A chuva bate lá fora
Ia jurar que eram lágrimas
As lágrimas que teimo em deitar
Arrastando-me para o Purgatório
Onde irei ficar
Esperando o teu perdão
Que teima em não chegar
Fazendo tudo em meu redor parecer em vão
Fazendo-me assistir ao meu próprio velório …
O vento ruge lá fora
Ia jurar que era a minha alma
Que há muito perdeu a calma
E então rodopia , rodopia
Procurando talvez um abrigo
Um local menos sombrio
Um lugar com alguma luz e menos frio
Vendo finalmente que já não está em perigo …
Trovoada rebenta lá fora
Ia jurar que era eu a gritar o teu nome
Cismo , Cismo , Cismo
De tanto cismar vejo melhor
Vejo o que sempre vi
Vejo o que sempre soube e senti
Mas a dor era tão profunda
Que fingia ser cega
Era um modo de me sentir mais quente
Um modo de me sentir menos moribunda
Mas estava a ser louca e crente
Fingindo não ver a minha tumba …
Cismo , cismo , cismo
De tanto cismar vejo melhor
Vejo um futuro diferente
O futuro que não quero ver
Cheio de névoas e sombras
Que me acorrentam a alma
Só por não te ter
Nem ouvir as tuas palavras
Palavras que me faziam sentir conforto e calma …
Cismo , cismo , cismo
De tanto cismar vejo melhor
Viverás sempre no meu coração
E quer eu queira quer não
Estando tudo perdido
Sendo tudo em vão
Não vale a pena chorar
Pois ainda me resta sonhar
E assim serei feliz …
Um dos meus poemas favoritos - Discurso ao príncipe de Epaminondas, mancebo de grande futuro:
Despe-te de verdades
das grandes primeiro que das pequenas
das tuas antes que de quaisquer outras
abre uma cova e enterra-as
a teu lado
primeiro as que te impuseram eras ainda imbele
e não possuías mácula senão a de um nome estranho
depois as que crescendo penosamente vestiste
a verdade do pão a verdade das lágrimas
pois não és flor nem luto nem acalanto nem estrela
depois as que ganhaste com o teu sémen
onde a manhã ergue um espelho vazio
e uma criança chora entre nuvens e abismos
depois as que hão-de pôr em cima do teu retrato
quando lhes forneceres a grande recordação
que todos esperam tanto porque a esperam de ti
Nada depois, só tu e o teu silêncio
e veias de coral rasgando-nos os pulsos
Então, meu senhor, poderemos passar
pela planície nua
o teu corpo com nuvens pelos ombros
as minhas mãos cheias de barbas brancas
Aí não haverá demora nem abrigo nem chegada
mas um quadrado de fogo sobre as nossas cabeças
e uma estrada de pedra até ao fim das luzes
e um silêncio de morte à nossa passagem
Mário Cesariny
Manual de Prestidigitação
Lisboa, Assírio & Alvim, 1981
(O Livro é bom, todo)
…Quem me dera ser camisa
camisa que tu vestisses
pois para onde tu fosses
eu também isses…
Lindo ![]()
O Silêncio de uma noite
Esta noite nada se ouve,
Nada, nada se escuta,
Não se fala, não se sente,
Não sei se é única,
Não sei se mente.
Não penso, só Observo
O silêncio das folhas
Das estrelas e dos ramos
A ausência sonora do que acontece
Nem sei se vou, nem sei se vamos.
Tudo padece, deste impávido e sereno
Deste silêncio que parece um acoite
À Mente que parece que falta,
Ao Silêncio desta noite.
Original
“O POLIGROTA”
É verdade matemática que ninguém pódi negá,
que essa história de gramática só serve pra atrapaiá.
Inda vem língua estrangêra ajudá a compricá.
Meió nóis cabá cum isso pra todos podê falá.
Na Ingraterra ouví dizê que um pé de sapato é xu.
Desde logo já se vê, dois pé deve sê xuxu.
Xuxu pra nóis é um legume que cresce sorto no mato.
Os ingrêis lá que se arrume, mas nóis num come sapato.
Na Itália dizem até, eu não sei por que razão,
que como mantêga é burro, se passa burro no pão.
Desse jeito pra mim chega, sarve a vida no sertão,
onde mantêga é mantêga, burro é burro e pão é pão.
Na Argentina, veja ocêis, um saco é um paletó.
Se o gringo toma chuva tem que pô o saco no sór.
E se acaso o dito encóie, a muié diz o pió:
'‘Teu saco ficô piqueno, vê se arranja ôtro maió’…
Na América corpo é bódi. Veja que bódi vai dá.
Conheci uma americana doida pro bódi emprestá.
Fiquei meio atrapaiado e disse pra me escapá:
Ói, moça, eu não sou cabra, chega seu bódi pra lá!
Na Alemanha tudo é bundes. Bundesliga, bundesbão.
Muita bundes só confunde, disnorteia o coração.
Alemão qué inventá o que Deus criou primêro.
É pecado espaiá o que tem lugar certêro.
No Chile cueca é dança de balançá e rodá.
Lá se dança e baila cueca inté a noite acabá.
Mas se um dia um chileno vié pro Brasir dançá,
que tente mostrá a cueca pra vê onde vai pará.
Uma gravata isquisita um certo francês me deu.
Perguntei, onde se bota? E o danado respondeu.
Eu sou home confirmado, acho que num entendeu,
Seu francês mar educado, bota a gravata no seu!
Pra terminar eu confirmo, tem que se tê posição.
Ô nóis fala a nossa língua, ô num fala nada não.
O que num pode é um povo fazê papér de idiota,
dizendo tudo que é novo só pra falá poligrota…
(Autor desconhecido do Brasil)
É bem
![]()
Maranhão , muito bom esse que escreveste , já vi que sais aqui à Tia e gostas de escrever ![]()
Também sei escrever poemas que valem a pena ;D
Beijinho Tia Sandy ![]()
Duzentos capitães! Não os das caravelas,
Não os heróis das descobertas e conquistas,
A Cruz de Cristo erguida sobre as velas
Como um altar
Que os nossos marinheiros levavam pelo mar
À terra inteira!
(Ó esfera armilar.
Que fazes hoje tu nessa bandeira?)
Ó marujos do sonho e da aventura,
Ó soldados da nossa antiga glória,
Por vós o Tejo chora,
Por vós põe luto a nossa História!
Duzentos capitães! Não os de outrora…
Duzentos capitães destes de agora,
(Pobres inconscientes)
Levando hílares, ufanos e contentes
A Pátria à sepultura,
Sem sequer se mostrarem compungidos
Como é dever dos soldados vencidos.
Soldados que sem serem batidos
Abandonaram terras, armas e bandeiras,
Populações inteiras
Pretos, brancos, mestiços
(Milagre português da nossa raça)
Ao extermínio feroz da populaça,
Ó capitães traidores dum grande ideal
Que tendo herdado um Portugal
Longínquo e ilimitado como o mar
Cuja bandeira, a tremular,
Assinalava o infinito português
Sob a imensidade do céu,
Legais a vossos filhos um Portugal pigmeu,
Um Portugal em miniatura,
Um Portugal de escravos
Enterrado num caixão d’apodrecidos cravos!
Ó tristes capitães ufanos da derrota,
Ó herdeiros anões de Aljubarrota,
Para vossa vergonha e maldição
Vossos filhos mais tarde ocultarão
Os vossos apelidos d’ignomínia…
Ó bastardos duma raça de heróis,
Para vossa punição
Vossos filhos morrerão
Espanhóis!
10 de Junho de 1975 (antigo Dia da Raça).
Joaquim Paço D’Arcos
Era uma vez uma história…
De um conto não contado,
Sem lembrança nem memória,
Nem hipótese de ser revisitado
Um verbo amarrado,
Que teima em não se soltar,
Um plural individualizado,
Que o fez amedrontar
Não te inibas de lutar,
De rir ou de chorar,
E quando ela menos esperar,
Vão ser já dois a desejar.
O desejo efémero de a teres contigo,
É real e não fruto da tua imaginação,
Não te limites a olhar para o teu umbigo,
Porque um dia ela pode estar lá e no outro já não
A ausência dela o faz estremecer,
A vontade de a ter o leva a desejar,
A felicidade dele era poder ver,
Quem lhe ensinou a amar
Para encerrar um conto tem de existir um final.
Como o posso obter?
Para esta história ter alguma moral,
Permito-te que o possas escrever…
Hoje esteve sol
amanhã não sei
com um tempo destes
o corpo fica mole
Muito bons
![]()
O dia caminhava para o seu fim
O cansaço, esse era evidente
Tú chegas-te ao pé de mim,
“ Bebes um copo com a gente? ”
A sede era tanta que aceitei
Porque não iria aceitar?
Nunca tanto me lamentei
Do que se iria passar
Já com a pinga presente
Recebi uma chamada
“Dão licença que me ausente?”
Volto não tarda nada
Regressei, fiquei irado
“Isto não pode ser normal”
Mas quem foi o atrasado
Que mamou a minha imperial
Caros foristas , irei participar num Concurso de Poesia , realizado pela minha área de Residência
Vivendo no Ribatejo , o Tema do concurso é : " (A) Braços entre terra e Rio "
Partilho convosco o poema com que irei concorrer ![]()
Terras Ribatejanas
Adornadas por campos e rio
Terra de Touros e Campinos
Que seguindo essa paixão desde meninos
Cumprem ao longo da vida uma tradição…
As Lezírias embelezam o local
Com todo aquele esplendor verdejante
Que encanta Ribatejanos, ou um mero viajante
Que por ali num dia Primaveril …
Campos de arroz se estendem
Pelo Rio Tejo banhados
Com um simples olhar são saudados
Pois quem os vê, jamais os esquece …
Se o Rio Tejo falasse
Tinha tanto para contar
Pois estas terras faz questão de abraçar
Como um Pai abraça um filho …
Pescadores dele retiram
O sustento de tantas bocas
Lançando redes com mestria
Em busca da famosa Enguia
Que dá o seu nome às Festividades do mês de Março…
Terras Ribatejanas
Com suas gentes e costumes
Gente de mãos calejadas e doridas
Gente sorridente com almas sofridas
Gente que abraça a sua terra
Gente que abraça o seu rio
Provocando uma áurea quente , afastando assim o frio
Abraçando o que lhes pertence …Abraçando o Ribatejo
Roses are red,
Violets are blue,
Monkeys like lampiões belong in the zoo.
Now don’t be afraid lamps, I’ll be there too,
But not in a cage, laughing at you!
Isto é POESIA.
Diamante, Diamente vermelho
Escorre-me o sangue da alma
Do meu pesadelo
Penso, Penso
Será que pensei?
Não meu amor
Apenas te amei
Não encontro razão ou rima para me guiar,
Neste belo tópico que não pára de pasmar.
Sacio o desejo e o saber,
Quem com tão doces palavras,
Me dá prazer.
Por nobres leões e castas leoas,
encontro o meu caminho.
Porque com tão bons amigos,
Nunca me sinto sozinho.
Há noite perco-me nas palavras e na emoção,
Pois sempre me vem à boca o coração…
À Sandy agradeço a liberdade
Cara donzela desejo-lhe felicidade
Bravo caros foristas
![]()
Obrigado caro [member=8733]SportSimpatizante
![]()