Entrevista a Luisinho

"RECORD – O Atlético Mineiro faz hoje 100 anos. Como se sente ao fazer parte da história centenária do clube?
LUISINHO – É uma grande honra. Vai ser uma grande festa e eu vou comparecer nos estúdios da Globo para falar dessa data histórica. O Galo [alcunha do Atlético Mineiro] é conhecido em todo o Mundo por ser o primeiro campeão brasileiro de sempre, em 1971, embora eu, nessa altura, ainda pertencesse aos iniciados do Villa Nova, uma outra equipa mineira, de Nova Lima, bem perto da capital Belo Horizonte.

R – No Atlético Mineiro, o sucesso foi imediato?
L – E de que maneira! A equipa era tão boa que fomos decacampeões estaduais em 11 anos. Eu fiz parte de uma das equipas mais tituladas de sempre do Galo. Só nos faltou a conquista do campeonato brasileiro para abrilhantar ainda mais essa geração, que tinha, por exemplo, o João Leite, um óptimo guarda-redes que jogou em Guimarães, na época 1988-89. Ele saiu para Portugal um ano mais cedo que eu.

R – Em 1989, trocou o galo pelo leão. Sabia que ainda hoje toda a gente se lembra de si, e sobretudo daquele golo em Bolonha no último minuto, para a Taça UEFA?
L – Estive aí em Portugal em Julho do ano passado, aproveitando para ver o novo Estádio José Alvalade, e senti um carinho muito grande pelas pessoas, fossem elas do Sporting ou de outros clubes. Muitas cumprimentaram-me e falaram comigo. E esse golo é sempre lembrado. Foi de cabeça, na 1.ª mão dos quartos-de-final.

R – Durante três épocas (1989-92, com um total de 4 golos em 98 jogos), quais são as melhores recordações no Sporting?
L – É complicado escolher. Houve momentos óptimos, porque o técnico Marinho Peres era bem engraçado, porque vi o Figo a crescer de uma forma absolutamente anormal, porque chegámos às meias-finais de uma competição europeia.

R – Nesse aspecto, foi novamente uma equipa italiana que o afastou da glória, como ocorrera em 1982, no famoso Brasil-Itália do Mundial de Espanha?
L – É curioso, de facto! Em 1982, tive a alegria de fazer parte de uma selecção que ainda hoje é falada como uma das melhores de sempre, ao lado da de 1970, por exemplo. Agora, aquele 3-2 com a Itália foi uma tarde infeliz para nós, que temos obrigatoriamente de acabar em primeiro lugar. O resto não vale, pura e simplesmente. Em 1991, quase uma década depois, foi o Inter, com os três alemães (Brehme, Matthäus e Klinsmann). Eram uns italianos mais fortes ainda.

R – Pois, mas esse Inter não contava com Paolo Rossi, não é?
L – Esse “cara”… Nunca mais o vi, nem o quero ver (risos). Marcou-nos 3 golos noSarriá em 1982, mais 2 nas “meias” com a Polónia e outro na final com a RFA. Um fora de série. Mas, mesmo assim, não o quero ver à minha frente (mais risos).

R – Ainda é leão da cabeça aos pés ou é galo?
L – Para falar verdade, sou leão. O símbolo do Villa Nova, onde fui formado, acabei a carreira em 1996, aos 38 anos, e ainda pertenço aos quadros como dirigente desportivo, é um leão – como o Sporting – e sou leão para sempre. São dois clubes muito importantes na minha carreira, pela forma como me possibilitaram uma série de coisas: o Villa Nova formou-me; o Sporting deu-me ainda mais experiência internacional com os 11 jogos nas Eurotaças. É o sonho de qualquer um.

R – No seu período em Portugal, quais foram os jogadores que mais lhe marcaram?
L – Já falei do Figo, mas aquele que mais me impressionou foi o Carlos Xavier. Que toque de bola! Há um ano, na tal viagem a Lisboa, estive com ele, o Oceano, os irmãos Castro, a reviver aqueles bons tempos"

Em : Record

Uma vez Leão, sempre Leão. :clap: :clap:

Grande jogador… outros tempos. :shhh: :shhh:

tinha eu 11 ou 12 anos e foi quando realmente comecei a ver jogos de futebol e ser fanático pelo Sporting esse ano de chegarmos à semi final da taça uefa. Nunca mais me esqueço do golo dele, o que eu gritei e chorei. Parecia doido aos saltos pela casa a chorar e berrar de alegria.