Excelentíssimo Presidente,
após três vitórias seguidas numa temporada que se afigurava como caótica, escrevo-lhe este texto. Faço-o precisamente num período de bonomia para não possibilitar a utilização do “argumento abutre”, ou seja, que me estou a aproveitar de um momento menos bom para criticar a actual direcção.
Venho, então, relembrar-lhe uma das missões mais importantes de um presidente: aglomerar e unir, através de um exercício competente das suas funções, a massa adepta e associativa do clube que representa. Um presidente não deve antagonizar, ostracizar ou colocar em causa o amor que os sócios (ou um determinado grupo) têm ao Sporting.
Provavelmente já se deve ter apercebido que me estou a referir a um dos seus comunicados no site oficial do clube. Um comunicado elogiado por vários sectores do mundo sportinguista e criticado por outros (incluindo eu próprio). Um comunicado onde proferiu, entre outras coisas (algumas louváveis), a seguinte afirmação: “quem assobia não é sportinguista”.
Considero essa afirmação insultuosa, incompatível com as suas funções e falsa. Quem assobia não só é do Sporting, como enche os vários palcos de futebol deste país, transformando um Sporting em crise num clube de dimensão nacional e internacional. Quem assobia também se desloca aos vários pavilhões, apoiando as modalidades de um clube eclético (ou que já foi). Quem assobia, em vários casos, é associado do clube e, somente por isso, merece o seu respeito. Quem assobia é do Sporting.
Por isso, peço-lhe para não cometer o mesmo erro do seu antecessor. Porventura a sua cadeira ainda estará contaminada pelos germes da desunião, discórdia e incompetência. Aconselho-o a usar um pano com um desinfectante bem forte, a passar o mesmo por toda a estrutura de carvalho (presumo) da cadeira para se voltar a sentar. É que o passado serve, sobretudo, para aprender. Serve para perceber que chamar “cretinos”, “terroristas” e afins a sócios do Sporting não gera união e aumenta a instabilidade interna. Não se esqueça disto.
Se quer responder aos adeptos mais críticos, faça-o através de vitórias. Através de títulos nas várias modalidades desportivas. Através da resolução do caos financeiro onde o Sporting está inserido. Através de melhorias claras nos resultados e na qualidade do futebol. Só assim, o coro de assobios irá cessar.
E digo-lhe mais: no dia em que os assobios e a contestação cessarem em Alvalade perante maus resultados, é porque o clube morreu. Morreu o orgulho e a honra de pertencer à maior potência desportiva nacional.
Tenha isto em atenção. Não antagonize, não fomente a guerrilha, una. Seja aglomerador. Se não tem condições para aguentar a pressão, então dê o seu lugar a alguém que tenha. Mas, pelo bem da estabilidade do clube, não volte a entrar nesse tipo de discurso. Veja, novamente, as imagens da noite das eleições. Não é esse o Sporting que queremos, em plena guerra civil.
Os melhores cumprimentos
@Winston Smith