é por ser um futebolista? Se sim, como é que o Panteão pode honrar então qualquer português, culto, elitista e analfabeto? Está reservado, então, a portugueses que cumpram um determinado tipo de perfil? Esqueçamos o Eusébio símbolo lampiónico, com uma vida pessoal que foi exemplo para ninguém e imaginemos um tipo que tenha sido maior ainda, mais consensual, mais exemplar e com mais conquistas para os seus e para o país. Ainda mais reconhecido mundialmente, mais admirado. Que tenha sido o paradigma da excelência. Está-lhe vetado um determinado tipo de reconhecimento porque o futebol é algo que desonra o país?


Eu não me revejo esta discussão( não falo aqui do fórum, mas a que se assiste no país), 1 dia após a morte de Eusébio. Esta tem que ter lugar, sem apelos emocionais, sem dores recentes e pressões mediáticas.

Só duas achegas aos meus posts anteriores:

Achei esquisita aquela bandeira nacional em cima do caixão do Eusébio.
Para figura de tanto destaque e merecedora de tantos e tão transversais rasgados elogios, acho que poderiam ter arranjado uma bandeira nacional como deve ser, não aquela que mais parecia dos chineses, tão diferente era da nossa bandeira.

Se Eusébio merece ser sepultado no Panteão Nacional (já expressei a minha opinião), onde estão sepultados, assim só de cabeça:
Gago Coutinho/Sacadura Cabral
Aristides de Sousa Mendes
Egas Moniz
José Saramago

Acho que o erário público tem muitas e pertinentes solicitações, não precisamos desta manobra de propaganda populista.

Óbvio que não vês e justificas a seguir o porquê. :mrgreen:

“Eusébio símbolo lampiónico, com uma vida pessoal que foi exemplo para ninguém…” Não podemos esquecer isto, por mais que muitos queiram, não podemos. Porque algum cerne da questão passa por aqui. Mais que um símbolo de Portugal, porque foi durante quase duas décadas, onde não havia praticamente símbolos, excepto o da bandeira, foi um ícone e um símbolo de um clube de futebol. Um clube que não representa a maioria dos portugueses, um clube com o qual inúmeros portugueses não se identificam. Contudo, aqui entra muito a percepção do que cada um tem sobre a identidade portuguesa, sobre a cultura deste país à beira-mar plantado. Na minha percepção, tal como a minha opinião, é banalizar e mediocrizar o Panteão Nacional porque não lhe reconheço tamanha honra para ali estar presente. Respeito ter levado o nome de Portugal longe, deu a conhecer um país que se encontrava fechado sobre si mesmo, mas não o considero um justo membro do Panteão Nacional.

Foi-lhe reconhecido o mérito em vida, foi lhe reconhecido o mérito depois de morto (três dias de luto), é-lhe agradecido o facto de ter honrado Portugal, mas leva-lo para o Panteão Nacional é um acto de bajulação, com o qual não me identifico. Obviamente há um perfil para pertencer ao Panteão Nacional, senão poderei deixar escrito que, após a minha morte, exijo ser sepultado no Panteão. :mrgreen: Agora, se está claro o perfil? Não está. A lei é muito ambígua quanto a essa questão, deixar a decisão vetada a um grupo de deputados, que supostamente representam os cidadãos, também é bastante discutível do ponto de vista ético, moral e intelectual.

Sinceramente, tudo isto é uma questão de percepções e pontos de vista. Esta é a minha opinião. Eusébio no Panteão Nacional, não obrigado. :great:

Não podes desvirtuar a minha expressão do tema em questão. O que se discute é o Eusébio, não sobre um futebolista, e é essencialmente sobre ele ir para o Panteão que não concordo. Já expliquei o porque. :great:

Quanto aos pessoas que devem, ou não, constar do Panteão Nacional é muito discutível. E muito ambígua.