Não, não estou a falar das perdidas lamps, que davam para encher um daqueles DVDs de Bloopers do futebol.
Estou a falar da atitude bizarra dos jogadores do Boavista (William à parte) durante 80 minutos. E ou muito me engano ou aquele jogo foi oferecido. Vejamos:
1 - Ausência total de agressividade. Se eu fosse treinador e desse ordens aos meus jogadores para não meterem o pé, aquele era o tipo jogo era o que eu obtia. A facilidade com que os jogadores de xadrez abrandavam e perdiam a bola só tinha par na debilidade das tentativas de corte. Já vi muitos amigáveis de início de época com mais empenho nos carrinhos e na pressão do que a que o Boavista mostrou na Luz.
2 - Velocidade nula. Alguém reparou a forma como os jogadores do Boavista se preocupavam em não correr? Essame, Tiago e Lucas então, eram de ir às lágrimas - nem para a frente, onde só Grzelak e Fary se davam ao trabalho de se mexer; nem para trás, onde pareciam fazer questão em deixar espaços nas suas costas.
3 - Marcação hilariante. Cada jogador do Benfica tinha à disposição pelo menos um metro, tal era a distância a que os jogadores do Boavista se colocavam do seu oponente. E nada de a encurtar antes de os adversários chegarem ao limite da grande área. Desculpem-me, mas só de propósito é que alguém consegue por todos os seus jogadores a “defender” assim.
4 - Ausência de anti-jogo. Pois, todos gostamos de fair-play; mas sabemos o que a casa gasta e que os jogadores dos “não-grandes” começam a cair que nem tordos bem cedo quando têm um resultado positivo. Pois bem - milagre da Luz! - nos últimos 20 minutos, a única entrada em campo da equipa médica do Boavista foi na agressão de Derlei a Kazmierczac. No resto nada, rien, nothin! Que altruísmo em prol do espectáculo!
6 - Posse de bola. A pressa do Boavista em devolver a bola ao Benfica de pontapés para frente ou para fora, mesmo quando o jogador não estava pressionado era de uma diligência a toda a prova. Foi preciso esperar pelo minuto 88 para ver uma troca de bola entre jogadores junto à linha lateral para queimar tempo (Ricardo Sousa com Nuno Pinto e Grzelak).
7 - A escolha do onze. Conhecem alguma equipa que, a jogar com um grande, resolve pôr o seu melhor marcador (Linz) na bancada e fazer entrar um veterano que quase não tem jogado esta época - para dizer a seguir que é “gestão de esforço”? Simpatico, no?
8 - O discurso do treinador. Não acharam piada ver Jaime Pacheco, tão célere a gozar com o Paulo Bento nas vésperas do Boavista-Sporting, a dar logo o jogo da Luz por perdido? E fui o único que detectou um tom de quase pedido de desculpa no flash-interview?
Por volta dos 80 minutos, os jogadores do Boavista devem ter achado que estava a ser demasiado flagrante e começaram, timidamente, a fazer qualquer coisa parecida com um jogo. A vários deles, espero que não lhes peçam o dinheiro de volta, porque ninguém os pode acusar de não terem feito tudo o que podiam para ter perdido aquele jogo - se precisarem, eu ofereço-me como testemunha.