Octávio não quer regresso de quem “explorou insatisfação de jovens nas claques”
Treinador fala de “esqueletos” e de “gente manipuladora” que liderou o Sporting
O triunfo de quarta-feira em casa do Rio Ave, adversário que nos últimos anos tem complicado a vida ao Sporting, deixou a formação de Rúben Amorim prestes a agarrar o troféu de campeão nacional. Passaram a faltar quatro pontos para a confirmação matemática do título, com a vantagem da formação verde e branca poder ficar a assistir no sofá à visita do segundo classificado (FC Porto) ao terceiro (Benfica), para a mesma jornada (31.ª), sabendo que uma derrota dos dragões deixa o Sporting a apenas um ponto da vitória no campeonato quando sobram nove por disputar.
Em Alvalade, já se prepara a festa, mas há várias figuras do universo leonino que não querem deixar cair no esquecimento as várias dificuldades, inclusive internas, que a equipa orientada por Rúben Amorim teve de enfrentar. A mesma equipa que na época passada terminou o campeonato no quarto lugar, como lembrou Octávio Machado, figura incontornável do Sporting, em comentário na CMTV.
Antigo jogador, treinador e dirigente do Sporting, Octávio realçou que a pandemia de covid-19 trouxe um grave prejuízo ao futebol, devido à proibição de público nos estádios, que para o Sporting resultou em pleno, pois deu “a paz” que a equipa tanto precisava. “Há um fator de importância transcendente que é mau para o futebol, mas que foi ótimo para o Sporting, que é a falta de público. A falta de público beneficiou completamente o Sporting, principalmente nos jogos em casa”, realçou.
Na lógica de Octávio, os adeptos do Sporting, em particular as claques, vinham a ser instrumentalizadas por antigos dirigentes leoninos, pelo que, se não fosse a pandemia, estariam em Alvalade mais para ‘desalojar’ a direção de Frederico Varandas do que para apoiar os jogadores leoninos, de forma a permitir o regresso de alguns “esqueletos” aos órgãos sociais. “Não critiquemos tanto as claques, nas claques há pessoas boas. O problema é o que gira à volta das claques. Gente sabedora, manipuladora, que explora (e de que maneira) a insatisfação de uma juventude ansiosa e desejosa por festejar o título”, afirmou Octávio Machado, lembrando que “os sportinguistas da província” tiveram de “descer a Lisboa para dizer ‘não’” aos mesmos “esqueletos” que agora tentam recuperar o poder no Sporting.
“Há pessoas que não podem voltar ao Sporting. Fizeram tão mal, tão mal ao Sporting que efetivamente não merecem voltar. Não vamos esquecer isso tudo. Isso não se deve esquecer, não se pode é repetir”, insistiu Octávio, alertando que essas pessoas estão agora a preparar-se para se juntarem aos festejos pela conquista de um título cada vez mais próximo. “Se calhar, deviam ter um bocadinho de respeito e não entrar na carruagem, deixar isso para quem merece. O Rúben Amorim e os jogadores conseguiram passar do quarto lugar da época passada para o primeiro lugar, não é fácil. Havia candidatos à presidência assumidos e uma série de situações com que eles tiveram de viver quando as coisas correram menos bem”, recordou.
Octávio Machado recuperou ainda as críticas que muitas figuras conhecidas do Sporting fizeram sobre a contratação do treinador Rúben Amorim ao SC Braga, quer pelo valor envolvido (10 milhões de euros), quer pela polémica do não pagamento da primeira prestação (o que elevou o total em 2,1 milhões de euros, entre penalização e juros). O técnico acabou por ser o grande obreiro do título que os leões estão prestes a agarrar, provando que “a paz” em Alvalade dá… títulos.
“Este Sporting precisa de tranquilidade, precisa de paz. Precisa de paz. A paz que veio deu resultados, com perspetivas de festejar o título. Até aqueles que no início da temporada punham dúvidas em relação a tudo esqueciam-se que os jogadores ou treinadores são caros ou baratos em função daquilo que efetivamente são capazes de justificar posteriormente. O Rúben Amorim demonstrou claramente que é um treinador barato”, concluiu Octávio Machado.