[opinião] Até quando?

Há sensivelmente 3 anos, o ex-jogador do Sporting e ex-treinador de juniores Paulo Bento, foi escolhido pela actual administração da SAD para treinar a equipa principal de futebol do clube. Pessoalmente, nunca me opus a essa contratação, tal como não se opôs a maioria de adeptos e sócios. Contudo, tal como diz o poeta, mudam-se os tempos e mudam-se as vontades e aquilo que inicialmente parecia ser a solução, é actualmente o problema. Ao revelar-se incapaz de levar a equipa ao título de campeão nacional e pior ainda, de colocá-la a jogar um futebol minimamente consentâneo com os pergaminhos do clube, passado todo este tempo, Paulo Bento conseguiu esgotar quase toda a margem de manobra e acumulado de confiança que nele haviam depositado e digo «quase», porque apenas a SAD do Sporting parece apostar no treinador leonino até às últimas consequências. Nobre e sensata atitude esta a dos responsáveis da SAD? Nem tanto; em primeiro lugar, convém ter presente que a maioria dos dirigentes que actualmente apoiam Paulo Bento «até á morte», foram precisamente os mesmos que não descansaram enquanto não viram José Peseiro (anterior treinador) no «olho da rua», o que configura uma atitude pouco menos que hipócrita. Depois, há que perceber que Paulo Bento era o treinador ideal: para além de barato, o seu estatuto de funcionário vinculado ao clube, não só o inibia claramente de impor, exigir ou reivindicar o que quer que fosse para a equipa (dando assim à SAD todo o espaço de manobra para se dedicar ao tão famigerado passivo), como o obrigava a acatar toda e qualquer decisão que viesse de cima, o que não aconteceria com um treinador contratado.

Entretanto, e perante tudo isto, ainda há quem opte por assobiar para o lado, e evocar fantasmas do passado, associados às já tradicionais, mas estafadas desculpas: é o plantel que é fraco (desculpa que transita já desde a época passada), é o Sporting que não pode andar sempre a trocar de treinador, é o treinador que precisa de tempo (esta é para rir), são as chicotadas que não surtem efeito, etc. O que não deixa de ser curioso, é que assim de repente, só para «chatear» - que é como quem diz, para por em causa a tese dos «Bentistas» - lembro-me de Inácio, o treinador que quebrou o jejum de 18 anos; foi contratado após uma chicotada psicológica (Materazzi), deu-nos um campeonato logo na primeira época (a quebra do jejum) e cometeu tantos erros na época seguinte, que teve de ser despedido. Quanto a Paulo Bento e passados 3 anos, ainda continuamos todos à espera do que já não vai aparecer: um modelo de jogo, automatismos, futebol criativo, em suma, uma verdadeira equipa com colectivo.