Recebi esta manhã este singelo pensameno e decidi (por sugestão de um amigo aqui do forum) partilha-lo convosco. Não diz nada de novo, mas diz muito…
"PODER-SE-Á dizer que o Banco Espírito Santo é dono e senhor do futebol português, pelo menos é esta entidade bancária que faz a gestão parcial dos três maiores clubes portugueses. Se acrescentarmos o facto de dois árbitros internacionais serem seus empregados e os únicos com estatuto semi-profissional, mais se adensa a teoria de que são eles que mandam no nosso futebol indígena.
Como se sabe, o BES, uma das entidades bancárias que está a ser investigada pela PJ devido a problemas relacionados com fugas de capitais, é o patrocinador oficial dos três maiores clubes portugueses: Benfica, Sporting e FC Porto. Até aqui tudo bem, porque ser patrocinador oficial não quer dizer o mesmo que «dono», muito embora ajude a pagar uma boa percentagem das despesas. Mas se a esta situação adicionarmos o facto desta entidade bancária se ter transformado num dos principais financiadores dos três maiores clubes portugueses, já as coisas começam a ficar mais claras em relação a outros factores de gestão.
Não é novidade para ninguém que o futebol português está na falência - e não relacionamos este facto com os problemas financeiros recentemente tornados públicos envolvendo o Setúbal, Estoril, Ovarense ou FC Marco. O Benfica, Sporting e FC Porto também estão em situação financeira bastante fragilizada e não fosse o BES a segurá-los, através dos conhecidos “Project Finance”, já há muito tempo se tinha ouvido falar em vencimentos em atraso nos três maiores clubes portugueses. Mas, o BES avançou com o capital, fez o seu negócio e tudo se vai sendo gerido sem grandes alardes. Só que nenhuma entidade bancária oferece o seu dinheiro sem garantias.
Os “Project Finance” autorizam o BES a supervisionar as contas dos três maiores clubes portugueses. É o BES que determina se se pode comprar ou vender este ou aquele jogador e porque preço. Nenhum dos clubes grandes está autorizado a vender ou comprar indiscriminadamente. Esse controlo pertence inteiramente ao BES. Garantemnos que foi por isso que, no início do campeonato, Simão Sabrosa, jogador do Benfica chegou a estar dentro de um avião particular para ser vendido para o Liverpool e nem sequer chegou a sair de Lisboa.
O BES só não controla as percentagens atribuídas às comissões que os empresários têm a receber e que «flutuam» entre os 10 e os 20 por cento.
Mediante tais poderes, e mesmo aceitando que o negócio do BES é vender dinheiro, não se pode excluir a hipótese de todo o negócio do futebol poder ser controlado por eles, mesmo que há distância.
Mas, se a tudo isto acrescentarmos ainda o facto do BES ter nos seus quadros dois dos árbitros internacionais mais conceituados do futebol português, mais se acentua a possibilidade de haver ainda um maior controlo do futebol português. Lucílio Batista e Duarte Gomes são funcionários desta entidade bancária e, antes do EURO 2004, a Federação e a Liga fizeram um acordo com o BES que obriga esta entidade bancária a ceder todo o tempo que for necessário para que os dois árbitros possam executar toda a actividade na arbitragem, nomeadamente, jogos nacionais e internacionais e ainda treinos, sem prejuízos sociais ou monetários como bancários. O que significa dizer que estes dois árbitros recebem o seu vencimento do BES e ainda o que ganham na arbitragem, podendo dedicar-se a 100% à sua função no futebol português. Estes podem ser considerados os únicos árbitros nacionais com estatuto de semi-profissionais.
Tudo isto poderá não querer dizer nada. Mas quem controla a gestão dos três maiores clubes portugueses e ainda a actividade de dois árbitros internacionais, pode muito bem deixar-nos a pensar ou a adivinhar até onde pode ir a dimensão de todo este poder. "