[b][size=14pt]BES, BCP, Soares Franco e o Sporting[/size][/b]

Nota preliminar: a informação apresentada foi publicada no blog bolanarede B e decorre de uma investigação realizada por dois grandes sportinguistas e amigos. Tomo a liberdade de citar as principais informações pois sei que mais do que o exclusivo o que os grandes sportinguistas que publicaram este texto pretendem é elucidar as consciências dos que dia 28 têm o poder de decidir entre o o projecto incerto de candidatos não estabelecidos e o fim certo de um Sporting entregue a lobbies bancários e interesses que em nada defendem o clube e que fariam do benfica de Vale e Azevedo uma brincadeira de crianças.
As Relações OPCA-BES
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Em 2004 a maior obra adjudicada à OPCA foi a remodelação de 44 balcões do BES (relatório e contas, pág. 25). A documentação relativa aos anos anteriores permite ainda confirmar que o processo de remodelações vem desde 2002.
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Não é só o BES que é um cliente importante da OPCA, também esta é cliente do banco, mantendo com ele uma relação de dependência no que a financiamentos diz respeito.
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a OPCA e o BES são parceiros num consórcio (que integra também a Mota/Engil) que concorre às parcerias público privadas para a construção de novos hospitais (http://www.opca.pt/gca/index.php?id=146).
4)Tudo indica que o próprio BES possui, directa ou indirectamente, uma importantíssima posição accionista na OPCA:
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Informação institucional segundo a qual três grupos financeiros (entre eles o BES) controlam 98% da OPCA (Coming Soon - something quite cool);
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Catálogo da OPCA referindo que em 99 um grupo de accionistas individuais adquiriu o controlo da empresa com o apoio do BES
(catálogo opca , pág. 5);
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Contas de 99 da Espírito Santo Participações Financeiras, SGPS, segundo as quais a sua filial Multiger, SA detém 19% da OPCA
(http://web3.cmvm.pt/sdi2004/emitentes/docs/fsd0532.pdf, pág. 7);
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Inventário de títulos e participações financeiras da Espírito Santo Financial, SGPS (integrante do relatório e contas de 2004), do qual constam 452.000 acções da OPCA, representando cerca de 9% do capital da empresa
(http://web3.cmvm.pt/sdi2004/emitentes/docs/PC6015.pdf, pág. 20 do apêndice 2; por curiosidade, na página anterior podem confirmar que o BES também accionista do benfica).
- Conclusões e questões colocadas pela informação referida:
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BES e OPCA não são apenas parceiros. São instituições intimamente ligadas.
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o BES tem a capacidade de influenciar decisivamente o futuro da OPCA e inclusive de determinar a saída de Soares Franco da empresa.
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que independência pode alegar Soares Franco para poder concorrer a umas eleições de um clube com compromissos com o BES em discussão.
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que influência teve esta relação de séria dependência nas várias mudanças de posição de Soares Franco face à presidência do Sporting desde o Verão de 2005.

OPCA, Estoril, Judas e o Sporting
Outros factos soltos com alguma importância:
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José Luís Judas desempenhou funções de escriturário na OPCA antes de ingressar na Câmara de Cascais. Posteriormente regressou à OPCA, ja com Soares Franco ao leme para o… conselho de administração. Judas foi entretanto constituido arguido num processo relacionado com terrenos da Câmara cedidos ao Estoril-Praia… na altura em em que Soares Franco estava relacionado com o clube.
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Uma análise dos documentos da OPCA permite verificar que, sem surpresa, foi esta empresa que construiu o edifício Visconde de Alvalade e acessibilidades circundantes.


