O André. Sem ser especialmente criativo, no entanto.
Uma das coisas mais importantes, na minha opinião, na definição da posição de um jogador, é a maneira como pensa.
Eu explico, exemplificando. Por exemplo, o João Mário tem qualidade técnica mais do que suficiente para ser um 10. Nem deve ser passível de discussão, na minha opinião. Nem acho que lhe falte “intensidade”(já achei, mas agora penso de forma diferente sobre isso).
Mas pensa de uma determinada forma, que é incompatível com a posição 10. É muito mais jogador para estar fora do bloco, porque não tem aquela agressividade com bola, de jogar a 1/2 toques quando se impõe e, acima de tudo, não é criativo, o que para jogar dentro do bloco é importante. A um 10, pede-se que tome boas decisões, claro, mas pede-se também que consiga descobrir soluções onde elas parecem não existir, de forma rápida(porque dentro do bloco não tem muito tempo para pensar). Um criativo equaciona mais soluções que um jogador que não o seja. Pondo isto em termos práticos e de forma simples, onde o João Mário vê três opções, um jogador criativo vê cinco ou seis. Das três opções que o João vê, ele vai quase sempre escolher a melhor. Porque é inteligente e decide bem. E até pode mesmo ser a melhor opção possível. Mas nem sempre é. E, por isso, o jogo de uma equipa com o João a 10 torna-se previsível, para o bem e… para o mal.Como 2º médio, neste modelo, acho que se pode dar muito bem(e até a 6, mas isso já é mais traumático para a generalidade das pessoas, não vou por aí). A 10 não, pelo que referi.
(…)
Por estas razões, compreendo a utilização do André Martins nessa posição, porque é o jogador mais parecido com essa descrição, sem no entanto, ser onde rende mais. Quem, pelo que conheço dele, parece encaixar ali que nem uma luva, é o Gauld. Espero que se destaque na B, para ver se lhe dão uma oportunidade na equipa principal. É o que ele precisa, para agarrar o lugar.