A Praxe

Não existe um modelo nórdico, o que existem são estratégias diferentes para lidar com a autonomia da criança.

Nos países latinos, e especialmente em Portugal, há uma cultura da obediência relativamente ao poder parental. Não se questiona, e quando se questiona há, muitas vezes, represálias. A questão nisto tudo é como podemos criar pessoas autónomas e capazes de tomar decisões se, desde cedo, são impedidas de o fazer. Outro exemplo é quando uma criança cai ao chão: nos países nórdicos, se não aconteceu nada, dizem “upa, upa”, aqui vai a família toda pegar a criança, assustá-la, e depois ficam muito contentes porque ajudaram a criança quando ela começa a chorar não pela queda, mas pelo aparato.

Depois há outro fenómeno que o Paracelsus relata: o desligamento afectivo. Os bebés são vistos como meros “animais”, não há grande interacção, os pais não orientam a sua vida para passar tempo com os filhos. Mesmo quando o fazem, é raro existir tempo de qualidade a brincar ou a fazer outro tipo de actividades que requerem atenção focalizada na criança. Aliás, eu próprio já fui criticado por ter recusado determinados trabalhos para não colidirem com os meus tempos parentais. Prefiro ter menos, mas passar mais tempo de qualidade com a família.

A junção destes dois fenómenos cria uma população com uma tremenda necessidade de aceitação e incapaz de tomar decisões autónomas. A origem das praxes está aqui e é também por isso que nos países do Norte da Europa não existem estes fenómenos.

AE pagam ao Dux, este depois “controla” a praxe porque basicamente não faz nada. Terá de ser um caso extremo.

Nunca ouvi falar de tal coisa, deve ser coisa dessa universidade mesmo.

Não me parece que a informação que essa pessoa que “esteve bem dentro da AE” seja verdadeira. Além disso, quem controla a praxe em Coimbra é o Conselho de Veteranos que nada tem que ver com a DGAAC. O Dux da UC trabalha há muitos anos e nada tem que ver com o facto de ser Dux ou não. :wink:

Ok, não batam mais no ceguinho, a expressão “modelo” não foi bem conseguida, o que eu queria diferenciar era a forma de educar nordica versus as outras.
No fundo o que eu estou a tentar dizer, concordando a que a educação “tradicional” portuguesa é isso tudo que vocês mencionam, é que acho que estão a generalizar demais, e que ahá uma nova geração (onde me incluo) que já vê a educação dos seus filhos de uma forma substancialmente diferente. Admito no entanto que chego a essa conclusão de uma forma aboslutamente empirica, observando os casais com filhos com os quais tenho contacto. Também não me custa nada a admitir que isso pode ter sido apenas porque tive sorte no circulo de amizades que me calhou …

Winston, concordo com quase tudo, mas se uma criança cair e fizer uma ferida ou um galo não é motivo de preocupação? Ou estás a falar das quedas normais?

E se uma criança se portar mesmo mal, como por exemplo insistir numa coisa cegamente, nem mesmo as palavras com justificações plausiveis chegam para a criança parar de fazer birra? Eu acho que um estabefe/palmada no rabo nunca fez mal a ninguém.

A palmada mais nao é que uma manifestação (violenta, em maior ou menor grau) da tua frustração em nao conseguires obrigar outro indivíduo a se submeter à tua vontade. O sinal que envias à criança é claro: quando não conseguires resolver um problema com outra pessoa pela via do diálogo, então é ok recorreres à violência física como exercício de poder sobre essa pessoa. E por ser violento acaba por ser uma forma de poder intimidatória, ou seja, a criança passa a obedecer-te nao porque considere/acredite que é errado ou asneira, mas porque tem medo da represália. Depois admiram-se que o pessoal é “carneiro manso” em adulto e não tem coragem pra questionar o poder instituído nem capacidade pra resolver as coisas por via do diálogo.

Essa discussao é de facto interessante.
De facto, na educação cá infelizmente nao se previligia o tentar explicar à criança o “porquê?” de ser errado, de ser certo, de se fazer algo desta forma e não de outra forma. Se a criança não entende o porquê, vai sempre acabar por fazer as coisas à base da obrigação, e quando deixa de ter esse alguém que controla, que cria o limite, vem cá para fora e não tem noção do que é civismo e educação, ou então é “carneiro manso” como dizes e vai conforme o grupo onde se inserir, para o bem e para o mal.

