A Liga 2011 - 2012 está aí à porta e, desculpem-me a franqueza, o Sporting não vai ter quaisquer veleidades em chegar ao fim em 1º com as contratações efectuadas. Foram contratações feitas para inglês ver, ou seja, contratou-se em quantidade e não em qualidade, com o intuito de enviar areia para os olhos dos sócios. Os sócios queriam alterações, queriam mudanças de paradigma e a solução encontrada, foi comprar muito e mal. Comprar muito é fácil, mas comprar bem já é outra história.
Esqueçamos por momentos o Sporting e pensemos (só por instantes) em termos abstractos, ou seja, pensem num qualquer clube num qualquer campeonato relativamente competitivo. Alguém chegava ao pé de vocês e dizia assim:
«Nesse campeonato houve um clube que na época transacta tinha tantas limitações no seu plantel, que ficou a mais de 30 pontos do 1º classificado e para fazer face a essa situação e tentar lutar pelo título, gastou neste defeso menos de 20M de euros em 14 jogadores, alguns dos quais a custo zero.»
Agora, respondam-me sinceramente: se vocês não soubessem que se estava a falar do Sporting e se essa pessoa dissesse que esse clube ia tentar lutar pelo título, não se deitavam ao chão a rir? Mas alguém no seu pleno juízo acredita que um clube que compra 14 jogadores a uma média de custo de aquisição de cerca de 1,4M pode ter grandes aspirações num campeonato minimamente competitivo? Se isso acontecesse, então, os dirigentes leoninos ficavam para a História do dirigismo desportivo a nível mundial, conseguindo algo absolutamente inacreditável. O paradigma de gestão dos clubes de futebol mudava em todo o mundo, abrindo caminho à recuperação financeira dos mesmos. Começava-se a comprar jogadores muitíssimo mais baratos, obrigando ao desinflacionamento do mercado.
O Sporting necessitava de adquirir 6 ou 7 contratações que constituíssem verdadeiras mais-valias, o que equivale a dizer, comprar em qualidade e não em quantidade. Para um clube como o Sporting, só a partir dos 5 - 6M se conseguem encontrar jogadores que possam mesmo fazer a diferença, pois tudo o que seja muito abaixo disso é arriscar e mesmo assim, quando falo em 5 - 6M, não estou a dizer que qualquer jogador que custe esse valor, tenha qualidade para fazer parte do plantel do clube. Mesmo nessas condições, há que procurar bem e comprar ainda melhor. Negócios da China com a aquisição de jogadores a baixo custo, todos os clubes devem tentar. Não posso eu, nem pode ninguém discordar dessa política, mas olhar para essas contratações como a «salvação da pátria», é estúpido, é perigoso e só demonstra que o objectivo não é o de tornar a equipa mais competitiva, mas sim gastar o menos possível e ir iludindo as legítimas aspirações dos adeptos e esta Direcção mostrou logo ao que vinha, ao começar a dar prioridade às «grandes negociatas», em vez do genuíno reforço da equipa com jogadores de qualidade.
Independentemente dos maus resultados dos jogos da pré-época, do enorme trabalho que Domingos Paciência tem ainda pela frente e da realidade que constitui o facto de estarmos mais fortes que na época transacta (melhor seria que não estivéssemos), talvez seja mesmo mais importante olharmos para todos os elementos que constituem o plantel (posições, idade, experiência, valia técnica, etc.) e perguntarmos a nós próprios se este foi correctamente reforçado para podermos ombrear com os nossos mais directos adversários em todas as provas que vamos disputar nesta época 2011 - 2012 e a resposta que tenho para dar, infelizmente, é um rotundo «Não».