http://www.livredireto.com/cronica-histo…ng-bagunca-directiva-e-o-novo-treinador/
"O dia de hoje é o 9º desde a última vez que Sá Pinto se sentou no banco do Sporting. Durante estes 9 dias, muito se tem dito e escrito acerca do (potencial) novo treinador dos leões, mas o tempo vai passando sem que seja sequer oficializado qualquer contacto tendente a contratar um novo timoneiro. De tal maneira que este é já o mais longo período de mudança de treinador da história do centenário Clube.
A lista de nomes aventados já vai sendo longa, porém inconsequente. Só para exemplificar: Ernesto Valverde, Luiz Felipe Scolari, Zico, Frank Rijkaard, Fred Rutten, Bert van Waarwijk, Co Adriaanse, Luis Enrique, Jesualdo Ferreira… Mas o que é certo é que a primeira das duas semanas de pausa, que poderiam ser aproveitadas pelo novo treinador para montar uma equipa, já passou, e não há fumo branco em Alvalade. Pior que isso, o fumo que vai chegando é muito negro.
Não é difícil perceber que o Sporting é, neste momento, um Clube que direcção só tem de nome. Porque o tão propalado projecto de Godinho Lopes falhou copiosamente. 2 vezes. Depois de Domingos Paciência, base do projecto inicial da Lista A, ter sido despedido após 7 meses de trabalho, Godinho afirmou que Sá Pinto seria o técnico para o resto do mandato. Durou outros 7 meses. Certamente que já ninguém acreditará se o Presidente disser que o novo treinador (que, pelo andar da carruagem, até pode ser Oceano…) é para ficar até às novas eleições. Pelo menos se essas eleições não forem antecipadas.
O desnorte do Sporting neste momento não tem outro culpado senão o da própria direcção. Estabilidade é, em Alvalade, algo que não existe. Nenhum técnico se pode sentir confortável num Clube onde ouvir os dirigentes declararem confiança num dia equivalerá a ser despedido no dia seguinte. Os títulos prometidos não apareceram e a reaproximação dos adeptos à equipa é algo virtual, pois a média de assistência conseguida na época passada foi muito devida a bilhetes oferecidos e promoções especiais. E a recuperação financeira está mais longe que nunca: o passivo do Sporting aumentou 46 milhões, e os jogadores que poderiam ser mais-valias a esse nível há muito que não pertencem, na totalidade, ao Sporting.
Resumindo, o novo treinador podia ser Scolari (como Godinho deseja), Valverde (preferido de Freitas) ou Jesualdo (desejo inicial de Duque) que o problema continuaria lá. É estrutural. E agora, a novela pode estar a conhecer um novo capítulo. É que Duque e Freitas, duas das três bandeiras da candidatura de Godinho (a outra era Domingos, lembram-se dele?), podem mesmo estar à beira de se verem afastados da estrutura leonina por discordarem da opção Scolari. Ou seja, o projecto Godinho pode ruir por completo.
No meio disto tudo, resta desejar boa sorte a Oceano, que a cada dia tem de orientar um plantel sem saber que tipo de ideias lhe devia transmitir. É que as de Sá Pinto não resultaram, as dele não se sabe quanto tempo serão necessárias (porque ninguém sabe quanto tempo demorará o novo homem a chegar), e as do novo técnico (se o houver) estão a anos-luz de aparecer.
Uma última nota para referir o seguinte: um Clube de futebol não pode ser gerido segundo o modelo da “escada-rolante”. Repare-se: Saiu Domingos, subiu Sá Pinto a técnico principal. Oceano desceu de adjunto a treinador da B. Agora, saiu Sá Pinto, subiu Oceano, e queriam descer Sá Pinto à B. E se ficasse Oceano e a coisa também corresse mal? Seria Dominguez ou Abel o senhor que se seguiria?
Duvido que o novo treinador resolva tudo no Sporting. Pode, sem dúvida, colocar a equipa a jogar futebol (algo que ainda não fez este ano), mas não pode blindar o Clube a influências externas, nem pode gerir as contas ou, muito menos, ser ele o farol da estabilidade. Para o ter, o Sporting precisa de sangue novo. E não é no(s) banco(s)."