São trinta e nove anos de Sportinguismo militante, de muitos momentos de alegria e tristeza. Em todos estes anos, na vitória ou na derrota existia um sentimento. Lentamente isso tem vindo a mudar, e ontem atingiu o zénite. Só sinto indiferença.
Sempre tive a ideia que este é o pior dos sentimentos. Gostar ou mesmo odiar, significa que, seja bom ou mau, existe alguma coisa. Com a indiferença só existe um vazio. Um nada.
Ontem foi isso que se passou. Um profundo e doloroso nada. Comecei a ver o jogo e após o golo do Basileia, mudei de canal e não vi mais. Percebi durante os minutos que vi da partida, que nada tinha mudado nas ultimas duas semanas. As palavras de jogadores, treinador e dirigentes, na prática não valiam nada. Foram uns sound-bytes para enganar tolos como eu que ainda queriam acreditar. Por isso, para que perder tempo ?
Que fique claro, o meu amor pelo Sporting será eterno e morrerá comigo. Mas este não é o meu Sporting. É uma outra coisa qualquer, que usurpou as cores e o símbolo do clube. E que anda a envergonhar 100 anos de história aqui e na Europa.
Ontem, só soube do resultado perto das 23H. Fiquei envergonhado ao saber que para além dos 3 golos, 2 foram sofridos quando jogávamos com mais um. Um hino ao Sporting actual: incompetência, desleixo e desnorte.
Hoje o clube é um nada, à espera de ser resgatado. Resta saber quanto tempo mais isto vai durar, e o que no fim desta história de terror restará para ser salvo.
Para mim, ontem iniciou-se um novo ciclo na minha relação com o clube, semelhante aos casais que por qualquer razão coabitam juntos mas dormem em quartos separados. Ou seja, continuo a pagar as minhas quotas, leio os cabeçalhos das noticias sobre o clube, mas terminaram as romarias a Alvalade ou de mudar a minha vida porque “joga o Sporting”.
Entretanto aguardo que alguém com responsabilidades decida que não se pode descer mais baixo e devolva aos sócios a decisão sobre o futuro do clube. De preferência antes de acabarem com o Sporting.