O Pleno de 2017/2018

Partilho aqui o texto que publiquei no meu Facebook, em jeito de despedida do ano de 2018, louvando o “Pleno” como a coisa mais bonita que vivi e presenciei neste ano. É motivo de “Orgulho Leonino” e não sei como nunca fizeram menção ao feito.

"O melhor de 2018: o Pleno!

Ano algum houve em que as modalidades do Sporting Clube de Portugal tenham tido tanto sucesso como em 2018.

O “Pleno” é uma das coisas que mais orgulho e gozo me deu, dá e dará enquanto Sportinguista: 4 modalidades de Pavilhão, 4 campeonatos nacionais. Os astros alinharam-se, não podia ser de outra forma; numa época em que o Pavilhão João Rocha é inaugurado, em que a secção de voleibol finalmente volta a ser reinstaurada no Clube, em que o Futsal pode alcançar o histórico Tri e o Andebol o Bi, ambos ao fim de tanto tempo, em que o Hóquei volta a jogar finalmente em casa e pode chegar ao título 30 anos após o último alcançado, isto depois de tantos anos a jogar quase sempre fora do concelho de Lisboa, e em que eu, por mera curiosidade e recordação, guardo e colecciono os bilhetes de todos os jogos a que assisti, e foram mais de 95% do total realizado no Pavilhão, o nosso querido Sporting oferece-nos esta enorme alegria, sub-dividida por 4 alegrias apenas separadas por uma questão de semanas.

Recordemo-nos então de cada um dos dias de felicidade.

1 de Maio de 2018: 23 anos sem o Voleibol como modalidade profissional. O Sporting joga em casa a negra do Playoff de Voleibol frente ao Benfica. Para trás ficou uma época cansativa e em que tivemos que fazer o reverso da classificação várias vezes relativamente às contas do Campeonato, se não acabássemos a fase regular em 1º certamente não seríamos Campeões, pois o Pavilhão João Rocha ajudou muito nos 3 jogos das finais. A pesada e humilhante derrota com o Espinho por 3-0 em casa foi anulada com a espectacular vitória na Luz, em que passamos de um 2-0 e com match point para o Benfica, para um 2-3. Já nas finais, pesou muito o baixo ritmo competitivo da equipa, que ficou quase 1 mês sem competir e que a fez perder facilmente na Luz por 3-0 no primeiro jogo. Mas voltando ao último jogo, estamos no 5º e último set: o João Simões lesiona-se, que estava a fazer um bruto jogo, e o Benfica chega ao 13-14. O Pavilhão congela mas não deixa de acreditar, não podíamos deixar que o eterno rival fosse o primeiro Campeão na nossa nova casa. É então que surgem 2 heróis: primeiro Angel Dennis, que com toda a sua frieza e num remate fortíssimo mas arriscado faz o 14-14. Depois, Garrett Muagututia, que ganha o 15-14 porque a bola bate na rede e trai o Ivo Casas (que jogo fez!), e serve traiçoeiramente no match point para o Sporting, o que permite que o Benfica não possa organizar o ataque e que o Sporting jogue em contra-ataque. A bola vai parar às mãos do Mágico Miguel Maia que a põe certinha na mão esquerda do Dennis, dando uma palmada na bola com tanta força que o bloco do Benfica a mete fora das linhas de jogo! Sporting Campeão! 23 anos sem modalidade e Campeão logo na época de retorno, em casa, frente ao eterno rival! Primeira grande alegria do Pavilhão João Rocha, que ao longo da época viu jogadores brilhantes como Miguel Maia, Luke Smith, Angel Dennis, Agaméz, entre outros, darem show… Mas ainda agora começou.

