[b]Governo italiano impede fim da alimentação da mulher em coma há 17 anos[/b]
O decreto-lei hoje aprovado irá impedir a concretização da decisão judicial de conceder o direito da mulher a morrer.
Lusa
15:48 Sexta-feira, 6 de Fev de 2009
O Governo italiano adoptou hoje um decreto-lei para impedir a suspensão de alimentação a uma mulher em coma há 17 anos, depois da justiça ter determinado o seu direito a morrer, a pedido da família.
O documento foi aprovado apesar da oposição do chefe de Estado, Giorgio Napolitano, que se opõe a uma medida deste género e sem a sua assinatura nenhum decreto-lei pode entrar e vigor.
De acordo com a agência noticiosa italiana Ansa, o decreto-lei foi aprovado “por unanimidade”, após uma longa discussão no Conselho de Ministros. A agência não precisou de imediato o conteúdo do decreto.
Ontem, a Ansa noticiou que o decreto era composto por um artigo único a definir que a alimentação e a hidratação, enquanto formas de apoio à vida ou com o objectivo fisiológico de aliviar o sofrimento, não podem em caso algum ser recusadas por pessoas interessadas ou suspensas por quem assiste pessoas que não estão em condições de decidir de forma autónoma.
O documento hoje aprovado está escrito com base neste artigo, tendo em conta as observações feitas pelo presidente honorário do Tribunal Constitucional Valeio Onida, indicou a Ansa sem mais pormenores.
Napolitano declarou hoje que se opunha a uma medida de urgência e numa carta enviada ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, explicou não encontrar “carácter de urgência” no caso Eluana que justifique a adopção de um decreto-lei.
Eluana Englaro, 37 anos e em coma há 17, foi levada na terça-feira para um clínica de Udine (nordeste) que aceitou suspender a alimentação.
O caso de Eluana, em estado vegetativo desde o acidente rodoviário que a deixou em coma em Janeiro de 1992, originou grande polémica em Itália e é objecto de uma intensa batalha judiciária e política há mais de dez anos.
Que direito tem alguém de me impedir de me matar quando se chega ao ponto de estado vegetal? Ainda vem o Papa dizer que se tem que arranjar forças para lutar?! Quando tiver que comer carne por uma palhinha ele que venha mandar postas de bacalhau.
Se estiver totalmente saudável e me quiser atirar de um prédio ou dar um tiro na cabeça, ninguém me impede. Se estiver acamado e em estado vegetal, até leis fazem para impedir :cartao:
Agora até o aborto já é legal, quando os fetos ainda nem podem decidir, mas a eutanásia é proibida, quando quem a pede tem a total consciência do que está a pedir.
Sou totalmente a favor da eutanásia, porque é um direito de todos decidir o que fazer da sua vida.
Bom, esta é uma questão bastante discutida nos dias de hoje por conter vários pontos fundamentais na vida humana. Um deles é a vida. Outro deles é o sofrimento.
A vida, algo protegido na declaração dos direitos do homem e em várias constituições em todo o Mundo, é um valor fundamental que não se mete de lado, de forma alguma. Mas agora chega outro problema. Será considerado vida uma pessoa a sobreviver através de uma máquina ? (Como se pos em questão, um feto de uma semana ser ou não um humano). São perguntas controversas.
A meu ver, uma pessoa que está a sobreviver através de uma máquina à 17 anos, é algo deplorável e inaceitavel, por dois motivos: o primeiro é quando está claro que não haverá qualquer tipo de modificação no estado de saúde da pessoa, levando ao adiamento da sua morte; o outro motivo, é todo o sofrimento criado a familiares, que não vão ter descanso enquanto aquela tortura não parar. Por estes motivos, sou a favor da eutanásia, apesar de várias dúvidas possa levantar.
Em alguns casos a eutanásia devia ser aplicada. Este seria um deles. É ridículo estar uma pessoa ligada às máquinas durante 17 anos. Sofre, não vive, não fala, é um peso morto. Assim toda a gente conseguiria viver para sempre! Ligados às máquinas!!
Apoio a eutanásia. E vai ser inevitável a sua generalização, ou seja, a sua validação aos olhos da lei. Como estamos em Portugal, é esperar mais 30/40 anos. Mas vai cá chegar…
A maior responsabilidade de um Humano é a condução da sua própria vida, a forma como a vive, como a trata.
Não me oponho à eutanásia, cada um tem direito de pôr termo à sua própria vida quando assim entender.
Agora acho é que não estão bem a par deste caso em particular e da polémica que tem causado em Itália. O que os médicos italianos estão a fazer é suspender a alimentação da doente até que ela morra, estão-lhe a causar uma morte lenta e desumana. É isto dignidade e terminar com o sofrimento humano?
Eu oponho-me claramente à eutanásia activa, mas eu sou suspeito.
Em relação ao caso, RMP, tens que te lembrar que uma das interrogações mais frequentes na Medicina é a do ponto limite para o qual se deve administrar uma terapêutica… lembra-te que o organismo humano deve ser capaz de sobreviver por si perante determinado tratamento e que a manutenção de um suporte de vida 100% artificial sem qualquer perspectiva futura de melhoria a curto e médio prazo é algo que merece ser discutido.
Mas parece-me que estás mais contra o facto de se deixar o corpo seguir o curso natural, que é morrer face à incapacidade em se manter e regenerar através da alimentação do que em relação à decisão da morte em si (inevitável face ao “desligar da máquina”). Pelo que percebi serias a favor de uma morte imediata para não lhe ser prolongado o sofrimento. Mas isso levanta outros problemas que colidem com o conceito de tratamento paliativo… p.ex., o que fazer no caso de doentes com cancro metastizado e que têm 100% de hipóteses de morrer?
Sou totalmente contra qualquer morte que não seja natural. (A não ser por penalidade, aí sim, sou a favor). Acho que é uma questão filosófica que se prende nos valores mais básicos da condição humana. E acho que nenhum ser humano deverá por fim a outra vida, seja em que circunstância for - isto excluindo a morte por penalidade, como já referi.
Se não, chegamos ao ponto de também permitir que um bombista também tenha o direito de se fazer explodir porque “faz o que quiser da vida dele”.
Mas compreendo e aceito que sejam casos muito dubios e que não será fácil de decidir. Compreendo também o que a familia está a sofrer há 17 anos. Mas mantenho a minha opinião, sou veementemente contra qualquer morte que não seja natural.
Compreendo aquilo que queres dizer. Mas a minha opinião prende-se essencialmente no principio de toda a problemática e não em casos particulares.
E considero que neste caso existem 2 faces e como é obvio não é fácil de decidir qual o passo a fazer. Mas lá está, por principio, sou contra a morte assistida. Também concordo que a vida, neste caso, é apenas artificial mas ninguém poderá ter o direito de decidir se a pessoa em questão continua a viver ou não. E aí está o ponto central de todas estas situações. A questão não é tão só se vale a pena ou não interromper a medicação ou deixar de alimentar. A questão é que, na minha opinião, ninguém tem o direito de decidir sobre uma vida humana. Mesmo que a mesma não esteja com capacidade de decidir por si.
Eu acho que o direito de morrer (seja de que forma for) deve ser inalienável ao ser humano. Mas também acho que se existe uma coisa chamada sociedade, é para estas coisas que ela deve existir e é seu dever tentar ajudar e demover as pessoas que se querem suicidar, ou neste caso, praticar a eutanásia.
Como já vi neste tópico a habitual ira contra o pensamento da Igreja, digo que não só compreendo como acho que deve ser aquela a linha de posições do Vaticano (e eu sou ateu), uma instituição conservadora e que deve ser uma reserva de valores morais.
Quanto à hipótese de cancro que referes, Paracelsus, a minha opinião é: se o paciente desejar terminar a vida, então seja feita a sua vontade, não sem que antes lhe seja dado o devido apoio psicológico e tentar com que aquela não seja a sua decisão final.
Quanto a este caso particular da italiana, ele é muito complexo, e penso que não deveria ser autorizada a morte dela porque: ela está totalmente inconsciente há anos e a sua vontade de morrer não foi registada em nenhum documento, trata-se apenas do desejo da família (que alega um suposto desejo da filha), e aí eu acho que ninguém deve ter o direito de tomar a decisão de outra pessoa morrer; eu disse que acho que o direito de morrer deve ser inalienável do ser humano, mas também acho e é bom realçar que deve ser um direito individual.