Onde vai parar este clube histórico, entalado entre dois americanos que não meteram um tostão do bolso deles no clube e um fundo de “investimento” do Dubai? É este o lado pernicioso do clube-empresa. Isto não é “vida” para o Sporting. :naughty: :naughty:
[b]Adeptos querem ver os donos do Liverpool na rua, mas Hicks e Gillett não aceitam[/b]Em Anfield Road pede-se que os milionários que compraram o clube cedam o seu lugar
a magnatas do Dubai. Os recados estão nas bancadas: “Adeus yankies, tragam os árabes”O sonho americano está perto do fim em Anfield Road. Tom Hicks e George Gillett, os dois norte-americanos proprietários do Liverpool, enfrentam uma contestação inédita dos adeptos, que os querem fora do clube, chegando a ameaçar com a realização de boicotes financeiros. Durante os últimos meses, nas bancadas do estádio dos reds, abundam os cartazes criticando a dupla de yankies, mas o protesto subiu recentemente de tom quando Hicks e Gillett admitiram terem sondado Jurgen Klinsmann para substituir Rafael Benítez no comando técnico da equipa. Mas há mais. As finanças do clube preocupam os fãs, que vêem com maus olhos a possibilidade dos actuais donos contraírem um novo empréstimo. Os adeptos preferem ver o clube adquirido por um fundo de investimento do Dubai do que assistir ao crescimento da dívida bancária.
Numa série de sites oficiosos ligados ao Liverpool foi realizada uma sondagem entre mais de duas mil pessoas que não deixou dúvidas: 99 por cento dos adeptos consideram que Benítez tem mais em consideração os interesses do clube do que a dupla dirigente, para além de 98 por cento afirmar que não confiam em Gillett e Hicks, por considerarem que faltaram à promessa de não sobrecarregar o clube com dívidas.
Na base da contestação está a possibilidade do duo de proprietários contrair um empréstimo no valor de cerca de 468 milhões de euros, que permitirá renegociar a dívida contraída na altura em que assumiram o controlo do clube. Mas o negócio implicará que o Liverpool tenha que pagar anualmente 40 milhões à banca só em juros. Uma verba que os adeptos consideram excessiva, apelando a um boicote financeiro que force Hicks e Gillett a cederem a sua participação ao Dubai International Capital, o braço financeiro do Governo daquele emirado, dominado por Mohammed bin Rashid Al Maktoum, cuja fortuna pessoal é estimada em mais de nove mil milhões de euros. Mas os americanos já disseram que não estão vendedores.
Mais: no horizonte do Liverpool está agora a necessidade de um outro empréstimo, desta vez apenas para financiar a construção de um novo estádio, que custará 535 milhões de euros, dos quais 400 milhões viriam da banca e deixariam o emblema inglês ainda mais atolado em dívidas.
A resposta dos adeptos foi a ameaça de boicote financeiro, que se materializaria na recusa em comprar bilhetes para jogos, artigos de merchandising ou até de subscreverem acessos à página do clube na Internet. O boicote poderia estender-se a produtos dos patrocinadores do clube, como a Carlsberg ou a Adidas.
A desconfiança em relação a Hicks e Gillett são, no entanto, recentes e não estiveram presentes quando, há 11 meses, a dupla de milionários se comprometeu a elevar o clube ao nível de Manchester United, Chelsea ou Arsenal. Nessa altura, ninguém reparou que os norte-americanos não investiriam um cêntimo do seu dinheiro, limitando-se a pedir à banca os 399 milhões de euros necessários para o investimento e que serviram também para trazer Torres (35,5 milhões) ou Babel (15 milhões).
Só que os resultados desportivos não foram tão positivos como seria de esperar (uma Liga dos Campeões sabe a pouco num clube que não vence a Liga inglesa vai para 18 anos) e as indecisões em torno da estrutura accionista do clube chegaram ao relvado. Após o empate do Liverpool com o Aston Villa, o “capitão” Steven Gerrard deu voz à insatisfação. “Não tem sido apenas esta semana, [a especulação] já dura há algum tempo e não está a ajudar os jogadores”, confessou após um resultado que deixa os reds em quinto lugar e a 14 pontos do líder Manchester United.A A defesa de Rafael Benítez surgiu de onde menos seria de esperar. Alex Ferguson, treinador do Manchester United, veio manifestar a sua solidariedade com o colega de profissão, acusando os donos do Liverpool de não terem “classe” para ocuparem o cargo.
Em causa está a posição cada vez mais instável do técnico espanhol dos reds. A 14 pontos de distância do Manchester United, o que torna praticamente impossível a conquista do título, o treinador do Liverpool vê surgirem rumores de que a sua continuidade em Anfield Road está em perigo, surgindo o nome de Klinsmann como possível sucessor.
Ferguson, confortável com a vantagem para o Liverpool, reconheceu que os reds já só podem concentrar-se apenas no título europeu, condenando a atitude de Hicks e Gillett por terem equacionado a hipótese de trocarem de treinador. O veterano técnico do Manchester United criticou ainda os responsáveis do Liverpool por criarem um ambiente de instabilidade. “O mais importante para um clube grande é actuar como um clube grande. Haverá muitos jogadores a quererem jogar no Liverpool, mas quando vêem as divisões existentes entre o treinador e a direcção pensam duas vezes antes de decidir, pois preferem um clube estável”, afirmou.
Tom Hicks e George Gillett não se sentem atraídos com os resultados de uma equipa reforçada com base em muitos milhões de euros mas que não convence nos relvados. Benítez chegou a Inglaterra com a fama de conseguir bons resultados sem precisar de gastar muito dinheiro em contratações. No currículo apresentava o seu trabalho no Valência, onde levou o clube ao título colocando-o à frente de Real Madrid e Barcelona.
Benítez venceu uma Liga dos Campeões (e ainda esteve noutra final). Insuficiente para agradar aos patrões do clube