6 de Maio de 2018: Pouco menos de 1 ano depois da conquista do Campeonato Nacional ao fim de 16 anos, o Sporting tem a oportunidade de ser bi-campeão de Andebol em casa, frente ao Benfica. Com a estreia na EHF Champions League, e depois de mais de 25 jogos consecutivos a ganhar, inclusive no Dragão Caixa, algo que nunca tinha acontecido, com 2 vitórias categóricas (uma por 24-31 e outra por 27-30), ao Sporting basta agora vencer em casa, depois de uma 2a fase imaculada até então, para revalidar o título. Ao intervalo a vantagem é confortável, mas o Benfica consegue chegar ao 22-23 aos 10’ da 2a parte e Hugo Canela pede de imediato time-out. A partir daí, o Sporting continuou a dominar a seu bel-prazer, e vence jogo por 33-28 (?), sagrando-se bi-campeão nacional mais de 30 depois do último feito! Para a história da época ficaram as exibições monstruosas de Cudic na baliza, ele que tão importante foi até à chegada do Skok em Janeiro para colmatar a lesão de Asanin, os golos sem fim de Portela, a magia de um dos melhores jogadores de Andebol que já vi, Carlos Ruesga, o poderio físico e evolução do Valdés a defender, os jogaços do Frankis e do Tiago Rocha, e a liderança do Nikcevic e do Carlos Carneiro dentro da quadra. Sporting Campeão com todo o mérito num ano em que foi muito melhor que os seus adversários directos. Continua, ainda assim…

2 de Junho de 2018: Na semana anterior, bastava ao Benfica vencer o Sporting em casa para poder encomendar as faixas do título. O Sporting precisava de 2 vitórias seguidas muito difíceis para poder vencer o campeonato, 30 anos depois da última conquista. Mas os Leões de Paulo Freitas mostraram que não há impossíveis, e saíram da Luz com uma vitória por uns expressivos 4-7, naquela que foi a primeira vitória da secção sobre o Benfica para o Campeonato desde que se tornou modalidade oficial (Já havíamos vencido a Supertaça por 4-2 em 2015). Um rival munido de Nicolias, Adrohers, Joãos Rodrigues, Diogos Rafaeis… O Benfica ficou ali, então, quase fora do título, e é neste dia que o Sporting pode fazer história. “Bastava” ganhar ao Porto em casa, um Porto de Hélder Nunes, Reinaldo Garcia e Gonçalo Alves, e que já havia eliminado o Sporting no Pavilhão para a Taça 3 meses antes, para ser Campeão. Já o Porto, para depender só de si para ser bi-campeão, tinha que ganhar também. O Sporting entrou decidido, e logo aos 5 minutos o Caio faz o 1-0. Contudo, antes do intervalo, o Hélder empata. A 2a parte está um bocado tremida, o Sporting fica em underplay, mas o Hélder falha o livre. É então que, a 10 minutos do fim, um dos melhores jogadores de sempre de Hóquei em Patins, Pedro Gil, decide evocar o vulcão do João Rocha. Uma stickada do meio da rua, que apanhou toda a gente desprevenida, e inclusive com a mão a que tinha que ser operado, é o suficiente para bater o Carles Grau e dar a vantagem ao Sporting. A 4 minutos do fim, o menino das artes mágicas do Hóquei, Ferran Font, dilata a vantagem para 3-1 na conversão de um livre directo após a 10a falta do Porto. O Porto não se fica e 1 minuto depois reduz pelo Gonçalo Alves. Só que, exactamente no minuto a seguir, através de um contra-ataque em que o Hélder perde o stick, o Pedro Gil isola-se a passe do João Pinto e faz o 4-2. Jogo decidido? Ainda não, porque a 40 segundos do fim o Rafa reduz para 4-3. Muito sofrimento, bancadas a assobiar, Porto a rematar por todo o lado, mas na baliza uma parede chamada Girão, e na defesa 2 esteios de seu nome Matias Platero e Henrique Magalhães, que mesmo a levar boladas, não se cansam de proteger a baliza do Sporting. A 4 segundos do fim, falta sobre o Platero. Os segundos continuam a contar, 3, 2, 1, e o Sporting Clube de Portugal é Campeão Nacional de Hóquei em Patins rigorosamente 30 anos depois! O cântico “O teu Reinado voltará” deixa de fazer sentido e é substituído por um novo: “O teu Reinado já voltou!”. Muito suor, muita alegria, muitas lágrimas, numa época preparada de forma exímia, em que se atinge a Final4 da Liga Europeia ao fim de tantos anos, e se vence todos os jogos com os ditos não-grandes, vulgo Porto, Benfica e Oliveirense, com a excepção de Barcelos, que fez a coisa tremer, mas que não impediu de se celebrar no final. Para recordação ficam as vitórias em casa com o Liceo e com a Oliveirense, 5-3 de remontada e 9-1, respectivamente, o magnífico jogo digno da modalidade com o Porto para a Taça, 5-5, os 4-7 ao Benfica na Luz que nos “guiaram” ao título e, claramente, a vitória por 4-3 ao Porto que nos deu o título. Depois de tantos anos a jogar em Alverca, Mafra, sítios periféricos, o Hóquei volta a ser jogado nos arredores de Alvalade, desta feita no Pavilhão João Rocha, que dá a oportunidade aos adeptos de ver a magia do Gil e do Caio, a raça do João Pinto, a intransponibilidade do Platero e do Henrique, o talento a nascer do Font, os golos em catadupa do Vitor Hugo e do Toni Pérez, e a sociedade Zé Diogo e Girão, com este último mais uma vez a revelar-se decisivo, tal o muro que é, e a justificar a designação que muitos lhe atribuem de melhor guarda-redes do mundo. O Engenheiro Gilberto Borges vê o seu sonho partilhado com todos os Sportinguistas finalmente realizado, e Paulo Freitas mostra porque é um Grande Treinador e um Grande Senhor. Bem mereceram a recompensa. Não está completo ainda…

