Bom, creio que “razoável” e “nem bom nem mau” são sinónimos na maior parte do território nacional e, sinceramente, não vejo uma falha metodológica na escala.
Em segundo lugar, aquilo a que o Coração de Leão se refere é uma escala de escolha forçada. Que é uma ESCOLHA POSSÍVEL quando se desenha um questionário.
Em abono da verdade, os questionários com número ímpar de escolha são os mais usados. São as escalas de Likert, que usualmente se vêm com 5 e às vezes 7 escolhas possíveis. Usa-se um número ímpar para possibilitar precisamente que quem responde ao inquérito tenha uma opção “intermédia”.
Ambas as possibilidades (número par ou ímpar de escolhas) estão metodologicamente correctas. E afirmar o contrário é contrariar a base de todos os questionários baseados nas escalas de Likert - que é como quem diz, a maior parte dos questionários de opinão, estudos de mercado, psicologia. E, muito sinceramente, é querer embirrar só pelo prazer do contraditório.
Faz parte do questionário PRECISAMENTE estudar se as respostas estão enviesadas (enviesamento de tendência central, ou de "resposta socialmente correcta). O questionário só tem significado depois de validado.
As palavras “O erro máximo da amostra é de 2,99%, para um grau de probabilidade de 95,0%” dos questionários não estão lá para enfeitar…
Eu não estou a pôr em causa as bases cientificas das tuas afirmações, apenas estou a dar a minha opinião baseada em questões práticas, porque as teorias podem ser muito bonitinhas mas depois na prática verifica-se que não é bem assim.
Eu até acredito que em determinado tipo de inquéritos ou sondagens, seja vantajoso retirar a opção intermédia, para obrigar as pessoas a vincularem-se a um dos lados, mas isso depende sempre dos objectivos do trabalho, que em situações dessas nunca podem ser os de se ter uma resposta exacta sobre a forma de pensar das pessoas, porque nesse caso então devem ter a opção do meio, que é uma opção tão válida como as negativas ou positivas.
De resto eu já respondi ou fui convidado a fazê-lo, a dezenas de inquéritos, e a verdade é que ninguém põe em prática essa teoria que ensinam nas universidades, a opção do meio está sempre presente
Fico mais optimista então por saber que o clube está a ser bem gerido e que a “encomenda” que fizeram a Rui Oliveira e Costa é isenta e espelha o que a maioria dos sócios (foste entrevistado? eu não… alguém daqui foi?) pensa sobre o clube.
Agora sim estou descansado…
Eu acho que a tua opinião já está bem expressa, e se não tens nada de novo e construtivo a acrescentar à discussão sobre a sondagem não precisas de voltar a escrever a mesma coisa…
Meu caro, se queres ir contra pressupostos básicos e toneladas de literatura sobre o assunto, não vou discutir - o prazer do contraditório, como dizes, não se nega a ninguém. Só te digo uma coisa: se eu propusesse uma escala destas a qualquer tipo com quem tenha tido aulas, em licenciatura ou mestrado, seria feito em pedaços - e com toda a razão. Não é uma picuinhice - é uma falha grave.
E que é perfeitamente defensável. Aliás, o debate sobre se as escalas devem ter um número par ou ímpar de pontos é um bocado como o debate do sexo dos anjos - ambas têm vantagens e ambas têm desvantagens. A escolha deve ser ditada pelo objectivo da pesquisa e pela especificidade do objecto. Por isso referi as hipóteses de fazer 3 ou 4 pontos - desde que equilibradas (como esta NÃO é), ambas são defensáveis, como dizes.
(Só uma nota: as escalas de Likert tanto podem ter um número ímpar de pontos como um número par - não deixam de ser de Likert por isso)
Errr… Não, não faz. Estás a confundir “enviesamento” com “erro”. O erro máximo da amostra (os tais 2,99%) permite construir o intervalo de confiança para o “verdadeiro” valor na população, pressupondo que não há enviesamentos . Assim, não havendo enviesamentos, podes dizer, por exemplo, que a proporção “real” de antigos e actuais detentores de gambox que considera “bom” o desempenho da direcção estará algures entre 40,41 % (43,4% - 2,99%) e 46,39% (43,4% + 2,99%).
