HECTOR YAZALDE, ETERNO CHIROLA
DIZEM QUE QUANDO SE FOI, NÃO SABIA QUE FICARIA PARA SEMPRE.
Chamava-se Hector Casimiro Yazalde.
Chirola para o mundo.
Era uma figura ímpar, dentro e fora dos campos.
Como jogador e goleador era único, soberbo. Como pessoa, como ser humano, um exemplo. Um Homem bom.
Para mim, o melhor ponta-de-lança que alguma vez vi jogar.
Quando se diz que no primeiro ano em que chegou ao Sporting, não foi aquilo que ele era, é preciso explicar porquê.
Dentro da equipa do Sporting havia um “núcleo duro” que era quem mandava e quem fazia a equipa.
Esse “núcleo duro” era comandado por Peres, que até Yazalde chegar, era o melhor jogador da equipa, o mais influente, o “patrão”, como lhe chamavam.
Peres era sem dúvida um bom jogador, com um óptimo pé esquerdo, bom remate e muito boa visão de jogo. Mas também era um bom malandro e tinha ascendência sobre o resto do plantel.
Quando Yazalde chegou ao Sporting, percebeu-se logo que o chefe de orquestra, a figura da Companhia, iria passar a ser ele, porque era de longe o melhor de todos e um jogador de craveira internacional.
Então, no princípio, fizeram-lhe a vida negra, tratando-o mal, deixando-o para um canto e chegando mesmo a ser agredido num treino.
Nos treinos e nos jogos, não lhe passavam a bola, ou quando ele se desmarcava para um lado, o Peres passava-lhe a bola para o outro.
Tudo isto era de tal forma evidente, que o Sporting decidiu pôr o Peres na rua, não lhe dando a carta de jogador, não o deixando jogar em Portugal e obrigando-o a ir jogar para o estrangeiro, para o Brasil, para o Vasco da Gama. Só mais tarde pôde voltar a jogar em Portugal, porque houve o 25 de Abril e a lei mudou.
Feita a limpeza, tudo voltou à normalidade e Yazalde foi o que foi.
No entanto, e durante o período em que o tentaram encostar, nunca se lhe ouviu um lamento, nunca se lhe ouviu uma queixa.
Yazalde impunha-se pela sua superioridade.
Quando em 1974 venceu a bota de ouro, com os 46 golos que ainda hoje são record na Europa e transformando-o assim no melhor goleador de sempre da História do Sporting e também da Europa, Yazalde recebeu um prémio instituído por um jornal desportivo, que era um automóvel Toyota.
Yazalde, a primeira coisa que fez, foi entregar o automóvel à equipa. Fizeram-se rifas (o contemplado foi Fernando Mamede) e o dinheiro amealhado, 60 contos na altura, foi para todos os jogadores do plantel.
Quando assinou contrato com o Sporting, pediu para que o seu ordenado fosse depositado todos os meses numa conta dum banco de Buenos Aires. Por sugestão de um vice-presidente de então, o seu ordenado era depositado em dólares (3 mil dólares) para fazer face à desvalorização do peso argentino. O dinheiro, na sua grande maioria era destinado aos seus pais e à sua família.
Um dia, questionado pelo mesmo dirigente sobre como vivia, uma vez que grande parte do ordenado ficava na Argentina, Chirola respondeu:
“ Não tenho grandes gastos. Sempre vivi com pouco dinheiro e nunca gostei de ostentações. Com o que fico, chega-me para comer todos os dias e não passar fome. Há quem precise mais do que eu.”
No princípio, quando chegou a Portugal e ainda antes de conhecer a mulher com quem veio a casar, Carmizé, mais tarde Carmen Yazalde de quem teve um filho, era frequente vê-lo a passear sozinho pelas ruas de Lisboa e quando encontrava em determinados bairros, crianças pobres a jogar à bola, depois de dar uns “toques” com eles, juntava-os e levava-os a um café ou pastelaria para lancharem e por fim esvaziava a carteira dando-lhes dinheiro para levarem para os pais.
Também ele tinha sentido na pele as agruras da vida.
Mas vamos à história deste jogador fabuloso e deste homem extraordinário que o destino quis um dia que deixasse Buenos Aires e atravessasse o Atlântico para envergar a camisola do Sporting Clube de Portugal e assim escrever a letras de ouro, das mais belas páginas da vida do nosso clube.
" ES UN NIÑO"
[i]“Maio de 1946. Dia 29. No Hospital Fiorito, em Avellaneda, um dos bairros de Buenos Aires.
Numa cama desse hospital, D. Petrona Luna, voltava a ser mãe.
E enquanto em casa a Inês, o Ricardo, o Ruben e o Abeliño aguardavam ansiosos o regresso da sua progenitora, o pai Pedro Yazalde ausentara-se do Matadouro Municipal onde trabalhava, para saber se tudo corria bem e qual era, daquela vez, a boa nova.
" Es un niño", terá dito a enfermeira mais solícita. Não houve cerimonial diferente. Aquela família humilde, aquele casal feliz, mas modesto, era apenas um pouco mais rico. A Inês, que era a mais velhinha, tinha mais um “boneco” para brincar, o Ricardo, o Pedro, o Ruben e o Abeliño tinham mais um irmão para colaborar nas suas brincadeiras diárias. E Pedro Yazalde tinha mais uma boca para sustentar e, consequentemente, a antevisão de mais algumas horas de trabalho para angariar proventos para a numerosa família.
Assim apareceu no mundo, Hector Yazalde.
Depois dele, D. Petrona teve mais dois filhos, os gémeos, Juan e Robert. E o lar onde viviam continuava a ser o mesmo, e a humildade permanecia naquela casa tão rica em traquinices que obrigava o pai Pedro, filho de um cidadão francês que um dia procurou na Argentina novos horizontes, a trabalhar mais, mais e mais, chegando a cifrar-se em 18 a 20 horas por dia o seu labor.
Havia 10 bocas a sustentar, 10 corpos a vestir, 8 filhos a educar.
E só D. Pedro trabalhava já que D.Petrona pouco mais podia fazer que não fosse cuidar da toda a prole, de olhar por todos eles e ainda por cima, de atender a todos aqueles problemas criados por 8 crianças que, à excepção de Inês que colaborava, tanto quanto possível, no arranjo da casa, viviam a vida livre dos campos e das ruas de Buenos Aires.
A janela da vida estava aberta.
O pequeno Hector terá chegado a ela, olhando as ruas que os seus pequenos olhitos vislumbravam, mas indeciso. E foi para a rua, ainda quando as suas pernitas delgadas mal sustinham o peso do corpo.
E na rua, entregou-se Yazalde, assim como a maioria dos rapazitos lá do bairro, ao entretenimento mais acessível às suas minguadas bolsas. Brincar com uma pequena bola, feita quase sempre de velhos trapos ou papéis, já que as de borracha, aquelas que saltitavam nos parques e nos jardins eram, por aquelas alturas, fruto proibido para os rapazes de Avellaneda.
Lá mais para baixo, para o centro da grande capital, ou mesmo ali pelas cercanias, o Yazalde sabia bem que havia meninos que tinham daquela bolas a sério, que tinham automóveis de corda, que tinham bons sapatos e bons calções, que não estavam remendados como os seus.
Mas esses eram os meninos e ele, compreenderia depois, era apenas um rapaz.
E foram assim os primeiros anos da vida de Hector. Da rua para casa, da casa para a rua, entre um beijo dos pais e uma canelada de um outro rapaz, de um outro “dois palmos de gente” que queria chegar primeiro à “trapeira” do que ele.
E chegaram os sete anos. Chegava a altura de abandonar a rua e ir para a escola. E Yazalde lá foi.
Um belo dia, de cadernos debaixo do bracito e um lápis na mão, Yazalde foi para o Colégio que ficava relativamente perto da sua casa. Não, não levava livros. Isso era uma necessidade a que o pai Pedro não podia corresponder.
O pequeno Hector fez as sete classes obrigatórias sem nunca repetir, cotando-se sempre como um aluno aplicado, inteligente e a merecer os elogios dos mestres.
Pois bem. Yazalde nunca teve um livro para estudar, a família nunca lhe pôde dar esse luxo!
Mal acabavam as aulas, ele ia fazer os trabalhos e depois pedia os livros emprestados durante algumas horas ao amigo Horácio Aguirre, o seu grande amigo de sempre.
E só depois de cumpridas as obrigações escolares, vinha então ela, a paixoneta da sua vida. A bola, uma partida entre os da rua direita contra os da esquina, uma peleia que durava muitas vezes até a noite surgir.
Claro que às vezes, ao chegar a casa, D. Pedro ou D. Petrona lhe ralhavam. Raramente passavam das palavras aos actos, não por andar a jogar à bola, pois sabiam que o filho só ia brincar depois de cumpridas as obrigações escolares, mas porque os ténis de lona vinham mais rotos, mais sujos, cada dia mais velhinhos e isso era um problema, pois a sua substituição era difícil com aquela frequência que se exigia.
E depois o problema daquele bom casal não se chamava apenas Hector. Eram todos os restantes sete. Sim, porque Pedro Yazalde e Petrona Luna tiveram ainda mais dois filhos depois de ter nascido o Hector. Foram gémeos. O Juan que tem a curiosidade de ser afilhado do antigo Presidente da Argentina Juan Peron e o Robert.
Se as coisas financeiramente não eram famosas com seis filhos, com oito, como é natural, pioraram um bocadinho. Nenhum deles estava em idade de trabalhar e a mãe, como é lógico, nada mais podia fazer do que cuidar de toda aquela gente que, diga-se de passagem, e não obstante as dificuldades, faziam daquele lar humilde, um lar feliz.
Só D. Pedro Yazalde trabalhava, só ele, trabalhando por vezes quase 20 horas por dia, fazia frente às despesas obrigatórias.
Assim viveu Yazalde os seus primeiros treze anos de vida. Até que um dia…
Com 13 anos, Yazalde terminou a sétima classe. A sua actividade de estudante tinha chegado ao fim. Verdade se diga, que bem contra a sua vontade, já que ele tinha um sonho. Gostava de ser médico, gostava de continuar os estudos para ser doutor. Mas esse sonho nunca podia deixar de ser apenas um sonho.
E começou a trabalhar, começou por andar na venda dos jornais, primeiro, a vender bananas, depois, a partir gelo, mais tarde. Era uma vida dura, tarefas que ocupavam parte considerável do dia. Mas ao fim e ao cabo, sempre ganhava para uns sapatos, sempre auferia para umas calças ou uma blusa.
E sempre eram coisas que os seus pais evitariam de comprar. E ás vezes, também, quando Yazalde passava por qualquer loja e no bolso existiam ainda umas moedas, lá comprava qualquer coisa de comer para levar para casa.
Entretanto, os irmãos mais velhos começaram também a trabalhar. A vida melhorou um pouco naquele lar humilde de Buenos Aires.
E a bola? Pois Yazalde, sempre que o tempo o permitia, não deixava de dar longo curso ao seu vício.
Com 13 anos já alinhava pelas equipas lá do Bairro, formadas pelos “grandalhões”. E ele era, quase sempre o marcador de serviço das equipas por onde jogava.
Agora, o pai já não ralhava muito. Talvez que ao ouvido já lhe tivesse chegado a notícia de que o filho Hector tinha um grande jeito para o futebol.
O que é certo é que, na família, só uma pessoa acreditava que o Hector pudesse um dia vir a ser jogador de futebol. Era a Inês. Os restantes nunca pensaram nisso, nunca acreditaram.
E ele, Yazalde, sonhava muitas vezes, quando os pés lhe doíam das caminhadas na venda dos jornais ou das bananas, e se ia deitar, com os ídolos do futebol argentino daquele tempo, especialmente com as vedetas do Boca Juniors, que era a equipa da sua predilecção.
E quando ia ver os treinos daqueles “gigantes” olhava para os pés deles, para a forma como tocavam aquela bola grande, para a força com que rematavam, para os golos que eles metiam. O Valentim, o Roma, o Rattín… Se ele um dia fosse como eles…se ele um dia estivesse ali com aquela camisola vestida… com o público a aplaudir quando marcasse um golo! E sonhava. E eram belos esses sonhos…
Durou cinco anos a vida de Hector Yazalde como vendedor.
Um dia…
Aconteceu em 1965. Hector Yazalde tinha então 18 anos de idade.
O amigo Horácio Aguirre, o tal que no tempo de estudante lhe emprestava os livros, jogava no Piraña, um clube de amadores de Buenos Aires e, quando ia para um treino, encontrou Yazalde e convidou-o a ir também.
