Caso dos Emails: Corrupção da Magistratura/Operação Lex/Escritórios de Adv

Intro:

[i]As figuras mais mediáticas da Operação Lex são, indiscutivelmente, Rui Rangel e Luís Filipe Vieira. O primeiro por ser uma pessoa que, alegadamente, usa do enorme poder que o seu cargo lhe confere para influenciar o desfecho de processos judiciais em favor daqueles que lhe paguem ou lhe prometam outro tipo de contrapartidas. O segundo por ser presidente do Benfica, mesmo sabendo-se que o caso de tráfico de influências / corrupção de que é suspeito nada ter a ver com a sua atividade enquanto líder do clube. Isto significa que, apesar de serem duas figuras reconhecidamente ligadas ao Benfica - Rangel já foi candidato à presidência -, é legítimo que se diga que este caso não tenha nada a ver com o clube.

No entanto, é impossível ignorar que existe uma ligação demasiado estreita entre muitas das figuras apanhadas nesta teia e o Benfica. O processo tem, até ver, 13 arguidos, e uma 14ª pessoa que, não sendo arguida neste processo em concreto, está fortemente envolvida. Dos 14 implicados, é amplamente conhecida a ligação de 5 deles ao Benfica:

1. Rui Rangel: ex-candidato a presidente do Benfica e membro da Comissão de Honra da candidatura de Vieira em 2016. Arguido. Não pode (por enquanto) ser detido por ser juiz. Foi ontem suspenso pelo Conselho Superior de Magistratura.

  1. Luís Filipe Vieira: presidente do Benfica. Diz-se que há escutas em que se prova ter oferecido cargos no Benfica em troco de uma decisão favorável num processo respeitante ao seu filho. Arguido com termo de identidade e residência.

3. Fernando Tavares: vice-presidente do Benfica, tendo a seu cargo o pelouro das modalidades. Amigo próximo de Rangel. É também suspeito do crime de tráfico de influências. Arguido com termo de identidade e residência.

  1. João Rodrigues: antigo presidente da FPF, foi apanhado nas escutas do Apito Dourado a servir de intermediário entre Vieira e Pinto de Sousa, na altura presidente do Conselho de Arbitragem, para a escolha de árbitros para os jogos do Benfica. Aparece na Operação Lex como suspeito de tráfico de influências. Arguido com termo de identidade e residência.

  2. José Veiga: antigo diretor de futebol do Benfica, foi um dos homens de confiança de Vieira durante vários anos. Não é arguido neste caso em concreto - está em prisão preventiva no âmbito do processo Rota do Atlântico, de onde teve origem a Operação Lex - mas é uma das pessoas apanhadas a pedir a Rangel para influenciar processos judiciais, um dos quais para prejudicar o Sporting.

Octávio Correia, o sexto elemento

Há, no entanto, uma outra figura envolvida neste processo que, sendo desconhecida do grande público, tem ligações fortes com o mundo do futebol e, em particular, com o Benfica. Refiro-me a Octávio Correia, o oficial de justiça que, alegadamente, viciava os sorteios do Tribunal de Relação para atribuir determinados processos a Rui Rangel. Octávio Correia é um dos cinco detidos da Operação Lex.

Octávio Correia foi delegado da Liga durante as épocas 2009/10 e 2010/11. Sobre esta personagem, há muito para dizer. Para começar, transcrevo o que Bernardino Barros revelou na quinta-feira no site Batalha1983 (LINK):

No “Caso LEX”, um dos detidos e já presente a interrogatório, foi o escrivão da 9ª secção do Tribunal da Relação de Lisboa, de seu nome Octávio Correia.

Este senhor foi, em tempos, delegado da Liga (nas épocas 2009/10 e 2010/11) tendo sido suspenso (internamente) por não cumprir com os regulamentos internos – por exemplo, não relatando factos presenciados nos terrenos de jogo. Por esses motivos, levou um aviso no início da época 2010/11; mas, a reincidência, no dia 17 de Abril de 2011, no jogo 12706 (benfica vs. Beira Mar), conduziu a que o Coordenador do Delegados o suspendesse por um mês e não o convidasse a integrar o quadro de delegados na época seguinte.

Recorde-se que, no dia 17 de Abril de 2011, o sr. Octávio Correia era o delegado no terreno, tendo omitido os insultos que Rui Costa (o da estrutura encarnada) dirigiu, no final do encontro, a Elmano Santos, o árbitro da partida, levando a que o delegado principal, situado no camarote, tivesse problemas por o assunto não ter sido reportado no relatório final…

Portanto, estamos perante mais um caso em que um delegado omitiu, de forma muito conveniente, factos que poderiam implicar castigos para um dirigente do Benfica. Na prática, uma situação semelhante a uma outra revelada pelos emails: a oferta de bilhetes do jogo do título de 2015/16 de Paulo Gonçalves a Simões Dias, um ex-delegado que, em 2008, foi suspenso por ter falsificado um relatório de forma a omitir insultos de Nuno Gomes e do próprio Paulo Gonçalves ao árbitro Pedro Henriques. No email, Paulo Gonçalves justificava a oferta dos bilhetes a Simões Dias da seguinte forma: “Com essa omissão safou-me a mim e ao Nuno Gomes de uma sanção, mas lixou-se.”

Voltando a Octávio Correia, não há registos que tenha sido presenteado com convites para ver jogos do Benfica em honra… mas fez isto no dia 16 de março de 2010:

Portanto, o que temos aqui é um delegado em funções a pedir bilhetes a Paulo Gonçalves para um juiz desembargador. E note-se que este Benfica - Braga não era um jogo qualquer: era apenas o jogo do título

Falamos, portanto, de um pedido de favor especial, já que a procura de bilhetes para este jogo foi enorme. O Benfica venceria o Braga por 1-0 e aumentaria a vantagem para 6 pontos, almofada essa que viria a revelar-se decisiva para recuperar um título que lhe fugia há 5 épocas.

Repito: Octávio Correia era, à data, um delegado da Liga em funções. Consultando o arquivo da Liga podem ver que Octávio Correia tinha sido delegado a um jogo disputado 9 dias antes deste email: LINK. Mais um exemplo de promiscuidade que, a meu ver, configura mais um caso de tráfico de influências. Considerando isto e as acusações que recaem agora sobre Octávio Correia, ficamos conversados em relação ao seu carácter moral.

Claro que isto tudo já são ocorrências com quase oito anos, mas desenganem-se aqueles que pensam que a ligação entre Octávio Correia e o Benfica pode ter esfriado ao longo do tempo. Bem mais recentemente, em outubro de 2016, Octávio Correia foi um dos convidados para o jantar de encerramento da campanha presidencial de Luís Filipe Vieira:

No ficheiro está identificado tal como podem ver: OCTAVIO (TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA). Para que não haja dúvidas de que falamos da mesma pessoa, podem confirmar neste LINK (quadro de funcionários do Tribunal de Lisboa) que existe apenas um Octávio.

Creio que também ficamos conversados em relação ao nível de proximidade entre Vieira e Octávio Correia. E chamo a atenção para o pormenor que não foi identificado nem pelo nome e apelido, nem como OCTAVIO (EX-DELEGADO DA LIGA). Foi mesmo como OCTAVIO (TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA). Porque será?

Curiosamente, entre os convidados a este jantar podemos encontrar também os nomes de Rui Rangel…

… e de Jorge Barroso…

… que é outro dos cinco detidos da Operação Lex. Jorge Barroso é o advogado de Luís Filipe Vieira na área do imobilário, e, segundo a imprensa, terá sido apanhado em escutas a servir de intermediário entre Vieira e Rangel para a “compra” da influência do juiz.

Para um processo que, segundo nos dizem, nada tem a ver com o Benfica, não deixa de haver demasiados pontos de contacto. Veremos se não aparecerão outras surpresas num futuro mais ou menos próximo.[/i]

Toupeira na investigação (excerto abaixo), disponível no mercadodebenfica:

Ao Coordenador de Investigação, o meu profundo agradecimento enquanto cidadão.

Um excerto do doc (são 6 páginas - PJ ). Leiam tudo.
O benfica continuou com as fugas ilegais e devassa do processo.

(…)
[i]"O denunciante acabou por precisar, igualmente, que uma das Sociedades de Advogados à qual terá chegado o acervo de documentos/peças processuais aqui em apreço, segundo o seu conhecimento pessoal, terá sido a sociedade «Vieira de Almeida» (sic), sendo que, também alguma imprensa, não identificada pelo denunciante, poderia já estar a par de alguma desta informação.

Mais referiu o denunciante que os responsáveis do clube em causa acompanhavam, «a par e passo» (sic), desde o início, o desenvolvimento da investigação em causa, tendo conhecimento privilegiado sobre a tramitação processual do inquérito: «sabem tudo sobre o processo» (sic)."
(…)[/i]

“a sequência de diligências prévias e urgentes do signatário, junto do DIAP de Lisboa, a fim de apurar, em abstrato, o modo de funcionamento do programa informático do MJ, denominado SITIUS, e quais os conteúdos nele constantes e acessos viabilizados, foi possível apurar que, em termos informáticos, o tipo de informação agora transmitida e de documentação da qual aquela poderia ter decorrido, apenas estará ao alcance de funcionários a exercer funções no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, porquanto, o trato sucessivo informático dos autos em causa apenas estaria ao alcance, através dos conteúdos ínsitos no sistema informático daquele Tribunal, por meio de anotações, documentos originais ali elaborados e/ou digitalizações (tudo isto sem prejuízo de oportuna confirmação técnica).”

(…)
“Os factos ora relatados são graves e são em si mesmos suscetíveis de consubstanciar a prática de crimes graves, designadamente e a confirmar-se, cometidos no exercício de funções públicas – acrescidamente, no interior de órgão de soberania – os quais, em si mesmos, potenciaram fortemente a destruição da viabilidade investigatória do inquérito em referência. Dir-se-á que, a confirmar-se a denúncia, tais práticas surgem igualmente associadas a Agentes Desportivos e/ou Advogados, sendo que a específica natureza dos factos relatados, conexa com corrupção, impõe com caráter de urgência o desenvolvimento de investigação, sujeita a regime de sigilo.”

(a adicionar imagens)






O arguido João Rodrigues:

Para mais, ir a arquivo de Gonçalves, 2010 e 2011, última página.
http://www.forumscp.com/index.php?topic=69094.20
http://www.forumscp.com/index.php?topic=68979.340

De B., para o mundo, com amor.
Na foto abaixo, Francisco Oliveira - o contacto priveligiado com B. -, junto a Vieira, na apresentação do empreendimento do Recife da Promovalor.


https://twitter.com/_o_polvo/status/963340662312751104

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http://www.sabado.pt/portugal/detalhe/benfica-distribuia-bilhetes-pelas-financas-governo-e-tribunais?ref=HP_DestaquesPrincipais

[size=10pt]Não só nas bilheteiras do Estádio da Luz há uma corrida aos bilhetes sempre que o Benfica joga em casa. Nas caixas de correio de alguns responsáveis também se assiste a um corropio de pedidos e ofertas: um lugar para [b]Júlio Loureiro[/b], funcionário judicial, bilhetes para o[b] Serviço de Finanças de Lisboa[/b] (5) e até [b]Rita Abreu Lima[/b], chefe de gabinete do ex-ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, avançou com a clássica "cunha" para uns lugares. No meio de tantos pedidos, [b]Nuno Salpico[/b], juiz de direito, que tinha julgado um processo cível dos encarnados, surge a pedir um patrocínio para um filme sobre D. Nuno Alvares Pereira, o Santo Condestável.

Os emails já tornados públicos no blog “mercadodebenficapolvo.wordpress.com” revelam que, em setembro de 2010, Pedro Garcia Correia, advogado da sociedade "Correia, Seara, Caldas, Associados" (CSCA), envia um primeiro mail ao juiz, afirmando que a falta de comunicação até à data “não significa esquecimento da sua solicitação”. Nesse ano, recorde-se, Nuno Salpico era o juiz titular de um processo cível que opunha o Benfica à Britalar, empresa do presidente do Sp. Braga, António Salvador, caso que acabou com um acordo extra-judicial. No mesmo mail, o advogado do escritório que tem representado o SLB em alguns processos referiu ao juiz que pretenderia abordar “pessoalmente” Luis Filipe Vieira sobre as “questões” colocadas pelo juiz.

E que “questões” eram essas? Tudo se tratava, como se percebe de uma comunicação de 13 de Setembro de 2010 do juiz para o advogado, de um patrocínio do Benfica a um filme do “Condestável Nuno Álvares Pereira”. " O argumento conta no seu elenco de 131 cenas com uma cena dedicada a uma singela partida de futebol no Verão de 1385, escassas horas antes da Batalha de Aljubarrota, onde estará, quem sabe, a génese de um Benfica grande (sonhando na noite dos tempos), jogado pelas gentes do povo de Lisboa (paralelismo que sairá reforçado, acaso seja possível a participação dos craques do Benfica no jogo filmado)", argumentou o juiz.

Os emails foram reencaminhados para um dos sócios da CSCA, José Luís Seixas, que há pouco tempo representou Luís Filipe Vieira nas buscas realizadas à sua casa no âmbito da Operação Lex. A 14 de Setembro de 2010, o advogado fez chegar o pedido a Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD do Benfica, com o seguinte comentário: “O dr. Nuno Salpico, além de um juiz de mão cheia, tem sido particularmente atencioso com os advogados do Benfica. Além disso, o Santo Condestável merece tudo”

A Ex-chefe de gabinete e o pedido vindo de cima

O vasto acervo de emails não mostra o que aconteceu à proposta, mas revela que pedidos de bilhetes não são um exclusivo do actual governo. Em 2011, Diogo Guia chefe de gabinete do então secretário de Estado do Desporto e Juventude, Emídio Guerreiro, fez chegar a Paulo Gonçalves um pedido: três bilhetes para a “colega” Rita Abreu Lima, chefe de gabinete do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, e outros elementos da estrutura. Jogo em causa: SL Benfica- FC Otelul para a Liga dos Campeões, que acabou com a vitória do clube da Luz por 1-0. O pedido já tinha sido recusado pelos serviços do Benfica, mas Diogo argumentou com Paulo Gonçalves: “Sendo objectivamente chato, pergunto se consegue um milagre das rosas”. Diogo Guia atreveu-se a pedir “o favor”, “pois este pedido veio directamente de cima. E é importante”.Na resposta, Paulo Gonçalves informou que o administrador executivo Domingos Soares Oliveira tinha liberado a oferta, mas advertiu: “Não podemos, contudo, garantir que este nível de deferência se possa repetir no futuro”.

Bilhetes para a repartição de Finanças

Quem também tinha direito a bilhetes era o Serviço de Finanças 5 de Lisboa. Isto mesmo se percebe de um email enviado, a 28 de novembro de 2016, por Cristina Lopes, quadro do fisco, para António Rafael Rovisco, do departamento de contabilidade do clube: “Se fosse possível, arranjava-me três bilhetes fora os da repartição para o jogo com o Nápoles para mim. Obrigado”. O jogo para a Liga dos Campeões disputou-se a 6 de Dezembro de 2016, terminando o Benfica com uma derrota por 1-2. No mesmo dia da solicitação António Rovisco fez chegar o pedido a Miguel Moreira: “Consegue-se satisfazer este pedido do Serviço de Finanças?” até acabar no email de Ana Zagalo, directora do departamento Corporate, com a indicação: “Proporciona estes 3 convites às finanças, sff”.

Recorde-se que o actual ministro das Finanças, Mário Centeno, foi investigado por um eventual crime de recebimento indevido de vantagem, por o seu assessor ter solicitado dois convites para um Benfica-Porto de 2017. No caso da repartição de Finanças, o pedido terá sido bem maior

E mais bilhetes para o funcionário judicial que partilha informação do tribunal

Já em Abril de 2017, Paulo Gonçalves fez chegar a Ana Zagalo pedidos de bilhetes (Benfica-Estoril) para dois personagens centrais do chamado caso dos emails: Nuno Cabral, antigo delegado da Liga, suspeito de passar ao Benfica informação privilegiada daquele órgão e dados pessoais de árbitros, e Júlio Loureiro. Este último foi contemplado com quatro bilhetes para o piso 1. Um mês antes, Júlio Loureiro também integrou uma lista de pedidos de bilhetes feita por Paulo Gonçalves para o Benfica-Porto, tal como Nuno Cabral e Ferreira Nunes, antigo vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, que tem estado ligado ao caso dos emails desde o início.

Quem é Júlio Loureiro? De acordo com outros emails já difundidos publicamente, tratar-se-á de um funcionário judicial do Tribunal de Guimarães. A 10 de Novembro de 2016, através de um endereço de correio electrónico do “gmail”, Júlio Loureiro enviou a Paulo Gonçalves uma notificação judicial para a audição do treinador Rui Vitória como testemunha num processo no Tribunal de Guimarães. Com o comentário: “Para conhecimento antecipado, dado ser uma data que antecede a viagem à Turquia, remeto-lhe cópia de uma notificação para Rui Vitória, Agradeço discrição quanto ao assunto uma vez que nem sequer é da minha secção, ok?”.[/size]


http://www.sabado.pt/portugal/detalhe/juiz-rui-rangel-e-suspeito-de-angariar-clientela?ref=Geral_DestaquesHP_portugal

(...) [size=10pt]Ao juiz conselheiro do Supremo, Rui Rangel foi descrito pelo procurador como "o principal suspeito nos autos", o qual "se encontrará associado a um conjunto de indivíduos que, em indiciaria conjugação de esforços e intentos, consigo comparticipam no desenvolvimento da actividade ilícita", refere o mandado, revelado pela primeira vez pela RTP, acrescentando que tal actividade poderia ocorrer ao nível da "angariação de clientela para a prestação de serviços de alegada influência junto de decisores judiciais" ou para aquilo que o Ministério Público designou por "serviços jurídicos diversos".

Neste último ponto entram como principais suspeitos de associação a Rangel os advogados José Santos Martins, Jorge Barroso e João Rodrigues e o funcionário judicial do Tribunal da Relação de Lisboa Octávio Correia. Depois, continua o MP, outros suspeitos fariam parte da “dissimulação dos proventos”: o mesmo Santos Martins e o seu filho, Bernardo Santos Martins, a juíza desembargadora Fátima Galante, Rita Figueira e o seu pai, Albertino Figueira, e Bruna Amaral.

No que diz respeito a Luís Filipe Vieira, o MP considera que o presidente do Benfica, através do advogado Jorge Barroso, passou pelo uso de uma suposta influência de Rangel junto de um juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra, onde Vieira ainda tem um processo a correr contra a Autoridade Tributária, “a troco de um posto futuro na direcção do Sport Lisboa e Benfica ou na Universidade que tal clube projecta instalar no Seixal”[/size]
(…)


E eis que este assunto está já num silêncio ensurdecedor… não sei como eles conseguem. Não há fugas de justiça, não há capas. Um escândalo com a gravidades destes durou uma semana na CS. Enfim…

porta 18, vouchers, mails, toupeiras… enfim, espanta me que ainda acreditem no pai natal

Enviado do meu Redmi Note 3 através do Tapatalk

https://twitter.com/EPlurCorruptum/status/974218755990605824



Os clientes, os angariadores, os cúmplices: O que a investigação tem contra o juiz Rangel

A VISÃO revela o que a investigação tem contra o juiz suspeito de vender sentenças judiciais: a lista dos clientes, as escutas, os emails e os movimentos bancários de uma alegada rede que usava o poderoso Tribunal da Relação de Lisboa

Rui Rangel já só quase falava por Whatsapp (o sistema VOIP não é rastreável pelas escutas telefónicas) quando cometeu um deslize a 25 de maio de 2017. Nesse dia, desesperado por dinheiro para pagar as contas, o juiz enviou várias mensagens a José Bernardo Santos Martins, o advogado que é suspeito de ser o seu testa de ferro. Apesar de o desembargador ter disfarçado e ter perguntado como estava o assunto “Rita”, Santos Martins respondeu falando de uma “Natércia”, e dizendo que pensava que aquela já teria pago ou iria pagar. Não satisfeito, Rangel voltou a insistir. O amigo advogado respondeu-lhe que ela tinha andado “a juntar das receitas dos restaurantes” e no dia seguinte já pagava: “Ainda é um valor considerável, €1 300.” Mesmo assim, o juiz do Tribunal da Relação de Lisboa voltou a dar ordens: “Mas tem de ser hoje, fala com a Natércia.”

Nesse mesmo dia, Santos Martins ter-se-á encontrado com uma secretária de Natércia, que o informou que já tinha feito o pagamento de uma das referências multibanco (no valor de €258,11) e no dia seguinte pagaria a outra. A 18 de agosto, foi Santos Martins quem voltou a abordar o assunto “Natércia” junto de Rangel, informando-o de que “€130” teriam chegado através dela.

Santos Martins e Rui Rangel falavam sobre Natércia Pina, funcionária hospitalar e dirigente do PSD Oeiras que é suspeita de fornecer ao marido, empresário da restauração, informações confidenciais sobre os concursos para a concessão de cantinas e cafetarias em hospitais no processo Pratos Limpos e que já foi visada em outros quatro processos judiciais por crimes de burla e de abuso de confiança fiscal.

Os procuradores que conduzem a Operação Lex estão convencidos de que Natércia Pina fez pagamentos e transferências bancárias, via Santos Martins, que “beneficiaram diretamente Rui Rangel” ou pessoas indicadas pelo juiz. Natércia é uma das 16 pessoas ou entidades que o Ministério Público aponta como supostos clientes da rede de Rui Rangel.

Como sabia que estava a ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça, Rangel terá tido cuidados redobrados no último ano, evitando falar ao telefone com alegados clientes e procurando não deixar rasto destes alegados trabalhos paralelos. Foi por isso que, a determinada altura, a investigação ficou vidrada nas conversas telefónicas de Rita Figueira, ex-companheira do desembargador e mãe de uma das suas filhas. A 17 de maio de 2017, Rita Figueira contou ao pai, Albertino Figueira, que o juiz do Tribunal da Relação de Lisboa vendia a sua influência junto de clientes que procuravam decisões judiciais favoráveis. E usou expressões pomposas para descrever a alegada atividade oculta do desembargador. Chamou-lhe serviço de “distribuição [de processos] a juiz da sua confiança para decisão a contento” (decisão satisfatória). Acrescentou ainda, nessa mesma conversa, que todo o dinheiro do desembargador estava nas mãos do advogado Santos Martins, nas contas do filho desse advogado (Bernardo Martins) e “lá fora”. Cerca de dois meses depois, a 27 de julho, a ex-companheira de Rangel trouxe ao processo outro pormenor sumarento, confidenciando ao pai que o juiz teria escondido dinheiro numa casa de Santos Martins, na Guarda.

Também Santos Martins, detido na Operação Lex por suspeitas de manter negócios privados com Rangel e de ser há anos o guardião do seu dinheiro, esteve sob escuta durante meses. A 30 de maio de 2017, enquanto conversava com um alegado cliente seu e do juiz, desabafou que Rangel tinha “a vida toda enredada” à sua volta, pelo que, se ele caísse, o juiz também cairia e iria ser “uma grande confusão”.

Estas conversas são consideradas vitais para a investigação por sustentarem a tese de que Rui Rangel, desde pelo menos 2004, “de forma sistemática e reiterada”, ofereceria a terceiros um alegado poder de influência junto de outros magistrados para conseguir decisões judiciais favoráveis. O Ministério Público chama-lhe “mercado de traficância de influência” e alega que Rangel chegaria mesmo a invocar junto da sua clientela que teria poderes “de manipulação da distribuição de processos aos juízes do Tribunal da Relação de Lisboa” – onde trabalhava e onde chegam os recursos da maior parte dos processos mediáticos do País. Tem 154 juízes e é o fim da linha para muitos arguidos que lutam por uma medida de coação mais reduzida, uma vez que só algumas penas permitem que se recorra para o Supremo Tribunal de Justiça (tribunal acima da Relação). É também o tribunal para o qual se recorre das decisões de juízes de instrução. Ou seja: é onde um arguido pode tentar invalidar escutas e arrestos de bens ou reduzir as suas medidas de coação.
Mais de €900 mil e 270 depósitos

A 8 de janeiro deste ano, dia em que o juiz Pires da Graça ia interrogar Rui Rangel no Supremo Tribunal de Justiça, o desembargador optou por ficar em silêncio. Uma sala cheia de caixas com documentos esperava pelo juiz, mas o seu advogado João Nabais alegou que uma hora seria insuficiente para consultar todo o processo. Além das escutas telefónicas, o Ministério Público já tinha concentrado em dossiers os emails apreendidos nas primeiras buscas e 29 apensos bancários que mostram em pormenor como ele iria recebendo dinheiro dos alegados clientes.

Uma boa parte das verbas chegaria via Santos Martins. O advogado terá depositado €394 mil em dinheiro vivo em contas conjuntas do desembargador com a juíza Fátima Galante (com quem Rangel ainda é casado oficialmente), entre janeiro de 2007 e janeiro de 2017. Ao todo, terão sido 270 depósitos em numerário, havendo dias em que houve três em três agências bancárias distintas. 2013 foi o ano em que mais dinheiro vivo caiu nas contas de Rangel via Santos Martins: 124 mil euros.

O advogado alega que fazia há anos pagamentos a Rangel e a Galante para saldar uma dívida decorrente de negócios imobiliários. Mas a frequência das operações e a sofreguidão de Rangel nos pedidos de auxílio financeiro deixam o Ministério Público com muitas dúvidas sobre esta defesa.

Além dos depósitos em numerário, Santos Martins terá feito chegar às contas de Rangel mais €156 mil através de cheques e transferências bancárias. Terá ainda assegurado pagamentos de um crédito pessoal contraído por Rangel e Galante junto da Credibom, num total de perto de €48 mil; comprado móveis para Rangel de quase €20 mil e cedido perto de €10 mil para pagar despesas do juiz com telefone, carro, água, luz, gás e farmácia. A investigação também detetou depósitos de Santos Martins nas contas de Rita Figueira e do seu pai, Albertino Figueira, e desconfia que o advogado suportou pelo menos uma parte das rendas mensais de €2 350 de um apartamento no Saldanha, em Lisboa, onde Rangel morou entre 2012 e 2013.

Alguns destes movimentos bancários estão até sublinhados a negrito no processo. O Ministério Público reparou, por exemplo, na coincidência das datas dos depósitos nas contas de Rui Rangel com as datas de transferências do ex-agente de futebolistas José Veiga para Bernardo Martins, filho de Santos Martins – porque coincidem com dois momentos: um primeiro, em que Veiga manda a Santos Martins o recurso que ia apresentar no Tribunal da Relação de Lisboa; um segundo momento, já após Veiga ter sido absolvido por aquele tribunal superior.

José Veiga encabeça a lista de alegados clientes de Rangel: é suspeito de ter pago pelo menos €280 mil pelas alegadas influências de Veiga nesse processo da Relação de Lisboa; de ter intercedido junto de Rangel para saber informações sobre o estado de um processo fiscal pendente no Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra, e para que influenciasse a juíza da Relação de Lisboa a quem tinha sido distribuído um processo que visava Pedro Sousa, ex-assessor de comunicação do Sporting e amigo de Veiga. O Ministério Público ainda está à procura de indícios que demonstrem se Rangel exerceu influência junto desses juízes, como terá prometido a Veiga.

A análise aos movimentos bancários ainda não está concluída, mas a investigação já suspeita de que, no final, os valores somados ficarão aquém dos montantes alegadamente pagos a Rangel pela sua clientela, já que algumas quantias terão sido entregues em mãos ao desembargador, ou diretamente pelos clientes, ou pelo intermediário Santos Martins, quando se encontravam no escritório do advogado no 4.º andar do número 30 da Avenida de Berna.

Para já, o Ministério Público terá descoberto que o magistrado encontrara outras formas mais criativas de receber dinheiro pelos seus alegados serviços. Nalguns casos os clientes seriam chamados a pagar contas do juiz, usando as referências multibanco; noutros, assinariam contratos de arrendamento e pagariam as rendas de apartamentos em Lisboa.

Até ao momento, a investigação já detetou transferências, cheques, depósitos, pagamentos de rendas, de contas e de outras despesas do dia a dia de Rangel ou de pessoas próximas no valor de mais de €900 mil.
Centro de alto rendimento do SLB

Mas afinal quem são estes clientes de Rui Rangel? A lista não está fechada, e o Ministério Público assume que ainda falta cruzar a lista da alegada clientela do juiz com os visados nos processos que decidiu ou foram decididos noutros tribunais. Para já, a investigação suspeita da existência de 16 clientes que terão sido angariados por Rangel, Jorge Barroso ou Santos Martins num esquema em que os três partilhariam as vantagens obtidas com esses serviços. Essa lista tanto engloba nomes sonantes, como o de José Veiga ou de Luís Filipe Vieira, como o de desconhecidos apresentados apenas pelo nome próprio. Nalguns casos, estarão em causa suspeitas mais graves de tráfico de influência para conseguir decisões judiciais favoráveis; noutros serviços jurídicos prestados pelo juiz do mais variado tipo, desde pareceres para parcerias público-privadas relacionadas com pescas em São Tomé a ajudas na obtenção de vistos.

Comecemos por um dos mais sonantes: Luís Filipe Vieira. Em 2017, o dirigente benfiquista Fernando Tavares e o advogado Jorge Barroso terão intermediado um pedido para que Rangel influenciasse uma juíza que tinha nas mãos um processo fiscal relacionado com uma empresa de Vieira, hoje designada como Votion – Investimentos Imobiliários. Era importante, dizia o presidente do Benfica, pelo menos saber “o nome do juiz” e que a questão estivesse resolvida antes do encontro com os “marqueses”. Em troca, Rangel teria um cargo bom no Benfica, com um salário “atrativo” de diretor. Por várias vezes, ao telefone, Jorge Barroso terá pedido a Rangel para que ele não se esquecesse do assunto. Enquanto o juiz ia desviando a conversa ou dando respostas vagas, como “está a andar”, e Jorge Barroso se queixava de que o desembargador era “um baldas”, Luís Filipe Vieira dizia que ia “apertar” com Rangel para ver se este resolvia aquele problema.

O juiz e Jorge Barroso terão mantido outros contactos relacionados com negócios do SLB que nada tinham que ver com processos judiciais. Ao longo de 2017, discutiram a formulação dos estatutos para um projeto de uma fundação conexa com o Benfica, serviços de catering para o SLB e os planos para construir um centro de alto rendimento, apetrechado de um hotel e de uma clínica, nos terrenos da Câmara de Lisboa, onde é o Rock in Rio. Para o último projeto, Jorge Barroso terá mesmo chegado a encontrar-se com Azim Jamal, membro do grupo Azinor, que controla a cadeia de hotéis Sana, apresentando-se como amigo de Rangel e sugerindo um jantar com Luís Filipe Vieira.

Ao mesmo tempo, Rangel também terá intermediado encontros entre Barroso e Jaime Rodrigues, administrador da Visagest Investments, em que seriam discutidos negócios com o grupo de investidores que adquiriu o BES de Cabo Verde.
O banqueiro moçambicano e o ex-ministro angolano

Não foi a primeira vez que a investigação se debruçou na Visagest. Em 2010, Santos Martins foi informado por Jaime Rodrigues de que a empresa Levon Construções devia 45 milhões de dólares à Visagest e que o pagamento estava dependente de um financiamento bancário que só seria desbloqueado se o governo angolano emitisse uma declaração de dívida à Levon. No seguimento desta conversa, Jaime Rodrigues disse a Santos Martins que seria necessário “um empurrão” e que, caso esse empurrão fosse dado, haveria compensações financeiras “muito atrativas”.

O advogado com escritório na Avenida de Berna escreveu um email a uma mulher chamada Nady, dizendo que seguia as instruções de “Rui”, o “meritíssimo” e “amigo em comum”. Prometeu-lhe uma compensação monetária e identificou Carlos Feijó, ex-chefe da Casa Civil e ex-ministro de Estado do governo de Angola, como a pessoa que podia influenciar o Ministério das Finanças angolano a emitir a declaração. Santos Martins ainda deu nota à Nady de que os 2,5 milhões de dólares afetos àquela questão seriam libertados, assim que o banco aprovasse o financiamento à Visagest.

Em comunicações posteriores, fica claro que a Visagest terá conseguido atingir estes objetivos com a intervenção de “pessoas influentes”. E, em 2011, a empresa volta a aparecer nos emails de Santos Martins, numa relação com Renato Pereira, ligado à Hotel Jupiter e que também aparece no processo Lex como suspeito de ser cliente de Rangel. Em julho de 2011, Santos Martins propôs-lhe um projeto de reabilitação de um hotel no Porto e adiantou-lhe que o negócio podia ser feito em Angola e pago em kwanzas. Em novembro, Renato Pereira concordou em ceder um patrocínio de €1 500 à tuna académica do filho de Rangel e, em dezembro desse ano, acedeu que a sua empresa disponibilizasse à Visagest €80 mil. Esse dinheiro destinar-se-ia a financiar uma viagem de Jaime Rodrigues, administrador da Visagest, aos Emirados Árabes Unidos, na companhia do general Higino Carneiro.

O Ministério Público acredita que Renato Pereira pagava os serviços de Rui Rangel e de Santos Martins “de forma dissimulada”, usando a conta bancária de Bernardo Martins. Em junho de 2012, as relações entre os três azedaram, queixando-se Renato Pereira, num email, de que entregara dinheiro a Santos Martins, porque o mesmo lhe dissera que era “para o Rui”.

Já a Visagest não saiu de cena. O Ministério Público desconfia que a empresa poderá ter pago algumas das rendas mensais do apartamento que Rui Rangel arrendou, em 2012, na Praça Duque de Saldanha, em Lisboa. Isto porque Santos Martins remeteu para um email da empresa, com o assunto “Saldanha Piso 5”, uma mensagem do proprietário do imóvel dando conta de que pretendia rescindir o contrato de arrendamento por falta de pagamento.

Rangel acabaria por deixar este imóvel em julho de 2013, data em que encontrou outro, na Avenida Infante Santo, com quatro lugares de garagem e uma renda mensal de €3500. Eliseu Bumba, um angolano que é arguido no caso Vistos Gold e a quem Rangel terá prestado serviços, terá suportado, através de uma das suas empresas angolanas (a MERAP), os pagamentos da renda desse apartamento, onde Rangel morou durante 31 meses. Essa ajuda terá permitido ao juiz poupar €108 500. Até fevereiro de 2016, o juiz foi enviando a Santos Martins faturas da água, gás, luz e MEO que ascendiam aos€ 721. Nenhuma estava emitida em seu nome.

Os contactos entre Rangel e Eliseu Bumba decorreram pelo menos entre 2010 e 2013. Em 2011, €10 mil de Eliseu Bumba, e que se destinavam a uma conta de Santos Martins, terão sido trazidos para Portugal por Renato Pereira, da Hotel Jupiter.

O juiz do Tribunal da Relação de Lisboa e os seus alegados colaboradores andariam há anos a apostar noutros mercados. É assim que aparece no processo um banqueiro moçambicano: Inaete Merali, presidente do Moza Banco. Apesar de ser arguido no Rota do Atlântico, por suspeitas de receber subornos de empresas para conseguir obras públicas no Congo Brazzaville, José Veiga não parou de apostar em negócios naquele país. Barroso fez a ponte entre o empresário e o banqueiro moçambicano, para um esquema de financiamento de hospitais públicos no Congo que deveria envolver os fundos árabes de Inaete Merali. Barroso iria relatando a Rangel o andamento destes projetos.

O juiz terá ainda sido chamado a arranjar um parecer para uma PPP, no âmbito do setor das pescas em São Tomé e Príncipe, e não se terá inibido de exigir um pagamento a quem lhe fez este pedido (Paulo Morais e Silva, presidente da Fundação Pro-Justitiae).

Estas relações da rede chegam também a países árabes e apanham a multinacional Martifer. Em 2009, Vítor Costa, gestor da Pink Bubble, escreveu um email a Santos Martins, dizendo-se desiludido com os resultados de uma viagem de negócios a um país árabe. Antes disto, Santos Martins tinha enviado outro email com a descrição da viagem, do itinerário e de quem integrava a comitiva, incluindo aqui a Pink Bubble/staff do xeique e a Martifer/Prio, representada pelos fundadores Carlos Martins e Jorge Martins. Nesse texto, Santos Martins dizia que os representantes da Prio poderiam dar uma “oferta de €40-50 mil ao ministro do Interior” do país em causa, o que leva o Ministério Público a suspeitar de corrupção de titulares de cargos políticos no comércio internacional.

No último ano, Santos Martins foi dando informações ao minuto a Rui Rangel sobre o dinheiro que ia entrando nas contas. O advogado chegou ao ponto de sossegar o nervosismo de Rangel, dizendo-lhe que “o homem que traz o dinheiro” estava a chegar. Na verdade, nestes últimos meses, o desembargador foi dando instruções quase diárias a Santos Martins para que aquele fizesse pagamentos diversos. O advogado destacou o seu enteado Nuno Proença para socorrer o juiz nos seus apertos. Um dia, Nuno levava embrulhos de dinheiro a uma das ex-companheiras de Rangel, noutro dia tinha de pagar contas, noutro tinha de ir instalar a Via Verde no carro do desembargador e noutros ainda tinha de ir buscar €1 000 a uma comerciante de Algés, para depois entregar esse dinheiro a Fátima Galante, a juíza com quem Rangel ainda é oficialmente casado.

O juiz saiu do Supremo Tribunal de Justiça indiciado por tráfico de influência, fraude fiscal e branqueamento de capitais, e impedido de contactar 31 pessoas. Todos aqueles que são suspeitos de serem seus clientes estão nessa lista. A defesa de Rangel irá alegar que muitos destes serviços não constituem crimes, apenas condutas que podem sofrer sanções disciplinares. A matéria disciplinar dos juízes prescreve passado um ano dos factos.
A mulher parceira nos acórdãos

Fátima Galante também se remeteu ao silêncio no Supremo Tribunal de Justiça. É suspeita de ajudar a dissimular os dinheiros oriundos das atividades de “traficância de influência” e outras negociatas. Emails do processo mostram que a juíza também pedia a Santos Martins para lhe pagar um carro e outras despesas. Se em algumas alturas se queixava ao advogado por aquele dar preferência a Rangel, noutras ela própria dava instruções para que Santos Martins pagasse despesas do juiz, como a renda da casa do Alto do Dafundo, onde Rangel agora mora.

Galante é ainda suspeita de ajudar Rangel a fazer acórdãos. O Ministério Público detetou vários pedidos de Rangel neste sentido. Em março de 2017, o juiz queixou-se de que não conseguia fazer seis acórdãos até à segunda-feira seguinte e disse a Galante que lhe ia enviar três e que os outros ficariam para a semana seguinte. Em outubro, o desembargador voltou a queixar-se da falta de tempo: tinha 12 acórdãos para fazer até ao final da semana, pelo que ia enviar alguns à juíza da área cível. Em julho, perante mais um prévio pedido de Rangel, Galante enviou-lhe esta SMS: “Papi, já enviei relatório do 2º acórdão.”

[size=12pt]Via: Pesquisa por: visao sapo - SAPO.pt - Última hora e notícias de hoje atualizadas ao minuto

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https://twitter.com/guttmann_bela/status/978622057780072449

Silêncio na comunicação social portuguesa…

Muito, muito interessante mm

https://twitter.com/OArtistaDoDia/status/979252575093473285

quinta-feira, 29 de março de 2018 O juiz angariador

Nas últimas semanas, a clubite na justiça tem sido tema bastante debatido devido às ligações perigosas entre dirigentes de clubes de futebol e elementos da máquina judicial. É amplamente conhecido que Rui Rangel é suspeito de ter interferido num processo judicial a pedido de Luís Filipe Vieira, por troca de promessa de um cargo na futura universidade do clube, e, mais recentemente, José Santos, funcionário judicial, é acusado de ter acedido a informações em segredo de justiça com o objetivo de as passar ao Benfica, com possíveis implicações para as investigações que decorriam. Perante casos tão graves, é legítimo que se questione a natureza de relacionamentos demasiado próximos entre elementos da justiça e dirigentes benfiquistas - ainda para mais quando se sabe que a oferta de convites é feita no “interesse exclusivo do SLB”, citando palavras de Paulo Gonçalves, o rei das borlas.

Quando Paulo Gonçalves se referiu desta forma ao objetivo de convites, falava, de uma forma genérica, sobre os bilhetes que oferecia quer para a zona VIP quer para a bancada normal. Convites que, sendo um produto de cortesia assinalável perante pessoas que, de uma forma ou outra, podem ser úteis ao Benfica, não se aproximam minimamente à situação que vou mencionar a seguir.

Os convidados permanentes

Imaginem uma pirâmide formada por sócios e adeptos do Benfica. Na base, ou seja, a camada mais numerosa, estão os sócios e adeptos do Benfica que compram bilhetes avulso para jogos. Na camada acima, em quantidade inferior, estão os sócios que compram lugares anuais. A seguir entram os adeptos, sócios e meninos queridos que recebem convites avulso para a bancada. Depois há os adeptos, sócios e meninos ainda mais queridos que recebem convites avulso para a zona VIP. Mais acima ainda, há os adeptos, sócios e meninos especialmente queridos que recebem convites avulso para o Camarote Presidencial. E, finalmente, chegamos ao último nível da pirâmide: os “convidados permanentes do Camarote Presidencial”.

Como devem calcular, sendo o Camarote Presidencial uma zona de espaço bastante limitado, é de acesso muito restrito, normalmente, para o presidente e dirigentes de topo do Benfica, para alguns patrocinadores e para convidados de honra. Dentro do grupo dos convidados de honra, a maior parte varia de jogo para jogo, mas há alguns que têm lugar cativo. São estes os “convidados permanentes”.

Nos emails divulgados pelo Mercado de Benfica, é possível encontrar listas destes convidados permanentes entre a época de 2013/14 e 2016/17. A lista mais antiga é a seguinte:


Fonte: blogue Mercado de Benfica

Como se pode ver, é uma lista bastante restrita que, propondo uma extensão de um direito que já existiria em 2012/13, e que, ao longo dos anos, se foi alargando a mais pessoas. Em 2016/17 a lista estava assim:


Fonte: blogue Mercado de Benfica

Numa altura, em que como referi no início deste post, o tema da promiscuidade entre a justiça e os clubes está na ordem do dia, acaba por ser relevante encontrar o nome do juiz Pedro Mourão nestas listas. O conjunto dos emails divulgados permitem perceber que, pelo menos entre a época de 2012/13 e 2016/17, tem sido, ininterruptamente, presença constante no camarote presidencial.

O juiz desembargador Pedro Mourão

O juiz Pedro Mourão já esteve diretamente ligado ao futebol, tendo sido presidente do Conselho de Disciplina durante alguns meses, em 2006. Atualmente cumpre funções no Tribunal de Relação de Lisboa. A proximidade a Vieira é óbvia: mesmo dentro dos convidados permanentes, costuma ter direito a lugares bastante próximos do presidente do Benfica, como se pode perceber dos exemplos abaixo.

Nota: o camarote presidencial do Benfica tem 8 filas. As imagens abaixo referem-se às 3 filas da frente.


Planta do Camarote Presidencial no Benfica - P. Ferreira, outubro de 2016; Fonte: blogue Mercado de Benfica


Planta do Camarote Presidencial no Benfica - Moreirense, novembro de 2016; Fonte: blogue Mercado de Benfica


Planta do Camarote Presidencial no Benfica - Boavista, janeiro de 2017; Fonte: blogue Mercado de Benfica

Pedro Mourão foi também membro da comissão de honra das candidaturas presidenciais de Vieira em 2012 e 2016:

Lista da Comissão de Honra da candidatura de Vieira de 2012; Fonte: blogue Mercado de Benfica


Lista da Comissão de Honra da candidatura de Vieira de 2016; Fonte: blogue Mercado de Benfica

Juiz… angariador

Desconheço qual o laço que une Pedro Mourão a Luís Filipe Vieira, pelo que não vou entrar em especulações, nem estou a insinuar que alguma vez tenha feito alguma ação que viole os seus deveres enquanto juiz. Simplesmente, numa altura em que se sabe que os dirigentes benfiquistas têm o hábito de recorrer a contactos que têm no aparelho judicial, este nível de proximidade não pode deixar de ser registado. Gostava de saber, por exemplo, se Pedro Mourão continua a ser presença permanente no Camarote Presidencial após ter rebentado o escândalo do processo Lex. É que, como se costuma dizer, à mulher de César não basta ser séria, tem também de parecer séria.

Ainda mais quando, na época passada, o próprio Pedro Mourão tomou a iniciativa de se oferecer para atrair elementos do sistema judicial até Vieira.

Fonte: blogue Mercado de Benfica

Um verdadeiro juiz… angariador.

Esse juiz Mourão foi presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (CCPJ) entre 2011 e 2014…

http://www.ccpj.pt/comissao/organograma11.htm

Interessante :slight_smile:

Tlvz fosse bom saber quantos cartilheiros arranjaram cartão de jornalista durante este período… Rui Pedro Braz e afins…

https://opolvo.pt/2018/03/28/quem-e-o-presidente-juiz-desembargador-pedro-mourao/

[b]QUEM É O PRESIDENTE DO JUIZ DESEMBARGADOR PEDRO MOURÃO?[/b] [img width=310 height=155]https://opolvo.pt/wp-content/uploads/2018/03/pedro-mourão-1-310x155.png[/img]

Não é a primeira vez que o Juiz Pedro Mourão é mencionado aqui no Polvo, já tinha falado deste senhor quando fiz um artigo sobre o Nuno Farinha (aqui). O Juiz sempre recebeu convites por parte do Benfica e é atualmente o Presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista.

Presidente da Comissão Disciplinar da Liga

Curiosamente, o Juiz Pedro Mourão foi presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes em 2006. A carreira na liga foi curta e polémica, presidiu unicamente entre julho e setembro de 2006. Pedro Mourão foi um dos responsáveis pela descida do Gil Vicente devido ao Caso Mateus e foi provado, no ano passado, a despromoção injusta do clube minhoto e será reintegrado na primeira liga em 2019/2020.


(Notícia Completa)

Será que a história de amor entre o Benfica e o Belenenses começou em 2006? Para quem não se recorda, o Benfica fez transferências muito estranhas para o Belenenses nos útlimos anos(aqui).

O Juiz Pedro Mourão também foi uma peça do puzzle no Apito Dourado, tal como o seu sucessor Ricardo Costa, Pedro Mourão era um menino querido ao serviço do Benfica.


(Notícia Completa)

Portanto, em poucos meses, o Pedro Mourão conseguiu trabalhar a fundo para o Benfica, pedindo certidões do processo Apito Dourado. Através dos e-mail revelado pelo site Mercado de Benfica, sabemos que o Benfica foi dos grandes responsáveis pela mediatização do caso Apito Dourado e, portanto, não é de estranhar que a investigação tenha parado em Leiria. Nesta notícia, gosto principalmente da tática utilizada pelo Pedro Mourão sobre a suposta ameaça feita por um árbitro. “O fulano tal disse-me que o fulano tal disse-lhe que eu tinha de ter cuidado, mas não vou revelar nenhum dos nomes dos envolvidos”. Uma tática bem conhecido pela máquina da propaganda benfiquista. Já nesta altura o Pedro Mourão era presença assídua no camarote presidencial do Estádio da Luz.


(Retirado do blogue Dragão Doente)

Portanto, é fácil descortinar a ligação entre o Benfica e o Pedro Mourão. Claro que os e-mails da responsável pelo protocolo do Benfica, Ana Paula Godinho, mostram a cumplicidade existente entre o clube do polvo e o Juiz Desembargador Pedro Mourão

“O nosso presidente”
A 11 de fevereiro de 2016, o Juiz Pedro Mourão envia o seguinte e-mail para Ana Paula Godinho.

Portanto, o nosso amigo Pedro Mourão, atual presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, diz que aceita o honroso convite do “nosso Presidente”, Luís Filipe Vieira. Portanto, vendo o histórico de casos envolvendo o juiz desembargador Pedro Mourão, vendo a cumplicidade existente entre este e o Benfica, mesmo antes deste ser presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes, percebe-se que, com este Presidente na Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, nenhum jornalista irá sofrer consequências por fazer favores ao Benfica, publicando notícias encomendadas, entrevistas encomendadas e, até, serem pagos pelo Benfica para colaborarem (intenção verificada no famoso e-mail de Carlos Janela, aqui). Portanto, tanto o Sindicato dos Jornalistas (aqui) como a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista são controlados pelo Polvo. O jornalismo desportivo em Portugal está moribundo.

https://twitter.com/guttmann_bela/status/978700665080958976

O Gil Vicente também gostará de saber que não foi prejudicado na época passada, com intervenção do Sr. Luís Vieira. Ele pagou ao “paineleiro” Fernando Seara cerca de 100 mil contos (s/ recibo) para conseguir que o Alverca ficasse na 1.ª Divisão (era satélite do SL Benfica), prejudicando o Gil Vicente. Consta que o atrás referido “paineleiro” se juntou (falamos de escritório), há relativamente pouco tempo, ao já citado [b]João Correia[/b]. Existiam nos autos indícios quer em quantidade, quer devido à sua relevância que justificariam, caso o Magistrado fosse isento, que os Srs. Luís Vieira, José Veiga, António Salvador, João Rodrigues, Tinoco Faria, Luís Guilherme, Cunha Leal, António Duarte, [b]Pedra Mourão[/b], Frederico Cebola, Paulo Relógio fossem colocados sob escuta, mas tal não interessava. Consta que houve interferência do Dr. [b]João Correia [/b]junto da estrutura sindical do Ministério Público que, como se verifica, terá surtido, até agora, efeito. Será por ele fazer parte do Conselho Superior do Ministério Público?

http://www.forumscp.com/index.php?topic=69115.0

As peças vão se encaixando :slight_smile: