Um grande texto do Lion, o contrário não seria de esperar.
Isso que relatas é de facto uma curiosidade engraçada, pois eu também vejo muitos mais miúdos nas ruas com as camisolas do Sporting do que dos outros grandes, sendo que, muitas vezes até nem é na grande Lisboa. Apesar do mau momento do clube, é importante referir que muitos de nós também crescemos sem nada ganhar (foram 17 anos quando vi o Sporting pela primeira vez campeão), e estamos aqui ou noutros lugares, diariamente, a mostrar que o Sporting está vivo, pelo menos na força dos seus adeptos.
Ser dos corruptos é fácil, não exige grande personalidade e ser milhafre é ser mais um. Mas, ser Leão, é uma afirmação, um estado de alma que vai para além das vitórias e das derrotas, que revela coragem. Muitos de nós nunca vergámos perante adeptos opositores, nem quando chegávamos ao natal e nos deparávamos com a cruel realidade de mais uma época sem resultados. Não era fácil, mas sabia melhor.
Apesar de por vezes parecer que tudo isso já faz parte de um passado, eu discordo, pois acredito que existem muitos leões, hoje em dia afastados, que aguardam por um regresso de um Sporting livre deste estereótipo entretanto criado.
Há muita gente cansada que se desligou, mas que não deixou no seu íntimo de viver Sporting, respirar Sporting.
Enquanto existirem crianças na rua vestidas à Sporting, é nossa obrigação lutar pelos seus sonhos, que no fundo, são também os nossos.
Eu, neste preciso momento, tenho orgulho na Natação, no Ténis-de-mesa, no Judo, no Futsal , no Xadrez e nos Atletas Olímpicos, por exemplo. Ainda ontem, Alexis Santos voltou a bater mais um record e acredito que daqui a uns anos possa ser uma referência mundial na natação. A equipa de Futsal também promete muito e o Ténis-de Mesa pode pensar em conseguir um grande feito internacional nos próximos anos. No Judo conseguimos estar perto do pódio na Liga dos Campeões o que seria impensável aiinda há pouco tempo. No Xadrez parece que estamos a disputar a Liga dos Campeões. Eu sinto-me orgulhoso mas como hoje em dia se sobrevaloriza o Futebol, temo que a falta do apoio justo a estes atletas (que esses sim mereciam um maior investimento) acabe por levá-los a ir para outros clubes. Talvez para aqueles que estão melhor no futebol Parece que já estou a ver o futebol do Sporting a rebentar com todas as outras modalidades e os nossos atletas a reforçar o ecletismo dos outros. Sei que se Alexis Santos se transformar no próximo Phelps lá estará o orelhas para o levar para o benfas…
Porque é que o nosso clube não passa a fazer contratos por objectivos no global das modalidades? Haveria um orçamento e a modalidade receberia uma verba proporcional ao seu desempenho tal como os ordenados dos jogadores seriam correspondentes ao seu desempenho.alvez assim alguns se mexessem mais…
e bom nao esquecer isto. eu sou um grande adepto do andebol, por exemplo.
e bom relembrar que o Sporting nao e o maior clube de futebol de Portugal, nem parece que venha a ser num futuro proximo. contudo, continua a ser a maior potencia desportiva nacional e uma referencia mundial, uma proeza alcançada com orçamentos frugais e a custa de muito esforço dedicaçao, devoçao e gloria! tambem lembro um de tal Baltazar que queria acabar com as modalidades, com a desculpa que seria benefico para o futebol. o Santana Lopes ja tinha dito o mesmo, com os resultados que se viram. vendedores de banha da cobra.
O orgulho sportinguista é algo que terei sempre, mas evidentemente é cada vez mais difícil passa-lo aos mais novos.
Por mais orgulho que tenha no ecletismo do Sporting, em Portugal um clube grande é um clube de futebol, tudo o resto não merece mais do que notas de roda-pé nos telejornais.
Se o Sporting deixar de ser competitivo no futebol vai desaparecer do imaginário coletivo, passando a ser apenas um clube de bairro com condições porreiras para os miúdos praticarem desporto.
eu sempre morei em setubal ou muito perto, onde existem adeptos na maioria do porto, benfica e só lá muito no fim … SPORTING ! eu tive a sorte de ser influenciado por um tio meu, que apesar de viver poucos anos em casa dos meus pais em comparação com o meu outro tio, seu irmão, que era do malfica, me transmitir um sentimento por aquela camisola / simbolo verde e branco. Isto tudo para enquadrar que era QUASE o único sportinguista no bairro, que com orgulho vestía a camisola para jogar com os outros putos, todos rivais. Aos 11 anos saí de setubal e fui para o pinhal novo, onde o cenário manteve-se, era eu e outro miúdo contra o mundo. Já mais velho, a ver um jogo no café, foi-me prometida TODA a porrada deste mundo qd eu morri a rir com aquele individuo, procurado pla interpol, scotland yard, 007 e companhia … que empurrou o Jardel na luz para o 2-2 =) =) =) :rotfl: :rotfl: :rotfl:. Onde vão esses tempos … nem a hora deste ultimo empate eu sabia e qd dei por isso já tinha acabado. Eu não quero mas esta indiferença … magoa menos … ??? ??? ???
É impossível não sentir nostalgia, relativamente ao sportinguismo da minha infância, quando se lê este texto. Sendo um pouco mais jovem que o @Lion73, a minha memória já não alcança os títulos que precederam os 18 anos de espera. Cresci sem saber o que era vencer um campeonato. Tinha já 21 ou 22 anos quando os bravos rapazes de Inácio me encheram de alegria.
Desses tempos, apenas guardo pequenos episódios. Também eu mudei de clube. Mas mudei para não mais voltar atrás. Sendo filho de um benfiquista, nado numa família de outros benfiquistas (simultaneamente, adeptos do clube da terra, o Sporting Clube de Lamego), tive a sorte de ter um tio materno sportinguista. Tenho a vaga ideia de me ser oferecida uma camisola do Sporting, num dia (que presumo ter sido um Domingo) de praia. No pequeno Peugeot 204 do meu pai, o meu tio puxou da camisola que havia comprado para mim, dias depois de ma ter prometido. Também me lembro do episódio da promessa, que se passou em casa dos meus avós. Por alguma razão (ou com absoluta falta dela), encetei uma birra, prontamente contrariada pelo meu pai. Como resposta (incentivado pelo meu tio, que me dizia que, se mudasse de clube, me compraria um equipamento completo dos leões), disse-lhe que nunca mais era do Benfica e que nunca mais vestia o fato de treino dos índios (que mais não era do que um normalíssimo fato de treino vermelho). E assim foi, a primeira manifestação do fervor leonino em mim. Eu não teria mais do que 3 anos, à data destes acontecimentos.
A camisola era linda, pois claro que era. Mais tarde, foi-lhe adicionado o número 11, superiormente carregado pelo grande Jordão (ironia das ironias, um antigo jogador do Benfica, que acabaria convertido por, finalmente, cair nos braços da paixão suscitada pela causa leonina, tal como eu). Essa camisola, anos mais tarde, passou para o meu primo, filho do meu tio sportinguista (o sacanita ainda se tentou baldar para o Porto, mas o amor sem limites que me tinha - e que reproduzia o sentimento entre mim e o seu pai - acabou por fazer a diferença. O puto fazia tudo o que eu fazia e, claro está, teria que ser sportinguista, desse por onde desse).
Da parte dos irmãos do meu pai choveram promessas de águias de ouro e de equipamentos dos lampiões. Coisas para as quais eu não tinha uso e, de qualquer forma, chegavam demasiado tarde para qualquer outra coisa.
Com 4 anos, assisti ao meu primeiro jogo no Estádio José de Alvalade. E que jogo! Taça dos Campeões Europeus, contra a Real Sociedad. Vitória por 1-0, com um golo do nosso Manel. Claro que não me lembro de nada do jogo, até porque mal conseguia ver o que quer que fosse, com tanta gente levantada à minha frente. Mas lembro-me da tensão vivida durante todo o dia. O Tio prometeu que me levaria e eu fui de meias listadas, por debaixo das calças, para o colégio. Passei o dia a contar a toda a gente que ia ver o Sporting. Após o almoço, os meus olhos não saiam do portão de entrada do colégio, em Palhavã, numa espera interminável pelo meu tio, que me haveria de levar para o jogo. E eu olhava e o tempo nunca mais passava. Até que vejo a minha tia no portão. Aí pensei “mau, onde é que está o meu tio?”, temendo que alguma alteração de última hora me levasse a oportunidade de ver o meu Sporting ao vivo. O meu coração pulou, os olhos humedeceram-se e eis que vejo o meu tio um pouco mais atrás. Fui assolado por aquele misto de lágrimas e alívio, traduzido num riso de criança. E corri para o portão, sem que as funcionárias me pudesse impedir, apanhadas que foram pela surpresa da minha correria. Chegado ao portão pulei para o colo do meu tio, perseguido por uma das monitoras que, já junta a nós, perguntou quem eram aquelas pessoas. Eu respondi que eram o meu tio e a minha tia e a senhora disse-me que não tinha autorização para me deixar sair com eles. O Mundo de um pequenito, como eu era, ruía de uma maneira absolutamente cruel.
Sem os benefícios das comunicações sem fios, tive que esperar que ligassem para o emprego da minha mãe, para confirmar a autorização. Eu já não largava a perna do meu tio, enquanto a funcionária tentava levar-me para junto das outras crianças, sem qualquer sucesso, pois eu parecia uma lapa que se agarra à última rocha no mar.
Finalmente, lá veio a luz verde e eu lá me enfiei no velhinho Datsun 1200, que nos haveria de levar ao estádio.
Pelo meio, cresci e acompanhei a carreia de sucessivos insucessos. Entusiasmei-me com as “unhas do leão”, acreditando que seria o início de uma época de sucessos. Chorei muitas noites na almofada após algumas derrotas (lembro-me perfeitamente daquela eliminatória com o Barcelona, em que fomos eliminados por um golo na parte final do desafio), perguntando o porquê de nunca ganharmos.
Criei a imagem do meu primeiro ídolo, o Filipe Ramos, pelo que jogava e pela porrada que dava. Um menino campeão do Mundo de juniores, que parecia ser o princípio de qualquer coisa. Aquela carreira na UEFA, onde o Filipe apanhava cartões atrás de cartões. No ano seguinte, apareceu aquele que foi o meu maior ídolo, o Figo. As discussões que tive com colegas de escola, quando eu dizia que o rapaz ia ser o melhor jogador português (nem sequer imaginava que podia ser o melhor do planeta, como acabou por ser)…
Chorei quando o malcriadão do Futre roeu a corda, depois de andar a gritar aos quatro ventos que tinha uma dívida para com os adeptos do Sporting, para assinar pela corja do outro lado da Segunda Circular.
Vibrei com a «cruzada» do Cintra, qual raposa numa devassa pelo galinheiro, que nos trouxe o Paulo Sousa e o Pacheco. Até nesse momento senti que nos atiravam pedras para o caminho, com a rábula da não aceitação da inscrição, para que os índios pudessem reclamar direitos à luz de um novo regulamento, que entraria em vigor mais tarde.
Definhei no meu quarto com aquele resultado, que parecia ser o falhanço último daquela que foi a melhor equipa da nossa história a não ganhar um campeonato. Caramba, aquela foi a melhor equipa do campeonato português a não ganhar um campeonato… «The uncrowned kings of the Realm».
Sentado no velhinho Estádio de Alvalade (de que tenho tantas saudades), vi o egípcio deixar-nos de molho (literalmente) por mais uma semana. O meu primo, o tal puto que queria ser do Porto, chorava lágrimas, que se confundiam com os pingos da chuva que lhe corriam pela face, repetindo «já não somos campeões, já não somos campeões». Sendo mais velho, eu tentava confortá-lo, dizendo que os índios, apesar de tudo, eram melhor equipa que o Salgueiros. Haveríamos de vencê-los. E lá começava outra etapa de sofrimento, com a demanda por um bilhetinho (nem que fosse para ficar pendurado num galho de uma árvore), para o jogo de uma vida. E sai o anúncio do preço dos bilhetes. Uma barbaridade que só me fazia pensar que ser sportinguista não é, em definitivo, para qualquer um. Até na hora da nossa vitória, tínhamos que ser apedrejados, espoliados e chulados, num acto inédito em Portugal (e que acabou por virar moda). Nem assim, foi possível arranjar um pedaço de papel que me deixasse entrar no velhinho Estádio de Paranhos. E aquilo estava difícil de sair, até que entrou o primeiro. Parecia chegar ao fim tanto tempo de espera, mas na minha mente ainda pairavam os golos do Cadete e do Figo, bem como do trágico fim desse jogo. Lá veio o segundo, seguido dos demais, e já não havia mais que sofrer, nem que me agarrar à almofada.
Hoje li num pasquim que o Prof. (agora, deste lado da barricada, é Prof. Dr.) Jesualdo Ferreira terá dito «Faz-me pensar que há alguma coisa além do vulgar pontapé na bola e do vulgar jogo de futebol». E não é que é mesmo isso?
Alto aí e pára o baile.
O Jordão pode ter passado primeiro pelos orcs, mas não era lampião. O primeiro clube dele foi o Sporting de Benguela, do qual possuo uma foto onde aparece na equipa principal ladeada pelos dirigentes do clube, entre eles o meu PAI. :mrgreen:
Bom, eu só disse que ele foi jogador dos lamps. Mas posse conceder em suprimir o termo “convertido” para “por, finalmente, cair nos braços da paixão suscitada pela causa leonina”.
Obrigado por partilhares, caro sotnas. Comentário fantástico.
São anos e anos de desilusões, de sofrimento, de angústia e agora, de minha parte, de raiva. Raiva pelo apequenamento orquestrado do meu clube por parte de alguns.
O que me vai aguentando é que as lágrimas em momentos como o golo de Barcelona que referiste, o remate aos 2 postes de Jusko, frente ao Real, a notícia da lesão de Cherba, os momentos de Paranhos em que era certo que a vitória e o título não nos iriam fugir, o golo milagroso de Miguel Garcia, não podem ser em vão. Não podem.
Além da vida, o Sporting foi um legado que o meu avô e o meu pai me deixaram e é isso que quero dar ao meu pequeno. Que quando chegar a altura de viver realmente este clube, que as lágrimas de alegria sejam bem mais numerosas que as de tristeza, é o meu desejo.
Es um grande Sportinguista Lion 73, e nao tera sido facil para ti ai no norte!!
Como nao tem sido facil para mim aqui na area de philadelphia , rodeado de lampioes!!
Mesmo sabendo que me reconheces ou consideras um Sportinguista dos velhos do restelo , muito embora nao o sendo, compreendo que aches isso …
Penso que as tuas palavras ilustraram bem o sentimento de todos aqueles que amam este clube pela forma como recordas esses acontecimentos, de Barcelona frente ao Real e a festa em Paranhos que apesar de estar longe acompanhei pela rtpi , e nao tenho vergonha que as lagrimas foram inevitaveis !!
Tenho 2 filhos tambem , mas mal ou bem, nao lhe poderia ensinar outro caminho senao o do Sportinguismo!!
Se todos os dirigentes do Sporting sentissem o clube como a maioria de nos , nao estariamos a passar por estes momentos de tanta tristeza!!
Como e Natal , resolvi soltar as emocoes !!
Bom Natal Para ti !!
Viva o Sporting!
Nao podes levar isso como licao , eu nao dou licoes a ninguem , antes pelo contrario, recebo, e aqui neste forum ja levei muitas e espero continuar .
Quanto ao meu fair play , nao tem nada de extraordinario quando sabemos que do outro lado esta uma pessoa que tem as mesmas ambicoes mas por um diferente path , e muito facil !!
Obrigado
como te entendo, caro lcustodio. no ano passado estive em Bruxelas e fui ver um jogo do SCP no “Café Portugal”, que em vez de pautar pela neutralidade em prol do patriotismo, parecia mais um ninho de periquitos. e dos histéricos!
boa sorte a manter a sanidade no meio da lampionite! :great:
Um Feliz Natal a todos. Que em 2013 tenhamos forças para mudar este sporting para o nosso SPORTING CLUBE DE PORTUGAL.
Peço a todos muitos esforços, muita dedicação e devoção. Sensibilizem todos os vossos amigos Sportinguistas para os problemas do Sporting actual. É importante, muitos, ainda estão alheados, aos REAIS problemas do clube. Façam o vosso trabalho o Sporting precisa de nós.