Além disso, também falta muito o estimulo ao raciocinio próprio. Uma das coisas que mais me mete confusão é não ensinar-se as crianças e jovens e pensarem por si mesmos. Bem pelo contrário, bombardeia-se com a informação que os adultos querem, e eles ou aceitam a bem, ou aceitam a mal. ::slight_smile: É como o pai que é dum certo clube do futebol que tanto bombardeia o filho com isso até ele ser adepto do mesmo clube. ^-^ E a criança nem chega a ter direito de escolha, tal é a “lavagem cerebral” que lhe fazem…

E isto acontece com coisas sem grande importancia como com aspectos fundamentais da vida.E depois no fururo resulta que manda-se “palha” para o ar, e muita gente “come” sem questionar o que quer que seja! :wall:

É claro que também nao podemos ser mansos e fazer as vontades todas às crianças, e as vezes é mesmo preciso uma palmada ou um castigozito, para impor ordem em certas situações que passam dos limites. E também para mostrar que os actos têm consequencias, tentar ensinar apenas por palavras pode levar a que a criança pense “eu faço asneira, os pais chamam a atenção e tal, mas não me acontece nada, por isso faço na mesma”. Criar uma sensação de impunidade também não é bom para o crescimento da criança, há que saber equilibrar a balança, nem demasiado agressivo nem demasiado manso.
Agora, a meu ver é sempre preciso explicar o porque e comunicar com a criança, se for um castigar porque eu quero, levas uma palmada porque sim, epah a criança vai entender como obrigação e não vai interiorizar nada de útil.

Eu por acaso não fui criança de ser castigada muitas vezes, mas lembro-me duma vez que o fui por andar a tocar as campainhas todas aqui da rua e a riscar as paredes com giz dos quadros das salas de aula. Meteram-me de castigo, mas ao mesmo tempo, fizeram-me entender que o que fiz foi errado. E duma forma natural nunca mais se repetiu, mas lá está, porque me explicaram que era algo errado.

Roderick, quando falava em quedas claro que não me referia a essas onde existem lesões. Falava das quedas normais, que fazem parte das primeiras experiências de começar a andar. Quando a criança se magoa, ela própria manifesta desconforto, não é necessário estar a fazer pré-adivinhação.

Quanto ao portar mal, existem técnicas bem mais eficazes para gerir o comportamento. O tabefe, como o Paracelsus disse, é uma manifestação da frustração dos pais por não conseguirem lidar com o comportamento da criança. Mas a título de curiosidade, há técnicas mais eficazes, uma delas é retirar um dos brinquedos favoritos da criança enquanto não for capaz de corrigir o comportamento.

Eu tenho uma filha de 8 anos, posso dizer que nunca lhe bati e raramente a castiguei. Sempre tentei que ela fosse capaz de perceber as consequências das acções que pratica e das poucas vezes que a castiguei retirei-lhe o brinquedo favorito dela durante 2 dias. Foi remédio santo, nunca mais voltou a repetir o comportamento.

Estabelecer fronteiras e fazer a criança perceber que as suas acções têm consequências são naturalmente funções que os país devem assumir. Agora a estalada é um método pouco eficaz e pouco exemplar. Mas compreendo que por vezes é muito difícil de resistir, sobretudo quando nos fazem a cabeça em água e estamos exaustos.

Às vezes é suficiente focar totalmenteo a atenção nas crianças por mais uns segundos e a situação resolve-se num instante sem ser preciso estalos ou berros. Tem de se saber ouvir e perceber o que elas querem, porque muitas vezes as “asneiras” nao passam de um processo altamente criativo (e as crianças têm uma imaginação fantástica), uma vez que como criaturas muito curiosas que são ficam entediadas muito depressa ou de uma forma de chamar a atenção. Por vezes é tão simples como lhes arranjar outra coisa na qual possam centrar a sua curiosidade ou fazer uma negociação simples quando já são um bocadinho mais crescidas… e se quebrarem o “acordo” mostrar-lhes as consequências (nao violentas e nao demasiado castradoras, porque fazer asneiras faz parte do processo de se ser criança). As minhas filhas costumam reagir de duas maneiras, ou protestam e aí deixo-as protestar, elas têm direito ao protesto sem que isso signifique que eu volte atrás na decisão, ou por vezes acontece algo fantástico que é começarem a argumentar (refiro-me aqui à mais velha que tem 3 anos) e aí o argumento pode ou nao ser suficiente para voltar atrás no “castigo”, por vezes é e fica tudo bem ainda mais rapidamente. ;D

Se a estupidez pagasse imposto…

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O Jonh cleese responde…

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AH pronto se temos o direito a ser humilhados, está tudo bem. :clap: :clap: :clap: :clap:

Eu nem lhe acho piada nenhuma mas não evitei rir com algumas coisas que ele diz…

Bruno Nogueira Arrasa de novo com as praxes

Eu sinceramente já me importei com isto, e já critiquei as praxes. Hoje em dia, é-me completamente indiferente. Cada pessoal é responsável pelo que faz. A conversa do coitadinho que se deixa intimidar e coagir já era… Sejam anti-praxes se não gostam e “preparem-se para a vida” (como diz a miúda do vídeo) se gostam ^-^

PS - Creio que o principal já foi feito. Há uns 3 anos, quando entrei na faculdade, a Praxe era uma coisa bem vista, que ninguém colocava em causa e que era entendida como necessária para a integração. Com o recente debate, já qualquer pessoa vai para a Faculdade com uma opinião sobre a praxe e, mais importante, com a certeza de que não é obrigatório ir às praxes para se integrar na Faculdade. É esse o grande mérito do debate que tem sido feito. Se querem continuar a comer e calar… é convosco.

100 % de acordo, nesta fase só é “integrado” desta maneira quem quer. :great:

[size=15pt][b]Braga: confrontos entre alunos da Católica e sem-abrigo [/b][/size]

Tudo terá acontecido quando “veteranos” da Faculdade de Filosofia obrigaram caloiros a acordar um grupo de sem-abrigo durante uma praxe.

Alunos da Universidade Católica que participam nas praxes envolveram-se esta noite em cenas de pancadaria com um grupo de sem-abrigo, em Braga.

Os incidentes começaram quando cerca de três dezenas de estudantes da Faculdade de Filosofia (FAC/FIL) da Universidade Católica de Braga, com um grupo de caloiros que praxavam, se terão dirigido aos sem-abrigo que descansavam nos claustros da Rua do Castelo, no centro de Braga. Esta foi a versão unânime dos vários transeuntes, parte dos quais chamaram a PSP.

Segundo os relatos de comerciantes e lojistas da Rua do Souto (a principal artéria comercial da cidade dos arcebispos), “já tinha havido problemas entre os próprios estudantes trajados e os caloiros na Rua do Janes”, uma viela contígua à Rua do Souto e ao Largo do Barão de São Martinho, perto do Café A Brasileira.

Já depois dos primeiros incidentes e agora na presença de agentes da PSP, quer fardados, quer à paisana, os estudantes da Universidade Católica de Braga voltaram para trás e tornaram a envolver-se em incidentes com os sem-abrigo.

Estudantes eufóricos

Dois destes cidadãos contaram ao Expresso que “os estudantes mandaram os caloiros meter-se com a gente várias vezes seguidas e nós estávamos a dormir descansados”.

Os estudantes, contatados pelo Expresso no local, mostravam-se eufóricos e apesar das insistências do jornalista, não conseguiram apresentar qualquer versão. Só uma das estudantes do curso de Ciências da Comunicação da Universidade Católica, fez questão de afirmar ao Expresso que “não podemos pagar todos por aquilo que só alguns fizeram”.

O Expresso não conseguiu contatar esta noite o director da FAC/FIL da Universidade Católica, Alfredo Dinis, que não se encontravam no Campus, nem qualquer responsável pela Associação de Estudantes da FAC/FIL.

A PSP, que esteve no local durante quase uma hora, registou os incidentes presenciados por muitas pessoas que ao princípio da noite saíam das lojas.

O espírito de união e integração…

Este trabalho da TVI é deplorável, qualquer academia ou praxe digna desse nome Proíbe explicitamente o contacto fisico entre quem praxa e quem é praxado. :cartao:

www.youtube.com/watch?v=WaEW64aOVPk

Não te preocupes, não vou entrar em nenhuma discussão. Pura e simplesmente não concordo com a imagem que fazem passar. A cena acaba de forma perfeita, com os supostos anti-praxe a ameaçar. Não acertaram em nenhum ponto de vista, conheci muita gente anti-praxe e nunca ninguém ameaçou ninguém. Péssimo entretenimento/jornalismo. Lixo.

https://www.youtube.com/watch?v=rUyFsEBAbSA