Que se passa com a Auditoria Fantoche prometida por Godinho Lopes?
Mesmo sabendo que o presidente cooptado optou por uma Auditoria meramente contabilística e se recusou em fazer, como se impunha e seria desejável a bem da verdade, da transparência, da tal “união” e da tão proclamada credibilidade, uma Auditoria de Gestão desde 1995 a todas as empresas do Grupo Sporting e mesmo sabendo que resolveu sonegar e esconder aos Sportinguistas o período entre 1995 e 2000, período esse em que ele próprio foi responsável e exerceu funções relevantes, a verdade é que, mesmo essa tal Auditoria “afinada”, está escondida e sete chaves e não há meio de sair cá para fora.
Consta, que mesmo sendo apenas uma Auditoria financeira e de comparação e constatação de números, fugindo à amostragem e responsabilização daqueles que cometeram tais actos, esta espécie de Auditoria, mesmo assim, seria reveladora de situações muito suspeitas e deixaria em situação muito pouco confortável alguns dos coveiros do Sporting pertencentes a esta desgraçada e malfadada Era Roquette.
Veio-me logo à memória a frase do vice-presidente José Filipe Castro (que gosta de usar Nobre) Guedes, quando em tempos, a propósito duma Auditoria de Gestão desde 1995 disse:
“Eu não estou aqui para tramar os meus amigos.”
O que se passa afinal??
Será que mais uma vez os Sportinguistas vão ficar sem saber a verdade?
Será que mais uma vez os Sportinguistas vão ser ludibriados?
Será que mais uma vez os Sportinguistas vão ser enganados?
O estado ruinoso e catastrófico em que os dirigentes da Era Roquette colocaram o Sporting, já ultrapassa todos os níveis da decência, da moral e da racionalidade.
Tudo isto, já ultrapassa todos os padrões de dignidade e da honra Sportinguista e do orgulho em ser Sporting.
Tudo isto é aviltante, repugnante e revoltante.
Tudo isto é muito suspeito, ou talvez não.
A esse respeito, do suspeito ou talvez não, não resisto em contar uma história dum grande amigo meu que infelizmente já não faz parte dos vivos.
O Metzner, o Comandante Metzner, que se hoje fosse vivo, era homem para andar perto dos 70 anos, era oficial da armada.
Tinha sido comandante do 1º Destacamento de Fuzileiros especiais em Angola, esteve no norte de Moçambique em Metangula no Lago Niassa, esteve na Guiné, voltou a Angola, enfim, andou por todas as nossas províncias de além-mar a defender a Pátria, ao serviço da Nação e a comandar os Fuzileiros especiais da Armada Portuguesa.
O Metzner era um guerreiro. Um homem destemido que não sabia o que era o medo e dono duma coragem extrema.
Mais tarde e porque era uma aficionado da Festa Brava foi também forcado. Nos Amadores de Santarém.
Era uma pessoa de boas famílias. Os seus antepassados tinham também sido oficiais da Armada e o seu pai, também ele Comandante Metzner, tinha sido comandante da mais célebre fragata (aviso) da Marinha de Guerra Portuguesa.
A Gonçalves Zarco. Onde ele, em Moçambique, ao fim da tarde montava o cavalete e pintava o pôr-do-sol desde o Rovuma ao Zambeze, passando pelas margens do Limpopo.
Quando o Gonçalves Zarco estava fundeado em Lourenço Marques era uma festa permanente.
Claro que os serviços tinham de ser todos cumpridos escrupulosamente e não podia haver falhas, mas não havia horários, excepto para as escalas de serviço.
As noites eram passadas no Casino e havia mesmo uma zona reservada para os oficiais do Gonçalves Zarco e seu comandante.
Normalmente, os oficiais informando antecipadamente, podiam levar para o almoço ou para o jantar alguns convidados, e ao fim da noite, entre as 23h e as 24h era servido na sala dos oficiais um chá, café, chocolate ou sumos com umas bolachinhas.
Pois o Gonçalves Zarco, por ordem do seu comandante, Metzner (pai), foi o primeiro navio, e talvez o único, da Armada Portuguesa em que a cozinha passou a estar aberta 24 horas por dia, com bar aberto e os seus oficiais podiam levar quem quisessem à hora que quisessem. Estávamos em finais dos anos 50…
Mas voltemos ao nosso Metzner e à história que vos quero contar.
O Metzner era um boémio. Como hoje já não se encontra. Era uma personagem encantadora, com classe.
Era um indivíduo de média estatura, forte, raçudo, com pescoço de touro, de cabeça geralmente rapada, de olhos azuis que pareciam piscinas e com uma pera de diabo loira, mais tarde branca.
Tinha um sorriso encantador, de criança até, onde brilhavam os seus dentes muito brancos. Tinha uma voz grossa, um pouco rouca, mas com um falar cantado.
