[glow=greenyellow,2,300]Este tópico destina-se a discutir a propensão (ou ausência dela) à contracção de lesões que parece tanto afectar jogadores de futebol profisisional do Sporting esta época, e as formas possíveis de minimizar ou combater esse problema[/glow].
Mais do que questões relativas ao departamento médico (que é também um factor a ter em conta), parece-me haver outros factores anteriores, posteriores e paralelos às questões médicas. Estas situações podem ser enquadradas em 2 grupos genéricos de jogadores afectados por lesões, a) e b), a fim de c) melhor se analisar as causas, os problemas inerentes e as possíveis soluções ou medidas para debelar ou minimizar os problemas que os afectam em específico, consoante as suas características.
a) Por exemplo, a contratação de jogadores razoáveis, aceitáveis e até de qualidade e renome para formar o plantel desta época, mas com historial clínico de lesões impeditivas, recaídas, paragens frequentes e/ou prolongadas, e que por causa disso têm um valor menos inflacionado e mais acessível, constituindo-se como contratações alcançáveis de acordo com a capacidade de investimento do Clube e, apesar dos riscos inerentes, boas oportunidades de negócio. Esse factor quanto a mim está a ter a sua influência, principalmente porque são os jogadores contratados para esta época, precisamente, que apresentam mais lesões e ausências por lesões.
Além do crónico caso clínico de Izmailov, que apesar de tudo ainda conseguiu dar o seu contributo nas primeiras jornadas, como por exemplo o golo do empate frente ao Olhanense em Alvalade, na 1.ª jornada, e no golo inicial da reviravolta fulcral em Paços de Ferreira, e transitou da época passada, os casos mais problemáticos têm sido: Jeffrén e Bozhinov (jogadores que desde o princípio tinham associado um histórico de lesões grave, com paragens frequentes ou prolongadas, que lhes tinham reduzido o potencial e estagnado ou incapacitado a evolução), mas também Oguchi Onyewu e Rodríguez (que têm sido muito intermitentes no que toca a disponibilidade para jogar, mas apesar disso têm beneficiado de uma gestão mais eficaz e alternado com os companheiros de sector, Polga e Carriço), e um caso que já se torna redundante e é para esquecer, Luís Aguiar, talvez o mais evitável e desnecessário de todos, pois nada trouxe de positivo em troca, nem sequer jogou a não ser alguns minutos na má exibição frente ao Valência (jogo de apresentação).
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b) Temos depois o caso de jogadores que não são (tão) propensos a lesões e a paragens prolongadas ou frequentes por incapacidade física, o que não implica que não requeiram cuidados e precauções no acompanhamento da sua condição física e atlética, e não tenham tido problemas num passado mais distante, aparentemente superados e ultrapassados. Cito 3 exemplos elucidativos:
Capel é um jogador que sofre muitas faltas quando pega na bola e a transporta em velocidade, nos seus slaloms, diagonais, idas à linha para cruzar, ou entradas na área para rematar. Ele expõe-se demasiado ao contacto, aos carrinhos, encostos, rasteiras e demais acções dos seus adversários e marcadores directos e próximos, e se por vezes isso traz frutos, como livres ganhos à entrada da grande-área adversária, ou nas suas imediações, desequilíbrios, jogadas de perigo e ocasiões de golo, pode trazer também alguns dissabores. Capel sofre por vezes muito durante os jogos das entradas dos adversários, o que vale é parece ter pouca propensão a lesionar-se, ou tem tido alguma sorte.
Carrillo também tem sofrido faltas de vária ordem em quase todos os jogos dada a dificuldade que os adversários sentem em pará-lo, sabendo que ele aposta muito em lances individuais de drible, slaloms, incursões pela ala e diagonais para a grande-área. Porém, como é mais novo e tem outra capacidade de recuperação e desenvolvimento físico, a vários níveis, apesar de não ter muita experiência, acaba por, aparentemente, não sofrer grandes mazelas com as faltas que sofre, algumas bem duras.
Rinaudo tem muito a tendência para jogar no limite, mesmo que sem cometer falta, dá tudo o que tem para recuperar cada bola que disputa, e por vezes arrisca muito contrair uma lesão do género que contraiu hoje, num corte de bola que fez. Se ele fosse mais “económico” e evitasse expor-se tanto a nível físico, se fosse um pouco menos impulsivo e mais comedido, talvez não estivesse tão sujeito à infelicidade que hoje teve. Por vezes, dar tudo em campo não significa estar sempre a jogar no limite, mas sim estar sempre atento, bem colocado e posicionado, em jogo, desperto, agindo mas não deixando de proteger-se, em vez de estar sempre a arriscar e a jogar no limite. Ser previdente e clarividente, e não demasiado impulsivo e reactivo, saber controlar os níveis de agressividade (no bom e no mau sentido da palavra) e de esforço e desempenho físico.
Aqui, neste grupo, poderia igualmente incluir João Pereira, que também é um jogador bastante utilizado, interventivo e abnegado, que também transporta muito a bola, envolve-se quer na defesa quer no ataque, e arrisca por vezes em algumas recuperações e intercepções a sua integridade física, além de por vezes se envolver demasiado com os adversários, em picardias e se distrair e desconcentrar, o que afecta por vezes o seu rendimento. O lateral-direito português transitou da época passada e como quase todos os que o fizeram, exceptuando o já referido Izmailov, tem pouca propensão a contrair lesões prolongadas ou frequentes.
Ou seja, cada jogador, pelas suas características, está mais sujeito em certos lances específicos que em outros, e é trabalho da equipa técnica e dos jogadores procurarem expor-se e arriscar-se demasiado, pois depois, em caso de lesão e paragem, isso prejudica todos, os jogadores, o técnico e a equipa. Acaba por contrair uma lesão por excesso de zelo, empenho e abnegação, quando não era motivo para ter arriscado tanto - o lance, por mais puristas que sejamos e exijamos sempre empenho máximo, não o justificava. Eu prefiro que a equipa esteja sempre de saúde e a jogar bem do que enfraquecida por lesões contraídas em lances desnecessários, perfeitamente evitáveis.
Agora com a lesão de Rinaudo, que ainda se desconhece diagnóstico, a gravidade e o tempo de paragem que obrigará, contraída sozinho ao interceptar a bola, aparece mais um caso clínico, esperemos que não seja grave, com uma lesão a afectar um jogador pouco propenso às mesmas, numa altura da época que antecede alguns jogos mais exigentes, e em que as soluções para o seu lugar parecem não satisfazer o treinador, visto que rodou alguns jogadores mas não fez descansar o trinco argentino do Sporting.
Nos exemplos citados, quer no grupo a) (alta ou média propensão a lesões) quer no grupo b) (baixa propensão a lesões), que não são estanques nem sequer a única forma de enquadrar os diversos casos, sendo discutíveis, estão referidos alguns dos jogadores com mais qualidade, mais influentes, determinantes e decisivos da equipa, muitos dos quais são titulares indiscutíveis (ou seriam, caso estivessem aptos), ou então têm condições para lutar por um lugar no onze inicial. E há outros casos que podem ser mencionados, como Matías Fernandéz, que começou a época lesionado e começa agora a ser utilizado regularmente, parecendo ter recuperado, estabilizado e evoluído a sua condição física. Felizmente também há casos de integridade física e disponibilidade constantes ou muito frequentes, como por exemplo Schaars, Elias, Wolfswinkel, estes os mais notáveis, mesmo contando com algumas oscilações de forma e rendimento, que não se incluem no tema deste tópico - lesões impeditivas, causas e soluções.
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c) Penso que tem de haver estratégias a adoptar pela equipa técnica e pelos jogadores de forma a serem o mais cuidadosos possível e tentarem precaver-se e evitar lesões, sabendo que elas podem surgir e nem sempre são previsíveis ou ponderáveis, como a de Fito Rinaudo, por exemplo. Isso pode passar por formas de jogar mais cuidadosas, nomeadamente na abordagem técnico-táctica da forma de jogar e de cada jogo em específico, tentando perceber possíveis situações de risco, alguma protecção (a nível pessoal/individual e colectivo) dos jogadores, mais calma, preparação e frieza na abordagem aos lances, melhores mecanismos e processos de jogo colectivo e individual, uma circulação de bola mais frequente, rápida, de primeiro toque, ou poucos, os suficientes, de forma a evitar as faltas sofridas, o desgaste excessivo e prejudicial dos jogadores, a falta de eficiência e eficácia de algumas rotinas e procedimentos, o aproveitamento máximo da mobilidade dos jogadores em campo, a gestão do seu esforço e desgaste.
Penso que este assunto merece ser abordado, pois nem só de questões médicas se faz a gestão da integridade física dos jogadores para que possam dar o seu contributo sempre que a equipa precise deles e para que haja sempre o máximo de soluções disponíveis no plantel para poderem corresponder aos desafios e aos desígnios do treinador.
- Será que a questão do relvado de Alvalade, que parece evoluir favoravelmente, a pouco e pouco (e outros relvados problemáticos), também pode ter relação com a propensão para lesão de alguns jogadores?
- Será que o Sporting tem de começar a ser mais exigente e evitar contratar jogadores com historial de lesões e que sejam de alguma maneira propensos a serem afectados por elas, ao longo da época, mesmo que pareçam boas oportunidades de negócio, pela qualidade técnica ou currículo que apresentam ou são conhecidos?
- A integração de alguns jogadores que vêm de paragem por lesão e apresentam uma forma limitada tem sido a mais correcta, pode ser melhorada, ou tem havido casos melhor geridos (ou mais fáceis de gerir) do que outros?
- Será que pode haver melhoria das metodologias na aquisição de jogadores, construção de plantel, preparação, treino, jogo, recuperação, fisioterapia, (hidro)massagem, ginástica, natação, etc, e recuperação e (re)integração de jogadores que vêm de lesão, acompanhamento dos mesmos, progressividade da exigência competitiva, etc, e se sim, quais e de que forma podem contribuir para anular a propensão para lesões de alguns jogadores, uns mais do que outros e cada um dentro das suas características e especificidade, do tipo de propensão a certas e determinadas lesões?
- Será que, e esse é o objectivo final (a situação ideal à partida), fazendo fé que se trabalha diariamente para isso, o Sporting poderá conseguir a dado momento da temporada poder contar com todo o plantel apto, disponível e em boa forma, na máxima força (possível), correspondendo ao potencial que todos reconhecem a esta equipa e a grande parte dos seus jogadores?
[glow=greenyellow,2,300]É que tenho a ideia que muito do futuro e do sucesso da equipa se jogará na gestão desta problemática, da integridade e capacidade física e atlética do plantel (a nível individual e colectivo), do seu equilíbrio e aproveitamento máximo das suas potencialidades.[/glow]