Faz hoje exactamente 38 anos que eu andava no Liceu Padre António Vieira, em Lisboa. O nosso Sporting jogava a 2ª mão da meia-final da Taça das Taças, em Magdeburgo, uma cidade da então RDA. Tinha aulas de tarde, e lembro-me perfeitamente de pedir à professora de desenho para sair mais cedo da aula, mas não lhe disse porquê. Como é evidente recebi um não rotundo, e tive que me aguentar até ao fim da aula. Assim que a aula terminou saí a correr do Liceu para ir para casa ver o nosso SCP (o jogo era ao fim da tarde, não me recordo exactamente da hora, mas a ideia que tenho é foi por volta das 17h ou 18 h).
Cheguei a casa, o jogo já tinha começado, mas as transmissões de então não eram as de hoje, e uma avaria qualquer num retransmissor num País da Eurovisão impedia a transmissão de chegar a Portugal. Tinha, no entanto, o relato, e foi por aí que fiquei a saber que tínhamos levado com um golo logo no início, que ninguém viu, pelo menos em directo. Já com as imagens no televisor, vi o 2-0 para os alemães, mais ou menos a meio da segunda parte. Tudo parecia perdido (tínhamos empatado 1-1 em Alvalade), mas do nada Marinho fez o 2-1.
Renascia a esperança. Passámos a estar em cima do Magdeburgo (especialista, já então, em autocarros) e já nos 5 minutos finais, Tomé (ou Joaquim Rocha, não me lembro bem e não fui procurar) falhou o empate a menos de 1 metro da linha de golo sem ninguém pela frente.
Aquela bola tinha que ter entrado! Desde então, sempre que temos um jogo decisivo a eliminar, lembro-me deste lance, e ainda hoje me dói. O Sporting teve muitas alegrias e muitas tristezas desde então, mas aquele lance assombra-me até aos dias de hoje. Nem o ajuste de contas com o destino, em Alkmaar, num princípio de noite de 2005, protagonizado por Miguel Garcia, exorcizou este fantasma.
Quinta-feira espero obter um resultado que nos permita ir à final. Estou convicto que, em condições normais, esse resultado será obtido. A sermos eliminados, dispenso, no entanto, outro Magdeburgo que me assombre até ao fim dos meus dias.