30 de Junho de 2018: O Sporting está a uma vitória no último jogo do Playoff de se sagrar Tri-Campeão Nacional de Futsal e de conquistar o Pleno das modalidades. Para trás ficou uma época em que o Sporting chegou a todos os momentos de decisão, nem sempre bem sucedido, mas alcançando a vitória na maioria. Supertaça, Taça de Portugal e Taça de Honra conquistadas. Derrotados, com o mesmo resultado na Final da Taça da Liga frente ao Benfica e na Final da UEFA Futsal Cup frente ao todo poderoso Inter Movistar de Herrero, Ortiz, Ricardinho, Gadeia e Elisandro. O título Europeu fugiu mais uma vez, mas um dia será atingido. Valeu pela ida a Saragoça e pela doutrinação Sportinguista feita a alguns Espanhóis.
Após 4 jogos intensos, e estando o Sporting muito fatigado e desfalcado com a lesão do Capitão João Matos, chegamos ao dia da negra, o dia de todas as decisões. Nos 4 anteriores jogos, 5-4, 2-3, 6-9, e 5-5 mas com vitória por 2-0 nos penalties. A final mais competitiva de sempre! O Merlim já nem parte para a finta, limita-se a distribuir jogo enquanto fixo, de tão rebentado que está, o Cardinal cheio de dores nas costas, o Caio Japa a dar as últimas com toda a intensidade posta nestes jogos… O Sporting tem uma tarefa dificíl. Mas resta alguém que, com toda a sua classe, demonstra porque foi Campeão todos os anos em que esteve no Sporting: Fortino. E este o Benfica não consegue parar. A primeira parte foi frouxa, sem grandes oportunidades e terminando 0-0. No início da 2a parte, o Benfica adianta-se pelo Raul Campos e, de seguida, aumenta para 0-2 por Fernandinho. Mas o Sporting não desiste e Cardinal troca as voltas ao André Coelho, permitindo a recarga do Pany Varela. 1-2. A 4 minutos do fim, falta sobre o Fortino, que o Merlim se encarrega de converter, assistindo assim o mesmo Fortino que, com toda a sua classe e frieza, empata o jogo. 2-2. Jogo sofrido, o Benfica é muito forte no 5x4 e o Sporting treme, falta-lhe o líder João Matos. Chega o prolongamento. De novo em 5x4, o Benfica volta a marcar pelo Fernandinho. Vida difícil para o Sporting. Chega a 2a parte do prolongamento. Sporting muito cansado a jogar em 5x4. Um passe brutal do Diogo encontra o empate, feito por quem? Fortino. O Pavilhão todo ansioso com medo de perder e o homem tranquilo, sorridente, como se soubesse desde o início que o título estava ganho, faz ali o 3-3 e passa a ser o melhor marcador da Liga SportZone… Continua o sofrimento, Robinho coordena o 5x4 do Benfica, muitos assobios para desconcentrar. Felizmente, sem eficácia. Vamos para os penalties: 3 dias antes, Gonçalo Portugal foi herói e deu a vitória ao Sporting, com 2 defesas. Primeiro penalty do Fortino: golo!. Logo a seguir, Deives tem a responsabilidade de marcar. Atira… Defende Gonçalo! Mais uma vez a ser decisivo! Novo penalty para o Sporting, Diogo desta vez. Remata…golo! 2-0. Se o Benfica falha, o Sporting é Campeão. O Bruno Coelho é quem marca, meses antes tinha dado o título Europeu a Portugal, agora tem a responsabilidade de não falhar. Parte para a bola, Pavilhão em expectativa, atira e Gonçalo não lhe chega mas… a bola vai à barra! O Sporting Clube de Portugal é tri-campeão Nacional de Futsal! Fortino sabia-o já, há muito tempo! A alegria sem fim, a emoção, a festa, o Pleno está feito! 4 em 4! Depois da queda da Direcção e da instabilidade, o Campeonato aparentava estar comprometido, mas o Sporting tem muita força, e ultrapassa tudo! Lágrimas de felicidade escorrem-me pelo rosto, não consigo mesmo parar de chorar. Pelo meio, dou um beijo ao meu querido Pai e agradeço-lhe profundamente: “Obrigado por me fazeres do Sporting!”. A verdade é que não foi o único título em que chorei, fi-lo nas 4 vezes. Os homens também choram e os Sportinguistas, quando o fazem por alegria, têm muito mais direito de o fazer!
E aqui ficou. Portugal acabou esse dia a ser eliminado pelo Uruguai no Mundial, mas estava de tal forma anestesiado que nem mágoa senti. Já tinha vivido o que queria viver!

Durante o ano desportivo, consegui convencer vários amigos meus a virem ao Pavilhão assistir aos jogos do Sporting. Queria que eles vislumbrassem porque motivo gostava, ansiava por aquilo e vibrava tanto. Ali vive-se Sporting, tudo o que é o Sporting está ali! 10 meses de Esforço, Dedicação e Devoção que culminaram em 4 Glórias. E ainda assisti à conquista do Tri-Campeonato pelo Ténis de Mesa e do Bi-Campeonato pelo Futebol Feminino.

O Ecletismo do Sporting Clube de Portugal é isto e não pode de maneira nenhuma voltar a morrer como fizeram em 1995. Desta vez, com a existência de um Pavilhão, as coisas mudam completamente. O “João Rocha” e o Pleno foram obra do Bruno de Carvalho e de toda a sua Direcção. A história não se deve nem se pode ocultar, e o feito foi fomentado por eles. Só me resta agradecer-lhes mais uma vez, esperando igualmente que o Frederico Varandas nos possa voltar a trazer o Pleno algum dia, ou qualquer outro Presidente que se siga a seguir a ele.

O Sporting Clube de Portugal é isto. Isto é que nos une, sem guerras civis e facções dentro de um Clube que devia remar todo no mesmo sentido, só assim alcançaremos de novo aquilo que já procuramos vai para 17 anos!

O Pleno de 2017/2018 fica para a História, algo que eu incluirei sempre nas minhas histórias do Sporting que vou contar aos meus filhos, netos, sobrinhos, etc…

Voleibol, Andebol, Hóquei e Futsal - Obrigado Sporting, o Pleno é nosso! Foi um ano maravilhoso!

SL"

:clap: :clap: Grande feito que ficará para sempre na nossa historia, mas como foi graças a quem foi, muitos preferem esquece-lo e desvaloriza-lo…grandes sportinguista dizem-se eles

Excelente texto. :venia: