Gangues juvenis atacam com violência na Guarda
O fenómeno da delinquência juvenil chegou ao Interior. Quatro gangues têm atacado de forma violenta, nos últimos meses, na noite da Guarda
Câmara deverá instalar câmaras de vigilância para evitar violência
Na madrugada de 3 de Setembro, depois das 4h, um grupo com “mais de 20 membros” terá atacado quatro jovens - entre os quais um segurança, um enfermeiro e um estudante universitário com idades entre os 20 e os 30 anos - à saída de um bar na zona do centro histórico da Guarda.
Depois de terem sido espancadas com barras de ferro e tacos de basebal, três das vítima tiveram de ser assistidas no Hospital Sousa Martins. Apresentavam várias fracturas e foram submetidas a intervenções cirúrgicas. Só não terão morrido durante a cena de pancadaria, garante ao i uma fonte próximas dos jovens, graças à intervenção de “dois indivíduos de grande envergadura”, que conseguiram travar o gangue.
O caso não é único. Nos últimos meses, quatro grupos de jovens terão atacado várias pessoas em pelo menos duas zonas da cidade e até em aldeias nos arredores da Guarda. O assunto já chegou à assembleia municipal, com a oposição social-democrata a questionar o executivo sobre a possível introdução de câmaras de vigilância no centro histórico, onde existe o maior aglomerado de estabelecimentos nocturnos e onde têm acontecido a maioria das agressões. Joaquim Valente, o presidente da Câmara, garantiu que o concurso para a instalação do equipamento arrancará em breve e admitiu que a autarquia também está a acompanhar a onda de violência, tendo até reunido com a polícia. Também o governador civil, Santinho Pacheco, considera a situação “preocupante” e admite que já reuniu com a PSP e com a PJ, depois de ter recebido uma “uma denúncia anónima”. As ocorrências, explicou anteontem, foram registadas em “dois ou três pontos da cidade” e terão sido originadas por “grupos de jovens” com idades entre os 14 e os 17 anos, que já estão “referenciados” pelas autoridades.
Gangues na internet As vítimas referem a existência de pelo menos quatro grupos de jovens a agir com violência, sempre durante a noite e sempre com a cara descoberta. Têm sido referidos o Movimento Estacional, o Grupo da Sequeira, o Tropas da Rua e o Grupo de Vila Fernando. Alguns têm site na internet e apresentam-se como seguidores da cultura graffiti e da música hip-hop. Em comum, conta ao i fonte policial, têm o facto de actuarem “de forma organizada, gratuita e com particular violência”.
Recentemente, as autoridades desencadearam várias rusgas em bares e cafés da cidade, com o objectivo de identificar os suspeitos, “muitos deles menores de idade”. Numa operação conjunta da PSP e da PJ, chegaram a ser identificados e detidos, numa noite, dezenas de jovens que acabariam por ser libertados.
Algumas das agressões já resultaram em queixas-crime contra incertos na Polícia Judiciária. Nas participações, os agressores são identificados por alcunhas - as mesmas com que assinam na internet. Dois dos presumíveis agressores já terão sido presentes a tribunal nas últimas semanas, para primeiro interrogatório, tendo ficado com pulseira electrónica.
Contactado pelo i, o comandante da PSP da Guarda, Salvado Lopes, garante que o policiamento no centro histórico já foi reforçado. No entanto, só foram ainda apresentadas, na esquadra, duas queixas por agressão - uma a 1 de Agosto, outra a 6 de Outubro -, cujos inquéritos ainda estão a decorrer. Nos dois casos, os espancamentos terão acontecido entre as cinco e as seis da manhã. “É possível que haja outros casos”, admite o responsável, apelando a que “os cidadãos apresentem queixa”. Um dos últimos casos de violência envolveu um estudante do Instituto Politécnico. A Associação Académica já pediu aos estudantes que “evitem sair à noite sozinhos”.
Onde é que isto vai parar? :inde: :inde: