Esqueceram-se que é preciso correr mais que o adversário. A velocidade na troca da bola em todo o jogo foi ridícula e a defesa hoje esteve a dormir. Nem 1 se aproveita. Quer dizer, aproveita-se o Adan.
Uma pequena reflexão sobre o jogo e sobre o caminho a percorrer este ano.
https://twitter.com/omeiocampo/status/1432465176478031878?s=20
Fizemos 1 ponto.
Perdendo seria 0.
+1 ponto
É a segunda vez seguida que este cabron (já viram bem a fuça dele?) mostra um amarelo injusto ao Palhinha. Desta vez, condicionou o jogador logo desde o início, o que teve influência no jogo.
É tão fácil prejudicar o Sporting.
Claro que o facto de agora todos quererem o Matheus nas seleções não ajudou. Fez o pior jogo que lhe vi.
Nuno Mendes também não esteve em campo e o Fedal é muito limitado tecnicamente.
O Coates também voltou às grandes desmarcações para ninguém (se não sabe fazer passes longos, porque insiste?).
O Paulinho é muito instável psicologicamente e deve ser apoiado, não mandado abaixo.
O Famalicão tinha ZERO pontos até esta jornada. Ganhou o primeiro ponto do campeonato conosco. Isto mostra quem falhou.
Quando dizem “jogo difícil” não sei muito a que se estão a referir. Se este era difícil então não quero ver o resto do campeonato.
Uma noite para esquecer
Famalicão continua a ser a “casa dos horrores” para Rúben Amorim, que ainda não conseguiu vencer o conjunto minhoto desde que chegou ao comando do Sporting.
Do outro lado estava um dos mais competentes e promissores técnicos da liga portuguesa: Ivo Vieira. O madeirense conseguiu montar uma equipa capaz de fechar os caminhos aos comandos de Rúben Amorim, mantendo ainda assim muita qualidade técnica e velocidade para sair em transição. Partindo de um 4–3–3, o Famalicão fazia recuar Pickel para o meio dos centrais. Mas ao contrário do que tantas vezes vemos fazer cá pelo burgo, este recuo não se dava no momento com bola, mas sim no momento sem ela, permitindo à equipa defender com uma linha de 5, para controlar a largura característica do Sporting, e permitindo a Pickel controlar de muito perto Paulinho e os seus apoios no corredor central, fechando assim todas as rotas de progressão leoninas.
Do lado do Sporting, este jogo foi como uma caricatura da equipa leonina, fazendo sobressair ao máximo os seus defeitos e um retrato do imenso caminho que terá de ser feito este ano se querem defender o título de campeão nacional.
Desde há muito tempo para cá que é notória a dificuldade do Sporting em criar situações de finalização em organização ofensiva. A maioria dos golos leoninos surgem na sequencia de lances de bola parada ou em ataques rápidos/transições ofensivas, momento em que são verdadeiramente letais, fruto da forma como se organizam para defender, deixando os 3 da frente sempre disponíveis para o contragolpe. (E quem não se lembra da quantidade de golos que apareceram já nos momentos finais em que a equipa sobrecarregava a área adversária.) Mas a organização ofensiva da equipa sempre pareceu ser o seu ponto mais débil, por diversas razões. A sua fase de criação é relativamente previsível, dependendo em muito da capacidade e criatividade dos laterais. Raras são as vezes em que o médio-ofensivo/extremo recebe de frente para o jogo e possa explorar movimentos de ruptura, sendo muito mais comum que isso aconteça em resposta a uma segunda bola (o que não deixa de ser interessante e importante, ainda assim). Mas um dos principais defeitos da equipa é a forma como não conseguem gerar vantagens desde a primeira fase de construção face a equipas que convidem à progressão dos centrais. Quando os centrais estão a ser pressionados, a equipa leonina tem uma saída de bola muito padronizada e que resulta muito bem para bater aquela primeira pressão. Os laterais recebem para zonas interiores, evadindo a pressão, Inácio pressionado de fora para dentro consegue encontrar soluções dentro do bloco (Paulinho e Pote, por exemplo) ou lançar na profundidade do lateral direito. O problema aparece frente a equipas que não pressionem os centrais, convidem à progressão dos mesmo e se foquem em fechar o acesso aos laterais.
Foi precisamente isso que o Famalicão fez com o seu 5–2–3 defensivo, com os extremos a fechar a ligação central-lateral do Sporting. O ponta de lança Marcos Paulo tentava impedir a ligação com Palhinha, ficando Ivan Jaime sobre a sua direita a condicionar Matheus Nunes e Pepê a cair na zona onde normalmente Pote aparece em apoio. Pickel tinha então a importante função de se juntar à linha defensiva mas estar sempre atento aos movimentos de Paulinho, impedindo que este recebesse confortavelmente quando baixava no terreno.
5x2x3 defensivo do Famalicão com as referências individuais mencionadas. Sporting sem acrescentar vantagem através dos seus centrais estava “atado”.
A equipa ainda percebeu que estas marcações individuais poderiam servir para arrastar o adversário e fazer aparecer alguém em apoio no meio, livre de marcação. Matheus Nunes começou a “afastar-se” mais da zona de jogo, tentando levar consigo Ivan Jaime, mas a ação de Pickel foi impedindo de Paulinho e Jovane conseguissem ganhar vantagem no meio.
O Sporting nunca percebeu o jogo de enganos que tinha de fazer, em que quem aparecia a pedir em apoio deveria de imediato tentar atacar o espaço que esse movimento gerou nas costas, com o outro elemento a aparecer para receber mais baixo depois de primeiro empurrar a linha para trás. Foi tudo demasiado estático e previsível.
https://streamable.com/e/qncdrr
Dificuldades criadas por Pickel. Primeiro acompanha o movimento de Paulinho, quando este já não é ameaça, vai impedir que Jovane consiga receber em condições quando se oferece em apoio. Importante na estratégia famalicense.
Como resultado, a equipa de Amorim, como e seu timbre e apanágio, procurava muitas vezes utilizar o jogo mais longo e directo, ora para os movimentos em profundidade de Pote e Jovane, ora variando o flanco de jogo, principalmente pela ação de Coates. Porém, o uruguaio teve um jogo para esquecer com bola, somando uma quantidade altíssima de más decisões, que originaram perdas sucessivas, dando azo a contra-ataques famalicenses. O uruguaio raramente escolheu bem os timings para fazer as variações de flanco ou procurar a profundidade. Não teve a paciência (que até costuma ter) de esperar para que estivessem reunidas as condições para quem fosse receber o fizesse em vantagem. Vejamos os seguintes exemplos:
https://streamable.com/e/zstqlk
Numa situação em que o Sporting até tinha conseguido atrair o Famalicão para o seu lado direito, encurtado a linha defensiva para apenas 4 elementos (lateral tinha saído na pressão) e Esgaio estava bem alto e aberto na direita, tendo vantagem pois o seu elemento mais próximo estava distante e tinha os apoios trocados, Coates decide lançar na profundidade… para o qual não houve nenhum movimento.
https://streamable.com/e/j0xdxi
Já neste caso, o oposto acontece. Esgaio não está com uma posição agressiva. A equipa do Famalicão não foi arrastada para um dos seus lados. A linha defensiva está pronta para cobrir qualquer opção. O central decide colocar no lateral português que, mesmo que tivesse recebido em condições, seria alvo de pressão imediata pelo lateral contrário, sem que a equipa conseguisse tirar qualquer proveito da ação.
Na primeira parte isto foi uma constante, com uma pressa excessiva em lançar na frente, sem conseguirem primeiro reunir as condições para que esse lançamento fosse bem sucedido. Como resultado, a equipa estava altamente exposta a transições rápidas do Famalicão que ameaçou várias vezes e inclusive fez golo numa destas situações já na segunda parte, como é possível ver no vídeo abaixo.
https://streamable.com/e/zherpn
A primeira parte foi quase anedótica na quantidade de lançamentos longos executados (a maior parte sem sucesso algum) pela equipa leonina.