O problema é que é evidente que há enviesamentos. Tens pelo menos dois:
o enviesamento amostral; se a tua amostra não é representativa da tua população as tuas estimativas estão simplesmente erradas e o tal erro máximo não tem sentido. Ora aqui a população são os actuais e anteriores detentores de gamebox. Isto faz todo o sentido se o estudo pretende estudar as causas da não renovação. Agora, não faz sentido nenhum quando transportas o resultado para o universo dos sócios do Sporting ou de Sportinguistas como o artigo faz - com clara má-fé e intento manupulatório -em relação às perguntas de aprovação da direcção.
o enviesamento na recolha. Se tiveres uma escala mal feita, como é o caso, bem podes dar as voltas que quiseres que nenhum procedimento estatístico de restitui a informação corrigida.
Quanto à validação, é o simples acto de confirmar junto de uma subamostra dos respondente se as suas respostas foram correctamente recolhidas - protege-te contra incorrecções (intencionais ou não) do inquiridor mas não contra erros básicos de concepção do questionário, como é óbvio.
(Desculpem as tecnicalidades, mas trabalho e estudo nestas porcarias e sou um bocado sensível a usos manipulatórios da coisa…)
[Edit: o amostra incluiu uma parcela de sócios que nunca tiveram GB. No entanto, o meu argumento do enviesamento amostral mantém-se, no sentido em que o critério de estratificação da amostra não a torna representativa da população, que neste caso se depreende seja o universo dos sócios do Sporting - embora isso não seja explicitado. Note-se, mais uma vez, que a utilização de uma amostra não-representativa faz todo o sentido se o objectivo for apenas estudar as razões da não adesão à GB. O que é abusivo e manipulatório é a utilização dos dados para outros fins - nomeadamente para apresentar uma pseudo-taxa de aprovação da direcção e do treinador - que requeriam que a amostra fosse representativa]
A questão está precisamente no objectivo do estudo! Pelo que li no site do Sporting, o objectivo do estudo é saber “porque eu fico em casa”. Ou seja, porque razão as pessoas compram gameboxes e não vão aos jogos. E as perguntas fazem sentido: basicamente, é uma metodologia para perguntar “olha lá, tu não vais aos jogos porque achas que o horário é mau, porque achas que a equipa está a jogar mal, porque estás zangado com o clube ou com a direcção?”.
E, para o objectivo do estudo, não creio que a amostra esteja enviesada. Aliás, também não foram entrevistados os detentores de gamebox que costumam ir aos jogos. Que se calhar até seria mais interessante se o objectivo fosse “porque é que o estádio não enche?”…
Concordo que a apresentação dos resultados é insuficiente. Aliás, disse-o na primeira intervenção:
Tenho pena é de não ver os resultados discriminados relativamente à opinião das pessoas em relação aos horários dos jogos.
O que esta sondagem mostra - dando de barato que as pessoas tomaram a espectacularmente bem escolhida opção “razoável”, como uma coisa intermédia ou que essa opção não enviesa a resposta - é que o sentimento dos sportinguistas em relação ao momento actual do clube nos seus diferentes aspectos é neutro. As coisas no global não estão bem nem estão mal, estão assim-assim.
A estatística é a arte de manipular a realidade recorrendo aos números mas para a insuspeita e imparcial Eurosondagem isso parece não ser suficiente, tendo que se recorrer à mentira, tirando do chapéu frases como “verifica-se que existe uma avaliação razoável por parte dos inquiridos face ao Sporting em geral, mas boa, face aos órgãos sociais”, quando na verdade a percentagem que nesse particular respondeu “Razoável” (43,4%), não só é semelhante como inclusivamente ultrapassa a percentagem que respondeu “Boa” (42,9%).
Outra curiosidade é que se podia, por exemplo, somar as percentagens associadas à resposta “Má” e “Razoável” para tirar uma conclusão diametralmente oposta à tirada da sondagem, o que não seria assim tão descabido, já que num clube que se quer tão grande como os maiores da Europa, o Bom devia ser inimigo do Óptimo, e o Razoável devia ser inimigo do Bom. E nesse caso, ficaríamos assim com os seguintes resultados:
[ul][li]68,1% dos sócios sportinguistas não faz uma avaliação boa da actual situação da instituição Sporting Clube de Portugal[/li]
[li]52,9% dos sócios sportinguistas não faz uma avaliação boa da acção do Flip[/li]
[li]55,1% dos sócios sportinguistas não faz uma avaliação boa do Paulo Bento[/li][/ul]
De resto, achei curioso o parágrafo com que se remata o texto:
Este estudo de opinião é um instrumento de trabalho e não uma recomendação de tratamento. É diagnóstico mas não terapeuta.
Evidentemente que não é terapêutico. Interessa lá agora analisar e perceber de uma forma compreensiva e com números, o porquê de as pessoas não activarem o cartão, não gostarem dos horários dos jogos ou terem deixado de comprar Gamebroxes, para que se possa encontrar a terapêutica. O que interessa é mostrar umas tabelas bonitas que validem a actuação de Paulo Bento, de Filipe Soares Franco e de uma instituição cada vez mais decadente. PATÉTICO, meus senhores.
Claro que faz sentido! E claro que faz todo o sentido (como escrevi no edit ao post) recolher uma amostra enviesada e perguntar pela aprovação do trabalho da direcção entre outras coisas - se o teu objectivo for mesmo apurar as razões da não ida aos jogos. E concordo contigo;, o que era realmente interessante era pegar nos dados e ver quais os que mais pesam na decisão de ida/não ida aos jogos. Tecnicamente, é fácil de o fazer.
Agora o que não faz sentido é pegar numa variável recolhida com um intuito e através de uma amostra enviesada e depois utilizá-la isoladamente, para outro fim e como se viesse de uma amostra representativa - como o artigo deliberadamente faz. Isto não é só apresentação insuficiente - é manipulação de informação. Já vi muito disto, em muitos contextos: um artigo que supostamente está a dissertar sobre uma coisa (neste caso, a ida/não ida ao estádio), mas que veladamente dá destaque e distorce outra (neste caso, a questão da aprovação da direcção e do treinador, que até são os únicos que aparecem em quadro).
Eu não sei se estás optimista ou descansado nem o que isso tem a ver com o que eu escrevi atrás, mas o que se passa é que quando os resultados das sondagens não vos agradam dizem que elas são encomendadas ou mal feitas, quando as AG’ s decidem contra as vossas pretensões é porque os velhos estão vendidos e o sistema de votos está errado, quando o FSF ganha as eleições de forma esmagadora é porque 75% dos sócios são tapadinhos, carneiros e outras coisas piores, a mim isto parece-me não uma coisa fantástica mas apenas uma forma de enterrar a cabeça na areia porque este são o tipo de criticas gratuitas e sem qualquer fundamento válido.
Está mais do que na altura dos sportinguistas mais críticos à actual Direcção se unirem e apresentarem alternativas válidas em vez de criticas gratuitas, assobios, insultos e arruaças que só os desacreditam, e aqui mais uma vez volto a focar o exemplo do movimento Leão de Verdade cuja postura tem sido exemplar e provavelmente se ainda não conseguiram resultados mais visíveis não foi apenas devido às dificuldades levantadas pela situação, parece-me que lhes falta uma base de apoios mais forte, mas infelizmente as pessoas estão mais disponíveis para insultarem no fórum ou ameaçarem os elementos da equipa depois das derrotas que pouco tem a ver com as questões fundamentais da vida do Clube que estão em jogo e continuarão a estar nos próximos meses.
Infelizmente eu não partilho do teu optimismo nem do teu descanso, a situação do Clube no geral parece-me bastante má e os rumos propostos por esta Direcção nas questões relacionadas com o saneamento financeiro parecem-me muito perigosos e o que se vê é que as pessoas estão cada vez mais indiferentes e distantes e a deixar o clube ao abandono nas mãos de quem já demonstrou que apenas se quer safar sem muito esforço nem dedicação e muito menos paixão.
Primeiramente, acho que não devias ir buscar a conversa das AGs e dos velhos, porque eu nunca me pronunciei sobre os “velhos”, aliás referi em outros tópicos que na última AG fiquei ao lado de dois sócios conhecidos de outras AGs cujo total de votos ascendia a 38, portanto, 120 anos de sócio! Se quero que respeitem os meus votos, tenho de respeitar os que têm mais que eu, por isso essa conversa não é para mim.
Quanto à questão da sondagem, vou repetir mais uma vez mas desta vez parece que vou ter que evidenciar aquilo que não queria: na minha opinião foi uma encomenda feita a uma empresa administrada por um paineleiro que é membro do Conselho leonino. Não acredito nesta sondagem por muitos motivos mas acima de tudo por este: não é independente.
Quanto às sugestões que falas deviam substituir os “insultos”, já enumerei várias medidas de melhoria simples mas que permitiriam inverter um pouco a tendência das assistências, não vou repetir-me, não creio que valha muito a pena o esforço porque “vender o sonho” e “chegar ao coração dos sócios” é algo para o qual a administração não está formatada.
Parece-me que o teu último parágrafo é uma contradição face aos resultados e face aquilo que te faz acreditar nesta sondagem.
Achas que fazes parte duma minoria de quem entende que o rumo não é o correcto? Sabes qual é a solução:
FAÇAM-ME COMPANHIA NAS AG’S, TRAGAM OS VOSSOS VOTOS!
Esta eurosondagem é falseada. Falta a opcao “Outros”. Se eu quiser posso fazer uma sondagem a perguntar se deixaram de ir por gostarem mais do equipamento amarelo ou preto, e consigo uma sondagem a mostrar que o problema é que deviam usar mais o equipamento amarelo. Nao liguem a esta farsa de sondagem manipulatória, para ser séria tinha de ter em votacao as opcoes todas.
Faço a sugestao, façam uma sondagem igual no fórum mas com as opcoes todas inclusivé “nao vou alimentar mais chulos que andam a roubar o clube” e depois tiremos conclusoes
Em relação à conversa dos velhos repara que eu escrevi “não vos agradam” e não “não te agradam” portanto não me estava a referir especificamente a ti, estava a generalizar tal como quando falei em insultos e outras arruaças, pois não te conheço e já nem sequer leio muito do que aqui se escreve, portanto desconheço a generalidade das tuas posições, apenas citei a tua mensagem porque puseste em causa a credibilidade desta sondagem.
Quanto ao último paragrafo, o facto de eu acreditar nesta sondagem, não significa que as minhas opiniões sejam coincidentes com as maiorias nela expressas, pois eu até acho que a situação do Clube é muito má, a actuação do treinador é boa e a do Presidente é razoável, porque concordo totalmente com a politica seguida no futebol, mas discordo completamente do seu plano de saneamento financeiro do Clube, agora não será por a sondagem em alguns casos apontar para resultados diferentes da minha forma de pensar, que vou dizer que isto foi uma encomenda, até porque as últimas eleições e outras AG’s recentes, demonstram exactamente o contrário.
Pus em causa a seriedade desta sondagem pelo “simples” facto de ter sido “solicitada” à empresa que foi.
Tenho enorme curiosidade em saber que resultados teríamos se fosse feita por uma entidade completamente isenta, sem ligações afectividade por parte do seu responsável máximo ao clube solicitador.
Se, por absurdo, 1000 adeptos que vão a Alvalade fossem inquiridos nas imediações do estádio em dia de jogo por um grupo de amadores (por exemplo nós, foristas…) e depois se processassem as respostas obtidas, quase que apostava uma perna em como o resultado final seria bem mais severo!
Com todo o respeito: antes de vires mandar postas de pescada aziadas e sem sentido como esta, devias ler com atenção o que explicou o Ricardo, e que qualquer pessoa que saiba um mínimo sobre elaboração e tratamento de dados de questionários - não precisa de trabalhar em nenhuma empresa de sondagens - conhece (não quer dizer que a alternativa sugerida seja a única metodologia aceitável, o que é facto é que a opção escolhida é má) e agradecer o facto de te ter ensinado qualquer coisa que desconhecias.
Finalmente percebi qual foi o critério para me terem escolhido para a sondagem, é o facto de me andar a baldar aos jogos apesar de ter Gamebox! :lol:
Precisamente comentei com a menina que me entrevistou que devia haver mais opções de escolha nas perguntas. As minhas opções de resposta para as várias perguntas (eram bem mais que três) foram quase sempre para o mau, mas podia ter dado um medíocre em algumas se a opção estivesse disponível.
Eu já respondi ao Coração de Leão em mensagem que não deves ter lido por isso repito-a aqui:
Eu não estou a pôr em causa as bases cientificas das tuas afirmações, apenas estou a dar a minha opinião baseada em questões práticas, porque as teorias podem ser muito bonitinhas mas depois na prática verifica-se que não é bem assim.
Eu até acredito que em determinado tipo de inquéritos ou sondagens, seja vantajoso retirar a opção intermédia, para obrigar as pessoas a vincularem-se a um dos lados, mas isso depende sempre dos objectivos do trabalho, que em situações dessas nunca podem ser os de se ter uma resposta exacta sobre a forma de pensar das pessoas, porque nesse caso então devem ter a opção do meio, que é uma opção tão válida como as negativas ou positivas.
De resto eu já respondi ou fui convidado a fazê-lo, a dezenas de inquéritos, e a verdade é que ninguém põe em prática essa teoria que ensinam nas universidades, a opção do meio está sempre presente