Impacto das Competições Europeias nos 3 Grandes - 2012/2015

Impacto das Competições Europeias no Rendimento nos 3 Grandes - 2012/2015

Há dias atrás, aquando da discussão dos méritos ou deméritos da gestão do nosso treinador MS, apresentei um mini-estudo sobre o impacto das competições europeias no rendimento da equipa esta época.
Entenda-se este impacto como o decrécimo do rendimento (% de pontos conquistados) nos jogos antes e depois de jogos das competições europeias em relação a esse mesmo rendimento nos outros jogos.

Na altura ficou demonstrado que este impacto foi enorme.

Tratava-se de um impacto que, para muitos de nós, era intuitivo e se podia dever a vários factores, sobretudo à gestão emocional dos jogadores antes dos jogos europeus e também ao desgaste físico e animico depois desses jogos.

Como sou curioso e como não gosto de tirar conclusões precipitadas decidi ir verificar esta questão para os outros rivais e para os últimos 3 anos. Os dados estão compilados na tabela abaixo:

Confesso que estes dados, embora confirmem genericamente aquilo que eu esperava, não foram tão categóricos como eu pensava que eles seriam.

Ficou demonstrado que, efetivamente, em termos globais, para os 3 grandes e para as últimas 3 épocas, é mais difícil jogar com esta sobrecarga de jogos do que jogar com um calendário mais livre. No entanto, esta diferença não foi tão significativa como se poderia esperar. Temos 77,0% para 74,4%. É uma pequena diferença.

Mas mais…
Esta diferença deve-se muito ao facto do SCP ter sido um caos absoluto a fazer esta gestão: 71,6% para 47,2%.
Também o FCP teve problemas com a gestão da sobrecarga de jogos: 82,9% para 74,3%.
A grande surpresa veio do SLB que, mesmo tendo sido o clube com mais jogos afetados pelas competições europeias (53 jogos contra 48 do FCP e 24 do SCP) conseguiu inclusivamente ter um melhor aproveitamento em fases com essa sobrecarga de jogos do que em jogos sem essa sobregarga: 86,8% para 79,8%.
Considero isto impressionante e revelador de muito trabalho estratégico de gestão da vertente física e emocional da equipa.

O que é que posso concluir daqui?
Que realmente, à partida, este impacto se confirma. Existe!
Mas que não é, de forma alguma, uma inevitabilidade.
Aparentemente, quanto mais rico o plantel e quanto melhor for feita a sua gestão, menor este impacto.
Pode-se inclusivamente contrariá-lo totalmente.

O SCP deve reflectir muito sobre isto! :arrow:

Mais algumas curiosidades:

O campeão teve sempre mais rendimento em fases de sobrecarga do que nos outros jogos.
Esta é um bocado incrível!
Mas mostra bem que qualidade e competência são solução para esta dificuldade.

O rendimento de 85,2% em jogos livres de competições europeias do SCP este ano está ao nível do melhor que os 3 grandes fizeram nos últimos 3 anos. Só o FCP fez melhor do que isto este ano com 88,1%.
Nos 2 anos anteriores, nem FCP e nem SLB conseguirem superar esta marca!
Isto é relavante porque, ao menos a esse nível, estamos a ter um perfil de campeão.

Já o rendimento de 59% do SCP em jogos afetados pelas competições europeias nada tem a ver com o que fazem FCP e SLB. Nestes, o pior registo foi de 64,9% do FCP na época passada.

Melhorar muito a este nível é uma exigência para a próxima época.

A rate de 85,2% conseguida pelo SCP este ano nos jogos não afetados pelas competições europeias, se extendida aos outros jogos, daria para sermos bi-campeões nacionais este ano.

Grande estudo Strikerr. Excelente trabalho! :venia: :venia:

Diz muito sobre esta tempotada este estudo Striker, muito bom! :clap: :mais:

Bom sinal para um Sporting que se quer na Europa todas as épocas.

Pode concluir-se que falta ao SCP ter um plantel mais homogêneo, com jogadores não titulares de maior qualidade. Não se pode enfrentar campeonato e competições europeias, com uma equipa onde só 14/15 jogadores têm efectivamente qualidade para serem titulares.

Falta-nos um Lord Licá só assim o Fonseca conseguiu fazer melhor que o MS.

Quando o treinador praticamente não rodou a equipa nos tais jogos parece-me que, tal conclusão, mais não é que uma suposição.

É que podiam ter jogado e falhado mas não foi o caso. Foram mesmo os titulares na sua maioria que falharam.
O Sporting constituiu um plantel com pelo menos duas soluções para cada posição. Como é óbvio e natural, não tem duas soluções de igual valia para cada posição, é assim aqui e em quase todo o lado. Cabe ao treinador ir gerindo a coisa sem afectar o desempenho geral da equipa.
Se acham que algum dia vamos ter um William ou um Patrício no banco para substituir os originais é melhor acordarem.

Outra questão tem a ver com a capacidade de motivar e manter focados os jogadores para as diversas competições, pois motivar para a champions é fácil, custa é fazê-lo em palcos menos mediáticos. Além disso, há que considerar em que alturas foram esses ciclos e se faz algum sentido falarmos em cansaço nessas alturas apenas por termos jogado dois jogos numa semana, ou mesmo quatro em 15 dias.

Certo é que estes valores são um fiasco e assumir que a causa é a falta de soluções no plantel, é seguir um chavão e o caminho mais fácil.

Também não acho que a alegada falta de profundidade de soluções no nosso plantel justifique, por inteiro, números tão terríveis.

Primeiro, acho que o nosso plantel não é tão fraco como se diz.
Sendo inferior ao do FCP, não é muito diferente do do SLB.

Tínhamos recursos nos chamados “não titulares” que têm mais qualidade do que se diz e que não foram opção quando mais era preciso que o tivessem sido.
Jogadores como Jonathan (este ainda jogou nessa fase), Miguel Lopes, Rosell (bem melhor do que se diz mas que não o provará se não jogar), André Martins (outrora considerado titular indiscutível mas que passou a não convocado não sei porquê), Mané (excelente aproveitamento quando entrou), Capel e Montero/Slimani (escolham o que acham suplente) foram mais do que suficientes para promover uma rotação moderada que impedisse que outros se sentissem donos de certos lugares, estimulando a competição interna e salvaguardando índices físicos e motivacionais.

Não era preciso fazer revoluções no 11 como o totó espanhol.
Era ir introduzindo 1 ou 2 alterações no 11 tipo poe jogo para, sem o mínimo de descaracterização da equipa, lhe salvaguardar a frescura e permitir entrar sempre a 100% em todos os jogos.

Isto até podia ter permitido testar outras opções, nomeadamente, para tentar resolver o problema ofensivo do meio-campo, por exemplo através da introdução do Montero ou do Mané pela saída do Adrien ou do João Mário.
Mas não…
Nada disto foi feito.

Foi insistir no mesmo 11 até cair para o lado.
Pior…
Foi insistir no trio de marcha-atrás do meio-campo (e logo que zona para não se refrescar) até morrer.

Some-se a isto um treinador e uma equipa constituida por jogadores sem grande experiência de jogar a este ritmo e ficou montado o estendal…

É impensável não tirarmos ilações do que se passou para além de dizer que, simplesmente, não temos profundidade no plantel.

Exactamente. E ainda podia ter olhado para alguns da B caso fosse necessário.