Aqui e ali o Sporting tentou fazer coisas diferentes e, quando o fez aproximou-se muito mais de fazer coisas interessantes. Veja-se o seguinte lance:
https://streamable.com/e/77k5k5
Neste pequeno lance, apesar do central nem ter forçado muito com a sua condução, o Sporting gerou vantagem no interior do bloco famalicense. Com Matheus Nunes “afastado” do centro de jogo para tirar dali Ivan Jaime, Pote e Jovane criam superioridade naquela zona, confundindo Pickel e por pouco não geram um lance de perigo.
https://streamable.com/e/aghpgo
Já neste lance, como podemos ver, Feddal foi muito mais audaz na sua ação, conseguiu eliminar Marcos Paulo e, apesar de ter tomado uma decisão menos acertada ao dar no corredor, permitiu que Nuno Mendes tivesse espaço para explorar dentro. Assim, a equipa quando perdeu a bola estava toda mais junta, permitindo reagir muito mais intensamente.
Na segunda parte viu-se muito menos “chutão”, mas já os nervos estavam em franja e faltava discernimento para conseguir entrar melhor no bloco do Famalicão.
Matheus Nunes, em particular, teve um jogo para esquecer. Lento a executar, quase nunca foi solução por dentro já que a pressão de Ivan Jaime facilmente expunha as suas debilidades. Ainda tentou arrastar consigo o espanhol para arranjar espaço dentro, mas a equipa não o soube aproveitar nem ele foi suficientemente astuto para saber em que momentos podia ser opção dentro ou como e quando arrastar o adversário. Foi, até agora, o jogo da época em que mais se sentiu a ausência de João Mário, que conseguia atrair sobre si 2 ou 3 jogadores adversários e ainda assim deixar a bola jogável para os seus colegas.
Também Jovane teve uma noite para meter na gaveta e nunca mais olhar para ela. Sem oferecer os movimentos em profundidade que Nuno Santos sempre consegue trazer, tinha de ter feito muito mais ao receber dentro do bloco adversário. Ainda para mais quando Paulinho e Pote tinham uma atenção privilegiada sobre eles. Muitas vezes mal perfilado, perdeu dois lances importantes por recepções defeituosas, mais uma vez mostrando que é capaz do melhor e do pior tecnicamente.
Logo a abrir Jovane podia ter feito o 0–1
Paulinho somou (mais um) mau jogo. Incomodado por Pickel, nunca se conseguiu libertar do recente reforço de Ivo Vieira. Pecou uma vez mais na finalização num dos poucos lances de perigo da equipa leonina.
Coates foi o melhor dos centrais, mesmo tendo somando más decisões atrás de más decisões (principalmente na primeira parte, melhorou muito no segundo tempo). Feddal foi uma nulidade com bola e Matheus Reis, com a sua capacidade no transporte e audácia com bola podia ter sido uma solução importante (mesmo que arriscada). Inácio tem de acrescentar também mais progressões com bola, aspecto em que talvez saísse beneficiado se começasse a ser usado sobre a esquerda.
Valeu San Adán, que respondeu presente, mesmo sendo exposto várias vezes no 1x1 com o adversário. Este ponto é dele.
Dos melhores em campo, apenas superado por Adán. O espanhol espalhou classe, qualidade técnica e criatividade.
Do lado do Famalicão, destaque para o jogo de Iván Jaime. O espanhol tem um talento impressionante e fez um jogo brutal. Responsável defensivamente, cumprindo a sua tarefa ao anular Matheus Nunes, acrescentou muita qualidade técnica ao jogo minhoto, onde se destacou na forma como tirava adversário da frente e resistia à pressão dos elementos leoninos. Recebe sempre a tentar enquadrar, abrindo o campo (como podem ver neste vídeo do Lateral Esquerdo) Tem um passe soberbo no golo em que isola Ivo Rodrigues com imensa mestria. Não tardará a dar o salto.
Já Ivo Rodrigues acabou por não marcar, mas foi sempre importante no jogo. Impediu o acesso a Nuno Mendes (passou ao lado do jogo), ofereceu sempre movimentações excelentes na frente de ataque e a bola nunca queimou no seu pé. Teria, por exemplo, sido uma excelente adição para a posição normalmente desempenhada por Nuno Santos, em que procura sempre movimentos de ruptura entre centrais ou central e latera, tendo um toque mais fino que Nuno Santos e sendo bem mais eficaz na finalização que o extremo do Sporting.
Fonte: Uma noite para esquecer. Famalicão continua a ser a “casa dos… | by O Meio Campo | Medium