Eduardo Souto Moura - Prémio Pritzker 2011

Pela segunda vez na história um arquitecto português vence o mais prestigiante prémio da arquitectura, o prémio Pritzker. Álvaro Siza tinha sido o galardoado em 1992. Este prémio, entregue pela Fundação Hyatt desde 1979, distingue anualmente, e em vida, um arquitecto/atelier cuja obra construída seja testemunho de uma combinação de talento, visão e entrega que tenha contribuído consistente e significativamente para a humanidade e ambiente construído através da arquitectura.

[center][size=15pt][b]Eduardo Souto Moura vence «Nobel» da arquitectura[/b][/size][/center]

Aos 58 anos, Eduardo Souto Moura venceu o prémio Pritzker 2011, considerado como o “Nobel da arquitectura”. De acordo com a organização, a distinção foi entregue ao arquitecto do Porto pelo “rigor e precisão na arquitectura”, assim como pela “sensibilidade” na inserção das obras no seu contexto.

Eduardo Souto Moura ganhou o Prémio Pritzker de Arquitetura 2011 pelo seu “rigor e precisão”, anunciou hoje a Fundação Hyatt, promotora do galardão.

O arquitecto do Porto vence assim um prémio que já distinguiu nomes como Oscar Niemeyer e Frank Gehry. A cerimónia oficial de entrega do prémio terá lugar em Junho, em Washington, nos EUA, e Souto Moura irá receber uma quantia de 100 mil dólares e um duas medalhas em bronze.

O anúncio da distinção foi adiantado por um site especializado na área - “Scalae” mas só ao final da tarde foi confirmada pela organização.

Formado pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, Eduardo Souto de Moura iniciou a sua carreira colaborando no atelier de Álvaro Siza Vieira. Em 1980, termina a licenciatura, pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, inicia a sua actividade como profissional liberal e recebe o seu primeiro prémio, da Fundação António de Almeida.

Assinou projectos como o Estádio Municipal de Braga, construído para o Euro 2004, e a Casa das Histórias, o museu da pintora Paula Rego em Cascais. Em 1998 recebeu o Prémio Pessoa e é o segundo arquitecto português a receber o Pritzker, depois de Álvaro Siza o ter arrecadado em 1992.

O Prémio Pritzker, criado em 1979, tem como objectivo distinguir anualmente um arquitecto vivo. Em 2010, a Fundação Hyatt distinguiu a dupla de japoneses Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa.

:clap: :clap: :clap: :clap: :clap:

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Galeria:


Casa em Cascais


Duas moradias unifamiliares em Ponte de Lima


Estádio AXA
Braga


Serpentine Gallery Pavilion 2005
Londres
Colaboração com Siza


Casa das Histórias Paula Rego
Cascais

Confesso-me um admirador do trabalho de Souto Moura, como tal, só posso estar satisfeito por sentir esse reconhecimento internacional ao arquitecto.

Perdoem-me os adoradores de Siza Vieira mas, pessoalmente, gosto mais das obras de Souto Moura.

Parabéns para ele! :clap:

Aquela pedreira… Lindo! :slight_smile: :slight_smile:

Parabéns ao Souto Moura pelo seu trabalho, reconhecido hoje com o prémio Pritzker 2011, prestigiando a escola de arquitectura portuguesa.

Não podia estar mais satisfeito.
Um prémio merecido para um grande Arquitecto deste país.

O estádio AXA, uma das suas obras primas, é motivo de inveja da minha parte pois acho-o arquitectonicamente muito mais bem conseguido que o nosso.

Clubites à parte, Souto Moura está de parabéns. Apesar de não estar muito a par do assunto, creio que dois prémios Pritzker para portugueses é uma marca muito bonita para um país pequeno como o nosso.

Numa altura em que as más notícias saem em catadupa todos os dias, sabe ainda melhor receber este tipo de notícias. É que afinal, em Portugal, não “fabricamos” apenas grandes futebolistas. Os portugueses também podem alcançar lugares cimeiros noutras profissões ditas mais “nobres”. :wink:

Um dos meus ídolos durante a minha formação, com o qual depois já tive a sorte de trabalhar em projectos comuns.

Parabéns pelo Pritzker!

Sem dúvida. O arquitecto do nosso só é bom a fazer sex tapes (pode nem ser, nunca vi; nem quero…)

O estádio AXA é lindíssimo. Já lá estive e aquilo é simplesmente brutal.

Parabéns pelo prémio :clap: :clap:

Muito bom para a arquitetura portuguesa.
Concordo me absoluto com o Souto Moura quando a pouco, numa entrevista na TVI, referiu que temos hoje uma geração de jovens arquitetos de grande talento e qualidade.
Agora um aspecto interessante que gostaria de realçar: ao contrário do colega psilva, não tive o privilégio de conhecer pessoalmente o Souto Moura, mas tive o de conhecer Siza Vieira. Uma das qualidades que mais me impressionou nele foi a sua humildade. Acredito que esta seja extensível ao Souto Moura, pois quem é “Grande” não precisa da arrogância para nada.
Uma curiosidade: o Siza e o Souto, cada um com o seu atelier, trabalham no mesmo edifício. Um edifício pequeno (3 ou 4 andares - confesso que não os contei ) onde se respira arquitetura, mas arquitetura a sério.

Ao colega Souto Moura, muitos parabéns pelo Pritzker! :clap: :clap: :clap:

Já trabalhei com ambos! 8)

Aliás esse atelier juntava até há pouco tempo os maiores vultos de sempre da arquitectura nacional (Távora, Siza e Souto Moura)

Também lá “habita” um outro grande arquitecto, Rogério Cavaca, com quem também já trabalhei, mas que por questões próprias e outros interesse extra-arquitectura nunca chegou aos patamares de reconhecimento dos outros.

[center][size=15pt][b]Obama compara Souto de Moura com Thomas Jefferson[/b][/size][/center]

Barack Obama enalteceu o trabalho de Souto Moura na entrega do prémio Pritzker 2011, comparando-o com o norte-americano Thomas Jefferson.

O presidente norte-americano afirmou hoje que Eduardo Souto de Moura, prémio Pritzker 2011, “redefiniu as fronteiras da sua arte”, a arquitectura, servindo simultaneamente o “bem público”, comparando-o com um dos ‘pais’ dos Estados Unidos, Thomas Jefferson.“Como Jefferson, [Souto de Moura] passou a sua carreira não apenas a redefinir as fronteiras da sua arte, mas a fazê-lo de maneira que serve o bem público”, disse Barack Obama na entrega do Pritzker 2011 ao arquitecto português, em Washington. Ao lado da primeira-dama, Michelle Obama, o presidente enalteceu “as formas simples e linhas limpas” dos trabalhos de Souto de Moura, que se enquadram facilmente no ambiente circundante.
“Souto de Moura desenhou casas, centros comerciais, galerias de arte e estações de metro, tudo num estilo tão natural quanto belo. É um especialista no uso de diferentes materiais e cores”, adiantou o presidente norte-americano.

Obama fala do Estádio de Braga

Obama adiantou que o Estádio de Braga é “talvez a obra mais famosa” do arquitecto portuense, relevando em particular a solução de construí-lo ao lado de uma montanha.

“Também teve grande cuidado para posicionar o Estádio de maneira a que quem não possa ter bilhete pudesse ver o jogo dos montes circundantes. Como o [estádio de basebol em Chicago] Wrigley Field, em versão de Portugal”, ironizou.

“Essa combinação de forma e função, de arte e acessibilidade é a razão porque hoje honramos Eduardo com o prémio que é conhecido como o Nobel da arquitectura”, disse o presidente norte-americano.

A assistir estiveram o secretário da Educação, Arne Duncan, e outra personalidade de Chicago próxima de Obama, o atual mayor da cidade, Rahm Emmanuel, além do congressista republicano Eric Cantor.

Apresentado por Thomas Pritzker, presidente da Fundação Hyatt, como um aspirante a arquitecto que acabou por tornar-se no “arquitecto em chefe” dos Estados Unidos, Obama aceitou o repto e gracejou que “esperava ter sido mais criativo”, mas acabou por “ter de ir para a política”.

Destacou ainda a importância da sua cidade natal para a arquitectura internacional, enquanto berço dos arranha-céus e origem de grandes nomes do campo como Louis Sullivan, Frank Lloyd-Wright ou Frank Gehry, que estava entre os presentes.

Arquitectura que se transforma em arte

No evento da fundação da família Pritzker, que também tem raízes em Chicago e esteve envolvida no financiamento de várias campanhas de Obama, incluindo a das últimas presidenciais, este lembrou também que a sua última sede para as presidenciais de 2008 foi num edifício baseado num projeto de Mies Van der Rohe.

“Durante dois anos enchemo-lo de pessoas a sobreviver com nada mais do que pizza. Não tenho a certeza se era o que Mies tinha em mente, mas funcionou bem para nós”, gracejou Obama.

“A arquitectura é sobre criar edifícios e espaços que nos inspiram, que nos juntam e nos ajudam a fazer o nosso trabalho. E que, no seu melhor, se tornam em obras de artes por onde podemos andar e viver”, adiantou.

“Por isso, a arquitectura pode ser considerada a mais democrática das formas de arte”, adiantou o presidente norte-americano, a pouco mais de um ano das próximas eleições.

[tt]SAPO Vídeos

[center][size=15pt][b]Discurso de Souto de Moura ao receber o Pritzker[/b][/size][/center]

Exmo. Sr. Presidente dos EUA, Presidente do Júri, elementos do Júri, meus Amigos, minhas Senhoras e meus Senhores,

Só quando recebi o convite dizendo “Eduardo Souto de Moura of Portugal” é que acreditei que tinha ganho o Pritzker 2011. Não posso esconder que fiquei feliz, por mim, pela minha família, colaboradores, amigos e clientes. Em nome de todos, os meus sinceros agradecimentos.

Aprendi a desenhar na Escola Italiana do Porto, cidade onde nasci, e no liceu decidi ser arquitecto. Não é que tivesse alguma paixão especial pela disciplina, mas na crise agnóstica dos 15 anos, duvidei se Deus devia ter descansado ao 7º dia. É que, pensando bem, ficou por fazer uma geografia como a de Delfos, a Acrópole para receber o Parténon ou secar um pântano no Illinois, onde a Farnsworth pudesse ficar.

Em 1975 depois da Revolução dos Cravos, comecei a trabalhar com o Arqº Siza Vieira. Não só pela arquitectura, mas sobretudo pela pessoa em si, foi uma experiência excepcional que ainda hoje continuo a fazer com o mesmo prazer. Saí do seu escritório nos anos 80, para ser arquitecto. Foi difícil começar, mas usar a sua “linguagem” parecia-me uma traição e mesmo que o quisesse, não o conseguia fazer, por pudor.

Depois da Revolução, e restabelecida a Democracia, abriu-se a oportunidade de redesenhar um país, onde faltavam escolas, hospitais, outros equipamentos, e sobretudo meio milhão de casas. Não era certamente o Pós-Modernismo, na altura em voga, que nos poderia resolver a questão. Construir meio milhão de casas, com frontões e colunas seria uma perda de energia, pois a ditadura já o tinha ensaiado. O Pós-Modernismo chegou a Portugal, sem quase termos passado pelo Movimento Moderno. É essa a ironia do nosso destino: “antes de o ser já o éramos”.

Do que precisávamos era de uma linguagem clara, simples e pragmática para reconstruir um país, uma cultura, e ninguém melhor que o proibido Movimento Moderno poderia responder a esse desafio. Não era só um problema ideológico, mas sobretudo de coerência entre material, sistema construtivo e linguagem. Se “arquitectura é a vontade de uma época traduzida num espaço”, Mies van der Rohe abriu-nos as portas na redefinição da disciplina tão massacrada até aí, pela linguística, semiótica, sociologia e outras ciências afins. O importante é que a arquitectura fosse “construção”, assim com urgência, nos pedia o país.

Com 10 séculos de História, Portugal encontra-se hoje numa grande crise social e económica, como já aconteceu em vários períodos anteriores. Hoje, como ontem, a solução para a arquitectura portuguesa é emigrar. Como dizia Paul Claudel: “Le Portugal est un pays en voyage, de temps en temps il touche l’Europe”. Resta-nos a “mudança”, como quer dizer a palavra “crise” em grego. Resta-nos decifrar o significado dos dois caracteres chineses que compõem a palavra “crise”: o primeiro significa “perigo”, o segundo “oportunidade”. Em África e noutras economias emergentes não nos faltarão oportunidades, o futuro é já aí. “Trabalhar na transmutação, na transformação, na metamorfose é obra própria nossa.” (1)

Muito obrigado.

Eduardo Souto de Moura

(1) Herberto Helder, “O Corpo. O Luxo, A Obra”

[tt]SAPO Vídeos

Muito prestigiante ora para o galardoado, sem dúvida o mais interessado, ora para o país, Portugal. Agrada-me ver um português, recebendo um prémio, ao lado do Obama.

fabuloso! :clap:

tenho uma admiração enorme pelo souto moura. é muito merecido!