Sporting Tático
55 min ·
Basket - Sporting CP 67-63 SL Benfica
Vitória no Derby com Travante a acordar a tempo da recuperação, num fraco jogo de Basket!
Domingo começava de forma efusiva, com um derby eterno logo pela manhã. De um lado, a turma de Magalhães, que teve algumas dificuldades na sua última deslocação aos Açores, com uma partida muito quezilenta e decide mais pelas individualidades. Do outro lado, o Benfica de Carlos Lisboa, com 4 caras novas para esta temporada: o base Carter, os extremos Lindsey e Caleb Walker, e o poste Cameron Jackson.
Esperava-se um jogo de Basket aceso, com bons momentos, mas a verdade é que esteve bem longe disso. Neste capítulo, por vezes, a falta de público influencia.
Sporting fez alinhar de início Amiel, Ellisor e Travante, João Fernandes e Fields. Os encarnados entraram com Carter, Walker, Betinho, Arnette e Coleman.
Os leões tiveram um primeiro quarto de alguma qualidade. Bem a defender, eficazes na concretização nos primeiros minutos, bem nos ressaltos, e sobretudo a não dar espaço ao Benfica para organizar o seu ataque e sem hipótese de execução dos seus lançadores. Ainda assim, houve muitas falhas de parte a parte. Os triplos demoravam a entrar e mesmo as investidas debaixo da tabela com sucesso eram escassas, mais da parte adversária até.
Lisboa estudou bem o Sporting na parte ofensiva e implementou uma defesa à zona, que fechasse a porta a Fields e metesse Caleb Walker no apoio a Coleman na defesa do poste leonino. O reforço verde e branco teve algumas dificuldades na execução e a pontuar muitas vezes, visto que o Benfica estava a preencher bem a zona interior e a não dar espaço de manobra. Além do mais, da linha de 3, Sporting não estava a ter sucesso, tanto por falhas próprias como por boa defesa do Benfica e chegada a tempo de evitar lançamentos sozinhos.
Os segundos 10 minutos devem ter sido o pior período de basquetebol que se viu deste Sporting desde o seu regresso. Apatia geral a defender, muitas faltas, mas sobretudo uma taça de concretização de lançamentos de campo absurda. 7 pontos neste período valeu uma desvantagem ao intervalo de 11. Importa também dizer que foi neste momento que Magalhães deu mais tempo de jogo a alguns suplentes, contudo, importa reforçar a qualidade do banco e de rotação do Sporting. Shakir não acrescenta rigorosamente nada. Henry não jogou. Diogo Araújo não entrou bem. Tudo isto somado entrou num descalabro que, se do outro lado estivesse um adversário melhor organizado e a medir melhor os tempos de jogo e o seu controlo, poderia ter gerado uma derrota. Além do mais, Travante estava a ter um mau jogo. Os triplos não lhe estavam a sair e a construção/ organização ofensiva saía muito precipitada, gerando turnovers aos encarnados.
Na ida para as cabines, ficava latente que, embora o Benfica tivesse mérito pela vantagem, havia mais demérito da parte verde e branca pela forma como se deixou levar pelo descalabro. Pouca agressividade defensiva e caos atacante deram esperanças à turma da Luz, mas era uma questão de Magalhães reorganizar as tropas para tudo melhorar.
E assim foi: segundos 20 minutos e o Sporting mostrou porque motivo estava o ano passado em primeiro quando o campeonato foi interrompido, e porque motivo também conquistou a Taça de Portugal há 2 meses. Maior sucesso nos duelos defensivos individuais, maiores índices de agressividade, obrigar o Benfica a esgotar o tempo de ataque, mais ressaltos conquistados e, sobretudo, menos azelhice e maior acerto ofensivo. Porque era aqui que estava a falhar. Mesmo com uns primeiros minutos maus, se a equipa tivesse concretizado pelo menos 30 pontos, e não 22, possivelmente nem teria ido a perder para as cabines.
Foi então que começou a surgir Travante. Inicialmente conseguiu 2 roubos de bola, mas deixou que esta fugisse pela linha final. Só que estava a aquecer e a sua entrada no jogo notou-se quando os triplos começaram a chover. Fields também começou a ter mais apoio dos colegas e desenvencilhava-se algumas vezes sozinho de uma marcação mais apertada, finalizando em estilo e pujança física. E, por fim, Ellisor. Tem um estilo que o faz parecer passar ao lado do jogo, mas está lá quando a equipa precisa dele. O seu último triplo foi a sentença na partida. Nota também para Diogo Ventura, que continua a ser o base mais completo deste plantel, tanto pela sua competência a defender como pela forma como consegue definir bem as jogadas, concluindo com layups (lançamento na passada) de qualidade e somando pontos importantes. Tem um bom Qi de Basket.
