Assassinato de Eugene Terreblanche e suas consequências

Todos devem estar a acompanhar as notícias sobre o assassinato do boer e líder da extrema-direita Eugene Terreblanche na África do Sul, presumivelmente às mãos de dois seus trabalhadores.

Não acompanho muito de perto a situação na África do Sul mas tenho algumas pessoas amigas que são naturais de lá ou que já lá viveram e que dizem que este acontecimento aliado à radicalização de posições extremadas pelos ódios raciais poderão pôr em perigo o delicado equilibrio da vida sul-africana, já tão mal tratada pelo desemprego, a SIDA, a violência racial e a insegurança. Tudo isto a pouco mais de 2 meses dum dos maiores eventos desportivos do Mundo, o Campeonato Mundial de Futebol.

Ainda bem recentemente a CAN ficou marcada pelo episódio trágico que envolveu a selecção do Togo.

Será a África do Sul um país seguro para se realizar o Mundial?

Não conheço por dentro a sociedade sul-africana, mas quer-me parecer que esta situação vai ser esquecida rapidamente. O movimento deste defunto político pouca expressão tinha hoje em dia, e só nos sonhos mais delirantes um grupo de brancos irá tentar implementar algum sistema género apartheid em qualquer parte da África do Sul pela via armada.

Obviamente que há a possibilidade de haver retaliações. Mas não vejo grande viabilidade em quem perpretar os actos se andar a vangloriar, pois seguir-se-ia muito previsivelmente um processo judicial na sequência do qual iriam passar muitos anos à sombra. Caso sejam assasínios isolados sem reinvidicações nem culpados facilmente detectáveis, irão para as páginas interiores dos jornais como tantos que acontecem diariamente nesta violenta sociedade.

Vamos ver, ate podes estar correcto, pq supostamente foi uma zanga devido a ordenados e nao um crime politico, mas olha que nao sao assim tao inexpressivos como dizes…

O assassinato foi, ao que sei, por motivos passionais. Pelo que li o tipo, além de um nazi-fascista convicto e racista, ainda era um caloteiro e pela forma como foi morto, deveria ser muito estimado pelos seus empregados! :eh:

Quanto às consequências, como disse, só mesmo gente com dois neurónios (ou lampiões) é que pode achar que isto foi um assassinato com contornos politicos. :wall: :wall: :wall:
Para além disso, a extrema-direita é historicamente reaccionária e só se “revolta” quando tem o apoio de algum sector muito influente na sociedade - normalmente o exército e/ou o clero. Por isso, podem espernear muito agora, mas duvido que tenham força para fazer sequer “mossa”!

[b]Assassínio de Terreblanche cria potencial para terrorismo de direita no Mundial2010[/b]

O assassínio, no sábado, do líder do Movimento de Resistência Afrikaner (AWB) cria o potencial para actos terroristas da extrema-direita branca durante o Mundial de Futebol de 2010, alertou um académico sul-africano.

André Thomashausen, professor de Direito Internacional Comparado na Universidade da África do Sul (UNISA), declarou à agência Lusa que “o assassínio brutal e extremamente violento de Eugene Terreblanche se insere num quadro de homicídios igualmente brutais e sistemáticos de brancos de origem Afrikaner proprietários de fazendas, com um saldo de cerca de 4 mil vítimas desde 1994”.

“Nesse sentido, e uma vez que o ANC tem permitido que o seu líder da Juventude, Julius Malema, ande a gritar slogans exortando à morte dos brancos, sem o criticar nem o calar, este incidente pode mobilizar as franjas de brancos empobrecidos pela política de acção afirmativa do Governo, e que se sentem marginalizados e sob ameaça física, a recorrer a acções que chamem a atenção do mundo durante o Mundial”, acrescentou aquele académico.

O Campeonato Mundial de Futebol 2010 disputa-se de 11 de Junho a 11 de Julho na África do Sul, com Portugal a disputar o Grupo G, juntamente com o Brasil, a Costa do Marfim e a Coreia do Norte.

Tal ameaça, referiu Thomashausen, seria totalmente imprevisível, “uma vez que não viria dos suspeitos habituais neste tipo de eventos, como a esquerda radical ou os fundamentalistas islâmicos”.

Apesar de o Presidente Jacob Zuma ter apelado à paz e ter enviado para Ventersdorp (local do crime ocorrido sábado) o seu ministro da Polícia e o comissário nacional dos Serviços de Polícia, o académico e analista político acusou o Chefe do Estado sul-africano de ter responsabilidades na actual polarização da cena política e racial no país.

Para André Thomashausen, Zuma é um líder fraco, que representa apenas uma facção dentro do ANC e que não tem tido a coragem nem a força política para calar os que andam a polarizar a situação há vários meses.

“Zuma não só não proibiu Malema (o líder da Juventude do ANC) de cantar slogans como Morte ao Boer, como ainda o tentou desculpar, afirmando que até Nelson Mandela quando era mais jovem entoou slogans radicais. Tem sido com o dinheiro e a bênção do partido no poder que Malema tem viajado, ainda a semana passada ao Zimbabué, afirmando que aquele país é um modelo para as nacionalizações necessárias na África do Sul”, insistiu Thomashausen.

