sabendo que existem aqui fans do jogo deixo a análise do Winning Eleven 9 que fiz para o site proevolutionsoccer.com.pt, enjoy.
Winning Eleven 9: o que WE8/PES4 devia ter sido e não foi
Pois é, é esta a impressão que fica no final de uns jogos de winning eleven 9, o sucessor de WE8 e base de lançamento ao PES5 lá mais para a frente. Esta conclusão é motivada em grande parte pelas poucas mudanças gráficas no jogo, que se assemelha muito à edição enterior, com excepção de poucas mas importantes mudanças referidas em seguida. Comecemos então pelas “frivolidades” gráficas para depois espremer o fruto e falar do que interessa: a jogabilidade.
Graficamente igual mas… atenção
Pois é, do ponto de vista gráfico pouco ou nada muda. Nota-se no entanto desde logo uma maior nitidez de imagem face à versão anterior, particularmente evidente no modo de visualização “wide” no qual anteriormente por vezes pareciam surgir umas intermitências de cor em alguns equipamentos. Agora tudo é mais nítido e claro, o que é bom prenúncio para os reis da edição. Pena não terem surgido no entanto mudanças ao nível dos equipamentos, a Konami volta a não introduzir os modelos 3D que permitiam equipamentos mais justos (Kappa, Tepa, etc), calções de diferentes dimensões, tudo isso parece morto e enterrado com o WE7Int. Também se mantém aquele “brilho” estranho nos equipamentos e jogadores nos jogos nocturnos, que os faz parecer bonecos de loiça das caldas, embora a iluminação dos jogos nocturnos pareça bem melhor. Destaque também para o novo cenário meteorológico, a neve, com o campo atacado pelo pó branco e os jogadores a respirarem nuvens de vapor. Até neste domínio existe trabalho para os editores já que a bola adidas empregue nestas condições não é suficientemente colorida.
A camera Wide volta a brilhar mas o radar está lá…
Muitos foram os maníacos de WE que ficaram desapontados com o modo “wide” da última versão. Pois bem, a Konami emendou a mão e a camera wide volta a permitir uma visão táctica mais completa, sendo que a abrangência deste modo aumenta ainda mais se fixarmos o ângulo de camera nas opções, permitindo uma visão fantástica de cada uma das metades do campo consoante o lado em que decorre o jogo. Sendo que a Konami manteve a impossibilidade de remoção do radar, os veteranos que consideram a utilização de radar uma aberração encontram no modo wide um reencontro com a forma de jogar um futebol a todo o campo, com desmarcações e combinações à distância sem terem de usar essa “ferramenta” que mais devia pertencer a um jogo de aviação.
O fim dos Hugos e Argéis…
Entremos então no domínio da jogabilidade. Picuinhas como sou fui logo a correr tentar perceber até que ponto a Konami tinha corrigido os erros do passado, sobretudo no plano defensivo. Quem não se lembra dos inúmeros momentos em que o adversário lança um passe rasgado por alto imparável, com os nossos centrais a ficarem pregados ao solo e o adversário a correr alegremente, qual ponta de lança do Milan inrrompendo pela defesa do Cova da Piedade? Pois é, a mama acabou. Os passes rasgados, junto ao solo ou por alto continuam a ser armas perigosas, mas agora a escolha do timing e momento de execução exige maior ponderação, com os defesas a fazerem o seu trabalho com maior eficácia na antecipação deste tipo de lances. Todo o processo defensivo parece melhorado, com a defesa a trabalhar de forma mais compacta e organizada, com menos buracos incompreensívels como os que surgiam na versão anterior. Obviamente continuam a surgir as “casas” mas agora sim muito mais relacionadas com os erros do próprio jogador que controla a equipa do que com uma aparente “ânsia” de desgraça que o jogo parecia apresentar na versão anterior. Neste contexto destaque ainda para o aparente desaparecimento das ratoeiras de fora de jogo que falhavam sempre porque um dos defesas ficava a comer uma “sande e uma mine” enquanto os outros faziam o seu trabalho. As defesas profissionais de futebol não cometem esse erro com a frequência com que na versão anterior até a melhor defesa o fazia, e esta nova versão aparentemente corrige esse erro, embora esta seja uma questão que apenas um maior numero de jogos poderá comprovar.
Os cruzamentos… que bom rever cruzamentos
Outra das questões que rapidamente procurei conferir foi o cruzamento e o cabeceamento ofensivo. Mantendo-se a necessidade de correcta movimentação do avançado e da escolha acertada do tipo e momento de cruzamento, surgem no entanto cruzamentos mais perigosos e sobretudo variados. As animações dos jogadores que atacam a bola estão soberbas, com vários tipos de salto e cabeceamento consoante a situação do jogador. No plano defensivo exige-se agora a mesma prontidão e movimentação ao jogador que defende que se exigia na versão anterior ao jogador que ataca, colocando alguma justiça na balança. O resultado são situações de jogo aéreo empolgantes, cantos perigosos e variados e golos que dão gosto de marcar ou impedir.
O passe variado…
O passe regista algumas mudanças significativas. A partir de agora a marcação de uma falta com o botão X faz surgir uma barra de intensidade de passe muito útil na definição do tipo de passe que queremos fazer, fazendo decrescer muito a sensação de “roleta russa” que por vezes o jogador sentia ao marcar um inofensivo livre no meio do terreno e colocando incompreensivelmente a bola nos pés do adversário. Os passes por alto também ganharam variedade. A altura do passe rasgado por alto adequa-se agora a cada situação: se tentamos desmarcar um avançado que surge no extremo oposto do terreno de jogo será executado um passe rasgado alto e forte, se apenas pretendemos desmarcar Cristiano Ronaldo por alto com o nosso defesa lateral direito então o mais provável é surgir um passe com menos altura e maior profundidade, adequado ao tipo de jogada que queremos fazer.
O remate satisfaz…
O remate ganhou também ele complexidade que concorre para uma maior satisfação na marcação de grandes golos… e que golões permite este WE9 sendo já possível encontrar várias obras primas na web ainda mal o jogo saiu. Surge uma nova modalidade, o remate com R2, que permite um remate com o peito do pé, com maior colocação e menos força. Este tipo de remate permite novas soluções não só nos remates frontais de fora da área que se pretendem “sem hipótese” como também nos 1 vs 1 com o guarda-redes, com bolas ligeiramente arqueadas, colocadas ao cantinho. Não se pense no entanto que se torna mais fácil marcar golos. Nada disso. Passou a ser ainda mais importante uma escolha acertada do momento de remate, pé com o qual se remate, e enquadramento face à baliza. Agora o mesmo jogador pode desferir, do mesmo local, tanto um remate portentoso como um balão para o terceiro anel (sem exagero), basta que compliquemos o que é fácil ou o façamos rematar como o pé cego. Outra mudança positiva mas que exigirá treino surge no remate picado sobre o guarda-redes. Na versão anterior era frequente a dificuldade em manter a bola baixa, por mais reduzido que fosse a pressão no botão de remate. Agora a lógica é a contrária, a bola descreve por defeito uma trajectória mais baixa (semelhante à que em anteriores versões era conseguida com a pressão de R1 enquanto a barra de remate “enchia”) que apenas bate o guarda-redes quando este ataca a bola já deitado. Quando se pretende um remate picado mais elevado torna-se agora necessário premir durante mais tempo o remate.
Os guarda-redes ganham (alguns) neurónios…
A ovelha negra do WE, o guarda-redes costuma ser bastante criticado. Sejamos justos: Ainda surgem voos a dois braços, um pouco ridículos, mas os guarda-redes parecem ter ganho alguns neurónios. A título exemplificativo posso referir um vulgar canto em que Tierry Henry surge na grande área sozinho disferindo um potente cabeceamento que na versão anterior acabaria no fundo das redes mesmo indo à figura… Casilhas faz uma defesa por instinto belíssima, daquelas em que cai no chão sem sequer saber para onde foi a bola, numa animação fantástica. Outros índicios de melhoria das araras do WE surgem em várias jogadas, tanto em remates colocados como em 1 vs 1, com os keepers a apresentarem um número muito elevado de novos gestos. Os keepers ganham também maior preponderância ao apresentarem um novo tipo de passe, o passe longo com a mão. Ao contrário do que se possa pensar este passe não é executado por uma combinação de teclas decidida pelo jogador (embora pareça que pressionando L1 + X o keeper execute sempre este tipo de passe) mas sim de acordo com o contexto de jogo. Se apontamos na direcção de um jogador nosso mas a linha de passe está fechada por um adversário então o keeper executará um passe por alto com a mão em vez de arriscadamente passar, muitas vezes para o adversário como acontecia na versão anterior. Este tipo de passe permite ainda contra-ataques fulminantes, como é fácil de imaginar.
