Várias imprecisões. Em primeiro “esse arquitecto” não estava na moda na altura. Esteve duas vezes “na moda” mas há muitos anos atrás: primeiro com o controverso desenho das Amoreiras e depois com uma situação que nada tem a ver com arquitectura.
Quanto à funcionalidade pouco posso dizer, uma vez que, infelizmente não o visitei tantas vezes quanto gostaria. No entanto, do que vi nada tenho a apontar. Quanto aos tais técnicos especializados que referes desconheço. Mas li uma série de referências elogiosas em revistas da especialidade e, já agora, com uma unanimidade que não encontrei na avaliação dos estádios da Luz e Dragão.
Quanto à componente estética não a discuto aqui. A Arquitectura é uma arte pública e sujeita-se todos os dias à apreciação crítica. No entanto quem contratou o Arq. Tomás Taveira certamente conhecia a sua gramática decorativa pelo que a explosão de cor não terá surpreendido.
[font=Tahoma]Como todos os adeptos, ainda por cima os compradores dum lugar como eu, acompanhei tudo o que chegava a público sobre o novo estádio.
Ainda por cima, via-a crescer através da parte demolida do estádio antigo, jogo a jogo.
Na altura constava que o controverso arquitecto lampião iria colaborar na área da decoração interior. Pelo menos foi o que li um pouco por toda a parte.
Fiquei posteriormente espantado por a decoração interior do estádio ser, na minha muito discutível opinião, excelente (apesar do excesso de amarelo), e a exterior a que todos conhecemos, ou seja, nada de acordo com o esperado, em função das tendências («pirosas» é um termo moderado…) do tal arquitecto. Pelos vistos dedicou-se à decoração exterior e não à interior, visto que uma é foleira e a outra decente.
Dispensava-se de todo ser o estádio motivo de chacota, coisa mais do que previsível, dada a decoração exterior, tudo menos discreta. Aqueles mosaicos…
Já vários adeptos doutros clubes me felicitaram pelo aspecto interior do estádio, e alguns deles a viver no estrangeiro. Eu diria que o exterior é tão feio que só podem gostar do interior depois daquilo, é uma surpresa agradável.
Só não compreendo a profusão de amarelo, que até nunca foi uma cor do clube.
Quanto a ser ou não funcional, o estádio é jeitoso, mas tem muitas imperfeições. O que mais me chateia é quem o projectou nunca ter provavelmente assistido a um jogo na vida, sem ser em camarotes, e transportado por motorista.
Um exemplo disso é a zona da Porta 2, junto à qual passo por vezes. Além de haver um estreitamento notório, fruto dumas chaminés gigantes, já de si um perfeito disparate, quando chove forma-se aí uma lagoa gigante, que além de estreitar ainda mais a passagem, obriga toda a gente a molhar os pés.
Outro exemplo, é a concepção geral do estacionamento, visto que sair do mesmo demora uma eternidade.
Outra falha, é chover nas bancadas, apesar destas serem cobertas.
Outra falha tem a ver com o fosso, cuja existência não contesto nem deixo de contestar, mas que obriga a ter os canteiros da relva de substituição numa área onde o sol raramente chega!
Mas quase todas as deficiências que noto não são de concepção, mas de implementação. O arquitecto não projectou a tal lagoa nem a chuva…
Outras deficiências não projectadas:
As cadeiras são pequenas de mais.
Não cabe na cabeça de ninguém não haver sabão nas casas de banho (já de si exíguas), logo que abrem as portas nos dias de jogo. Também nas casa de banho, os secadores de mãos não deviam estar junto às portas, para desimpedir a passagem.
Outra asneira, a localização dos televisores nos corredores, apontados para as entradas/saídas, provocando aglomerados de público em áreas que deviam estar desimpedidas, por todas as razões e mais algumas.
Enfim, tudo coisas típicas de quem não tem muita experiência de ir à bola…[/font]
Esquece… uma fortuna. Material e mão de obra dava para se comprar uma casa nova!
Basta pensares a 5 euros por lugar vezes 50.000!!
Vais ter de as gramar durante longos e penosos anos! A menos que se consiga arranjar um patrocinador mas aí tinhas de gramar com umas cadeiras de publicidade.
Não tenho absolutamente nenhuma simpatia pela personagem em questão, nem como ser humano, nem como cidadão, nem como profissional!
Sei histórias deste individuo que não lembra ao Diabo.
Como profissional, deontológicamente não posso fazer/dizer/escrever certas coisas mas não posso deixar de comentar algumas coisas.
E já agora desculpas pelo testamento.
Existiu efectivamente um projecto de exteriores nunca executado. Não o conheço profundamente mas pelo que me lembro fazia algum sentido e poderia ser uma mais valia.
A eterna história das cadeiras. As cadeiras surgem do Arena de Amsterdão, do mesmo grupo projectista donde vem a génese do nosso estádio. Inicialmente foram transmitidas várias razões para a sua utilização, desde sociais (integração, multiculturalismos), psicossomáticas (reacções à cor), comportamentais (estimulo “festivo”), de imagem (queira-se ou não torna-se iconográfico), de imagem transmitida (o estádio “cheio”). Honestamente não me choca, gosto até! Desgosto bem mais aquela faixa ondulante verde, perfeitamente kitch e sem sentido algum. Compreendo no entanto quem não gosta e preferia uma grande massa verde, quem se senta numa cadeira azul ou laranja, etc!
Como ponto intermédio sempre disse que teria sido mais inteligente ter usado uma paleta mais restrita de cores relacionadas com o clube (gradações de verde, preto, cinza, branco e amarelo). Por outro lado acho que me custa também o aproveitamento do esquema para outros estádios (Leiria, Aveiro), perdendo ou diluindo assim o seu verdadeiro impacto.
Sobre o amarelo. Este surge por um estudo cromático feito pelo Taveira jr., artista plástico, sobre a iconografia e cromatismo da história do clube. Daqui surge a paleta do estádio bem como os motivos gráficos nele presentes. Mais uma vez, na parte que diz respeito aos azulejos, aceitando quem não goste, não me choca. A sua utilização como revestimento exterior pode trazer benefícios (admitindo a sua correcta aplicação) a prazo em termos de manutenção. Sobre a cor e o efeito quase pixelizado do exterior, dentro do naipe de opções tradicionais do arquitecto é dos menos maus. Como arquitecto, não seria definitivamente a minha opção pois a minha linguagem não passa por aí mas honestamente não me custa aceitar. O seu efeito, em conjunto com a cobertura e torres de tirantes, tem um valor iconográfico. Tornou-se um símbolo da cidade, em contraponto ao galinheiro que só sobressai pelo tamanho, tal o seu anonimato estético e indiferença . Mais uma vez desgosto muito mais os apêndices agregados ao corpo do estádio, sua estética, acabamentos e falta de integração. Anexos na verdadeira acepção da palavra.
Sobre a funcionalidade, não me parece mal. Aliás a atribuição das 5 estrelas diz, forçosamente, muito sobre isso! Sobre a visibilidade (entre outros factores), mesmo não tendo frequentado muitos locais diferentes, não me parece mal. Por exemplo o “estádio ícone” da arquitectura, o de Braga, é nesse aspecto uma antítese do estádio de futebol. Como peça de arquitectura é sem dúvida lindíssimo, feito por uma das minhas referencias na arquitectura nacional, mas péssimo do ponto de vista do utilizador. Desde bancadas direitas, paralelas às linhas laterais (como era a antiga bancada nova), à falta de topos, à orientação do campo, enfim um desastre.
Não costuma passar por aí, mas do que me lembro terá também a ver com uma má solução do termino e transição da plataforma que cobre a estrada. Óbvia falha de projecto. Sobre o resto terá mais a ver com a execução do projecto que com este. E pendentes é daquelas coisas dificeis de aferir em obra.
Sem dúvida um dos maiores erros é o transito automóvel, acessos e escoamento dos estacionamentos. Não que em outros casos seja muito melhor, mas nota-se claramente que não foi realmente pensado. por outro lado se se condicionasse tudo resto ao estacionamento e sua utilização optimal, todo o projecto sofreria (e de que maneira!) disso, quer em utilização quer em custos.
A chuva, além da que entra pelas deficiências da construção, é o resultado do compromisso (falhado a meu ver) entre a utilização e conforto e a ventilação essencial do relvado. E isto foi falhado rotundamente como vem sendo demonstrado pelo estado dos sucessivos relvados. É que até podia ter exactamente a mesma morfologia, que diga-se que em termos de uso é das mais confortáveis ao ser tão fechada, desde que se tivessem tomado medidas de raiz para corrigir as deficiências como sejam uma rede de ventilação forçada e de correcções de humidade no subsolo como se fez em vários campos de Inglaterra. Só de pensar que era para ainda ser mais fechado com quatro anéis mais inclinados e mastros mais altos, algo que só foi impedido pelas imposições de segurança relativas à proximidade do aeroporto
Sobre o fosso, confesso que ainda não percebi se foi uma imposição exclusiva do cliente ou se foi uma proposta de projecto algures no seu trajecto. A verdade é que pouco ou nenhum uso tem, e que não é justificado pela realização de um concerto por ano (clara deficiência de leitura de mercado). Ainda assim teria sido, e quanto a mim ainda será, possível a sua adaptação para um formato mais agradável.
Completamente de acordo, ainda que no caso das cadeiras o caso seja legal. Ou seja, as cadeiras tem tamanho standard impostos pela legislação (tal como o é o afastamento entre elas) pelo que é sempre regra a “imposição” do cliente em conseguir o maior numero de lugares possível para determinada área na procura de rentabilização da mesma, mesmo que seja no limiar do conforto. Também digo que não é dos piores casos.
Digo ainda mais que os maiores defeitos que encontro são na sua exploração. A experiência de estádio tem potencialidades para ser muito melhor, não sendo explorado sequer a 10%. Basicamente é um estádio moderno explorado à antiga!
Aquele fosso horroroso deveria ser tapado com o prolongamento da bancada A, aumentando a lotação do Estádio. Só que, infelizmente, o número de espectadores caminha no sentido inverso. Talvez um dia…
Além do factor de redução de público que referes, o prolongamento da bancada A obrigaria a várias reconfigurações da cota do relvado e implantação dos bancos que se poderia tornar demasiado dispendiosa para a vantagem que daí se tiraria. Além do mais, o forçoso rebaixamento do relvado poderia trazer problemas de visibilidade na bancada B, como reforçaria a deficiência de insolação e ventilação ao nível do relvado (se bem que estas pudessem ser tecnicamente resolvidas).
Para mim, seria mais fácil e útil efectuar uma cobertura amovível (p. ex. em perfis de aço e gradil) que permitiria atenuar esteticamente a presença do fosso e ainda assim utilizá-lo para o que fosse necessário.
O estádio foi projectado com fosso, e não é com um estalar de dedos que se anula o dito.
É óbvio que é economicamente inviável. E isso do rebaixamento é muito complicado.
[Cá para mim foi por causa disso que o estádio antigo se tornou um lamaçal durante várias épocas, e a resolução desse problema deve ter sido o golpe de misericórdia na oxidação do ferro no interior do betão.]
Assisti a um jogo (Portugal-Holanda, golo de Maniche) num topo, a bater com a cabeça na cobertura, e não se via a linha de fundo; se houvesse rebaixamento seria ainda pior.
Num dos primeiros jogos no estádio novo houve uma entrada duma ambulância no estádio (não estive lá, estava no Algarve nessa altura), e na rádio gabaram o fosso por causa disso.
Como arquitecto, deves ter uma opinião formada sobre o Dragão. Não sei se conheces pessoalmente o estádio mas a minha opinião (de leigo!) é que dos 3 grandes é o estádio que utiliza melhores materiais a nível de acabamentos.
Aquele revestimento a pedra ou mármore ou cimento a fazer parecer pedra ou que raio é aquilo dá um ar de estádio bem acabado e cuja resistência ao desgaste de envelhecimento parece superior.
Além disso, a perspectiva do espectador é fabulosa de qualquer ponto da bancada, proporcionando excelente visão. O ângulo das bancadas e a sua proximidade com o relvado ajudam a isso.
Um outro ponto muito positivo: a área pedonal ao redor do estádio do fcp: fabulosa, até pela sua amplitude e ininterruptabilidade (nós no nosso não conseguimos andar à volta do estádio à mesma altura).
Gosto mais da concepção de estádio do nosso Alvalade, mas que me parece que o do fcp está mais bem “finalizado” não me restam dúvidas.
Mas aí também estas a comparar o Tiui com o Thiery (arquitecturisticamente falando) 8)
Não conheço o estádio ao vivo. Conheço sobejamente o projecto por imagens e acima de tudo sei de que atelier veio o projecto.
O projecto é da Risco, do Arq. Manuel Salgado (actual vereador do urbanismo de Lisboa). Este atelier tem muita experiência em obra pública e de grande dimensão. Foi responsável pela ligação portuguesa do projecto do CCB, foram responsáveis pelo plano de urbanismo (entretanto assassinado) da Expo e de vários edifícios de grande porte (Teatro Camões, Hospital da Luz, Escola superior de teatro e cinema, Pavilhão multiusos do Funchal, etc). Já trabalhei com eles, e sei do seu valor.
Reconheço também a qualidade de projecto que transparece no dragão. Será para mim o mais conseguido estádio do Euro04.
Agora também sei as condicionantes que existiram na elaboração dos dois:
A localização, em que o de Alvalade é muito condicionado por acessibilidades e construções existentes e o do dragão é projectado em espaço livre com as acessibilidades a adaptarem-se a este, conseguindo por isso muito mais espaço livre à volta e uma melhor urbanidade.
A topografia, com o de Alvalade a ter diferenças de cota assinaláveis e o do dragão em terreno plano com possibilidade de criar uma plataforma circundante, possibilitando ainda o semi enterrar do edifício, conseguindo com isso uma implantação menos agressiva e mais harmoniosa, com menos edifício por fechar.
A politica, em que o dragão teve via verde por parte da autarquia para se fazerem uma série de atropelos pelos quais alguns ainda estão a responder (mais não seja politicamente).
O processo de projecto, que em Alvalade foi sempre muito condicionado com re-elaborações constantes de projecto, a última das quais já com a empreitada a decorrer em virtude de alterações à lei que bem caro saiu.
As opções do dono de obra que em Alvalade obrigou à criação de uma série de apêndices que retiram “limpeza” ao edifício principal.
Em suma, o do dragão um projecto mais “fácil”, o que não retira mérito aos projectistas, nem o dá aos que falharam em encontrar melhores soluções.
Especificamente sobre o dragão; acho-o por fora um belo exemplo arquitectónico, com muita sobriedade, com bons e duráveis acabamentos (ainda que não concorde inteiramente com a sua maior durabilidade e manutenção) e uma agradável espaço exterior (que pelas razões acima mencionadas não poderá ser comparado). Já por dentro não me convence. Acho o nosso bem mais harmonioso (tirando o fosso). Não gosto do formato das bancadas (são mais rectanguladas) não gosto da inserção dos camarotes bem como não gosto do desenho das bancadas superiores. Os topos, acrescentando capacidade de ventilação, retiram ambiente e segundo sei podem tornar a presença no estádio uma experiência gélida.
Pois, isso entronca na dificuldade que alguns projectistas sentem no “cosimento” das suas ideias com o terreno onde as implantar.
O projecto de Alvalade não está completo (ainda que duvide que venha a melhorar substancialmente) pelo que se torna dificil obter uma leitura completa, sendo que há partes que não chegarão a ser executadas.
Estas dificuldades sentem-se com a utilização de soluções de recurso, quase de “empurra para a frente” que algumas vezes acabam por gerar ainda mais problemas, não deixando transparecer uma ideia, conceito ou solução geral.
No caso do passeio circular, sabendo-se que ele esteve previsto, e que poderia ser uma mais valia na experiência de ir ao estádio, também é perceptível que ele nunca foi muito estudado, aparecendo nas imagens virtuais em 3D como um percurso de nível. Aliás nessas imagens toda a implantação do estádio assume-se num errado nivelamento.
Para todos os efeitos dar a volta ao estádio implica atravessar ruas e não só…
No caso do lado Sul acresce o facto ridículo das saídas dos parques de estacionamento terem passadeiras para peões imediatamente em frente, em vez de desniveladas. É uma das razões pelas quais se demora tanto a sair dos parques.
Do lado norte, há uma rampa em caracol, penso que apenas para VIPs, que também tem uma passadeira em frente, mas sempre tem semáforos.
Mas o mais grave para mim é mesmo o estreitamento a Nordeste (com as chaminés e a lagoa quando chove), e todo o canto Noroeste é uma anedota, pois a existência do edifício administrativo e os sucessivos socalcos são mais um exemplo da minha afirmação do projecto ter sido da responsabilidade de quem provavelmente nunca assistiu a um jogo na vida, sem ser em camarotes, e transportado por motorista.
The lions are crazy.
Temos malhado no treinador, nalguns jogadores e na direcção.
O alvo que se segue é o estádio. O futuro ódio de estimação para continuar a autofagia colectiva dos sportinguistas.
Á beira do abismo é cegos rumamos para o suicidio.
Isto ultimamente parece um fórum azul ou vermelho. :wall:
Contrariamente à maioria, acho o nosso estádio muito bonito. Gosto bastante de ou entrar bastante cedo nos jogos ou ficar para o fim para poder sentir o estádio. É pena a malta ir em conversas invejosas de lampiões com a cena do wc…