O principal problema do campeonato português, nesta altura, é a falta de competitividade. A falta de competitividade pode dividir-se em duas vertentes: falta de competitividade entre as equipas no geral - há 3 grandes (Sporting, Porto e Benfica) e 2 equipas que pretendem sê-lo (Braga e Guimarães); falta de competitividade dentro das restantes equipas.
A primeira falta de competitividade, sendo problemática, é comum. Na maioria dos campeonatos europeus há 2/3/4 equipas que lutam pelo título. Em Espanha tens o Real, o Barcelona e, agora, tem surgido o Atlético. Na Itália tens a Juventus. Em França tens o PSG e o Mónaco. Na Alemanha tens o Bayern. Inglaterra é um caso mais atípico porque à entrada para o campeonato há 6 ou 7 clubes cuja aposta no título não é estapafúrdia.
A segunda falta de competitividade, essa sim, é problemática. Na temporada transata isso foi evidente. Mas nesta temporada também se arranja exemplo. Começamos por olhar para a tabela da Primeira Liga. A seguir começamos a adicionar fatores.
- Faltam 4 jogos, ou seja, há 12 pontos em disputa.
- Descem 2 equipas na primeira liga.
- Há 5 equipas que vão às competições europeias.
Ora, estas são as variáveis importantes relevantes da liga portuguesa. Pelo que, cabe preenchê-las.
Se vão 5 equipas às competições europeias e as idas à champions já estão entregues, falta a luta pela ida à Liga Europa. A luta pela Europa, neste momento, está entregue a duas equipas (Braga e Marítimo). Mas nesta variável também não podemos mexer.
Podemos mexer é na variável da descida de divisão. Aí o caso muda de figura. Uma vez que apenas descem 2 equipas, neste momento temos 3 candidatos à descida. Nacional, Tondela e Moreirense. O Nacional, neste momento, está aflito, a 5 pontos de se salvar. O Tondela aflito está, a 2 pontos da salvação. O Moreirense idem, porque é o candidato a abater.
Neste momento, a Liga portuguesa (que tem 18 equipas) reduz-se aos jogos do Moreirense, do Tondela, do Nacional, do Braga e do Marítimo. O resto está entregue. Os objetivos estão cumpridos.
Descendo 3 equipas (de maneira direta) e uma 4ª disputando o play-off com o 4º classificado da 2ª liga, o caso mudava de figura. Porquê? Porque embora os 3 últimos lugares (os da descida direta) já estivessem entregues, o 4º, o que levaria a play-off estaria ao rubro. Basta ver que, neste momento, em 15º lugar está o Arouca com 31 pontos. O Chaves está em 8º com 37. Ou seja, o fantasma da descida de divisão ainda não tinha passado para o Chaves.
Isto significa que a 4 jornadas do fim só há uma equipa para quem o campeonato perdeu interesse: o Rio Ave, pois é o único que não consegue já chegar à Europa, mas também não era assombrado pelo fantasma da descida de divisão.
Esta ideia ganha novos contornos se formos para a 2ª liga. Na 2ª liga a 4 jornadas do fim a subida de divisão está entregue. Teremos o Portimonense e o Aves de regresso à Primeira Liga. Retirando das contas as equipas B (que não sobem de divisão) temos em 3º lugar (lugar de subida) o Penafiel com 59 Pontos. Depois vêm o Varzim com 58, o Gil Vicente com 56, tal qual o Santa Clara, até ao 13º lugar que está entregue ao Sporting da Covilhã que neste momento tem 52 pontos. Ou seja, neste momento, existiriam umas 7 equipas a lutar pela subida de divisão na II Liga.
Basta ver que o fundo da tabela da 2ª liga está ao rubro.
Por isso, para mim, mais do que reduzirem o número de equipas que jogam na Primeira Liga ou adicionarem voltas, seria mesmo aumentar para 4 o número de equipas que desciam de divisão.
Naturalmente, se quiséssemos um campeonato português altamente competitivo, para mim, também seria simples. Redução da Liga a 10 equipas, 4 voltas, 36 jornadas. Receitas das transmissões televisivas ordenadas pela classificação no ano anterior. Descia diretamente o último classificado e o penúltimo ia a playoff. Problema: acabavam-se os resultados das equipas portuguesas nas competições europeias.