Ouve uma coisa, nem tudo correu de feição. Mas há coisas que correram mal e são da responsabilidade do treinador. Não é por enumerares os factores pelos quais, aparentemente, ele não teve responsabilidade directa ou indirecta, que deixam de haver factores pelos quais ele foi o máximo responsável ou teve influência directa ou indirecta nessas consequências.
O Treinador de futebol não é um agente passivo num clube de futebol profissional. Não é alguém que é avaliado por aquilo que não tem responsabilidade. Só que ultimamente virou moda em Alvalade passar a batata quente para outras mãos, inclusive aqui no Fórum parece ser habitual desculpabilizar o treinador por causa da direcção, e vice-versa. Mas isso, na minha humilde opinião, é totalmente contraproducente. O treinador teve imensas responsabilidades em grande parte dos problemas da equipa de futebol. Que o tenha feito conscientemente ou inconscientemente, nas suas diversas acções, ninguém, a não ser ele e os mais próximos, pode ter certezas. Mas que há muita coisa que fez mal, e por vezes não as soube assumir, é inegável. Que preferiu por vezes desculpas fáceis, sem medir que estava a colocar em causa o que não devia, preferiu. E mal. Porque estava a colocar-se em causa, para além de tudo o resto, a si próprio, ao desculpar-se com os jogadores, o plantel e o conta-gotas. Esse é o caminho mais fácil, e igualmente o mais perigoso, a médio-longo prazo. Falta essa maturidade, falta essa consciência, falta essa capacidade. Faltou-lhe.
Foram 8 meses. A melhor maneira de os avaliar é ir lá atrás às páginas e tópicos do Fórum e fazer a retrospectiva serena e ponderada do que foi o desempenho de Domingos, as incidências, as opções, os factores alheios, as suas responsabilidades. Aí sim, vale a pena fazer esse balanço. Ir buscar apenas aquilo que o pode desculpar, na amálgama de altos e baixos que foi esta época, e esquecer aquilo que Domingos fez sem qualquer resultado prático e sem bons resultados, é estar a distorcer o que foi o seu desempenho. Faça-se a análise estatística, o resumo das incidências, faça-se a cronologia e a fenomenologia da época, e veja-se a fundo o que ficou. Para já, foi um belo endividamento, e resultados… nem vê-los.