Porque é que os “media” não falam?
Ao sportinguista comum não tem escapado certamente a profusão de textos elogiosos, entrevistas e destaques dados à campanha de Soares Franco, ao mesmo tempo que se estranha a total ausência de informação sobre questões interessantes como as que são aqui apresentadas. Os sportinguistas que ainda se dão ao trabalho de ler pasquins desportivos são obrigados a digerir inclusive colunas diárias de apoio à candidatura, como a assinada por Bernando Ribeiro no Record. Bola e Jogo não escapam também à lógica de apoio, mais ou menos claro, expresso com alguma evidência na cobertura e forma com a informação é veiculada.
Informação preliminar : A CMVM é a principal fonte de informação do que aqui é apresentado. Sendo assim alguma da informação poderá estar desactualizada e outra é inexistente, nomeadamente para as empresas não cotadas (DN, JN, O Jogo → Controlinveste/Sportinveste de J. Oliveira, A Bola → Vicra). Ao leitor pede-se também que tenha presente que como é do domínio público o poder de influência numa sociedade não é determinado apenas pela participação accionista mas também (e cada vez mais, como os clubes demonstram melhor que qualquer outra empresa) pela relação de financiamento. Mais importante que a informação que aqui foi apresentada seria conseguir identificar a dependência que os grupos de média sentem das instituições financeiras em causa, de modo a poder medir com exactidão o comprometimento.
Sendo assim:
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Os irmãos Oliveira (O Jogo) são potenciais compradores da fatia da SAD que poderá ser vendida, sendo já accionistas importantes da SAD do FCP.
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Dos grandes grupos de comunicação presentes em bolsa (se me escapou algum digam), só a Impresa (SIC e Expresso, entre outros) não é participada por um dos bancos em causa.3) Na Cofina (Record e CM, entre outros), o BCP detém uma participação de 2,35%.4) Na Media Capital (TVI, entre outros), é o BES que directa e indirectamente possui uma posição global de 2,84%.5) Na PT Multimedia (SportTv), o BES tem uma participação global de 8,27%; por sua vez, na PT (que controla a PT-M), o mesmo BES detém 9,2% das acções.PS- Apesar das limitações de informação institucional que referi em 1), é público que a compra da Lusomundo pelo grupo de Joaquim Oliveira terá sido financiada pelo… BES.
Não admira pois que os únicos sítios onde se encontre contestação a sério seja na Sic-Noticias, através de Rui Santos e curiosamente no Semanário, um jornal desalinhado e cuja expressão é pequena para fazer mossa, no entanto apresentamos aqui o link para um artigo saído nesse semanário no passado dia 13 e que põe completamente a nú todas as intenções de BES e BCP no processo.
Quem quiser ler na integra basta “clickar”, aqui limitarei a minha transcrição às passagens mais importantes do imbróglio;
“Filipe Soares Franco não surpreendeu e apresentou-se como candidato à presidência do Sporting, sendo o possível vencedor das eleições marcadas para 28 de Abril. E caso isso não sucedesse, o risco do crédito bancário concedido ao clube leonino obrigaria os bancos a constituir reservas sobre a totalidade dos financiamentos, já que não é credível para nenhum auditor que a banca possa executar o Estádio José Alvalade. Neste contexto, Ricardo Salgado está empenhado em conseguir, ainda antes do fim do ano, a transferência do património imobiliário do Sporting para um fundo que pague ao BES as dívidas, sob pena de ser obrigado a constituir reservas no valor de cerca de 150 milhões de euros, ou seja mais de metade dos lucros anuais do seu banco. Ora isto implicava uma queda de 50% no valor das acções do BES e provavelmente o despedimento da sua administração.”
…“É, por isso, tão vital para a banca portuguesa que a administração do emblema dos leões, tal como acontece no Benfica, seja controlada pelos credores. Até porque nenhum banco cairia na situação de executar o Sporting pois isso implicaria de imediato a constituição das reservas e o assumir dos prejuízos…”
…"A solução existe, portanto, e o nome de Soares Franco, um “homem de mão” do BES, é bem visto para montar a solução que não tem que passar directamente pela alienação definitiva dos imóveis sportinguistas.De qualquer modo, Soares Franco avança dizendo pretender continuar com a alienação dos imóveis, reservando para o clube as mais valias do projecto imobiliário. Como? Com a engenharia financeira de uma venda imediata com a recompra acordada para daqui a dez anos, por preço certo, predefinido, que basicamente incluiria apenas o preço actual e os juros dos dez anos. Deste modo o Sporting não tinha que avançar já para a alienação do estádio, feito para o Euro 2004, com reduzidos fundos do Estado, e por outro lado não se via sem as mais valias imobiliárias do projecto desenvolvido por José Roquette. Uma solução equilibrada, que “safava” agora os bancos em dificuldades e simultaneamente obrigaria o BES e o BCP a manter os fluxos de tesouraria para Alvalade.
E pronto… parabéns a quem conseguiu ler até ao fim, provavelmente ou é um sportinguista a sério ou alguém muito curioso.
Parabéns sobretudo aos sportinguistas que realizaram e continuam a realizar estas investigações pois o futuro do Sporting é a sua principal preocupação neste tema… e já agora a minha também.