Dois leões fugiram do Jardim Zoológico.
Na hora da fuga, cada um tomou um rumo diferente, para despistar os
perseguidores.
Um dos leões foi para as matas e outro foi para o centro da cidade.
Procuraram os leões por todo o lado, mas ninguém os encontrou. Tinham-se
sumido.
Depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que voltou foi
justamente o que fugira para as matas. Voltou magro, faminto e alquebrado. Foi preciso pedir a um deputado que arranjasse vaga no Jardim Zoológico outra vez, porque ninguém via vantagem mem reintegrar um leão tão carcomido. Assim, o leão foi reconduzido à sua jaula.
Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrou do leão que fugira para
o centro da cidade, quando um dia, o bicho foi recapturado. E voltou para
o Jardim Zoológico gordo, sadio, a vender saúde.
Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para a floresta perguntou
ao colega:
“-Como é que conseguiste ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar
com essa saúde? Eu, que fugi para a mata, tive que pedir clemência, porque
quase não encontrava o que comer… Como é que… vá, como foi?”
O outro leão então explicou:
“-Enchi-me de coragem e fui esconder-me numa repartição pública. Cada
dia comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.”
“-E por que voltaste então para cá? Tinham acabado os funcionários?”
“-Nada disso. Funcionário público é coisa que nunca acaba. É que eu
cometi um erro gravíssimo. Tinha comido o director geral, um director de
serviços, um chefe de divisão, um chefe de repartição, um chefe de
secção, funcionários diversos, e ninguém deu por falta deles! Mas, no dia em que
eu comi o gajo que servia o cafezinho… apanharam-me…!”