Seria o princípio da carreira de um dos melhores futebolistas argentinos dos últimos tempos.
Yazalde foi, treinou, agradou e ficou no Piraña. Por cada jogo que realizava, os dirigentes do clube davam-lhe cerca de 2000 pesos.
O seu nome começou imediatamente a ser decorado pelos prosélitos do clube. Primeiro em Buenos Aires, depois nas outras cidades.
Que o Piraña tinha um avançado que muito prometia, foi notícia que em pouco tempo se espalhou por todo aquele país, onde ser vedeta de futebol não era, de modo algum, uma raridade. Que o Piraña tivesse um jogador assim, isso sim, começou desde logo a solicitar reuniões de Direcção dos “grandes”.
Ele tinha então, 18 anos.
Claro que a vida de um futebolista não se circunscreve ao futebol.
Hector começou a ser, como é natural, um ídolo das gentes do seu bairro. E o elemento feminino não era dos que menos fazia efervescer essa idolatria. Foi assim que surgiu a Norma, uma argentina gentil, simpática, atraente, por quem Yazalde logo se enamorou.
Mas foi um namoro curto. Yazalde considerava-se novo de mais para criar problemas de responsabilidade.
Depois, ele pensava que a sua vida não estava definida. E quatro ou cinco meses após o início da primeira paixão, esta esvaiu-se como a água que corre pelo ribeiro. E terminou assim o primeiro romance de amor da vida daquele que viria a ser uma das grandes vedetas do futebol português.
Mas se esse amor morreu, o outro, aquele que o acompanhava desde miúdo, não deixava de ser cada vez maior. O futebol.
Esteve dois anos no Piraña e durante esses dois anos foi o melhor goleador da equipa.
Tudo se modificara na vida de Yazalde, especialmente ao nível social. Ele agora, ainda que jogando numa equipa amadora, era já um elemento pretendido por muitos dos “grandes” do seu país. E isso deu-lhe prestígio, deu-lhe algum dinheiro. Não fortunas, mas autênticos milhões, em relação aquilo que até então usufruía.
Além disso a Inês, o Ricardo e o Pedro tinham casado. E a vida do pai Pedro e mãe Petrona tornou-se menos pesada, ainda que continuasse a viver naquela casa humilde onde o Hector vivera os seus primeiros dias.
E toda a família estava satisfeita, especialmente a mana Inês, a única que sempre acreditava no êxito futebolístico do irmão mais novo.
O primeiro jogador da família era uma radiosa esperança a princípio, uma firme certeza em 1967. E Chirola não tinha ainda completado 20 anos.
Yazalde esteve dois anos no Piraña. Ali se creditou como um goleador de grande eficácia e o seu concurso começou a ser disputado pelos “grandes” do futebol argentino.
E seria o Independiente de Buenos Aires, um dos baluartes do país das Pampas, que levaria a melhor.
É certo que Hector Yazalde gostaria, sobretudo, de ir para o Boca Juniors que era o clube da sua preferência. Mas foi o Independiente que ofereceu melhores condições.
Chirola passaria a receber cerca de 30.000 pesos. Isso aconteceu em 1967.
Logo no primeiro encontro pela equipa das reservas do seu novo clube, Yazalde realizou excelente exibição, coroada com a marcação de quatro golos. Mais de 30 mil pessoas assistiram àquele encontro, em que o Independiente venceu o Ferrocarril do Oeste e toda aquela assistência, no final do desafio aplaudiu a notável actuação do novo recruta.
Fez apenas três jogos pela equipa secundária. Os êxitos alcançados levaram o técnico a colocá-lo imediatamente na turma principal.
E logo nesse primeiro ano, Yazalde alcançava o seu primeiro título de Campeão Nacional e também o de “Rei dos Marcadores”.
Estava definitivamente traçada a carreira do jovem que, 20 anos antes, no Hospital Fiorito, tinha visto pela primeira vez a luz do dia.
E aquilo que a maioria dos adeptos do futebol esperavam, de um dia para o outro surgiu. A “internacionalização” de Yazalde.
Aconteceu num encontro Brasil – Argentina, disputado em Belo Horizonte.
A Argentina perdeu esse encontro por 3-1, mas esse dia, Chirola jamais o esquecerá. Era a concretização total do seu sonho como jogador de futebol, já que o outro, o de ser médico, não passara de um belo sonho de criança.
A época 67-68 foi a da confirmação. Yazalde voltou a ser o melhor marcador do Campeonato, voltou a ser internacional, passou a ser, desde logo, um dos jogadores mais discutidos num país onde o futebol tem pergaminhos invejáveis.
E deu-se também nesse ano um acontecimento que Yazalde, alguns anos antes, estava longe de pensar vir a conseguir. A compra de um apartamento em Buenos Aires.
Também nesse ano, Chirola comprou o seu primeiro automóvel, dando assim satisfação a uma outra pretensão. È altura de dizer que Hector Yazalde era também um apaixonado pelos desportos automobilísticos.
- Chirola prossegue na sua carreira brilhante como futebolista. Volta a ser internacional. Até à sua saída da Argentina alcançaria a bonita soma de 25 internacionalizações.
E também em 1969 tomaria o seu primeiro contacto com Portugal, o país onde mal ele sonhava nessa altura, prosseguiria dois anos depois a sua carreira desportiva. Aconteceu que o Independiente, depois de uma digressão pela Europa, veio de Espanha para Lisboa (onde esteve algumas horas) para embarcar para o Brasil onde a digressão prosseguiria.
Terminada a digressão, regressou à Argentina e fez ainda mais um campeonato pelo Independiente, precisamente o campeonato argentino de que melhores recordações guarda. O de 1970. Primeiro, porque seria o último ano em que jogava no Independiente, depois porque o título foi decidido num dos últimos encontros.
O Independiente defrontou o Racing e venceu por 3-2. Yazalde obteve o tento da vitória a seis minutos do final. E foi o golo que valeu um campeonato.
Antes destes acontecimentos, um outro sucedeu na vida de Chirola. A compra do seu segundo apartamento em Buenos Aires. Comprou depois o seu segundo carro.
Terminada a época de 1970, o Independiente, então em situação financeira difícil, estava a braços com um problema. O contrato de Yazalde terminava e para o renovar teriam de dispender avultada importância que, na ocasião, não possuíam.
E a hipótese de transferência surgiu, até porque existiam uma série de clubes interessados. O Santos e o Palmeiras do Brasil, o Valência de Espanha, o Lion de França, o Nacional de Montevideu, o Boca Juniors e outros.
Yazalde pensou não se preocupar muito com o problema. Precisava de descansar, necessitava de umas férias. E foi para a estância de veraneio de Mar del Plata.
Um belo dia recebeu um telefonema de Buenos Aires. Pediam a sua comparência, pois estava naquela cidade um senhor que era dirigente do Sporting de Portugal que pretendia falar com ele. Yazalde regressou e encontrou-se com Abraão Sorin.
As conversações resultaram. Todos os pormenores foram resolvidos da melhor maneira para as duas partes e um dia Yazalde chegou ao Aeroporto de Lisboa.
As condições da transferência possibilitaram a Yazalde a concretização de um outro sonho. Comprar uma vivenda em Buenos Aires para oferecer aos seus pais.
Em Lisboa, Chirola foi recebido com a maior expectativa. Os jornais falavam da sua carreira, das suas internacionalizações, do seu valor reconhecido, não apenas na América do Sul, mas em muitos países da Europa onde tinha actuado aquando das numerosas digressões do Independiente.
Mas, durante cinco meses, Yazalde pouco mais fez do que seguir um regime de ambientação. Realizou dois jogos nesse período. Um contra o Red Star e outro com o Liverpool.
E no primeiro encontro oficial que disputou pelo seu novo clube, eis as principais características do valoroso jogador argentino a sobressaírem. O Sporting jogou com o Boavista, venceu e Yazalde fez dois golos.
Depois, semana a semana, toda uma série de actuações a justificar a fama que precedia aquele jovem que, num dia de Maio de 1946, nasceu no Hospital Fiorito em Buenos Aires.
Muito esperam os adeptos do Sporting do valor de Yazalde. E têm razões para isso.
Trata-se de um jogador de craveira excepcional, um verdadeiro craque.”[/i]
Rezava mais ou menos assim o exemplar nº 1 da 7ªsérie da Colecção Ídolos do Desporto com o título, YAZALDE UM FENÓMENO DO FUTEBOL, publicado em 4 de Dezembro de 1971.
Mas ainda haveria muito que contar…