Para o analista, as condições socioeconómicas criadas pelo actual quadro político e a linguagem cada vez mais radical de responsáveis do Congresso Nacional Africano (ANC), com apelos à nacionalização das terras dos brancos e das minas, “auguram tempos difíceis para a África do Sul”.

“Esperemos que os sectores mais moderados do ANC, como os sociais-democratas, e homens como o actual ministro das Finanças, Pravin Gordhan, ponham cobro a esta radicalização que está a assustar muitos sectores e alarmar os brancos e, até mesmo, os indianos e mestiços. Quando líderes afirmam que o Zimbabué é o modelo e a solução para os problemas da África do Sul equivale a criar o potencial para encaminhar o país para o abismo”, concluiu o professor Thomashausen.

O líder da extrema-direita sul-africano, um firme partidário do ‘apartheid’, foi morto no sábado na sua exploração agrícola por dois trabalhadores, na sequência de uma aparente discussão sobre salários, segundo a Polícia.

http://desporto.sapo.pt/mundial2010/artigo/2010/04/04/assass_nio_de_terreblanche_cria_.html

Extrema-Direita = shit (extrema-esquerda, igualmente). Não se perde nada, aliás, o mundo agradece, principalmente os milhões que sofreram as consequências do regime que ele defende. Muito do actual movimento pró-Branco - esquecendo o para sempre existente, mas residual, movimento puramente racista - tem como premissa fundamental contrariar a nuvem de racismo que paira sobre o ANC, partido que nada tem a ver com o que foi dado a conhecer pelo GRANDE Nelson Mandela, partido que primou pelo debate e pela tolerância. Aliás, em matéria puramente intelectual, é muito interessante analisar a problemática exposta pelos Afrikaners.

Por outro lado, a África do Sul deixou há muito de ser um exemplo para o mundo africano. Presidente corrupto e lunático, criminosos impunes, brancos assassinados diariamente (mais de 300 Portugueses mortos, mas ninguém parece interessar-se), pouca humanidade geo-política (a África do Sul é uma peça fundamental para resolver [leia-se destronar] o problema no Zimbabwe), instituições governamentais a pingar corrupção.

Ah, e vem aí o Mundial, com 200.000 Ingleses, 200.000 alemães, 100.000 holandeses, etc.

:arrow:

Nem mais, estive por lá á relativamente pouco tempo durante uma semana e pude constatar a insegurança presente e permanente, nem quero pensar no que vai acontecer durante o mundial com toda essa estrangeirada por lá, só vejo mesmo uma solução para não acontecer uma desgraça: escolta policial/miitar dos adeptos desde o aeroporto (e tem de ser mesmo á porta pois a mais de 10 metros já é perigoso) até ao estádio.

Relembra-nos lá quando é que alguma vez foi, por favor.

No tempo do apartheid!! :-X :whistle:

Já há alguns anos ele tinha sido condenado por maltratar alguns dos seus funcionários e julgo até que chegou a cumprir uma pena de prisão devido a este caso. Como tal é bem provável que o primeiro motivo para este assassinato seja unicamente de índole laboral, no caso em concreto ordenados em atraso. No entanto não se pode esquecer o passado político do homem e não se pode esquecer a raça dos assassinos. No entanto também se pode abordar a questão de outra forma, ou seja, mesmo sabendo que Terreblanche defendia a segregação racial será que seria na mesma assassinado se cumprisse com as suas obrigações enquanto patrão e se tratasse os seus empregados com respeito? Esta é uma pergunta à qual nunca teremos resposta…

A nível de retaliação, na minha opinião poderão-se levar a cabo alguns actos isolados, algumas expedições punitivas a alguns bairros de negros na zona onde Terreblanche vivia (no nordeste penso eu) e pouco mais.

Quando um líder da juventude dum partido com responsabilidades governativas como o ANC anda a apelar à morte dos brancos , diz que o seu heroi é o Mugabe que implantou o terror no Zimbabwe que copiou e que assistiu em Moçambique e Angola , estamos conversados quanto ao futuro desse país.

O futuro da África do Sul parece mesmo ligado ao do Zimbabwe. :twisted:

O Zimbabwe de hoje é a África do Sul de amanhã.

Quem não tiver amor à vida que vá assistir lá ao mundial.

:arrow: Esta deve ser a primeira mensagem neste fórum em que concordo totalmente contigo. Desde o início ao fim do comentário.

Muito sinceramente tenho alguma expectativa de como decorrerá este Mundial. Claro que não quero que aconteça nenhuma tragédia, mas por outro lado seria engraçado ver como reagiria aquele responsável sul africano que disse que na África do Sul não havia nada daquilo e seria impossível acontecerem problemas como aconteceu aquele em Cabinda (Angola).

Vou esperar até amanha para perceber se a tua pergunta é retórica. Hmm, afinal não vou. Pistas: Nelson Mandela, processo de transição político, conceito de democracia… Exemplo para o resto de África? Onde? Os olhos do continente Africano estiveram, durante anos a fio, postos na África do Sul. Aliás, não só os do continente Africano, como os do mundo. A África do Sul deu, e dá, esperança a muitos países africanos, aqueles que se diziam estar geneticamente dependentes das iniciativas colonialistas/imperialistas, chamem-lhe o que quiserem.