Os dribbles à moda da PSX…
A comunidade WE divide-se muito entre “dribleiros” e “pensadores”. Uns preferem lances individuais de génio outros fazem jogadas de antologia sem tentar um dribble. A nova versão parece equilibrar bem a balança embora este seja mais uma vez um factor que apenas muitos jogos entre humanos pode comprovar. Surgem novos toques técnicos, muitas vezes característicos de cada jogador e “embutidos” no seu estilo de jogo, mas ganha também preponderância o dribble simples e que na minha opinião é o que tem mais valor: o dribble de movimentação e mudança de velocidade à base de botão direccional, à velha moda do Pro Evolution na PSX.
Uma mudança que promete discussão é a inclusão da antiga “finta de R2” como um movimento básico de qualquer jogador que dispensa agora uso do botão R, o que equivale a dizer que a partir de agora qualquer mudança de direcção para os lados, em andamento, não antecedida de paragem resulta neste movimento. Alguns jogadores já demonstraram a sua ira, mas a meu ver esta alteração é não só pouco significativa (apenas complica os dois primeiros jogos) como acertada: este gesto não é de facto uma finta mas sim um gesto que é executado por tudo o que é jogador em qualquer jogo de futebol – puxar a bola para um dos lados e procurar melhor ângulo de passe, progressão ou remate. Na minha opinião este é um gesto que faz sentido incluir no leque de movimentos base e assim simplificar o jogo. Diz-se por aí que esta mudança se deve à PSP e à necessária compatibilização de versões: “chico-espertismo” para uns, decisão acertada para outros, eu voto na segunda hipótese.
Edição, Opções e o Camandro…
Coitadinhos dos editores (nos quais me incluo). O trabalhinho que vão ter com este editor. As opções de edição de rosto crescem ainda mais, tornando por um lado possível conseguir rostos similares mas duplicando o número de horas que se perde nesse vício. Surgem mais “mariquices” bem vindas, que apenas concorrem para um maior realismo: pulseirinhas, fiozitos, camisola de fora dos calções, etc, etc. A lógica dos cabelos mudou, surgindo agora uma lista de cerca de 200!! penteados específicos aplicáveis a qualquer jogador, a juntar aos penteados base habituais… uma trabalheira. Agora é possível definir também o tipo de dribble do jogador, um pormenor delicioso para os patches que se avizinham. Na master league não toquei, passo apenas a mensagem que me chega por outras fontes: não muda nada ou quase nada. Destaque ainda para o modo memorial match, alternativo ao usual friendly que a maioria usa nos embates com amigos: ao escolher memorial match cada participante pode salvar as suas estatísticas, mantendo assim um “profile” estatístico de fazer inveja ao Gabriel Alves que vai desde o número de jogos que já vencemos à nossa estatística de passe, remate, etc. Muito bom para as discussões entre casmurros sobre quem é o “maior”.
Conclusão:
Ainda me faltam muitas horas de WE9 para tirar mais conclusões mas a primeira impressão apenas pode ser positiva, tantos eram os erros que identifiquei nas versões de 2004/05. O novo WE9 promete muito gozo e menos momentos frustrantes e incompreensíveis, embora exija uma nova aprendizagem de jogo. Negativo, negativo até agora só mesmo a inexplicável ausência de qualquer estádio do Euro 2004 passado mais de um ano do torneio, o semi-licenciamento português apenas com o FC Porto e a incompreensível não inclusão dos modelos de kits mais variados que permitisse a recriação de equipamentos com camisolas “Kappa”. Coisa pouca.
Esperemos que a Konami não cometa os habituais erros na transposição para PES5 e que desta feita os jogos sejam de facto idênticos nas qualidades e não apenas nos defeitos.
Tendo em conta a proximidade gráfica com a versão anterior é pena que WE9 não tenha acontecido em vez de… WE8/PES4. Teríamos assim poupado alguma frustração.