Como ponto prévio, considero desagradável e indesejável este cenário de eventual ruptura com o treinador da equipa principal de futebol, ao fim do primeiro ano de um contrato de quatro anos.
Idealmente, esta seria uma altura de exclusiva dedicação à preparação da próxima época, com o treinador a ser parte integrante e importante do processo.
Não vivendo contudo um contexto idílico, penso ser necessário contudo relativizar a assustadora instabilidade que muitos Sportinguistas defendem existir, não se inibindo diariamente de exprimir a sua preocupação com o estado actual do clube. Não me lembro de, em cenários de colapso quase absoluto, ver tanta gente de mãos na cabeça com o futuro do Sporting e tudo isto por causa do treinador de futebol.
Por causa do treinador de futebol, por causa da postura pública do presidente Bruno de Carvalho, por causa de mensagens no facebook, por causa da linguagem que aplica em muitas das suas intervenções, por causa dos seus saltos quando festeja, por andar com os jogadores ao colo.
O Sporting, em Junho de 2015 e após 2 anos de trabalho da actual direcção, apresenta sinais de evolução indiscutíveis, sejam quais forem os indicadores para onde se olhe.
Nas classificações do Campeonato Nacional:
2009/2010 4º
2010/2011 3º
2011/2012 4º
2012/2013 7º
2013/2014 2º
2014/2015 3º
No Aproveitamento pontual
74,5% ( média destes 2 anos ), que compara com:
A média dos últimos 5 anos prévios a esta direcção:
58,46%
Ou com a média dos últimos 10 anos, prévios a esta direcção:
63,1%
Nos resultados financeiros:
2008/2009 -13,3M
2009/2010 -28,2M
2010/2011 -43,9M
2011/2012 -45,9M
2012/2013 -43,8M
2013/2014 368 mil
2014/2015 22,1M ( primeiros 9 meses )
Nos seus activos ( direitos económicos dos seus atletas ):
http://www.forumscp.com/index.php?action=dlattach;topic=39530.0;attach=24343;image
Em 2012 e no plantel profissional apenas 6 jogadores cujos direitos económicos eram detidos pelo Sporting em mais de 50% . Os activos da SAD estavam literalmente nas mãos de terceiros.
Em 2015, só em 2 jogadores detinha uma percentagem inferior a 50%.
No número de sócios e antes da actual remuneração, atingiu-se um crescimento de cerca de 30%, em apenas 2 anos.
Bateu-se o recorde de assistência média no novo estádio.
O passivo decresceu, os capitais próprios são positivos, o clube finalmente tem a sua televisão e vai ter o desejado pavilhão.
Após meia década sem Champions, em 2014/2015 o clube regressou à mais importante prova de clubes da Europa, para a próxima época estará na pré eliminatória, conquistou um título sete anos depois, consolidou a sua capacidade competitiva, encurtando o fosso para os rivais e afastando-se da classe média do futebol português, para onde estava perto de cair.
Por tudo isto e apesar da insatisfação com o eventual cenário de ruptura com o treinador Marco Silva, a quem reconheço os seus méritos, que foi uma peça que contribuiu para tal solidez competitiva, só me posso rir e como um perdido, com os gritos de revolta de uma franja de Sportinguistas, grito alimentado por uma Comunicação Social e fazedores de opinião que estão sedentos pela queda de um presidente com obra feita.