Francisco Stromp
Francisco Stromp nasceu, em Lisboa, a 21 de Maio de 1892.
Aos três anos adoeceu e os médicos colegas de profissão do pai Francisco dos Reis Stromp aconselharam-no a mudar de residência, pois o menino precisava de ar do campo. A família mudou-se para o Lumiar, onde Francisco Stromp viria a conviver de perto com José Alvalade e os irmãos Gavazzo. Em 1904, criaram o Campo Grande Foot-Ball Club, mas não durou muito tempo: durante um piquenique, em Loures, deu-se a cisão entre os associados nascendo a ideia de criar um novo clube.
Fundado o Sporting Clube de Portugal, desde cedo Francisco Stromp se entregou de corpo e alma a este novo projecto: em 1908, com apenas 16 anos, teve a sua estreia na equipa principal, pela qual disputou 107 jogos. Fez parte da conquista do primeiro Campeonato de Lisboa (1914/1915) e honrou a camisola verde-e-branca até 1924, conseguindo na sua penúltima época ajudar os leões a conquistarem o primeiro Campeonato de Portugal (1922/1923). Dias antes da final, disputada em Faro, frente à Académica de Coimbra escreveu:
“Ganhámos o Campeonato de Lisboa sem contestação dos nossos adversários e, até, com aplausos de todos eles. É isto um dos mais saborosos frutos do nosso trabalho. Ainda não chegámos ao fim. Agora vamos disputar o Campeonato de Portugal. Pretendemos ganhá-lo da mesma forma, sem contestação. A nossa vitória no Campeonato de Lisboa não se deve ao valor individual dos componentes da nossa equipa. Deve-se principalmente à correcção que todos soubemos manter em todos os jogos que fizemos, à assiduidade aos treinos que todos compreenderam serem necessários para vencer e à disciplina que me orgulho de ter sabido manter, não usando outros meios que não fossem a evocação da amizade que por todos tenho e aquela que todos temos pelo Sporting Clube de Portugal. Confio novamente na vontade de todos para poder triunfar. Continuaremos a trabalhar sem um desfalecimento. Precisamos de honrar o nosso título de Campeão de Lisboa, juntando-lhe o de Portugal, precisamos confirmar a contestação da derrota da época passada, precisamos de efectivar a última aspiração da vida desportiva do capitão da primeira equipa: entregar o título de Campeão de Portugal”.
Numa altura em que a figura de treinador ainda não existia, Francisco Stromp foi o ‘capitão geral’ durante dez épocas. Orientava a equipa e tomava as decisões necessárias dentro do campo, podendo-se afirmar que foi o primeiro treinador campeão do Sporting Clube de Portugal. No entanto, Francisco Stromp multiplicava-se em outras tarefas: era ele quem escrevia as circulares aos associados, quem redigia as convocatórias para os jogadores e quem passava noites intermináveis debruçado sobre as contas, tentando sempre conseguir o melhor com o mínimo de despesa directa para o Clube.
O alto conceito que tinha pelas virtudes do desporto e o respeito pela ética, faziam de Francisco Stromp um amigo sem limites, mesmo para os seus adversários. Ficaram famosas as suas alocuções no balneário, antes dos jogos, quando, muitas vezes com os olhos em lágrimas, incitava os colegas a dignificarem a camisola verde-e-branca. As suas palavras eram escutadas religiosamente e tidas como um estímulo para os momentos mais difíceis.
Jorge Vieira, em 1966, num discurso feito na atribuição dos Prémios Stromp, recordou o seu amigo e colega de equipa Francisco Stromp: “Este homem, este homem excepcional, acentuo, tinha uma sensibilidade de criança, tornava-se vulgar quando se nos dirigia antes dos jogos apelando ao nosso Sportinguismo e para o nosso acrisolado amor ao Clube. Muitas vezes, ao finalizar as suas considerações, as lágrimas corriam-lhe pelas faces, e nós, arrastados pelo que víamos, também acabávamos por chorar. Quando, findos os jogos, nos dirigíamos a Chico - todos, sem excepção, lhe agradecíamos. Fora ele que nos arrastara para o triunfo, mercê do seu salutar exemplo, da sua vontade firme e da sua alma de lutador”.
Em 1916, Francisco Stromp sofreu um grande revés, pois soube que o seu irmão António, com apenas 22 anos de idade tinha contraído sífilis, para a qual não havia tratamento eficaz na época: António Stromp viria a falecer em 1921. Três anos depois, Francisco e a sua família descobriram que tinham sido atacados pela mesma doença. No dia 1 de Julho de 1930, decidiu colocar termo à vida com apenas 38 anos. Suicidou-se, no dia do 24º Aniversário do Sporting Clube de Portugal, a sua razão de existir, metendo-se debaixo de um comboio, na estação de Sete Rios.
Desde a fundação do Clube até ao dia da sua morte, Francisco Stromp nunca deixou de se confundir com o próprio Sporting: o seu amor era tal, que chegava a usar no dia-a-dia a camisola leonina por baixo da camisa que levava para trabalhar no Banco Nacional Ultramarino. Daí o reconhecimento do Sporting Clube de Portugal ao conceder-lhe as distinções de Sócio de Mérito, Sócio Benemérito e, a título póstumo, a de Sócio Honorário, ocupando por decisão da Assembleia-Geral, eternamente o nº3 de associado, número que possuía quando faleceu.
Francisco Stromp nunca foi nem será esquecido pela memória colectiva: hoje dá o nome a um dos mais prestigiados galardões do Clube - os ‘Prémios Stromp’ e ao equipamento mais tradicional – verde de um lado, branco do outro. A Câmara Municipal de Lisboa atribuiu o seu nome a uma rua nas imediações do Estádio José Alvalade, onde foi colocado um busto evocativo deste símbolo eterno da história do Sporting Clube de Portugal e, em 1990, foi condecorado pelo Governo Português com a Medalha de Mérito Desportivo, a título póstumo.
Conta quem com ele conviveu de perto que Francisco Stromp ‘não tinha namoros, nem vida política’. A sua amante era o Sporting Clube de Portugal.
Curriculum:
Nome: Francisco Stromp
Local de Nascimento: Lisboa
Data de Nascimento: 21 de Maio de 1892
Início de Carreira no Sporting: 1908
Internacionalizações: 25
Títulos conquistados ao serviço do Sporting:
1 Campeonato de Portugal
4 Campeonatos de Lisboa
Como Treinador
8 Campeonatos de Lisboa
Fonte: http://www.sporting.pt