No final dos anos 70 princípio dos anos 80, foi convidado para arrais do iate de luxo particular do rei dos têxteis, Manuel Gonçalves.
Iate esse que estava ancorado em Belém e que o proprietário raramente utilizava. Só no Verão, durante as férias, dizia ao Metzner para levar o iate para Marbella ou para o Sul de França e mesmo assim o próprio Manuel Gonçalves e os seus convidados iam de avião. Uma vez lá, eram festas todos os dias.
Durante todo o resto do ano o Metzner chegava a viver no iate e era pago como um príncipe.
Tinha um vidorro.
Gostava das coisas boas da vida, era uma pessoa de forte carácter e personalidade, não ligava a protocolos nem etiquetas e apanhava umas borracheiras valentes. Era ele próprio.
Quando a mostarda lhe chegava ao nariz ou estava com mau vinho, era uma fera, mas quando exibia o seu sorriso angelical toda a gente se rendia.
Frequentava os melhores locais da sociedade a as melhores boites de Lisboa, mas também as outras.
Eram muitos os constrangimentos que causava.
Sempre de copo de whisky na mão começava o dia quando acordava e um dos primeiros sítios onde ia para picar o ponto, era ao Comodoro na Praça D. João da Câmara por trás do Rossio.
Era uma das melhores boites de pequenas e abria às 6 da tarde.
Jantava por lá ou pelo Gambrinus que era ao pé, e depois seguia a sua jornada pela fauna lisboeta, Cova da Onça, Pantera, Hipopótamo, Elefante Branco, etc.
Os problemas começavam quando se lembrava aí por volta das 3 da manhã em agarrar em 2 ou 3 pequenas de alto calibre e levá-las para as boites do jet-set.
Não eram poucas as vezes que se via no Stones ou no Ad-Lib, as ditas melhores senhoras da sociedade, a nata, e o grande Metzner rodeado de pequenas do Elefante Branco que como poderão calcular, davam sempre o seu espectáculo.
Resultado:
Também não eram poucas as vezes em que as coisas descambavam e que o nosso Metzner, sempre com um sorriso encantador, tinha de arrefinfar umas murraças e espetar com umas cadeiras pelos cornos abaixo daqueles maridos ciosos que correspondiam ao picanço das suas mulheres mais sonsas e mais pudicas.
O Metzner estava-se nas tintas, mas a situação já começava a tornar-se embaraçadora e o Manecas Mocelek que era o gerente, primeiro do Van-Gogo, depois do Ad-Lib, a seguir do Stones e mais tarde do Bananas, para anos depois voltar ao Ad-Lib e ao Stones, e que era o único e verdadeiro Rei da Noite que existiu até hoje, resolveu dar ordem ao porteiro do Ad-Lib para quando o Metzner aparecesse com as suas meninas, não o deixar entrar.
O Ad-Lib tinha uma decoração linda feita pelo Pedro Leitão que era o decorador do jet-set e ficava num 7º andar dum edifício da Rua Barata Salgueiro. Tinha no r/c um hall de entrada todo em mármore e dois elevadores que davam entrada directa na boite. Cá em baixo, um porteiro impecavelmente fardado dos pés à cabeça que fazia lembrar o porteiro do Ritz de Paris.
Uma bela noite, à hora habitual, por volta das 3 da manhã, o nosso amigo Metzner apresentou-se, como de costume, à entrada do Ad-Lib com três belíssimos exemplares de salto alto e mini-saia, com os fartos peitos a baloiçar, uns por dentro e outros por fora das blusas, todos de copo na mão e numa algazarra de festa. Como sempre.
O Seco que era o porteiro do Ad-Lib ficou branco como a cal.
Tinha ordens para não deixar entrar o Metzner e as suas acompanhantes, mas por outro lado sabia que o Metzner não era para brincadeiras.
Ficou em pânico.
Quando o nosso Metzner se dirigia para os elevadores, entre um gole de whisky e uma palmada no rabo duma pequena, com todos a rir e a cantar, o Seco a suar pôs-se à frente e barrou-lhe o caminho.
__ Sr. Comandante, Sr. Comandante Metzner, tenho ordens para não o deixar subir com as suas acompanhantes…
__ O que é que estás a dizer? Essa agora… era o que faltava. O que é que se passa??
__ São ordens Sr. Comandante. São ordens do Sr. Manecas.
E afastando o Metzner das pequenas para um canto mais recatado, disse-lhe em surdina:
__ É que as senhoras que vêm com o Sr. Comandante são… são… como dizer… não leve a mal… um pouco suspeitas…
E ecoando por todo o hall de entrada, vociferou o Metzner:
__ SUSPEITAS? SUSPEITAS?
SUSPEITAS SÃO AS QUE ESTÃO LÁ EM CIMA. ESTAS SÃO MESMO P-U-T-A-S.
Julgo que esta história verdadeira, não viria mais a propósito.
Boas Festas para todos.
P.S. Claro que o Metzner era Sportinguista.