Deixo aqui duas noticias bastante relevantes que saíram hoje no Diario de Noticias:
" Sangue no carro alugado “pode ser conclusivo”
JOSÉ MANUEL OLIVEIRA e PAULA MARTINHEIRA
O ex-director do Laboratório Científico da Polícia Judiciária (PJ), José Anes, considerou, em declarações ao DN, uma “hipótese rocambolesca” o cadáver de Madeleine McCann ter sido transportado já ao fim de alguns meses na viatura alugada pelos pais, 25 dias depois do seu desaparecimento. Contudo, se o sangue detectado no Renault Scénic pertence, de facto, a Maddie, “ou o cadáver passou por lá ou passaram mais tarde algumas roupas ou objectos já contaminados com vestígios do sangue dela”.
“O sangue não passou ali por acaso e não há duas Madeleine no mundo”, sublinhou aquele especialista. Na opinião de José Anes, o facto de ter sido detectado sangue no automóvel na primeira semana de Agosto “é significativo e pode ser conclusivo” para a investigação, mesmo passados vários meses após a morte da menina. “As análises de sangue são como uma assinatura e uma impressão digital genética”, considerou.
Quanto aos odores a cadáver detectados pelos cães pisteiros, José Anes lembrou que “não serão certamente do cadáver de Maddie, mas sim eventualmente da roupa que pertencia à menina”. “Os odores detectados por aqueles animais não são prova determinante científica final. O que eles dão é uma indicação de pistas”, sustentou o especialista, acrescentando: “A partir dessa situação a investigação criminal desenvolve interrogatórios e diligências.”
Para José Anes, “o odor não é conclusivo nem determinante, mas o sangue sim”. Na opinião do ex-responsável pelo Laboratório da Polícia Científica, foi uma “ideia feliz” a PJ e a justiça portuguesa terem enviado as amostras para análise em Inglaterra. Mais importante ainda foi o facto de os resultados terem sido determinados naquele país e não em Portugal, além de terem contado com o apoio de cães ingleses. Para um laboratório competente como o de Birmingham, “não há a mais pequena suspeição do que quer que seja”.
“Os patriotismos e as teorias da conspiração existem tanto em Portugal como em Inglaterra, mas se as análises tivessem sido realizadas em Portugal, face aos resultados agora divulgados, haveria de imediato uma suspeição por parte de alguns tablóides ingleses, que eventualmente acusariam as análises de terem sido mal feitas, estando agora a incriminar os McCann”."
A Polícia Judiciária (PJ) acredita que poderá deter o casal McCann na próxima semana. Para tal, espera os resultados que ainda por estão por enviar pelo Forensic Science Service de Birmingham, Inglaterra, que espera que cheguem nessa altura, e o resultado das novas diligências que está a efectuar, retomando as buscas pelo corpo de Maddie. Kate e Gerry foram constituídos arguidos e sujeitos a termo de identidade e residência, mas os próximos dias são decisivos para a mudança da medida de coacção. Os dois serão de novo ouvidos terça-feira.
É sobre a mãe de Maddie que recaem as maiores suspeitas. Os investigadores admitem a forte probabilidade de Kate ter dado um “estalo” em Maddie e de esta ter batido com a cabeça. O que os surpreende é que a mãe não tenha tido a iniciativa para chamar o 112. E é neste ponto que poderá residir o maior mistério, configurando a já referida hipótese de negligência grosseira. O facto de ser médica e ter percebido imediatamente o que se passou pode explicar o caso.
Amanhã, a PJ entregará ao procurador do Ministério de Público (MP) em Portimão o relatório das inquirições aos McCann, que, ao que o DN apurou, não tiveram grandes resultados devido ao silêncio de Kate e Gerry perante as 40 questões colocadas pelos investigadores. Após analisar esse relatório, o MP apresentará o processo ao juiz de instrução criminal de Portimão para avaliação. Depois, o casal será ser levado de novo à PJ e posteriormente ao tribunal, que poderá determinar nova medida de coacção (a mais grave é a prisão preventiva).
“A tese de morte de Maddie está a tomar cada vez mais consistência”, afirmou ao DN o director nacional adjunto e responsável pela Directoria de Faro da PJ, Guilhermino Encarnação, afiançando que a investigação “continua com todos os meios que tem ao seu alcance a procurar o corpo”. Segundo apurou o DN, as buscas, embora muito discretas, continuam centralizadas na zona da Praia da Luz, numa faixa “entre mar e terra”. Fontes ligadas ao processo adiantaram que a linha de investigação não exclui a hipótese do corpo de Madeleine ter passado por vários locais, entre viaturas, apartamentos e outros locais. Contudo, até ao momento, não foi levantada a hipótese do cadáver ter sido destruído.
Com o anúncio da tese da morte de Maddie, a PJ espera a partir de agora uma nova “fornada de pistas” sobre a localização do corpo da criança. “Vai iniciar-se um novo ciclo na investigação, com muitas pistas de que o corpo da menina poderá estar aqui ou ali”, referiu, adiantando que a PJ “só irá para o terreno atrás de pistas credíveis”.
Uma garantia que responde às preocupações manifestadas ontem pela família McCann, em Inglaterra, sobre se a PJ continuará à procura de Maddie."