Hoje vi uma noticia que achei idiota mas que agora mesmo se fez um click na minha cabeça e de repente criei uma enorme teoria da conspiração. Essa noticia referia-se à hipótese aparentemente real do Sporting descer de divisão. Aparte o surrealismo da coisa num país onde dois clubes corruptos à cara podre nunca sequer sofreram sanções desportivas nem criminais, houve algo que me pôs a pensar. Ora bem, vejamos:
Parece ser cada vez mais óbvio que o roquettismo tem vindo a destruir o Sporting, ao ponto de o ter deixado nas condições em que se encontra hoje (financeiramente e desportivamente). Durante alguns anos, a ideia era a de que o Sporting viria a crescer. Depois começaram os problemas e a retórica mudou. A “austeridade” chegou ao Sporting muitos anos antes da troika chegar a Portugal, e Dias da Cunha, bem como Soares Franco foram os profetas dessa palavra. Era a altura em que os bem comportados sócios do Sporting diziam amém aos “senhores doutores” e ninguém se importava com venda de património e saque generalizado ao clube. A coisa foi passando e ao contrário do que fora “prometido” pelo garrafão de wishky gigantone, o passivo não só não foi reduzido como, tal como se viria a provar aquando da análise das contas nas eleições, tinha aumentado brutalmente.
Foi altura de mudar de estratégia e da continuidade - sempre com o omnipresente e intragável Ricciardi - apontar baterias aos antecessores culpando-os de todo o caos em que o clube se encontrava, esquecendo convenientemente o facto da maioria dos novos “salvadores” do Sporting, entre os quais o cómico JEB, terem feito parte das anteriores direcções. Foi a estratégia tantas vezes utilizada pelos politicos cá do burgo de culpar os antecessores. Nada de novo, e aparentemente resultou, com uma vitória esmagadora daquele que viria a ser o “Pior presidente da história do Sporting”, o tal anedótico e repugnante JEB.
Mas também com JEB o legado financeiro foi o de sempre: passivo a aumentar, e património a ser todo “atirado” para a SAD ou vendido em saldos aos amigos. Desportivamente acho que nem vale a pena dizer como foi, pois o homem só se aguentou ano e meio.
Em Março de 2011 eis que aparece uma nova cara, um novo “salvador” do Sporting, de aspecto insignificante, irritante na fala e manifestamente duvidoso no carácter. Fora um dia arguido, tal como outros membros da sua lista e perfilou-se como o homem da “credibilidade”. O homem que tinha “cem milhões de euros” que se revelou o homem “sem milhões de euros” e com “sem milhões de mentiras”!! Assim que, depois de afinar uns votos numa malfadada noite de eleições, tomou posse além de levar uns murros na cornadura (algo nunca antes visto) virou o bico ao prego e rapidamente começou a espalhar a mensagem que tantas e tantas vezes já tinhamos ouvido: não há dinheiro, o Sporting está praticamente falido, e como tal os tempos são de contenção. Mais uma vez a continuidade demarcava-se das direcções anteriores (afinal eles não eram continuidade :rotfl: :rotfl: :rotfl:) e numa jogada “de génio” ainda influenciada pelo facto de terem visto por um fio a vitória nas eleições, eis que fizeram o “esforço” de contratar alguns bons jogadores e tentar compor o ramalhete o melhor que conseguiram. Nunca se percebeu bem se os chegaram a pagar, como os pagaram, etc. Mas adiante…
Olhando para o panorama geral destes ultimos 16 anos de governação roquettista, percebe-se que, não só os próprios sócios já compreenderam que o roquettismo levou o Sporting à ruptura, como quem o levou à ruptura já percebeu que os sócios perceberam, e como tal tiveram de começar a tentar arranjar formas de esconderem a verdade para evitar a revolta dos Sportinguistas. Para tal teriam de manter-se dentro do Sporting custasse o que custasse de forma a varrer para debaixo do tapete toda a trampa que foi feita. Isso foi algo que algumas franjas de Sportinguista compreenderam desde o primeiro minuto, e sempre aqui o e noutros locais o referiram sendo apelidados de “terroristas” e “talibãs”. A primeira estratégia dizendo que tinhamos de vender património não desportivo foi quase um sucesso, a segunda começando a tentar demarcar-se das direcções anteriores e até culpando-as do estado em que encontraram o clube também pareceu ir dando resultado Em qualquer delas o objectivo foi claro: tendo em conta que cada vez mais sócios e adeptos tinham percebido que o roquettismo (ou continuidade, se quiserem) tinha sido responsável pelo grave estado financeiro em que o clube se encontrava, tinham de manter-se ao leme do Sporting, evitando que outros, fora da continuidade, entrassem no clube e começassem a descobrir os esqueletos.
O que talvez nunca tivessemos dado muita atenção, foi ao que sucederia no fim, isto é, atendendo a que o clube estava num estado financeiro próximo da ruptura, e que a situação continuava a agravar-se, de que forma poderia a corja sair incólume, por mais que varresse para debaixo do tapete toda a trapalhada feita ao longo de 16 anos?! Perpectuar-se no poder parecia não só improvável, como impossível no caso do clube entrar mesmo em falência, e nesse caso seriam conhecidos como aqueles que levaram o clube à falência e por isso mesmo violentamente responsabilizados. Pensou-se sempre que a solução para esta pergunta estaria no esvaziamento do clube do seu património em favor da SAD e posteriormente a venda desta a algum investidor (uma espécie de PSGzinação, ou Chelseazinação, etc), passando os sócios a ser meras figuras de corpo presente sem qualquer influência de decisão nos destinos do Clube. Recentes movimentações que apontam para a procura de investidores apontam precisamente nesse sentido.
No entanto e olhando para aquilo que parece ser uma venda aos desbarato de alguns jogadores importantes (correm variados rumores por aí, para além da venda inacreditavelmente baixa de JP), temo que a estratégia seja ainda mais maquiavélica. E é aqui que entra o caso Cardinal e um eventual cenário de sanções desportivas. Imaginando que a situação financeira seja de tal forma grave que obrigue a uma espécie de “liquidação total” para sobrevivermos mais uns tempos, ou até que impossibilite a inscrição em provas da UEFA, ou junte-se-lhe ainda a incapacidade para arranjar os tais investidores, está cozinhado o caldo que permite olhara para uma despromoção como a justificação mais do que conveninente para a tal “liquidação total” evitando também assim assumir claramente e perante os sócios a impossibilidade de disputar a LE , até eventualmente a 1ª Liga, e a declaração de falência.
Clarificando o meu ponto de vista: e se o cenário de descida de divisão (por muito que possa parecer-nos um cenário irreal) não foi mesmo cozinhado para justificar uma série de medidas que venham a evitar a falência do clube - como a venda dos melhores jogadores a preços irrisórios e eventualmente a venda de mais património, entre outras coisas?
Reparem isto é a mesma lógica daqueles que tendo um pequeno toque no carro, e para evitar terem de gastar dinheiro, esperam pelo primeiro azarado que lhes vá bater no mesmo sitio para lhes exigirem o arranjo. Perante um cenário de catástrofe financeira e na iminência de declarar insolvência, com todas as consequências daí advindas, nada melhor do que uma descida de divisão para justificar a calamidade desportiva que se avizinharia!
Deste ponto de vista, até “a armadilha” montada a Cardinal por PPC faria mais sentido, de tal forma que até o facto do caso ter sido despoletado pela denuncia do próprio Sporting, seria assustadoramente lógica.
Confesso que poder-se-á olhar para esta teoria/cenário hipotético como algo delirante fruto de uma cabeça muito imaginativa, até eu concordarei com isso, no entanto e atendendo ao que já vi ser feito e fazerem ao Sporting desde dentro, já nada me admiraria. Eu também nunca pensei ver o que vi na noite de 26 de Março de 2012, nunca pensei que se pudesse chegar a jogar tão baixo, e no entanto aquilo aconteceu. A afinação dos resultados, a qual não tenho a mínima dúvida que foi real, aconteceu à minha frente e à frente de muitos Sportinguistas. Mas esse acontecimento só me deu mais razões para acreditar que, aquilo que se esconde por detrás de 16 anos de roquettismo, tem de ser muito grave e comprometedor, caso contrário esta gente não chegaria tão longe na sua tarefa de se manterem agarrados ao Sporting, usando de todos os meios (desde a afinação à agressão declarada de sócios do Sporting) para o conseguirem!
Portanto, já não me admiraria nada que todo este caso de suposta “corrupção” tivesse sido montado desde dentro para evitar ter de anunciar aos sócios a incapacidade do clube de se inscrever na LE, eventualmente na 1ª Liga e não ter guito para competir ao mais algo nível, tendo mesmo de vender os seus melhores jogadores em saldos. Seria a desculpa perfeita para sairem desta situação sem grande mossa, agora que inclusivamente o Estádio já está na SAD (garantindo ao BES e BCP algum encaixe). Concerteza os Sportinguistas se insurgiriam contra o corrupto “sistema” que nos sancionava desportivamente quando noutros casos recentes nada fez. Até nesse sentido a descida era a desculpa perfeita pois agregaria a maioria dos Sportinguistas numa suposta revolta contra os orgãos da justiça desportiva, deixando os verdadeiros coveiros do Sporting sair de fininho e com sorte ainda como figuras injustiçadas pelo “malvado sistema”, que não tiveram outra hipótese senão “mitigar os danos”!
E agora que o guião está escrito, esperemos pelos próximos episódios!
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