Livro apresenta intimidade de criminoso de guerra nazi através de cartas a amigos
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No final da vida, Klaus Barbie, conhecido como o “Carniceiro de Lyon”, afirmava que a sua consciência estava tranquila e considerava-se um “pobre diabo”.
A intimidade do criminoso de guerra Klaus Barbie, nazi, passou a estar exposta num livro agora publicado em La Paz e que divulga cartas enviadas ao seu melhor amigo na Bolívia, Álvaro de Castro.
No final da vida, numa prisão francesa, Klaus Barbie afirmava que a sua consciência estava tranquila, sentia falta de visitar os túmulos da sua mulher e do filho e considerava-se um “pobre diabo”.
“O [Klaus] Barbie que escreveu estas linhas é outro muito diferente daquele que era tenente coronel honorário do exército boliviano, chamado ‘Carniceiro’ durante os seus primeiros anos em Lyon (França)”, afirmam os autores do livro, os bolivianos Peter McFarren e Fadrique Iglesias.
Esta obra apresenta uma outra perspetiva na análise da vida de Klaus Barbie na Bolívia, país onde viveu depois de fugir da Europa, onde os seus crimes na II Guerra Mundial levaram a que fosse apelidado de “o Carniceiro de Lyon”.
As cartas, recolhidas por Peter McFarren e publicadas pela primeira vez em espanhol, mostram como Klaus Barbie, que morreu em 1991, se justifica, como sente nostalgia pela liberdade, mas também saudade, e nunca perde a esperança de que os amigos influentes na Bolívia consigam o seu regresso ao país, depois de ter sido extraditado para França e acusado de crimes contra a humanidade.
Como chefe da Gestapo (polícia alemã nazi) em Lyon, Klaus Barbie foi responsável pela morte de milhares de judeus.
“O principal é que tenho bem a consciência e que a base do que fiz é uma guerra cruel na qual cumpri o meu dever pela minha pátria”, disse Klaus Barbie, numa carta de 31 de março de 1988, quando cumpria pena de prisão perpétua.
Fadrique Iglesias disse que “as cartas demonstram que não se arrependeu” e que acreditava, de forma discutível, “que, se a Alemanha tivesse ganho a guerra, não teria sido considerado um carrasco, mas sim outros” seriam condenados com essa acusação.