A partida não acabou sem que não houvesse o susto de José Silva, talvez o melhor lançador encarnado, surgir sozinho na linha de 3, de frente para a tabela, mas felizmente Travante atrapalhou a sua ação de drible, e o português fez passos. Tudo somado, gerou uma vitória, mais uma, e mantém os Leões no topo da tabela. O jogo não foi particularmente bonito, vê-se até pela pontuação, mas a vitória sorriu ao Sporting e isso é o que há de maior relevo.
Neste jogo pecou por escasso o número de opções viáveis no banco do Sporting. Henry não jogou, Shakir esteve péssimo, e as restantes opções também não fizeram a diferença. Chegou a uma altura da partida que o Benfica tinha 18 pontos vindos do banco e o Sporting nenhum. Não chega ter só um núcleo duro titular, uma boa base nacional continua a escassear, e se temos 2 americanos que não acrescentam nada, das 2, uma: ou não contratamos e recrutamos em Portugal, ou abdicamos de 2 estrangeiros banais para canalizar o investimento num 4 que faça a diferença. Mesmo que fiquemos só com 4, é sempre melhor 4 diferenciados que 3 relevantes e 2 de rotação inferior ao produto nacional.
Estatísticas e análise individual:
Ellisor - 40:00’/ 13 pts/ 5 reb/ 5 assist/ 3 roubos
Totalista - o único em quadra que jogou os minutos todos. Por vezes desaparecido do jogo, mas surge quando é chamado e responde com classe. Na rotina, o triplo no último minuto na cara de José Silva que praticamente fechou o jogo.
Travante - 37:11/ 23 pts/ 7 reb / 4 assist/ 2 roubos
Acordou a tempo - desde o regresso à competição que ainda não se tinha encontrado. Nos Açores teve uma fraca prestação, agora levou tempo a voltar a ser o que era, mas chegou a horas. Ainda conseguiu ser o melhor marcador e mostrou a sua capacidade defensiva nos momentos necessários.
F. Amiel - 7:44/ 3 pts
Pouco tempo - Até começou bem o jogo, mas depois foi substituído e não voltou a entrar.
Fields - 33:50/ 14 pts/ 8 reb/ 2 assist/ 1 roubo
O monstro libertou-se - Muito preso às amarras encarnadas, teve de usar todo o seu físico e a sua pujança para ser bem sucedido. Libertou-se a tempo e ainda foi o segundo melhor marcador. Bem a defender, 2 abadia monstruosos.
Shakir - 2:34
Terrível- 2 minutos e 34 que só serviram para o Benfica fugir e intranquilizar a equipa. Não acrescenta mais que um jogador português mediano. Por menos foi dispensado Demetric Austin.
Catarino - 2:49
Pouco tempo e pouco jogo também
Ventura - 29:42/ 9 pts/ 4 reb/ 7 assist
Excelente - o melhor base em quadra entre as 2 equipas. Óptimo na leitura do jogo, na penetração ao cesto e a descobrir colegas sozinhos na linha de 3. Talvez dos melhores jogos de leão ao peito. Nos últimos segundos do 3.o quarto devia ter lançado.
J. Fernandes - 34:04/ 5 pts/ 10 reb
Inverteu os papéis- é um excelente defensor, mas neste jogo especializou-se em ressaltos e na defesa mais interior. Teve 5 pontos só, com apenas um triplo, mas deixou a sua influência em quadra.
Cláudio Fonseca - 3:07
Tal como Catarino, sem tempo e sem jogo. Parece tocado.
Diogo Araújo - 2:40
Sem tempo e sem jogo também.
Cândido Sá - 6:19/ 3 reb
Lentamente a regressar - já tinha voltado a competição com o Lusitânia, e foi agora lançado de novo. Está sem ritmo, e neste momento serve para dar centímetros debaixo do cesto e ganhar ressaltos. Acrescenta pouco no ataque.
Resultados por quarto:
1.º Quarto: 15-9
2.º Quarto: 7-24 (22-33)
3.º Quarto: 22-17 (44-50)
4.º Quarto: 23-13 (67-63)