O meu comentário:
- Redução do número de clubes.
A ideia não é nova - já há pelo menos 15-20 anos que ouço propostas parecidas. Em teoria, parece-me boa - desde que a 2ª fase não seja uma tábua rasa da 1ª fase. É que isso levaria os “grandes” a desinteressarem-se completamente da competição assim que assegurassem a passagem à 2ª fase, tornando as últimas jornadas da 1ª fase numa farsa.
A solução que foi experimentada na II B e na III Divisão parece-me mais interessante, com os clubes a levarem metade dos pontos da 1ª fase para a 2ª.
Mas há que contar com o conservadorismo dos clubes e até dos adeptos. É que choveram críticas violentas (ainda que, nmo, despropositadas) ao modelo da II B do ano passado - e que era muito parecido com o que sugeres. Acredito que o azedume se deveu menos ao formato da competiçao e mais ao facto de a FPF não ter ouvido os clubes e, sobretudo, de só haver duas vagas para a promoção à II Liga. Mas, mesmo assim, estou mesmo a ver um Luís Filipe Vieira a vir reclamar que o modelo é contra a “verdade desportiva” porque o Benfica foi 1º na 1ª fase e depois ficou em 4º ou 5º na fase decisiva…
Por outro lado, também não estou a ver os três grandes a votarem numa proposta que torna coloca em maior risco a sua qualificação para a Liga dos Campeões.
- A Liga Ibérica e Liga Europeia.
Sou um defensor da hipótese Liga Ibérica. Não percebo muito bem porque é que o risco para os clubes nacionais que ficam de fora se aplica a esta hipótese e não à da “Liga Europeia”.
Acho isso pode ser evitado com a fusão total dos campeonatos português e espanhol, seguindo a tal regra da proporcionalidade - ainda que o rácio exacto dependa da negociação entre as Ligas dos dois países. Mas a ideia é mais ou menos assim:
- Ter uma I Divisão e uma II Divisão peninsulares.
- As III e IV Divisões seriam compostas por séries regionais – mas evitando que existam séries só portuguesas. Podia-se ter as equipas do Norte jogando com as da Galiza, as do Centro em Castela-Leão e as do Sul na Extremadura e na Andaluzia.
- Do quinto nível para baixo teríamos apenas campeonatos regionais
- Mantinha-se uma Taça de Portugal, que manteria um lugar de acesso às competições europeias.
Para os grandes as vantagens são evidentes. O embate podia ser um pouco violento ao princípio, mas em poucos anos estariam em condições de ombrear com as equipas espanholas de topo, pois têm número de adeptos e infra-estruturas para isso. Para os clubes médios (Belenenses, Braga, Vitórias, Marítimo…) as vantagens também são grandes. Suspeito que uma II Divisão espanhola patrocinada e televisionada não fique a dever nada em receitas à I Liga portuguesa e dá-lhes um espaço mais competitivo; e sim, perdiam numa primeira fase as chances de ir à Europa - mas, nas actuais condições, as participações na UEFA só têm dado prejuízo. Para as outras equipas, o facto de jogarem em séries com equipas do outro lado da fronteira pode ser uma importante fonte de receita A proximidade geográfica e o poder de compra superior dos espanhóis, podem tornar um Gil Vicente - Celta ou um Olhanense - Huelva muito mais apelativos para o público dos dois lados da fronteira do que um Gil Vicente-Olhanense, por exemplo. Além de que o âmbito a obtenção de patrocínios regionais para as várias séries tornava-se mais viável.
Claro que aqui o grande obstáculo seria a vontade dos próprios clubes espanhós, que pouco ou nada têm a ganhar com a inclusão das equipas portuguesas.