Crónicas das camadas jovens 2006/07 – Balanço Final

Caros foristas,

Terminada a época 2006/07, chegou a hora de fazermos um balanço do que foi esta temporada no que às camadas jovens diz respeito. A experiência de mais um ano a viver in loco as venturas e desventuras da formação leonina constituiu-se como mais uma etapa inesquecível do nosso querer e sentir leoninos.

Iniciados

É sabido, desde o início do nosso acompanhamento às camadas jovens do Sporting, que este escalão nunca esteve no topo das nossas prioridades. Este ano não foi excepção, não porque a equipa não o merecesse, mas porque sempre demos prioridade à equipa de juniores e, a uma escala mais reduzida, à equipa de juvenis. E também a verdade é que o tempo não dá para tudo.

No entanto, tal não nos impede de lançar um olhar sobre o que foi a época dos iniciados. Consideramos que a temporada destes leõezinhos foi bastante positiva, não obstante o facto de não terem atingido o título. Ficar em 2º lugar com os mesmos pontos do 1º classificado, perdendo apenas devido a uma alínea completamente desajustada dos regulamentos, não desvaloriza todo o trabalho que foi feito.

Daquilo que fomos lendo ao longo da época e do que fomos ouvindo em conversas informais, dá para perceber que existe um lote de jogadores de qualidade que dão garantias para a próxima temporada, quando disputarem o campeonato distrital de juvenis B. Nunca vimos nenhum destes jogadores actuar mas temos curiosidade de ver em acção jogadores como os centrais André Oliveira e Miguel Serôdio, o lateral esquerdo Rui Coentrão, os médios ofensivos Mauro Antunes, Altaír Júnior e Ricardo Esgaio e os avançados Peter Caraballo e Tiago Cerveira. Estes constituem uma boa base para o futuro desta equipa e deverão ser observados com atenção.

Juvenis

A grande surpresa da temporada. Das três equipas que disputam os campeonatos nacionais, esta era talvez aquela tida como a menos favorita para vencer o seu escalão. Contudo, esta equipa superou-se a si mesma e veio em crescendo até ao final da época, atingindo o seu melhor momento em termos colectivos e arrebatando o tetracampeonato. Ao longo deste ano assistimos a sete encontros dos juvenis (três na 1ª fase, dois na 2ª e dois na fase final) e pudemos verificar esse aumento de qualidade e maturidade desta equipa e dos seus jogadores ao longo do tempo.

Este título acaba por ser muito saboroso. Não só porque qualquer vitória já é saborosa per si mas também porque, durante toda a época, tivemos que ler por essa Internet afora um chorrilho de imbecilidades e asneiras sobre uma afamada equipa de Lisboa com sede na margem Sul. Afinal, após tanta conversa e tanto elogio aos jogadores que, supostamente, eram a nata de Portugal no seu escalão, parece que o campeonato foi ganho pela equipa e adeptos mais humildes, que preferiram deixar que a questão ficasse resolvida no terreno de jogo.

A qualidade desta equipa centra-se essencialmente num núcleo duro de jogadores: o guarda-redes Pedro Miranda, o central Pedro Mendes, o defesa esquerdo Michael Santos, os médios Diogo Amado, André Martins e Diogo Rosado e os avançados Diogo Viana e Wilson Eduardo. Estes jogadores alcançaram o seu primeiro título nacional sendo que, para Diogo Amado e Diogo Rosado, foi o bicampeonato (já se tinham sagrado campeões nacionais de juvenis em 2005/06).

Há ainda que destacar um conjunto de três jogadores que, apesar de serem juvenis B, também foram chamados a dar o seu contributo à equipa principal do seu escalão. São eles o médio Cedric Soares (que jogou quase sempre adaptado a defesa direito) e os centrais Nuno Reis e Filipe Paiva (que jogou igualmente a defesa direito). Estes três leõezinhos são também figuras a ter em conta no futuro próximo e estão já a construir um currículo bem interessante: campeões nacionais de iniciados em 2005/06 e campeões distritais e nacionais de juvenis em 2006/07.

É importante que todos os jogadores da formação se habituem a ganhar e se habituem a fazê-lo com a nossa camisola. É isto que origina uma cultura de vitória a qual necessitamos de ver reproduzida daqui a uns anos na equipa principal do Sporting Clube de Portugal.

Em suma, foi um título muito merecido e arduamente conquistado. Nunca é demais, por essa razão, felicitá-los pelo êxito conseguido.

Juniores

Esta equipa é a menina dos nossos olhos, desde 2004/05. A “geração Carriço”, como carinhosamente a apelidamos, não conseguiu chegar ao bicampeonato. No entanto, tal não pode ser suficiente para considerar esta época como um fracasso. Ficar em 2º lugar a um escasso ponto do primeiro classificado não significa que o trabalho desenvolvido não tenha valido a pena, no que ao formar jogadores diz respeito.

Durante a época assistimos a vinte e sete jogos dos juniores (vinte e três na 1ª fase e quatro na fase final).

As razões para o facto de não termos conseguido vencer o campeonato este ano prendem-se mais com as opções de quem dirige os destinos da formação do que com a valia do plantel. Apesar de não termos contado este ano com Bruno Pereirinha e com Fábio Paim (a partir de Janeiro), tínhamos plantel mais que suficiente para alcançar o título. Infelizmente, durante a época e, sobretudo, na fase final, determinadas escolhas e preferências acabaram, no nosso entender, por não se revelar as mais adequadas. O que é pena, porque podíamos facilmente ter chegado à vitória, embora não descurando o valor da equipa que se sagrou campeã.

Do conjunto de jogadores que agora passam a seniores, e que iniciam uma nova fase da vida, urge fazer alguns considerandos.

Rui Patrício
O que podemos dizer é que após dois anos de observação regular, Rui Patrício evoluiu imenso. Desde sempre tido como uma promessa, tem cada vez mais as condições para se afirmar: talento, atitude e nervos de aço. Sobretudo no decorrer desta última temporada notámos que evoluiu muito, o que não pode deixar de estar correlacionado com o facto de ter integrado o plantel sénior e treinar diariamente com Ricardo Peres.

Daniel Carriço
É um predestinado. De longe o jogador deste plantel que está mais preparado para enfrentar os desafios do futebol profissional. Por mais que o tenhamos escrito e descrito só mesmo quando toda a gente tiver a possibilidade de o ver actuar, é que se irá compreender tudo o que temos dito nos últimos dois anos.

Marco Lança
Dos jogadores mais antigos na formação do SCP, onde joga desde os oito anos. A saída de Simão Coutinho em 2005/06 fez com que passasse a jogar a defesa central. Podemos dizer que foi uma das boas surpresas desta temporada, já que a sua adaptação foi muito bem conseguida (a que não é alheio o facto de Daniel Carriço ter sido o seu parceiro). A verdade é que Marco Lança passou de razoável defesa esquerdo para um bom defesa central. Mereceu o contrato que lhe foi oferecido, em virtude da época que fez.

Tiago Pinto
Outro jogador que evoluiu muito nos últimos dois anos e, cuja última temporada, deixa antever um jogador de futuro para uma posição em que Portugal se encontra actualmente deficitário. Não sabendo ainda qual será o seu futuro próximo, resta-nos esperar que continue de verde e branco.

João Martins
É um jogador de talento, embora irregular no seu nível exibicional. Quando está em forma é alguém com quem se pode contar para um meio campo bem oleado. O João Martins que acaba esta época está um pouco distante do jogador do início da temporada. Disciplinarmente precisa de controlar algum excesso de virilidade ao disputar os lances porque no futebol profissional arrisca-se a ser muito penalizado.

André Pires
Força, energia e vontade são três palavras que rimam com André Pires. Penalizado por não ser um jogador vistoso, é daqueles que desempenham um papel muito importante quase sem se dar por isso. Cresceu muito como jogador neste último ano e tem tudo para se afirmar no futebol sénior.

João Gonçalves
Tal como Marco Lança, joga no Sporting desde os oito anos e só muito recentemente lhe foi oferecido contrato profissional. A meio da temporada deixou de jogar a médio, tendo sido aposta regular a defesa direito. Acabou por se adaptar à posição muito melhor do que se esperava, mas isso pode ser resultante do facto dos ataques da maior parte das equipas adversárias não serem muito fortes. É preciso ver como reage perante as dificuldades de um nível competitivo mais exigente. Achamos que ele devia continuar a sua carreira como médio.

Yannick Pupo
Foi uma das novidades do plantel desta temporada. Mostrou potencial e boas qualidades para a prática do futebol mas precisa de perder alguma indolência e desenvolver capacidade de trabalho e de sacrifício. Não basta ter talento para se singrar numa actividade profissional.

Ricardo Nogueira
Começámos a vê-lo jogar quando era juvenil, tal como aos restantes colegas. Se há dois anos parecia que tínhamos um ponta de lança em potência, hoje diríamos algo diferente. Ricardo Nogueira mostra ser um jogador de colectivo, com técnica quanto baste, mas talvez a jogar numa posição mais recuada e não tanto como homem de área.

Alison
Nestes dois últimos anos não mostrou grande evolução. O estilo malabarista é a sua imagem de marca, mas a inconsequência também. O futebol é um jogo colectivo e Alison desenvolve muito jogo centrado nele mesmo.

Fábio Paim
Jogou a primeira metade da época, sendo posteriormente emprestado. Esteve em bom nível nos jogos que ainda jogou nos juniores. É um jogador de quem se fala há muito tempo mas que tarda em aparecer. Tem um talento indiscutível e raro mas falta-lhe ainda adquirir maturidade.

Se há jogadores que continuam ligados ao Sporting seja por terem contrato desde há muito tempo, seja por recentemente se terem vinculado, outros há que não foram contemplados com a mesma sorte. É altura de também falar um pouco sobre eles, agora que concluíram a sua formação e deixam de representar o clube.

Tiago Jorge
Recrutado aos 16 anos ao Pinhalnovense, não teve sorte. No primeiro ano (enquanto juvenil) não pôde jogar devido a um problema com a carta de desvinculação do Pinhalnovense. No primeiro ano de júnior teve uma lesão que o impossibilitou de jogar mais vezes, para além de estar sempre na sombra de Rui Patrício. É um guarda-redes com muito valor mas que poucas oportunidades teve de o mostrar. Sportinguista de coração, esperamos que consiga tornar-se futebolista profissional e agradecemos-lhe a dedicação com que sempre nos representou.

Vasco Campos
É um jogador que evoluiu bastante de juvenil para júnior, embora talvez não o suficiente para o nível de exigência do clube. A meio da época deixou de ser opção perante a adaptação de João Gonçalves, quando, racionalmente, não havia necessidade de o fazer. Esperamos igualmente que consiga ter um futuro no futebol profissional, pois também sempre deu o seu máximo com a nossa camisola vestida.

Sebastião Nogueira
Foi sempre considerado como a última opção a ter em conta, ou como um mero “tapa-buracos” para situações de emergência. A expressão não é simpática mas infelizmente, quem traça as directrizes da formação, declaradamente, mostrou que não contava muito com ele. Por essa razão, não foi uma surpresa a sua saída. Jogador de grande qualidade e garra, é quase escandaloso não lhe terem sido dadas mais oportunidades. Sportinguista de coração, esperamos que o futuro lhe sorria no que ao futebol profissional diz respeito. E também lhe agradecemos a dedicação que mostrou com a nossa camisola.

Em relação aos jogadores que têm mais um ano de júnior pela frente, há que destacar em primeiro lugar Adrien Silva. Foi o júnior de 1º ano mais utilizado e, tal como Daniel Carriço, está um passo à frente em relação aos colegas da sua geração em termos de maturidade desportiva. Outras boas referências devem ser feitas a André Santos e Marco Matias que realizaram bons jogos, prometendo um segundo ano de júnior ainda melhor. Quanto aos outros futebolistas terão mais um ano para mostrarem o melhor de si.

A todos eles agradecemos os momentos que nos proporcionaram e desejamos-lhes, do fundo do coração, muita boa sorte para o futuro, independentemente de continuarem no Sporting ou de prosseguirem as suas carreiras em outros clubes.

Ricardo e Susana

Muito obrigado pelas vossas análises, Susana e Ricardo. Como sempre, análises completíssimas sobretudo nos juniores. :clap:

Um dos jogadores a quem vocês fazem referência e de quem realmente fiquei com muito boa impressão no jogo que fui ver contra o FCP é o Sebastião Nogueira. Sei que apenas vi um jogo, mas a vossa análise confirma: jogador valoroso, cheio de garra, pareceu-me inventivo na forma como se livra dos adversários e dinamizador do jogo atacante da equipa.
Mais uma vez dizendo que só vi um jogo contra o campeão, fiquei um pouco desiludido ao saber que foi dispensado do clube.
Espero que um dia não nos arrependamos (sob o ponto de vista do clube e do desperdício - sob o ponto de vista do jogador espero que tenha muita sorte na sua carreira)

Excelente trabalho que permite a quem como eu está longe, possa ter pelo menos uma ideia do que se vai passando na nossa Academia. Obrigado :clap:

Excelente trabalho feito por este duo Sportinguista, que também é um apaixonado pela nossa formação[quem não o é?].
Vão certamente continuar a seguir a nossa formação, embora sem tanta periodicidade, mas a paixão continuará lá para sempre.

Já agora, se souberem de alguma confirmação de empréstimo ou clube dos dispensados, eu agradecia.

Parabéns a vocês os 2.

Muito boa analise e balanço da epoca dos juniores!! mas fiquei um pouco desiludido por não terem dado o devido destaque que o adrien silva me parece que merece!!! se fosse possivel gostaria que me falassem um pouco mais sobre ele e sobre o joão martins, que hipoteses estes dois jogadores têm de ser o futuro do meio campo do sporting!!!

E já agora penso que não falaram do vivaldo, o que pensam dele???

Falta de atenção, eles falaram nos jogadores que vão “deixar” o Sporting por terem sido dispensados, outros emprestados e outros vão subir a séniores. Mas isto, falando de Juniores de 2º ano.

Ao Coração de Leão e à Felina o meu muito obrigado pelo trabalho que brilhantemente desempenharam até agora permitindo a todos os utilizadores deste fórum um conhecimento bastante intimo sobre a formação do Sporting.

:clap: :clap:
Muito obrigado aos dois pelo trabalho fantastico desenvolvido por vos :exclaim:

Obrigado também. Excelente crónica. :clap:

:clap: Coração de Leão para director desportivo do Sporting

Muito obrigado aos manos pelo resumo da época!

Para o ano espero ir mais vezes a Alcochete para poder tb contribuir.

:arrow:

Da minha parte quero agradecer o enorme esforço que fizeram nestes últimos dois anos e meio para elucidar melhor os sportinguistas sobre a qualidade dos nossos jovens e reportar os seus desempenhos nos jogos.

Há que não esquecer que se hoje em dia sobre as camadas jovens do Sporting conseguimos encontrar já uma quantidade razoável de informação, há não muito tempo atrás a única fonte de informação regular e independente sobre a formação do Sporting que havia na Internet era precisamente o trabalho do Coração de Leão e da Felina.

Gostava ainda de confessar que descobri este fórum e registei-me nele há quase um ano e meio, por culpa das crónicas destes excelentes membros do Fórum SCP.

Obrigado!

Um enorme agradecimento e muitos parabéns pelas crónicas que todos nós acompanhamos com muito gosto e prazer. :clap: :clap: :clap:

Gostava em primeiro lugar agradecer as excelentes cronicas por vós apresentadas aqui no Forum. Claro que não vou gastar todos os meus elogios convosco, pois daqui a mais uns anos de boas cronicas seria a banalização dos elogios ;D

Relativamente à equipa de Iniciados, apenas tive oportunidade de a observar em duas ocasiões, contra o Porto e Boavista.

Estou, no entanto, perfeitamente de acordo com a tua opinião relativamente aos destaque individuais.

Permite-me voltar a destacar os dois centrais, Miguel Serôdio e André Oliveira, a maturidade e garra do Rui Coentrão, e o Tiago Cerveira. Este ultimo acho que não engana, nasceu para ser jogador de futebol.

Há muito tempo que acompanho as camadas jovens do Sporting, existe hoje uma grande diferença, nos jogadores formados na nossa Academia - A atitude e o querer ganhar!!

Outra diferença é o o jogador tipo, hoje temos jogadores que jogam com os pés mas também pensam o jogo, antigamente tínhamos mais o chamado “jogador da bola”.

Uma ultima palavra para o Altaír Junior. Sendo o jogador mais midiático desta equipa, esperava obviamente muito. Na altura saí, devo dizê-lo, um pouco decepcionado. Hoje, mais friamente, verifico que existem duas razões para ele não ter sido tão explosivo e brilhante como estava a espera:

1º - Existir um novo prototipo de jogador Sporting, mais colectivo, mais disponível para ajuda defensiva, mais conhecedor do jogo.

2º - O ser Iniciado de 1º ano, o que nestas idades, cria uma certa hierarquia.

Devo, pois dar os meus sinceros parabéns a esta geração de jogadores. :clap:

O nosso objectivo principal, ao fazer este balanço, foi dar ênfase aos jogadores que concluíram a sua formação e passam agora para o mundo do futebol profissional. Em relação aos jogadores de que falas, experimenta fazer algumas leituras aqui pelo fórum da formação, onde encontrarás dezenas de crónicas com apreciações a esses jogadores.

Epah mas que trabalho. Muitos parabens já não sei o que seria de mim sem as cronicas constantes dos jogos de formação do Sporting. Grande Trabalho.Keep It Doing :clap: :clap: :clap: :victory:

Muitos parabéns pelo brilhante trabalho aos dois.
Por mim já tinham um Stromp. ;D :clap: