Barack Obama consegue a Reforma da Saúde dos States

O tópico das eleições americanas já lá foi por isso vai um novo.

Realço este feito histórico que, apesar de todas as emendas feitas para agradar aos suficientes de modo a passar, constitui uma revolução não só na Saúde como também na própria Economia Orçamental americana, uma vez que os 16% do PIB usados pelos States na Saúde ameaçavam, dentro de 10-15 anos, a subir para os 30% do PIB.

Estive nos States exactamente na altura em que os tipos andavam para trás e para a frente com as negociações e a coisa estava muito preta para o Obama, arriscando por completo a sua popularidade dentro de portas (que desceu vertiginosamente à conta disto)… parece que afinal não foi um esforço inglório:

[size=14pt][b]Obama faz história com aprovação da reforma da saúde[/b][/size] 22.03.2010 - 07:35 Por Rita Siza, Washington

Ao fim de pouco mais de um ano na Casa Branca, o Presidente Barack Obama pode reclamar um extraordinário feito político que escapou aos seus antecessores nos últimos cem anos: a assinatura da mais profunda reforma do funcionamento do sistema de saúde norte-americano, que aproxima os Estados Unidos da cobertura universal em termos de cuidados médicos.

Pondo fim a um conturbado processo iniciado quase imediatamente após a tomada de posse de Obama, a maioria democrata da Câmara de Representantes votou ontem à noite para concretizar aquela que foi uma das promessas centrais da sua candidatura e a sua principal prioridade de política doméstica. Em bloco, a oposição republicana votou contra.

“Esta noite, depois de todos terem dito que não era possível, provámos que somos capazes de fazer grandes coisas e responder a grandes desafios. Respondemos à chamada da história e demonstrámos que o nosso governo funciona a favor de todos os americanos”, declarou Barack Obama, numa declaração na Casa Branca no final do processo, já quase à meia-noite.

Com 219 votos, os congressistas democratas aprovaram a proposta de reforma redigida e votada pelos seus contrapartes do Senado no final de 2009, e acrescentaram-lhe uma série de emendas, de forma a harmonizar a legislação produzida em ambas as câmaras do Congresso com os requerimentos da Casa Branca.

O resultado implica uma profunda reformulação do sistema de saúde, que hoje representa um sexto da economia americana, com um valor anual de 2,5 milhões de milhões de euros, ou seja, cerca de 16 por cento do Produto Interno Bruto.

“Não teríamos chegado aqui sem a extraordinária visão e liderança do Presidente Barack Obama. Temos de lhe agradecer o seu constante apoio e compromisso pessoal para a aprovação da reforma”, declarou a “speaker” do Congresso, Nancy Pelosi, cuja acção foi instrumental para garantir os votos necessários entre a diversa e indisciplinada maioria democrata.

“Este voto é histórico. Estamos a juntarnos à galeria da leis mais importantes para o progresso social dos Estados Unidos, a criação da Segurança Social [em 1935, por Franklin Roosevelt] e do Medicare [em 1965, por Lyndon Johnson]”, enumerou.

“Sei que este não foi um voto fácil para muita gente, mas foi o voto correcto”, retribuiu Barack Obama, que empenhou todo o seu capital político no processo – e passou o domingo a telefonar aos congressistas mais recalcitrantes para se certificar que a vitória não lhe escaparia.

Desde o republicano Theodore Roosevelt, que tomou posse em 1901, vários Presidentes norte-americanos colocaram a reforma do sistema de saúde como uma das suas prioridades: Harry Truman, Dwight Eisenhower, John F. Kennedy, Gerald Ford, George H. Bush e mais recentemente tanto Bill Clinton como George W. Bush. Mas nenhum deles conseguiu levar a sua avante.

A lei que Barack Obama vai assinar não alcança ainda a cobertura universal da população, mas alarga o sistema de forma a conter 95 por cento da população. Mais de 32 milhões de americanos que actualmente não dispõem de acesso a consultas, exames e tratamentos serão integrados na rede, que se manterá essencialmente na mão de fornecedores privados.

A partir de 2014, o governo obrigará todos os adultos a ter um seguro de saúde, ou através das apólices de grupo oferecidas pelos empregadores (e que hoje são a forma privilegiada de acesso ao sistema para cerca de 85 por cento da população) ou um mercado individual.
As famílias que tenham rendimentos superiores ao limiar da pobreza, mas que mesmo assim não disponham de recursos para suportar os custos dos seguros, terão acesso a subsídios governamentais. E as pequenas e médias empresas que cobrirem os seus funcionários serão recompensadas com créditos fiscais.

A nova legislação estabelece ainda novas regras para a actividade das companhias de seguro – e os efeitos dessas provisões serão tangíveis mesmo antes da entrada em vigor da reforma, daqui a quatro anos. Por exemplo, as seguradoras não poderão mais unilateralmente cessar as apólices como forma de evitar pagamentos nem impor um tecto máximo para reembolsos de despesas. Também deixarão de poder recusar clientes com base no seu histórico de saúde, garantindo que pessoas que já sofreram acidentes, foram submetidas a cirurgias ou que se debatem com doenças crónicas sejam incluídas nas apólices.

A factura a pagar pelo governo federal ascende aos 940 mil milhões de dólares nos próximos dez anos, de acordo com a avaliação do independente Gabinete de Orçamento do Congresso. A reforma é sustentada financeiramente através de um misto de poupanças com cortes e reajustes em programas federais e da recolha de novas receitas fiscais. Simultaneamente, contribuirá para a diminuição do défice federal em 143 mil milhões de dólares até 2020.

A minoria republicana lamentou a passagem da lei como “um erro de proporções históricas”, criticando a expansão das responsabilidades do governo na regulação dos prestadores de cuidados de saúde como uma redução dos direitos e da liberdade de escolha dos doentes.

Os conservadores alegam que a maioria do Congresso actuou contra a vontade da grande maioria da população americana, que segundo argumentam está absolutamente contra esta lei. As sondagens apontam para a divisão do eleitorado – 48 por cento opõem-se à lei, 45 por cento estão a favor e sete por cento não têm opinião, segundo os números da Gallup.
A sua expectativa é que a oposição à reforma (e de maneira geral, às iniciativas do Presidente Barack Obama) os coloque numa posição de vantagem para a vitória nas eleições intercalares do Congresso de Novembro.

Terão uma nova oportunidade para obstruir as medidas dos democratas na terça-feira, quando o pacote de emendas aprovadas na Câmara de Representantes voltar ao Senado, para ser votado, não em plenário mas antes seguindo o processo de reconciliação, que exige apenas uma maioria simples de 51 votos.

Numa declaração divulgada imediatamente após a votação de domingo, o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, garantiu que a sua bancada está preparada para “completar o trabalho e concluir este esforço histórico”.

apesar de não concordar com muita coisa que ele faz, nisto está de parabéns, foi preciso muita coragem.

parabéns ao povo americano e a ele. :mais: :mais: :mais: :mais: :mais:

Paracelsus, talvez seja melhor mudar o tópico posteriormente, para “Política Americana”

Eu em principio estava contra esta lei , porque ía aumentar o défice americano e podia significar o principio do adeus dos EUA como superpotência , não que seja um fã incondicional dos americanos , muito pelo contrário , mas porque se caíssemos a meu ver nessa situação a instabilidade no mundo iría aumentar traduzindo-se em mais guerras e desgraças , prefiro haver um abuso ou outro americano , mas com uma situação mundial mais ou menos estável e controlável do que uma situação incontrolável.

Não nos podemos esquecer que os americanos têm despesas na defesa , que nós europeus simplesmente abdicamos , talvez pensando que se tinha chegado ao fim da história , infelizmente não chegamos e o mundo continua a ser governado como sempre pela Real Politik , continua a ser necessário haver uma força estabilizadora , se existe comércio mundial , acho que cerca de 80% é feito pelos oceanos é devido à estabilidade dada pela esquadra americana , se isso desaparecesse e aparecesse guerras provavelmente as rotas actuais seriam bloqueadas com efeitos catastróficos.

Nós europeus damo-nos ao luxo de não gastarmos o suficiente na Defesa porque vivemos à custa do chapeu americano , por isso e bem podemos ter um sistema de segurança social universal apesar de ser despesista e incontrolável , fazendo o paralelo para os EUA , será de prever o mesmo , daí de em principio estar contra esta lei , aliás vê-se já um retrocesso dos americanos devido ao défice das suas contas , lembro-me por exemplo do cancelamento dos projectos da Nasa.

Mas a ser verdade que esta lei davez de aumentar o défice o vai diminuir , só posso bater palmas a esta lei , poderemos pensar que isso é conversa , basta ver o exemplo dos casos europeus sempre deficitários , mas acredito que com os americanos possa ser possível isso , aliás se não for possível , os republicanos tratarão mais cedo ou mais tarde de matar a lei.

O drama, o horror, a tragédia…é o comunismo a alastrar-se sobre os EUA e os americanos :lol:

Parabéns ao Obama, conseguiu a aprovação de uma reforma essencial :clap:

Não sei se no Senado serão favas contadas, com ou sem mais emendas ou rejeições de emendas.

De qualquer modo julgo que uma reforma desta amplitude para ser avaliada necessita de alguns anos, para serem gerados dados fiáveis e para estes poderem ser correctamente analisados e interpretados.

Parece-me mais ou menos líquido que a despesa, do Estado e das empresas (resta saber em que proporção) vai aumentar para que mais pessoas possam ser servidas. A parte que não consigo encaixar neste complexo mecanismo de transmissão é a da contenção do crescimento dos custos em saúde. Se se baseia em grande medida naquilo que é comentado na notícia, que é na imposição de medidas administrativas restringindo o comportamento das seguradoras / Health Maintenance Organizations / etc, parece haver uma confusão entre restringir abusos e limitar respostas perfeitamente legítimas das seguradoras a condições de mercado. Para que um mercado de seguros funcione sem distorções é necessário que o pagamento do serviço seja proporcional ao risco. A agregação em “pools” permite em muitos casos (binómio dimensão da pool e tipo de intervenção) diminuir o risco a nível dessas “pools”, mas havendo informação a nível individual sobre riscos cujo uso é proibido às seguradoras está-se a introduzir distorções, eventualmente justificadas por objectivos de equidade, mas que não deixam de ser distorções. Caso sejam restringidos reflexos nos custos, por imposição administrativa, dificilmente deixará de suceder um impacto negativo na qualidade dos serviços.

A avaliação dos resultados desta reforma não poderá ser baseada apenas em indicadores financeiros. Será preciso olhar para tanto a produção de serviços de saúde como para efeitos a jusante, tal como a diminuição do absentismo. Infelizmente esses são os aspectos que estão também mais sujeitos a manipulação junto da opinião pública, pelo que uma recolha criteriosa junto de fontes credíveis (relativamente à interpretação) torna-se necessária.

Caso a Reforma se concretize, teremos um campo fértil para investigação em políticas sociais, cujos resultados procurarei acompanhar.

Este tópico servirá para discutir a reforma da Saúde, nos EUA e eventualmente comparando com outros países. Se houver interesse em discutir outros aspectos, mais específicos ou mais globais, da Política nos EUA, a discussão será noutro tópico (existente ou a criar).

Relativamente a este tema confesso quer era para abrir um topico sobre isto, mas pensei que nao era de interesse ate porque em Portugal os portugueses sao quase todos anti-americanos , e por isso desisti!!

Gostaria tambem de dizer que como aqui vivo , na minha perspectiva penso que ira ser bom, mas estou um pouco ceptico,mas na perspectiva dos republicanos a aprovacao deste bill foi um desastre para o pais, ate porque nenhum votou sim para o aprovar!!

E claro que o Obama fez um grande esforco para que isto tivesse acontecido , mas o merito nao se pode so atribuir a ele porque na verdade ja muitos senadores tentaram e alguns deles (1 pelo menos)ja ha 50 anos que lutavam por isto, como por exemplo o recente falecido Kennedy, e a propria Nancy Pelosi the speaker of the house que muito fizeram para que acontecesse!!

Mas mesmo assim ainda creio que 34 democratas ainda votaram nao, e a ultima da hora o plano teve de ser alterado para que os democratas conseguissem os desejados 216 votos, pelo facto de dentro dos democratas ainda haver alguns conservadores que nao criam neste bill ser incluido no orcamento o aborto!!

Para terminar espero e desejo que seja como eles dizem que ira ser , ate porque tambem eu irei beneficiar com isto, uma vez que supostamente ira acabar com esta burocracia e o abuso que sao estas companhias de seguro, ate porque eu pago cerca de $300 dl por mes atravez da companhia onde trabalho!!

UMa coisa eu sei , ja vivi em portugal mas em termos de seguranca medica prefiro pagar os presentes $300 dl que nao pagar nada ,mas ainda estou um pouco ceptico!!

Faz me um pouco de confusao como e que este plano se ira pagar a ele proprio ate porque nele irao ser incluidos mais 32 milhoes americanos que nao tem seguro!!

Aqui e que podera estar o problema, uma vez que se o deficie nao baixar com este plano podera acontecer acabarmos por pagar ainda mais em taixas!!

We will see!!

lol aparentemente os europeus e o Mundo, o orçamento astronómico do Pentágono, o maior dos Estados Unidos, representa mais de 40% do conjunto das despesas militares mundiais! xD

creio que até o Roosevelt tinha alguma coisa em mente nesse sentido.
já viste o documentário Sicko, do Michael moore?

Um país que gasta 400 biliões de dólares em Defesa não possui legitimidade para mencionar os altos custos desta importantíssima reforma. Aquela que era a grande promessa de Obama está cumprida. Um passo histórico para um país com graves assimetrias.

Há anos que se falava na introdução desta reforma - Bill Clinton esteve muito, muito perto de a introduzir -, mas foi Obama, o primeiro presidente negro dos EUA, a torná-la numa realidade. É importante referir que a crise financeira internacional teve um papel importante no debate desta proposta, pois foi devido a esse acontecimento que a novidade “Obama” se tornou numa realidade, se tornou viável aos olhos de grande parte dos Americanos, e que permitiu um distanciamento em relação a Mccain.
Caso o evento por todos nós conhecido (Crise Financeira) não tivesse ocorrido, Obama teria perdido as eleições, pelo que esta reforma nunca teria acontecido. Há males que vêm por bem, de facto.

Veremos como reagem os Republicanos e os Conservadores independentes, o tal Tea Movement, perante este “ataque socialista”.

oS 400 Milhoes gastos na defesa nada tem a ver com isto pelo simples facto que muita gente esta contente com o seguro que tem, e agora nao se sabe bem como ira ser!!

Sim, tem, a partir do momento em que grande parte dos que contestam o plano fazem-no devido aos seus custos, nomeadamente na utilização de impostos para financiar o Healthcare. Desculpa, tenho acompanhado o acontecimento com bastante atenção, e as principais críticas levantadas têm precisamente a ver com a questão dos impostos ou, igualmente debatida, o elevado custo que o Governo terá que suportar, ainda para mais num país com um défice gigantesco, e não com a situação dos que têm seguro. Não são 400 milhões de euros, são 400 mil milhões (custos com o Departamento de Defesa).
Tenho estado a ler a revista The Economist, e a mesma cita os seguintes problemas: custos elevados; défice nacional; processo burocrático (devido ao estatuto Federal); pouca união partidária na votação.

Not so, say critics, observing that subsidies and other big outlays do not kick in till 2014. Paul Ryan, a Republican congressman, says the CBO estimate “has 10 years of tax increases, about half a trillion dollars, with 10 years of Medicare cuts, about half a trillion dollars, to pay for six years of spending” By his reckoning, this reform will prove a “fiscal Frankenstein” with a true ten-year cost (that is, from 2014 to 2023) of $2.3 trillion, not $940 billion.

Estás nos EUA, correcto? Para ti, a questão pode estar no que referiste, mas não é nesse ponto que reside o âmago da questão. Explica-me, então, o que se passa com o teu seguro, pois gosto de aprender aquilo que não conheço. Serás obrigado a rever o teu seguro? Mas, permite-me a pergunta, esta reforma não coloca o Governo Federal como concorrente das actuais seguradoras (na óptica de quem já possui seguro)? O plano, que eu saiba, é progressivo, pelo que apenas estará em total funcionamento em 2018.

Acho que terás resposta a esta tua duvida se perguntares , como é possível o comércio mundial circular em segurança sem ninguem o ameaçar ou simplesmente tentá-lo ?

Porque quem o fizer terá um porta-aviões à porta , isso tem custos e astronómicos são os custos de superpotência , a URSS tambem tinha custos enormes de defesa , deixou de ser superpotência porque não pode pagar mais esses custos , é o que pode acontecer qualquer dia aos EUA , se isso acontecer o mundo cairá numa nova fase de instabilidade , quiçá nova guerra mundial.

No séc.XX por duas vezes quando o poder esteve fragmentado por várias partes acabou-se numa guerra mundial , só há 3ª vez nesse século na Guerra Fria é que ambas partes conseguiram conter a outra , mas a prazo como se viu a URSS estava condenada , mas isto de haver um equilibrio de forças é uma situação rara depende de vários factores e coincidências , o mais provável numa situação de poder fragmentado e haver um bloqueio internacional é de haver guerra , basta ver a história.

Como vês nem tudo o que sai desse investimento de defesa que os EUA fazem é mau , basta veres que quando há uma situação de emergência como o tsunami na Indonésia , ou o terramoto no Haiti quem se chega pela 1ª vez à frente , aliás quem tinha condições para isso.

[mod]Relembro que este tópico é sobre a reforma do sistema de Saúde. Não cries mais OT, por favor.[/mod]

Algumas ideias veio saca-las a Portugal! Malandro… lol

:clap: :clap: :clap: :clap: :clap: :clap: :clap:

E toda a gente vai continuar a ter seguro, possivelmente alguns vâo ter que começar a pagar mais. Ha um sistema de solidariedade escondido neste novo sistema. Tal como na Europa.

:arrow:

Era só uma sugestão…

Sem dúvida:

O antigo senador abriu a cerimónia da assinatura histórica do Presidente das novas medidas da política de Saúde. [b]Biden deixou escapar o fucking enquanto apertava a mão a Obama. «Conseguiste», acrescentou. «[u]It's a big fucking deal[/u]»[/b].

É à Biden, sem dúvida. :lol: :lol: